O que e classicismo

Em arte, classicismo refere-se ao mundo antigo, ou seja, à valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético. A arte classicista procura a pureza formal, o equilíbrio, o rigor ou, segundo a nomenclatura proposta por Friedrich Nietzsche, pretende ser mais apolínea que dionisíaca.

O que e classicismo

Teatro Wielki em Varsóvia, na Polônia: um exemplo de arquitetura com influência clássica

Alguns historiadores de arte, entre eles Giulio Carlo Argan, alegam que, na história da arte, concorrem duas grandes forças, constantes e antagônicas: uma delas é o espírito clássico; a outra, o romântico. As três grandes manifestações classicistas da Idade Moderna europeia são o renascimento, o humanismo e o neoclassicismo. A arte clássica, por conta de seu contexto histórico, é impulsionada por grande explosão de vida e confiança no ser humano. Por isso, essas manifestações artísticas são marcadas pela visão antropocêntrica, que evidenciará a beleza do corpo humano na pintura e na escultura.

O termo "clássico" também serve para designar uma obra ou um autor depositário do elemento fundador de determinada corrente artística.

  • Individualismo;
  • Universalismo;
  • Racionalismo;
  • Antropocentrismo;
  • Neoplatonismo;
  • Nacionalismo;
  • Paganismo;
  • Predomínio da razão;
  • Influência da cultura greco-romana;
  • Fusionismo: mitologia pagã e cristã;
  • Simplicidade, clareza e concisão;
  • Equilíbrio, harmonia e senso de proporção (rigor e perfeição formal);
  • Mimese (imitação da Natureza: Aristóteles);
  • Soneto (2 quartetos e 2 tercetos);
  • Versos com até dez sílabas métricas (estilo doce novo e medida nova);
  • Rimas consoantes, por vezes e até ricas.

 Ver artigo principal: Período clássico (música)

Designa-se música clássica a música erudita, ou seja, a música ocidental composta entre os séculos XVIII e XIX. Num sentido mais amplo, é tomada também como sinônimo de toda a música erudita ocidental.

 Ver artigo principal: Literatura classicista

Os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Por isso, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, procurando assim alcançar uma representação universal da realidade, desprezando o que fosse puramente ocasional ou particular. Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que passa a ser chamada medida velha – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas poéticas) – que recebeu a denominação de medida nova. Introduz-se o soneto, 14 versos decassilábicos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. A literatura se enriquece com a incorporação de muitas palavras latinas. Luís Vaz de Camões foi o mais importante poeta do classicismo português, sendo sua maior obra, Os Lusíadas, a maior epopeia já escrita em português.

 Ver artigo principal: Arquitetura clássica

A Arte da antiguidade tem como um de seus pilares a Arquitetura Clássica, que tem origem na Grécia e Roma, na arquitetura de templos religiosos, militares e civis romanos.

 

As Cinco Ordens da Arquitetura

Para melhor visualização da arquitetura classicista,[1] Summerson em A Linguagem Clássica da Arquitetura, define um edifício clássico como uma obra de elementos decorativos formado direta ou indiretamente pelo vocabulário arquitetônico do mundo Antigo. Desse vocabulário derivam-se elementos como as cinco ordens de colunas — que foram inicialmente descritas e documentadas por Vitrúvio, em um tratado de dez livros, no século I d.C —, as padronizações de aberturas e até mesmo os frontões, muito utilizados nas obras desse período.[2]

Algumas das mais antigas representações da arquitetura clássica na pintura são encontradas nos afrescos do sítio arqueológico de Pompéia — cidade que pertence ao Império Romano — no século I d.C.[3]

Na Renascença Italiana, nos séculos XV e XVI, a representação da arquitetura clássica na pintura era símbolo de riqueza, glória e poder perenes. Nesse período, o humanismo, englobou diversas vertentes, a poesia, filosofia, história, matemática o domínio das línguas clássicas, latim e grego, com enfoque sobre os textos dos autores da Antiguidade clássica. Tais valores da Antiguidade clássica exaltam o homem, seus grandes feitos e a participação na construção da vida social nas cidades.

