O homem arcaico se reconhece como real

1 – (UNESP, 2016, segunda fase).  O pensamento mítico consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e as origens desse povo, bem como seus valores básicos. As lendas e narrativas míticas não são produto de um autor ou autores, mas parte da tradição cultural e folclórica de um povo. Sua origem cronológica é indeterminada e sua forma de transmissão é basicamente oral. O mito é, portanto, essencialmente fruto de uma tradição cultural e não da elaboração de um determinado indivíduo. O mito não se justifica, não se fundamenta, portanto, nem se presta ao questionamento, à crítica ou à correção. Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. As causas dos fenômenos naturais são explicadas por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, superior, misteriosa, divina, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados, são capazes de interpretar, ainda que apenas parcialmente. (Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001. Adaptado.) A partir do texto, explique como o pensamento filosófico característico da Grécia clássica diferenciou-se do pensamento mítico.

Resolução:

O mito narra a origem das coisas por meio de lutas, alianças e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino dos homens. Como os mitos sobre a origem do mundo são genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias. Já a filosofia, ao surgir, não é uma cosmogonia, mas sim uma cosmologia, uma explicação racional sobre a origem do mundo e sobre as causas das transformações e repetições das coisas. As contradições e limitações dos mitos para explicar a realidade natural e humana levaram a filosofia a retomá-los, porém reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa explicação inteiramente nova e diferente. O mito narrava a origem por meio de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas; a filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos primordiais  (água, fogo, ar e terra). Assim, por exemplo, o mito falava nos deuses Urano, Ponto e Gaia; a filosofia fala em céu, mar e terra. O mito narrava a origem dos seres celestes, terrestres e marinhos pelos casamentos de Gaia (a terra) com Urano (o céu) e Ponto (o mar). A filosofia explica o surgimento do céu, do mar e da terra de forma “científica”, isto é, o surgimento do céu, do mar e da terra e dos seres que neles vivem pelos movimentos e ações de composição, combinação e separação dos quatro elementos (água, fogo, ar e terra).

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Filosofia série novo ensino médio. São Paulo: Ática, 2011, p. 31-32.

2 – (UEM, 2015).  “O surgimento de um espaço público faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses a quem eles deveriam obedecer. Agora, com a pólis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.”

(CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 47). Sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto.

01) O surgimento da filosofia é um milagre grego, pois, entre Homero e Hesíodo (narradores épicos) e os filósofos pré-socráticos (fisiólogos) não há correspondências.
02) O mito pressupõe o mistério, isto é, algo que não podemos compreender através da razão.
04) A retórica pressupõe a lógica da confrontação de posições, isto é, aceitar que a verdade não está pronta ou dada.
08) Mito e lógos são experiências distintas da linguagem: palavra sagrada, inspirada (mito) e palavra dialogada (lógos).
16) A utilização da palavra na praça pública supõe a isegoria (igualdade de direito para fazer uso da palavra) e a isonomia (igualdade de direitos perante a lei).

Resposta: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

3 – (UEM, 2015). “O nascimento da filosofia pode ser entendido como o surgimento de uma nova ordem do pensamento, complementar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. Uma visão de mundo que se formou de um conjunto de narrativas contadas de geração a geração […]. Os mitos apresentavam uma religião politeísta, sem doutrina revelada, sem teoria escrita, isto é, um sistema religioso, sem corpo sacerdotal e sem livro sagrado, apenas concentrada na tradição oral, é isso que se entende por teogonia”.

(Filosofia / vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. p. 18). Sobre o surgimento da filosofia, assinale o que for correto.

01) Na Grécia Antiga, o conhecimento dos mitos era transmitido pelos padres da Igreja.

02) O livro do Gênesis repete o primeiro capítulo da Teogonia de Hesíodo, que trata da criação do mundo.

04) A teogonia visa explicar a genealogia dos deuses e sua relação com os fenômenos do mundo.

08) A oralidade constitui a forma privilegiada de transmissão do pensamento mítico.

16) O mito representa uma forma de pensamento religioso contrário à racionalidade filosófica de Platão e dos filósofos pré-socráticos.

Resposta: 04 + 08 = 12.

4 – (UEM, 2010).  Na Grécia arcaica, a geração da ordem do mundo é apresentada por mitos que narram a genealogia e a ação de seres sobrenaturais. A filosofia, com a escola jônica, caracteriza-se por explicar a origem do cosmos, recorrendo a elementos ou a processos encontrados na natureza.

Assinale o que for correto.

01) O mito é incapaz de instituir uma realidade social, pois seu caráter fantasioso não possui credibilidade alguma para seus ouvintes.
02) A transformação de uma representação dominantemente mítica do mundo para uma concepção filosófica expressa, entre os séculos VIII e VI a. C., na antiga Grécia, uma mudança estrutural da sociedade.
04) Os filósofos da escola jônica realizaram uma ruptura definitiva entre a mitologia e a filosofia; depois deles, não é possível encontrar, no pensamento filosófico, presença alguma de mitos.
08) O mito de Édipo, encontrado na tragédia de Sófocles, será aproveitado por Sigmund Freud para explicar o complexo de édipo como causa de determinadas neuroses.
16) Homero foi o primeiro historiador grego. Na Ilíada e na Odisseia, descreve o comportamento de homens heroicos cujas ações não possuem mais componente mitológico algum.

Resposta: 02 + 08 = 10.

