Quando começou a Primeira Guerra Mundial

Quinta, 10 de Dezembro de 2020

Uma guerra é considerada mundial quando envolve um número significativo de países. Sendo assim, historiadores consideram que houve duas grandes guerras mundiais. Neste artigo falaremos a respeito da primeira delas, que ocorreu entre 1914 e 1918, então, se deseja saber como começou a Primeira Guerra Mundial e quais foram suas consequências, é só continuar a leitura.

Como começou a Primeira Guerra Mundial? Entenda o que motivou o conflito

A Primeira Guerra Mundial não foi causada por apenas um motivo, são vários eventos que aconteceram no século XIX e foram se arrastando, culminando no conflito. São cinco os pontos principais os responsáveis que causaram a guerra, acompanhe e entenda cada um deles.

1 - Alianças de defesa

Vários países vizinhos tinham alianças entre si, acordos de que se um fosse atacado os outros ajudariam a defender. As alianças que existiam antes do início da Primeira Guerra Mundial eram: Alemanha e Áustria-Hungria; França e Rússia; Grã-Bretanha, França e Bélgica; Japão e Grã-Bretanha; Rússia e Sérvia.

Esses acordos acabaram formando um efeito dominó, observe:

  • A Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia e a Rússia se envolveu para defender a segunda.
  • A Alemanha, vendo a mobilização da Rússia, declarou guerra ao país.
  • A França precisou se voltar contra a Alemanha e a Áustria-Hungria, que eram aliadas.
  • A Alemanha atacou a França e, por consequência, a Bélgica e a Grã-Bretanha.
  • Já o Japão entrou na guerra para apoiar seus aliados britânicos.

2 - Imperialismo

Imperialismo é o conjunto de medidas adotadas por uma nação para promover a expansão de seu território, colonizando ou reassentando áreas. Antes da guerra começar, diversos países da Europa estavam reivindicando territórios da África e de partes da Ásia, o que se transformou em pontos de discórdia.

Esse interesse se dava por conta das matérias-primas que essas áreas possuíam. Assim, a crescente competição e o desejo por impérios cada vez maiores, levou a um aumento de confrontos, o que também serviu como motivo para que a Primeira Guerra Mundial começasse.

3 - Corrida armamentista

No início do século XX, uma corrida armamentista começou em todo o mundo. Os países passaram a ter cada vez mais navios de guerra modernos e poderosos, armas, blindagem de qualidade e exércitos maiores, treinando jovens para se prepararem para batalhas.

Em 1914, a Alemanha tinha quase cem navios de guerra e dois milhões de soldados treinados. A Grã-Bretanha e a Alemanha aumentaram muito suas forças navais nesse período. Além disso, principalmente na Alemanha e na Rússia, as instituições militares começaram a ter maior influência sobre as políticas públicas. Esse crescimento do militarismo foi mais um motivo que encorajou os países a entrarem em guerra.

4 - Nacionalismo

Em grande parte, os motivos que causaram a guerra têm ligação com o nacionalismo. Os povos eslavos da Bósnia e Herzegovina não queriam mais fazer parte da Áustria-Hungria, mas sim da Sérvia. Essa revolta nacionalista e étnica levou ao assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, que foi o evento considerado como o estopim para a guerra e sobre o qual falaremos adiante.

Além disso, o nacionalismo presente em muitos dos países da Europa contribuiu para o início e, também, para a extensão da guerra pela Europa e pela Ásia. À medida em que cada país tentava provar seu domínio e poder, a guerra se tornava mais complicada e prolongada.

5 - Estopim: assassinato do arquiduque da Áustria-Hungria

Como mencionado, o estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato de Franz Ferdinand. Foi isso que levou os outros motivos citados a entrarem nesse grande conflito. Em junho de 1914, o grupo terrorista nacionalista sérvio chamado Mão Negra enviou homens para assassinarem o arquiduque.

A primeira tentativa falhou, quando um motorista conseguiu evitar que uma granada fosse atirada dentro do carro no qual se encontrava o arquiduque. No entanto, mais tarde no mesmo dia, um nacionalista sérvio chamado Gavrilo Princip atirou em Ferdinand e em sua esposa enquanto eles passavam por Sarajevo, na Bósnia, que fazia parte da Áustria-Hungria, levando-os a óbito.

O assassinato foi um protesto contra o controle da região pela Áustria-Hungria: a Sérvia queria assumir a Bósnia e Herzegovina. O assassinato de Ferdinand levou a Áustria-Hungria a declarar guerra à Sérvia. Quando a Rússia começou a se mobilizar para defender sua aliança, a Alemanha declarou guerra à Rússia. Assim começou a expansão da guerra, incluindo todos os países envolvidos nas alianças de defesa mútua.