 

Stanza della Segnatura-Rafael Sanzio 1510

A constatação de que o homem é dono de grande poder criativo, possuindo aptidão para a ação, virtude e a glória se comunicam com as intenções da elite das ricas cidades italianas. Várias obras têm a referência clássica, como a famosa “Escola de Atenas” — pintada por Rafael Sanzio, entre 1509 e 1510, obra feita para decorar o salão chamado "Stanza della Segnatura", sob encomenda do Vaticano —, onde o contexto arquitetônico é um poderoso complemento ao tema do afresco.[4]

  • Arte e cultura clássicas
  • Escultura do Classicismo grego
  • Neoclassicismo

  1. Summerson, John (2013). A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes. pp. 2–25 
  2. Sanvito, Paolo (2015). Vitruvianism: Origins and Transformations. [S.l.]: de Gruyter 
  3. Richardson, Lawrence (1988). Pompeii: an architectural history. [S.l.]: Johns Hopkins University Press 
  4. Hauser, Arnold (1995). História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes 

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O classicismo, movimento artístico surgido no contexto do Renascimento, foi um contraponto à arte produzida na Idade Média. Inspirados nos ideais da cultura greco-romana, os artistas aliados à estética classicista cultivavam o antropocentrismo e o equilíbrio formal. Em Portugal, Luís Vaz de Camões e Sá de Miranda destacaram-se como os principais representantes do classicismo. O primeiro notabilizou-se pelo poema épico Os Lusíadas, e o segundo, por introduzir a técnica de composição de poemas em versos decassílabos.

Leia também: Quinhentismo – movimento literário que ocorria no Brasil durante o classicismo

Contexto histórico do classicismo

Classicismo é o nome atribuído à literatura que foi produzida no contexto de vigência do Renascimento, amplo movimento artístico, cultural e científico que ocorreu no século XVI, inspirado na cultura clássica greco-latina.

O contexto histórico que propiciou o surgimento do Renascimento foi marcado por uma série de acontecimentos, como as navegações e os descobrimentos, no final do século XV; a formação dos Estados modernos; a Reforma Protestante, em 1517; a Revolução Comercial, iniciada no século XV; o fortalecimento da burguesia comercial, entre outros acontecimentos que acentuaram o declínio da Idade Média, dando origem à Era Moderna.

O que e classicismo
Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos principais intelectuais do Renascimento.

O interesse pela cultura clássica já vinha ocorrendo desde o final do século XIII, na Itália, onde escritores e intelectuais, como Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio, chamados humanistas, liam e traduziam autores latinos e gregos.

Dante Alighieri, autor de Divina Comédia, criou a medida nova, modo de se fazer poemas a partir de versos decassílabos, deixando para trás as redondilhas medievais, que passaram a ser categorizadas como “medida velha”. Ainda nesse contexto de surgimento dos ideais humanistas na literatura, teve papel de destaque o poeta italiano Petrarca, que se tornou referência na composição de sonetos ao publicar 350 poemas, a maior parte sonetos, em seu Cancioneiro.

O soneto italiano, difundido por Petrarca, é uma forma fixa que consiste de quatro estrofes, dispostas da seguinte forma: a primeira e a segunda possuem quatro versos; a terceira e a quarta, três versos. Nesses sonetos, Petrarca cantava o amor platônico, restrito ao plano das ideias, por Laura, sua musa. Boccaccio destacou-se pela escrita da obra em prosa intitulada Decameron, conjunto de narrativas curtas e picantes que retratavam criticamente a realidade europeia.

Essas transformações, iniciadas pelos humanistas no século XIII, foram intensificando-se e, gradualmente, propiciando o clima ideal para que, no século XVI, surgisse o classicismo. Esse importante movimento artístico floresceu em um contexto histórico de profundas transformações sociais, econômicas, culturais e religiosas, momento em que a fé medieval foi substituída pela razão; o cristianismo, pela mitologia greco-latina; e o teocentrismo, pelo antropocentrismo.

Diferentemente do homem medieval, que se voltava essencialmente para as coisas do espírito, o homem do século XVI, sob o ideário do classicismo, voltou-se para a realidade concreta e acreditava em sua capacidade de dominar e transformar o mundo que o cercava.

O classicismo, em relação à temática de suas obras, teve como características principais a idealização amorosa, o que se dava a partir do cultivo do neoplatonismo; o predomínio da razão, como uma inspiração humanista advinda da crença na ciência; o cultivo do paganismo, influência da cultura greco-romana; a valorização do antropocentrismo, conceito em que o homem é visto como o centro do universo, o que se contrapunha à crença teocêntrica que vigorou na Idade Média; o desenvolvimento de uma perspectiva universalista acerca da realidade; a busca pela clareza e pelo equilíbrio de ideias; e o gosto pelo nacionalismo em um contexto de intensas investidas comerciais a outros territórios a partir das navegações.