5 – (UEM, 2009). O valor e a utilidade da filosofia têm sido, não raras vezes, postos sob suspeita. Uma visão acerca do filósofo é que ele divaga e perde-se em reflexões sobre questões abstratas que nada têm a ver com o cotidiano das pessoas. Em relação à natureza e à finalidade da filosofia, assinale o que for correto.

01) A filosofia é, em termos gerais, um esforço intelectual para se interpretar o mundo e os eventos que nele se passam, compreender o próprio homem e iluminar o agir que do homem se espera.
02) O termo filosofia foi utilizado durante vários séculos como nome geral para diferentes ramos do saber, como matemática, geometria, astronomia; isso muda a partir do século XVII com a revolução metodológica iniciada por Galileu e com o estabelecimento das ciências particulares pela delimitação de campos específicos de pesquisa.
04) Refletir sobre os valores, sobre os conceitos como liberdade e virtude faz parte da atividade do filósofo.
Nessa medida, a filosofia apresenta-se como uma sabedoria prática que auxilia na orientação da vida moral e política, proporcionando o bem viver.
08) É consenso entre os cientistas que, porque na investigação filosófica o filósofo não verifica suas hipóteses, baseando-se na observação empírica, a filosofia não contribui para o progresso do conhecimento.
16) A história da filosofia constitui-se de teorias que se contradizem. Os filósofos discordam de tudo e uns dos outros, de modo que o pensamento crítico próprio da filosofia consiste em pôr em dúvida toda afirmação, jamais chegando a conclusões.

Resposta: 01 + 02 + 04 = 07.

6 – (UEL, 2016). Leia o texto a seguir e responda às questões propostas.

A conexão que Pitágoras estabeleceu entre a Música e a Matemática foi absorvida pelo espírito grego. Nessa fonte, alimentam-se novos conhecimentos normativos, que banham todos os domínios da existência entre os gregos. Um momento decisivo é a nova concepção da estrutura da música. A harmonia exprime a relação das partes com o todo. Está nela implícito o conceito matemático de proporção que o pensamento grego figura em forma geométrica e intuitiva. A harmonia do mundo é um conceito complexo em que estão compreendidas a representação da bela combinação dos sons no sentido musical e a do rigor do número, a regularidade geométrica e a articulação tectônica. A ideia grega de harmonia abrange a arquitetura, a poesia e a retórica, a religião e a ética.

(Adaptado de: JAEGER, W. Paideia: a formação do homem grego. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p.207.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgimento da filosofia e dos primeiros filósofos, assinale a alternativa correta.

a) A concepção pitagórica de mundo permitiu que os gregos formassem a consciência de que, na ação prática dos cidadãos, existe uma norma do que é proporcional, que deve ser seguida também na esfera do direito.

b) A filosofia pitagórica do número corresponde à ideia de que os números exprimem relações concretas entre as coisas, o que possibilita dizer que os fenômenos naturais são reduzidos a relações quantitativas e calculáveis.

c) Inspirando-se nos estudos sobre a música e na observação da natureza, Pitágoras concluiu que há uma relação de proporção entre cosmos e música, qual seja, ambas são disformes e caóticas; essa ideia norteará a concepção pitagórica de ação humana.

d) O estudo das proporções em música verifica a existência de uma relação assimétrica entre o número de vibrações e o comprimento das cordas da lira; a partir disso, Pitágoras estabeleceu a ideia de assimetria geométrica rigorosa do cosmos.

e) Pitágoras compreendeu que a diversidade com que a natureza se manifesta permite inferir que a realidade última das coisas assenta-se na matéria sensível e no modo como as coisas se apresentam aos sentidos humanos.

Resposta: A.

7 –  (UNESP, 2015). Seja como termo, seja como conceito, a Filosofia é considerada pela quase totalidade dos estudiosos como criação própria do gênio dos gregos. Sendo assim, a superioridade dos gregos em relação aos outros povos, nesse ponto específico, é de caráter não puramente quantitativo, mas qualitativo, porque o que eles criaram, instituindo a Filosofia, constitui novidade que, em certo sentido, é absoluta. Com efeito, não é em qualquer cultura que a ciência é possível. Há ideias que tornam estruturalmente impossível o nascimento e o desenvolvimento de determinadas concepções – e, até mesmo, ideias que interditam toda a ciência em seu conjunto, pelo menos a ciência como hoje a conhecemos. Pois bem, em função de suas categorias racionais, foi a filosofia que possibilitou o nascimento da ciência, e, em certo sentido, a gerou. E reconhecer isso significa também reconhecer aos gregos o mérito de terem dado uma contribuição verdadeiramente excepcional à história da civilização.

(REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. vol.1, 1990 (adaptado).

Baseando-se no texto, explique por que a definição apresentada de “Filosofia” pode ser considerada eurocêntrica. Explique também que tipo de ideias apresentaria a característica de impedir o desenvolvimento do conhecimento científico.

Resposta (Eleva Plataforma de Ensino):

A filosofia enquanto forma de conhecimento é considerada pela quase totalidade dos estudiosos como de origem grega, devido às condições específicas ocorridas na Antiguidade que permitiram seu surgimento. Fatores como navegações, invenção da moeda, da escrita, das leis e principalmente da pólis (cidade), somados à insatisfação intelectual em relação à forma de como compreendiam o mundo, possibilitaram o estabelecimento de um modo mais coerente de pensar a realidade. Com o passar do tempo, essa forma de saber desenvolveu-se autonomamente, expandindo-se por todos os povos que tiveram contato com a cultura grega. A filosofia pode ser considerada eurocêntrica, pois o continente europeu foi o lugar que herdou dos gregos essa forma de saber. Foi, principalmente, na Europa onde ocorreu o desenvolvimento, a expansão e a divulgação da reflexão filosófica e a forma sistematizada. A filosofia tem como características o caráter reflexivo, a argumentação racional, a investigação radical, a sistematização do saber e a análise do conjunto.