Quanto aos aspectos formais, o classicismo teve forte apreço pelo soneto, cultivando-o e difundindo-o como modelo de poema a ser escrito. Além do soneto, os poetas filiados ao classicismo valorizavam a imitação das formas clássicas, visando ao equilíbrio formal, além do emprego da medida nova, como um contraponto à medida velha cultivada na Idade Média.

Veja também: Parnasianismo no Brasil – movimento que resgatou características do classicismo

Classicismo em Portugal

O classicismo em Portugal, assim como o desenvolvido em outros países da Europa, valorizou temáticas neoplatônicas, vinculadas à concepção de amor teorizada por Platão na Grécia Antiga, segundo a qual o amor se concretizaria somente no plano das ideias, e não a partir da matéria carnal. Porém, em razão do forte contexto de navegações e de expansões territoriais vivido por Portugal no período do classicismo, esse movimento artístico no país valorizou, sobretudo, o aspecto nacionalista, já que os grandes feitos nacionais, como as conquistas do povo português, foram exaltados na poesia épica de Luís Vaz de Camões.

Principais autores do classicismo em Portugal

O que e classicismo
Sá de Miranda foi o introdutor do verso decassílabo em Portugal

Pioneiro do classicismo em Portugal, Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 1481, e morreu em Amares, interior do território português, em 1558. Fez Direito na Universidade de Lisboa e frequentou a Corte até 1521, data em que partiu para a Itália. Regressou a Portugal em 1526, depois de grande convívio com escritores e artistas italianos.

Foi o responsável por introduzir o verso decassílabo em Portugal, ou seja, o verso constituído por dez sílabas métricas. Além disso, foi pioneiro na composição de sextinas, tercetos e oitavas, influenciando muitos outros poetas. Leia um de seus sonetos:

SONETO 17

Este retrato vosso é o sinal ao longe do que sois, por desamparo destes olhos de cá, porque um tão claro

lume não pode ser vista mortal.

Quem tirou nunca o sol por natural? Nem viu, se nuvens não fazem reparo, em noite escura ao longe aceso um faro?

Agora se não vê, ora vê mal.

Para uns tais olhos, que ninguém espera de face a face, gram remédio fora

acertar o pintor ver-vos sorrindo.

Mas inda assim não sei que ele fizera, que a graça em vós não dorme em nenhuma hora.

Falando que fará? Que fará rindo?

Nesse soneto, escrito ao modo petrarquiano, com rimas ABBA nos dois quartetos, o poeta expressa a voz de um eu lírico que, tendo da sua amada apenas um retrato como lembrança, dirige-lhe a interlocução, sem, no entanto, obter resposta. Assim como em outros sonetos do autor sobre temática amorosa, nota-se nesses versos a presença do amor platônico, o qual só tem existência espiritual.
Acesse também: 5 de maio – Dia da Língua Portuguesa e da Cultura Lusófona

Considerado o mais importante escritor de língua portuguesa, Camões foi o nome mais expressivo do classicismo português. Por serem muito escassos os documentos referentes à vida de Luís Vaz de Camões, estima-se que ele tenha nascido ou em 1524 ou em 1525, em Lisboa, capital de Portugal. Teria cursado Artes no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Ainda jovem, ingressou na carreira militar, tendo servido em Marrocos, onde perdeu o olho direito. Morreu em 1580, em situação de extrema pobreza. Para saber mais sobre a vida e a obra desse autor português, leia: Luís Vaz de Camões.

→ Os Lusíadas

O que e classicismo
Selo português em homenagem à obra Os Lusíadas.

Sua obra-prima foi o poema épico Os Lusíadas, publicado em 1572 e estruturado em 10 cantos, nos quais distribuem-se 8.816 versos em oitava rima. Aos moldes das epopeias clássicas, como Odisseia e Ilíada, o poema de Camões contém proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.

Narram-se, ao longo dos 10 cantos, os feitos heroicos dos portugueses, os quais, em 1498, lançaram-se ao mar em busca de expansão comercial e territorial, liderados por Vasco da Gama, comandante da expedição que descobriu o caminho para as Índias. Leia a estrofe 3 do Canto I:

Canto I

Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram: Cesse tudo o que a Musa antígua canta,

Que outro valor mais alto se alevanta.