O desenvolvimento dessa ciência possibilitou, por sua vez, o desenvolvimento do conhecimento científico. Assim, as ideologias, as doutrinas dogmáticas, as mitologias não refletidas e o senso comum vão contra as características do saber filosófico e científico e se constituem como impeditivos para o desenvolvimento do conhecimento científico.

8 – (UEG, 2013). O ser humano, desde sua origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começou a conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar que a Filosofia:

(A) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.

(B) existe desde que existe o ser humano, não havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o trabalho da razão.

(C) inicia sua investigação quando aceitamos os dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela — sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.

D) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica.

(E) é um longo e extenuante debate sobre pseudoquestões que apenas lograram serem definidas pelo abuso da linguagem em substantivar “o ser”.

Resposta: D.

9 – (UEG, 2015). A cultura grega marca a origem da civilização ocidental e ainda hoje podemos observar sua influência nas ciências, nas artes, na política e na ética. Dentre os legados da cultura grega para o Ocidente, destaca-se a ideia de que:

(A) a natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais que podem ser plenamente conhecidos pelo nosso pensamento.

(B) nosso pensamento também opera obedecendo a emoções e sentimentos alheios à razão, mas que nos ajudam a distinguir o verdadeiro do falso.

(C) as práticas humanas, a ação moral, política, as técnicas e as artes dependem do destino, o que negaria a existência de uma vontade livre.

(D) as ações humanas escapam ao controle da razão, uma vez que agimos obedecendo aos instintos, como mostra hoje a psicanálise.

(E) a natureza segue um curso violento e inescrutável, uma vez que as forças que a operam estão além da compreensão humana. 

Resposta: A.

10 – (UNIOESTE, 2013). Nada indigna mais uma cabeça filosófica do que ouvir dizer que, de agora em diante, toda filosofia tem de ficar aprisionada nos grilhões de um único sistema. Nunca esse espírito se sentira maior do que ao ver diante de si a infinidade do saber. Toda a sublimidade de sua ciência consistiria justamente em nunca poder perfazer-se. No instante em que ele próprio acreditasse ter perfeito seu sistema, ele se tornaria insuportável para si mesmo. Nesse mesmo instante, deixaria de ser criador e se reduziria a um instrumento de sua criatura. […] nada pode ser mais pernicioso para a dignidade da Filosofia que a tentativa de forçá-la a entrar nos limites de um sistema teórico universalmente válido.

Considerando o texto acima, é INCORRETO afirmar que:

a) a filosofia tem, além de seu aspecto teórico, um aspecto prático ligado à criação de sistemas.

b) a dignidade da filosofia está em colocar-nos diante de um horizonte infinito de conhecimento.

c) a filosofia, enquanto atividade criadora humana, tem inúmeras possibilidades de expressão teórica.

d) a filosofia é uma atividade que não deve atingir um acabamento definitivo por meio de um sistema teórico.

e) a filosofia, para a grandeza do espírito humano, deve realizar um sistema teórico universal, perfeito e definitivo.

Resposta: E.

11 – (UNIMONTES, 2013, adaptada). Deleuze e Guattari entendem a filosofia como possibilidade de instauração do caos. Nesse sentido, a filosofia é capaz de criticar a si mesma e também às outras formas de pensar e agir. Com relação à filosofia, podemos afirmar:

a) A filosofia não é um conhecimento absoluto e não permite uma atitude crítica sobre todos os saberes. A filosofia impõe verdades e não permite que se recriem os espaços de discussões.

b) A filosofia não é um conhecimento exato, uma atitude desprovida de crítica sobre todos os saberes. A filosofia não impõe verdades, mas cria e recria constantemente espaços de discussões.

c) A filosofia não é um conhecimento acabado, mas uma atitude crítica sobre todos os saberes. A filosofia não impõe verdades, mas cria e recria constantemente espaços de discussões.

d) A filosofia não é um conhecimento, mas uma atitude dogmática sobre todos os saberes. A filosofia impõe verdades e exclui as pessoas dos espaços de discussões.

e) A filosofia é uma ciência do saber universal; mas ciência sem método, e enquanto ciência não é capaz de ser dogmática.

Resposta: C.

12 – (UPE, 2013). A filosofia, no que tem de realidade, concentra-se na vida humana e deve ser referida sempre a esta para ser plenamente compreendida, pois somente nela e em função dela adquire seu ser efetivo.

(VITA, Luís Washington. Introdução à Filosofia, 1964, p. 20).

Sobre esse aspecto do conhecimento filosófico, é CORRETO afirmar que:

a) a consciência filosófica impossibilita o distanciamento para avaliar os fundamentos dos atos humanos e dos fins aos quais eles se destinam.

b) um dos pontos fundamentais da filosofia é o desejo de conhecer as raízes da realidade, investigando-lhe o sentido, o valor e a finalidade.

c) a filosofia é o estudo parcial de tudo aquilo que é objeto do conhecimento particular.

d) o conhecimento filosófico é trabalho intelectual, de caráter assistemático, pois se contenta com as respostas para as questões colocadas.

e) a filosofia é a consciência intuitiva sensível que busca a compreensão da realidade por meio de certos princípios estabelecidos pela razão.

Resposta: B.

13 – (UEMA, 2015). Leia a fábula de La Fontaine, uma possível explicação para a expressão ”o amor é cego”.

No amor tudo é mistério: suas flechas e sua aljava, sua chama e sua infância eterna. Mas por que o amor é cego? Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda não era cego. Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o Amor que se reunisse para tratar do assunto o conselho dos deuses. Mas a Loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe privou da visão. Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. Diante de Júpiter, de Nêmesis – a deusa da vingança – e de todos os juízos do inferno, Vênus exigiu que aquele crime fosse reparado. Seu filho não podia ficar cego. Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do supremo tribunal celeste consistiu em declarar a loucura a servir de guia ao Amor.

(LA FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: Os melhores contos de loucura. Flávio Moreira da Costa (Org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2007).

A fábula traz uma explicação oriunda dos deuses para uma realidade humana. Esse tipo de explicação classifica-se como:

a) estética.

b) filosófica.

c) mitológica.

d) científica.

e) crítica.

Resposta: C.

14 – (UEL, 2014). Leia os textos a seguir:

Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre.

(HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. Trad. de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91).

Segundo a mitologia ioruba, no início dos tempos havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo, o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes especiais, entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir morada e sustento aos homens.

(“A Criação do Mundo”. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível em: <http://super.abril.com.br/religiao/criacao-mundo-447670.shtm&gt;. Acesso em: 1 abr. 2014.)

No começo do tempo, tudo era caos, e este caos tinha a forma de um ovo de galinha. Dentro do ovo estavam Yin e Yang, as duas forças opostas que compõem o universo. Yin e Yang são escuridão e luz, feminino e masculino, frio e calor, seco e molhado.

(PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do mundo. Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso. São Paulo: Marco Zero, 1996. p.22.)

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a passagem do mito para o logos na filosofia, considere as afirmativas a seguir:

I. As diversas narrativas míticas da origem do mundo, dos seres e das coisas são genealogias que concebem o nascimento ordenado dos seres; são discursos que buscam o princípio que causa e ordena tudo que existe.

II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso que afirmam ter ocorrido em um passado remoto e impreciso, em geral grandes feitos apresentados como fundamento e começo da história de dada comunidade.

III. Para Platão, a narrativa mitológica foi considerada, em certa medida, um modo de expressar determinadas verdades que fogem ao raciocínio, sendo, com frequência, algo mais do que uma opinião provável ao exprimir o vir-a-ser.

IV. Quando tomado como um relato alegórico, o mito é reduzido a um conto fictício desprovido de qualquer
correspondência com algum tipo de acontecimento, em que inexiste relação entre o real e o narrado.

Assinale a alternativa correta:

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Resposta: D.

15 – (UNESP, 2014).

Texto 1

Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é o apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. As causas dos fenômenos naturais, aquilo que acontece aos homens, tudo é governado por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados são capazes de interpretar. Os sacerdotes, os rituais religiosos, os oráculos servem como intermediários, pontes entre o mundo humano e o mundo divino. Os cultos e os sacrifícios religiosos encontrados nessas sociedades são, assim, formas de se agradecer esses favores ou de se aplacar a ira dos
deuses.

(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2001. Adaptado.)

Texto 2

Ao longo da história, a corrente filosófica do Empirismo foi associada às seguintes características: 1. Negação de qualquer conhecimento ou princípio inato, que deva ser necessariamente reconhecido como válido, sem nenhuma confirmação ou verificação. 2. Negação do ‘suprassensível’, entendido como qualquer realidade não passível de verificação e aferição de qualquer tipo. 3. Ênfase na importância da realidade atual ou imediatamente presente aos órgãos de verificação e comprovação, ou seja, no fato: essa ênfase é consequência do recurso à evidência sensível.

(Nicola Abbagnano. Dicionário de filosofia, 2007. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados, comente a oposição entre o pensamento mítico e a corrente filosófica do empirismo.

Resposta (Eleva Plataforma de Ensino):

O texto I coloca que a explicação mítica da realidade foi o recurso disponível aos homens daquela época para poder compreender a realidade que os cercava. Nesse período, a realidade exterior ao mundo natural somente poderia ser conhecida por meio de explicações que tivessem a magia, o sobrenatural como base fundante. Dessa forma, somente aqueles que se dedicavam exclusivamente a essa atividade poderiam ser capazes de compreender os desígnios dos deuses. Os sacerdotes representavam os intermediários entre os dois mundos (humano e divino). Assim, a autoridade de sua palavra era por si só critério suficiente para estabelecer “verdades” míticas que serviam como forma de explicação para os fenômenos naturais.

No texto II, diferentemente da explicação mítica, o empirismo, tendo como princípios teóricos John Locke, Francis Bacon e David Hume, não recorre à autoridade da mesma maneira que os mitos para explicar os fenômenos. Essa corrente de pensamento rejeita que o conhecimento seja inato, isto é, não considera válido aquilo que não pode ser aferido, verificado, aquilo que não for evidente. A verdade reside não mais na autoridade de quem fala, mas na evidência, na constatação, naquilo que pode ser captado pelos sentidos. O suprassensível é negado, pois não é passível de investigação, verificação.

16 – (UNESP, 2012).  Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é

(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado).

O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre outros aspectos:

A) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória.

B) a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.

C) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.

D) a forma como a história era escrita e lida entre os povos da península balcânica.

E) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam.

Resposta: A.

17 – (Unioeste 2011) “O mito é uma narrativa. É um discurso, uma fala. É uma forma de as sociedades espelharem suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a existência, o cosmos, as situações de ‘estar no mundo’ ou as relações sociais”.

(Everado Rocha).

Mediante essa definição geral de mito é correto afirmar que:

a) as sociedades com conhecimentos científico, tecnológico e filosófico complexamente constituídos não possuem mitos, pois eliminaram as duvidas e os paradoxos.

b) Platão, um dos filósofos mais estudados e influentes do pensamento ocidental, não recorria aos mitos em seus diálogos, apesar de ter sido o primeiro a utilizar o termo mitologia.

c) alguns mitos oferecem modelos de vida e podem servir como referências para a vida de muitas pessoas mesmo no século XXI.

d) as sociedades antigas, ocidentais e orientais, foram fundadas sobre o mesmo mito primitivo, variando, apenas, os nomes de seus personagens.

e) todas as afirmações acima estão corretas. 

Resposta: C.

18 –  (UNICENTRO, 2010) “Os poemas homéricos têm por fundamento uma visão de mundo clara e coerente. Manifestam-na quase a cada verso,pois colocam em relação com ela tudo quanto cantam de importante – é, antes de mais nada, a partir dessa relação que se define seu caráter particular. Nós chamamos de religiosa essa cosmovisão, embora ela se distancie muito da religião de outros povos e tempos. Essa cosmovisão da poesia homérica é clara e coerente. Em parte alguma ela enuncia fórmulas conceituais à maneira de um dogma; antes se exprime vivamente em tudo que sucede, em tudo que é dito e pensado. E embora no pormenor muitas coisas resultem ambíguas, em termos amplos e no essencial, os testemunhos não se contradizem. É possível, com rigoroso método, reuni-los, ordená-los, fazer lhes o cômputo, e assim eles nos dão respostas explícitas às questões sobre a vida e a morte, o homem e Deus, a liberdade e o destino (…).”

(OTTO. Os deuses da Grécia: a imagem do divino na visão do espírito grego. 1ª Ed., trad. [e prefácio] de Ordep Serra. – São Paulo: Odysseus Editora, 2005 – p. 11.)

Com base no texto, e em seus conhecimentos sobre a função dos mitos na Grécia arcaica, assinale a alternativa correta:

a) De acordo com os poemas homéricos, os deuses em nada poderiam interferir no destino dos humanos e, assim, a determinação divina (ananque) se colocava em segundo plano, uma vez que era o acaso (tykhe) quem governava, isto é, possuía a função de ensinar ao homem o que este deveria escolher no momento de sua livre ação.

b) As poesias de Homero sempre mantiveram a função de educar o homem grego para o pleno exercício da atividade racional que surgiria no século VI a.C., uma vez que, de acordo com historiadores e helenistas, não houve uma ruptura na passagem do mito para o logos, mas sim um processo gradual e contínuo de enraizamento histórico que culminou no advento da filosofia.

c) Os mitos homéricos serviram de base para a educação, formação e visão de mundo que o homem grego arcaico possuía. Em seus cânticos, Homero justapõe conceitos importantes como harmonia, proporção e questionamentos a respeito dos princípios, das causas e do porquê das coisas. Embora todas essas instâncias apresentavam-se como tal, os mitos não deixaram de lado o caráter mágico, fictício e fabular em que eram narrados.

d) O mito já era pensamento. Ao formalizar os versos de sua poesia, Homero inaugura uma modalidade literária bem singular no ocidente. As ações dos deuses e dos homens, por exemplo, sempre obedeceram a uma ordem pré-estabelecida, a qual sempre revelou uma lógica racional em funcionamento.

e) Os mitos tiveram função meramente ilustrativa na educação do homem grego, pois o caráter teórico e abstrato da cultura grega apagou em grande parte os aspectos que se revelariam relevantes na poesia grega.

Resposta:  C.

19 – (UEL, 2009).

Texto I

Eis aqui, portanto, o princípio de quando se decidiu fazer o homem, e quando se buscou o que devia entrar na carne do homem. Havia alimentos de todos os tipos. Os animais ensinaram o caminho. E moendo então as espigas amarelas e as espigas brancas, Ixmucaná fez nove bebidas, e destas provieram a força do homem. Isto fizeram os progenitores, Tepeu e Gucumatz, assim chamados. A seguir decidiram sobre a criação e formação de nossa primeira mãe e pai. De milho amarelo e de milho branco foi feita sua carne; de massa de milho foram feitos seus braços e as pernas do homem. Unicamente massa de milho entrou na carne de nossos pais.

(Adaptado: SUESS, P. Popol Vuh: “Mito dos Quiché da Guatemala sobre sua origem do milho e a criação do mundo”. In: A conquista espiritual da América Espanhola: 200 documentos – Século XVI. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 32-33).

Texto II

Se você é o que você come, e consome comida industrializada, você é milho”, escreveu Michael Pollan no livro O dilema do onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante, passando pelo ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusivamente com o grão. O milho foi escolhido como bola da vez devido ao seu baixo preço de mercado e também porque os EUA produzem mais da metade do milho distribuído no mundo.

(Adaptado: BURGOS, P. “Show do milhão: milho na comida agora vira combustível”. Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p. 33).