Última estrofe da proposição, tem-se nesses verses a exaltação da empreitada marítima portuguesa, considerada pelo poeta superior às navegações empreendidas pelos gregos, pelo imperador Alexandre, por Trajano. Além dessa comparação que coloca em superioridade os lusitanos, notam-se nesses versos referências à mitologia greco-romana, característica fundamental do classicismo.

Na poesia lírica, Camões escreveu poemas em medida velha (redondilhas) e poemas em medida nova (decassílabos), influência dos humanistas italianos, principalmente do poeta Petrarca (1304-1374). Em relação à temática, seus poemas expressam temas ligados ao neoplatonismo amoroso, à reflexão filosófica e à natureza.

Quem vê, Senhora, claro e manifesto o lindo ser de vossos olhos belos, se não perder a vista só em vê-los,

já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto; mas eu, por de vantagem merecê-los, dei mais a vida e alma por querê-los,

donde já me não fica a mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança e tudo quanto tenho, tudo é vosso,

e o proveito disso eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança O dar-vos quanto tenho e quanto posso

Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.

Nesse soneto, o eu lírico tem como interlocutora uma mulher, tratada por “Senhora”, a quem dirige seu devoto amor. Esse amor, porém, parece não ser materializado, ficando restrito ao plano das ideias, ou seja, é um amor platônico. A voz poética expressa sua constante atitude de renúncia e sacrifício em prol desse amor, mas não espera nada em troca, a não ser a satisfação de sempre se ver na necessidade de prestar honras a esse amor.

Veja também: Verso, estrofe e rima – elementos fundamentais das obras líricas e épicas de Camões

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (Unama - 2012)

Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida, Começa de servir outros sete anos, Dizendo: – Mais servira, se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida!

(Luiz Vaz de Camões, 1524-1580)

Pela manhã, viu Jacó que tinha ficado com Lia. E disse a Labão: "Que me fizeste? Não foi por Raquel que te servi? Por que me enganaste?"

(Gênesis, 29: 15-30)

Per Rachel ho servito e non por Lia.

(Petrarca, poeta humanista, 1307-1374)

Os fragmentos dos textos do Gênesis e de Petrarca, numa relação intertextual com o poema de Camões, evidenciam que o poeta português segue o princípio da imitação e aceitação de modelos preexistentes bíblicos, greco-latinos ou humanistas. A esse fenômeno artístico da época camoniana chamamos de

a) religiosidade. b) antiguidade. c) racionalidade. d) formalismo.

e) emulação.

Resolução

Alternativa “e”. O princípio da imitação de autores antigos consagrados, no Renascimento, é chamado de imitatio ou emulação.

Questão 2 - (UEL)

E vê do mundo todo os principais. Que nenhum no bem público imagina; Vê neles que não têm amor a mais Que a si somente, e a quem Filáucia ensina. Vê que esses que frequentam os reais Paços, por verdadeira e sã doutrina

Vendem adulação, que mal consente

Mondar-se o novo trigo florescente. Vê que aqueles que devem à pobreza Amor divino e ao povo caridade, Amam somente mandos e riqueza, Simulando justiça e integridade. Da feia tirania e de aspereza Fazem direito e vã severidade: Leis em favor do Rei se estabelecem,

As em favor do povo só perecem.

(CAMÕES, L. de. Os lusíadas. Obras. Porto: Lello & Irmão, 1970. p. 1344-1345.)

Filáucia = amor-próprio

Mondar = limpar

O poema de Camões trata de uma circunstância fundamental para os povos de todos os momentos – a moral dos homens públicos.

Assinale a alternativa que contempla as falhas morais consideradas pelo poeta.

a) Ganância, gula e devassidão.

b) Desconsideração, injustiça e autopromoção.

c) Orgulho, inveja e egoísmo.

d) Injustiça, egoísmo e fraude.

e) Cobiça, orgulho e preguiça.

Resolução

Alternativa D. O texto menciona claramente os vícios da injustiça: "Leis em favor do Rei se estabelecem / As em favor do povo só perecem"; do egoísmo: "Vê neles que não têm amor a mais / Que a si somente, e a quem Filáucia ensina."; e da fraude: "Vê que esses que frequentam os reais/ Paços, por verdadeira e sã doutrina / Vendem adulação".

Questão 3 - (Enem - 2010)

Texto I

XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer.

HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).

Texto II

Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada.

Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).

Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é

a) o “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só.

b) a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo.

c) o “outro” que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado.

d) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta.

e) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.

Resolução

Alternativa A.

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