Com base nos Textos II e III e nos conhecimentos sobre as relações entre organização social e mito, é correto afirmar:

a) Os deuses maias criaram os homens dotados de livre arbítrio para, a partir dos princípios da razão e da liberdade, ordenarem igualitariamente a sociedade.

b) A exemplo das narrativas que predominavam no período homérico da Grécia antiga, os mitos expressam uma forma de conhecimento científico da realidade.

c) Na busca de um princípio fundante e ordenador de todas as coisas, como ocorre na mitologia grega, a narrativa mítica justifica as bases de legitimação de organização política e de coesão social.

d) Assim como nos povos Quiché da Guatemala, também os mitos gregos procuram explicar a arché, a origem, a partir de um elemento originário onde está presente o milho.

e) Para certas tradições de pensamento, como a da escola de Frankfurt, o iluminismo representa a superação completa do mito.

Resposta: C.

20 – (UNCISAL, 2012). O conhecimento mítico apresenta características próprias que o diferencia de outros modos de conhecer. Ele invariavelmente se vincula ao conhecimento religioso, mas conserva suas funções especificas: acomodar e tranquilizar o homem em meio a um mundo caótico e hostil. Nas sociedades em que ele se apresenta como um modo válido de explicação da realidade assume uma abrangência tamanha que determina a totalidade da vida, tanto no âmbito público como privado. Com referência ao conhecimento mítico, é incorreto afirmar que:

a) A adesão ao conhecimento mítico ocorre sem necessidade de demonstração, apenas se aceita a autoridade do narrador.  

b) As explicações oferecidas pelo conhecimento mítico, essencialmente, são de natureza cosmogônica.  

c) As representações sobrenaturais são utilizadas no intuito de explicar os fenômenos naturais.  

d) A narrativa mítica faz uso de uma linguagem simbólica e imaginária.  

e) Se pauta na reflexão, apresentando a racionalidade e a cosmologia como componentes definidores do seu modo próprio de ser.  

Resposta: E.

21 – (UEPA, 2014). Hermes, na Grécia antiga, era o deus mensageiro, patrono de pesos e medidas, pastores, oradores, poetas, atletas, comerciantes, viajantes e inventores. O culto a Hermes surgiu no Período Arcaico da história grega, entre 700 a.C. e 500 a.C., e ocorreu numa época em que os antigos Genos foram extintos e ascendeu socialmente uma aristocracia rural concentradora de terras. Em função disso, a população sem acesso a terras tendeu a um grande movimento de dispersão por novos territórios fora da península helênica, o que resultou na expansão das relações comerciais gregas para áreas costeiras do Mar Negro e do Mar Mediterrâneo. Com base nesses dados, é correto afirmar que:

a) o surgimento de uma hierarquização entre os deuses refletia a emergência da sociedade de classes na Grécia Antiga.
b) a reverência ao deus Hermes derivou do sincretismo religioso promovido pelo estabelecimento de gregos em terras estrangeiras.
c) o culto ao deus Hermes representou uma forma de enfrentamento simbólico dos antigos camponeses à espoliação de suas terras.
d) a crença nos poderes de Hermes como deus mensageiro e protetor do comércio tem relação com a expansão dos horizontes comerciais e territoriais gregos.
e) a reverência a Hermes na Grécia Arcaica resultou de um sincretismo original com o deus romano Mercúrio, patrono do lucro e do comércio.

Resposta: D.

22 – (UFAM, 2013). Muito do que se conhece sobre os primórdios da civilização grega deve-se à obra literária atribuída a Homero. Um dos eventos mais marcantes desse período foi a Guerra de Troia cuja motivação primária:

a) Foi a disputa pelas rotas comerciais entre a península do Peloponeso e os povos micênicos, opondo as esquadras de Ulisses e Agamenon.

b) Deveu-se a invasão troiana nas colônias gregas da Ásia Menor por Ulisses, provocando a reação de Aquiles, rei da Tessália.

c)  Foi o rapto feito por Páris, filho de Príamo, rei de Troia, da jovem Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, motivando a reação deste último.

d) Derivou das disputas pela hegemonia da Grécia entre as principais cidades-estados, lideradas por Ulisses, Aquiles e Paris.

e)  Foi a constituição de uma aliança militar entre Esparta e Troia, visando restringir a expansão Ateniense na região.

Resposta: C.

23 – (UEL, 2007). “Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os Gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das coisas – as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo”.

(JAEGER, W. Paideia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197). 

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar:

a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia.

b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova forma de pensamento plenamente racional desde as suas origens.

c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de forma gradual.

d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar.

e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até hoje são objeto da pesquisa filosófica.

Resposta: C.

24 – (CESPE). A mitologia grega, cujas principais fontes são a Teogonia, de Hesíodo, e a Ilíada e a Odisseia, de Homero, escritas no século VIII a.C., é constituída por um conjunto de mitos, entidades divinas ou fantásticas e lendas. A Teogonia é a mais completa e importante fonte de mitos sobre a origem e a história dos deuses. As histórias de grandes feitos, heróis e grandes combates constituem as narrativas escritas por Homero, como a Guerra de Troia. As narrativas mitológicas dão, assim, importante testemunho de muitos elementos da cultura da Grécia Antiga.

cerca da mitologia grega, assinale a opção correta:

a) Divulgava-se a mitologia grega por meio de obras escritas, como a Teogonia, de Hesíodo. 

b) Nas narrativas, os deuses são descritos com aparência semelhante à dos seres humanos, contudo, diferentemente dos humanos, são desprovidos de sentimentos. 

c) Nas narrativas mitológicas, não se inclui a ideia de verdade revelada. 

d) Na mitologia grega, pulveriza-se a explicação do mundo, vinculando-a aos humores dos deuses.

e) Na mitologia grega, todas as histórias realmente aconteceram.

Resposta: D.

25 – (CESGRANRIO). Não há como negar a importância cultural e histórica dos poetas gregos. Muitos pensadores questionam se tal modelo de poesia e narração podem ser assumidos como gênese do saber ocidental. Dentre esses, encontramos Werner Jaeger, que atribui um importante papel a Homero e Hesíodo na passagem do mito à filosofia, porque, na poesia de ambos:

a) o elemento fantástico torna-se ainda mais monstruoso do que nas narrativas míticas anteriores, contribuindo para estimular o já latente descrédito no mito e a busca de explicações racionais.

b) os acontecimentos nunca são apresentados em uma simples sequência narrativa, havendo uma preocupação em apresentar um nexo causal entre os motivos das ações e um esforço para apresentar a realidade em seu todo.

c) Os personagens míticos são representados completamente destituídos de poderes fantásticos e sobrenaturais, incitando a dúvida a respeito da veracidade de seus feitos e da inexorabilidade das leis divinas.

d) a recorrência a certas ideias do orfismo, como a imortalidade e a transmigração das almas, conquista aos poucos a adesão dos gregos que abandonam sua religião oficial e retiram daí as bases para a nascente filosofia.

e) a noção de justiça como virtude fundamental e condição das outras virtudes desaparece, dando primazia ao desenvolvimento da sabedoria concedida como a prática de ações em conformidade com o lógos.

Resposta: B.

26 – (UNIMONTES, 2009). O mito é parte integrante da história da humanidade. “Cada indivíduo deve encontrar um aspecto do mito que se relacione com sua própria vida. Os mitos têm basicamente quatro funções. A primeira é a função mística – e é disso que venho falando, dando conta da maravilha que é o universo, da maravilha que é você, e vivenciando o espanto diante do mistério. Os mitos abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a consciência do mistério que subjaz a todas as formas. Se isso lhe escapar, você não terá uma mitologia. Se o mistério se manifestar através de todas as coisas, o universo se tornará, por assim dizer, uma pintura sagrada. Você está sempre se dirigindo ao mistério transcendente, através das circunstâncias da sua vida verdadeira. A segunda é a dimensão cosmológica, a dimensão da qual a ciência se ocupa, mostrando qual é a forma do universo, mas fazendo-o de uma tal maneira que o mistério, outra vez, se manifeste. Hoje, tendemos a pensar que os cientistas detêm todas as respostas. Mas os maiores entre eles dizem-nos: “Não, não temos todas as respostas. Podemos dizer-lhe como a coisa funciona, mas não o que é”. Você risca um fósforo. O que é o fogo? Você pode falar de oxidação, mas isso não me dirá nada. A terceira função é sociológica – suporte e validação de determinada ordem social. E aqui os mitos variam tremendamente, de lugar para lugar. Você tem toda uma mitologia da poligamia, toda mitologia da monogamia. Ambas satisfatórias. Depende de onde você estiver. Foi essa função sociológica do mito que assumiu a direção do nosso mundo – e está desatualizada. A quarta função do mito, aquela, segundo penso, com que todas as pessoas deviam tentar se relacionar – a função pedagógica, como viver uma vida humana sob qualquer circunstância. Os mitos podem ensinar-nos isso.”

(CAMPBELL, J. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athenas, 1990. P. 32).

O mito é parte integrante da história da humanidade. Podemos afirmar que:

a) o mito é uma experiência singular que continua dando sentido à existência
humana.

b) os mitos pertencem somente a comunidades pouco evoluídas.

c) o mito morreu e não diz mais nada para a sociedade.

d) não necessitamos dos mitos e que eles são ultrapassados.

e) o mito perdeu todas as suas funções.

Resposta: A

27 –  (UNICENTRO, 2010). “Os poemas homéricos têm por fundamento uma visão de mundo clara e coerente. Manifestam-na quase a cada verso, pois colocam em relação com ela tudo quanto cantam de importante – é, antes de mais nada, a partir dessa relação que se define seu caráter particular. Nós chamamos de religiosa essa cosmovisão, embora ela se distancie muito da religião de outros povos e tempos. Essa cosmovisão da poesia homérica é clara e coerente. Em parte alguma ela enuncia fórmulas conceituais à maneira de um dogma; antes se exprime vivamente em tudo que sucede, em tudo que é dito e pensado. E embora no pormenor muitas coisas resultem ambíguas, em termos amplos e no essencial, os testemunhos não se contradizem. É possível, com rigoroso método, reuni-los, ordená-los, fazer lhes o cômputo, e assim eles nos dão respostas explícitas às questões sobre a vida e a morte, o homem e Deus, a liberdade e o destino (…).”

(OTTO. Os deuses da Grécia: a imagem do divino na visão do espírito grego. 1ª Ed., trad. [e prefácio] de Ordep Serra. – São Paulo: Odysseus Editora, 2005 – p. 11).

Com base no texto, e em seus conhecimentos sobre a função dos mitos na Grécia arcaica, assinale a alternativa correta.

a) De acordo com os poemas homéricos, os deuses em nada poderiam interferir no destino dos humanos e, assim, a determinação divina (ananque) se colocava em segundo plano, uma vez que era o acaso (tykhe) quem governava, isto é, possuía a função de ensinar ao homem o que este deveria escolher no momento de sua livre ação.

b) As poesias de Homero sempre mantiveram a função de educar o homem grego para o pleno exercício da atividade racional que surgiria no século VI a.C., uma vez que, de acordo com historiadores e helenistas, não houve uma ruptura na passagem do mito para o logos, mas sim um processo gradual e contínuo de enraizamento histórico que culminou no advento da filosofia.

c) Os mitos homéricos serviram de base para a educação, formação e visão de mundo que o homem grego arcaico possuía. Em seus cânticos, Homero justapõe conceitos importantes como harmonia, proporção e questionamentos a respeito dos princípios, das causas e do porquê das coisas. Embora todas essas instâncias apresentavam-se como tal, os mitos não deixaram de lado o caráter mágico, fictício e fabular em que eram narrados.

d) O mito já era pensamento. Ao formalizar os versos de sua poesia, Homero inaugura uma modalidade literária bem singular no ocidente. As ações dos deuses e dos homens, por exemplo, sempre obedeceram a uma ordem pré-estabelecida, a qual sempre revelou uma lógica racional em funcionamento.

e) Os mitos tiveram função meramente ilustrativa na educação do homem grego, pois o caráter teórico e abstrato da cultura grega apagou em grande parte os aspectos que se revelariam relevantes na poesia grega. 

Resposta: C.

28 – (UNESP, 2010). A Ilíada, de Homero, data do século VIII a.C. e narra o último ano da Guerra de Troia, que teria oposto gregos e troianos alguns séculos antes. Não se sabe, no entanto, se esta guerra de fato ocorreu ou mesmo se Homero existiu. Diante disso, o procedimento usual dos estudiosos tem sido:

a) desconsiderar os relatos atribuídos a Homero, pois não temos certeza de sua procedência, nem se eles nos contam a verdade sobre o passado grego.

b) identificar na obra, apesar das dúvidas, características da sociedade grega antiga, como a valorização das guerras e a crença na interferência dos deuses na vida dos homens.

c) desconfiar de Homero, pois ele era grego e assumiu a defesa de seu povo, abrindo mão da completa neutralidade que todo relato histórico deve ter.

d) acreditar que a Guerra de Troia realmente aconteceu, pois Homero não poderia ter imaginado tantos detalhes e personagens tão complexos como os que aparecem no poema.

e) descartar o uso da obra como fonte histórica, pois, mesmo que a guerra tenha ocorrido, a Ilíada é um relato literário e não foi escrita com rigor e precisão científica.

Resposta: B.

29 – (ENEM, 2018). O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do sentido da ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam construir uma filosofia absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos na medida em que, simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso neste movimento.

O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos da atividade filosófica, que caracteriza por:

a) reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético.
b) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias.
c) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade.
d) conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento.
e) compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios fundamentais.

Resposta: D.

30 – As explicações da religião, das tradições e dos mitos já não satisfaziam aos que interrogavam sobre as causas das mudanças, da permanência, da repetição, da desaparição e do ressurgimento dos seres. Suas respostas haviam perdido a força explicativa, não convenciam nem satisfaziam a quem desejava conhecer a verdade sobre o mundo.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia. Série Novo Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2011, p. 29.

Levando-se em consideração esse texto e o assunto ao qual ele se refere, é correto afirmar que:

(A) A explicação da origem do mundo (genealogia) na filosofia passa a ser a cosmologia.

(B) A genealogia do mito deixou de ser uma cosmologia.

(C) A genealogia da filosofia passa a ser uma teogonia.

(D) O texto diz respeito à passagem do mito à filosofia e o primeiro filósofo foi Aristóteles.

(E) Na passagem do mito à filosofia o discurso científico se transforma em religioso.

Resposta: A

31 – Podemos dizer que a filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir provas e justificativas racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas.

De acordo com esse tema, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Racional significa um tipo de narrativa de genealogias que tratam de rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas.

b) Racional significa argumentar, debater e compreender.

c) Racional significa respeitar certas regras de coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido.

d) Racional significa conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e dos outros.

e) A razão baseia-se em fatos e experimentos.

Resposta: A.

32 – Segundo CHAUÍ (2011, p. 18), “a primeira característica da atitude filosófica é negativa”.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2011.

Isso significa:

a) Dizer não aos “pré-conceitos”, aos “pré-juízos”.

b) Dar maior importância às nossas crenças pessoais.

c) Dizer não ao sentido das coisas.

d) O discurso simbólico é o mais importante.

e) Recusar a narrativa racional.

Resposta: A.

33 – “Os estudiosos chegaram à conclusão de que as contradições e limitações dos mitos para explicar a realidade natural e humana levaram a filosofia a retomá-los, porém reformulando e racionalizando as narrativas míticas, transformando-as numa explicação nova e diferente”.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia Ensino Médio. São Paulo: Ática, 2011, p. 32.

Com relação às diferenças entre filosofia e mito, assinale uma única alternativa correta:

a) O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível.

b) A mitologia explica a produção das coisas pelos elementos naturais (água, fogo, ar e terra).

c) A filosofia narrava a origem das coisas pelos casamentos de Gaia (a terra) com Urano (o céu) e Ponto (o mar).

d) A confiança e a crença na filosofia vinham da autoridade religiosa do narrador.

e) A mitologia surgiu nas cidades-Estado gregas (pólis).

Resposta: A.