Consequências da Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial apresentou uma grande mudança na forma com a qual os conflitos se davam em todo o mundo, saindo do estilo corpo a corpo das guerras mais antigas para a inclusão de armas que usavam a tecnologia e evitavam o combate direto entre soldados.

A quantidade de armas envolvidas fez com que o número de óbitos fosse extremamente alto em relação a outros conflitos da época, somando 15 milhões de mortos e 20 milhões de feridos. Depois desse evento histórico, as guerras se tornaram mais devastadoras do que já eram.

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A Primeira Guerra Mundial, conhecida como “A Grande Guerra”, constitui o acontecimento que transformou radicalmente a Europa e o mundo.

Por Me. Cláudio Fernandes

A Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918, foi considerada por muitos de seus contemporâneos como a mais terrível das guerras. Por este motivo, tornou-se conhecida durante muito tempo como “A Grande Guerra”. Para se compreender os motivos de ter sido uma guerra tão longa e de proporções catastróficas é necessário relembrar alguns aspectos do cenário político e econômico mundial das últimas décadas do século XIX.

Na segunda metade do século XIX, a junção entre capitalismo financeiro e capitalismo industrial proporcionou a integração econômica mundial, favorecendo assim, principalmente, as nações que haviam começado seu processo de industrialização. Essas mesmas nações expandiram significativamente seu território em direção a outros continentes, sobretudo ao Asiático, ao Africano e à Oceania. A Inglaterra, por exemplo, integrou grandes países ao seu Império, como a Índia e a Austrália. Todo esse processo é conceitualmente tratado pelos historiadores como Imperialismo e Neocolonialismo. Nesse cenário se desencadearam os principais problemas que culminaram no conflito mundial.

No início da década de 1870, a Alemanha promovia sua unificação com a Prússia e, ao mesmo tempo, enfrentava a França naquela que ficou conhecida como Guerra Franco-Prussiana. Ao vencer a França, a Alemanha possou a ter posse sobre uma região rica em minério de ferro, que foi importantíssima para o desenvolvimento de sua indústria, incluindo a indústria bélica. Tratava-se da região de Alsácia e Lorena. A França, na década posterior à guerra contra a Alemanha, desenvolveu um forte sentimento de revanche, o que provocava uma enorme tensão na fronteira entre os dois países. A tensão se agravou quando Otto Von Bismarck, o líder da unificação alemã, estabeleceu uma aliança com a Áustria-Hungria e com a Itália, que ficou conhecida como Tríplice Aliança. Essa aliança estabelecia tanto acordos comerciais e financeiros quanto acordos militares.

A França, que se via progressivamente ameaçada pela influência que era estabelecida pela Alemanha, passou a firmar acordos, do mesmo gênero da Tríplice Aliança, com o Império Russo, czarista, em 1894. A Inglaterra, que era um dos maiores impérios da época e também se resguardava do avanço alemão e temia sofrer perdas de território e bloqueios econômicos, acabou se aliando à França e à Rússia, formando assim a Tríplice Entente.

A tensão entre as duas alianças se tornou crescente, especificamente em algumas regiões, como a península balcânica. Na região dos Balcãs, dois grandes impérios lutavam para impor um domínio de matiz nacionalista: o Austro-Húngaro e o Russo. A Rússia procurava expandir sua ideologia nacionalista eslava (conhecida como Pan-eslavismo) e apoiava a criação, nos Balcãs, do estado da Grande Sérvia, enquanto que a Áustria-Hungria se aproveitava da fragilidade do Império Turco-Otomano (que dominou esta região durante muito tempo) e procurava, com a ajuda da Alemanha, estabelecer um controle na mesma região, valendo-se também de uma ideologia nacionalista (conhecida como Pangermanismo). No ano de 1908, a região da Bósnia-Herzegovina foi anexada pela Áustria-Hungria, o que dificultou a criação da “Grande Sérvia”. Além disso, a Alemanha tinha interesses comerciais no Oriente Médio, em especial no Golfo Pérsico, e pretendia construir uma ferrovia de Berlim a Bagdá, passando pela península balcânica.

O estopim para o conflito entre as duas grandes forças que se concentravam na região dos Balçãs veio com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, por um militante da organização terrorista Mão Negra, de viés nacionalista eslavo. O assassinato do arquiduque ocorreu em 28 de janeiro de 1914, em Sarajevo, capital da Bósnia. Francisco Ferdinando tinha ido a Sarajevo com a proposta da criação de uma monarquia tríplice para região, que seria governada por austríacos, húngaros e eslavos. Sua morte acirrou os ânimos nacionalistas e conduziu as alianças das principais potências europeias à guerra.

Quando começou a Primeira Guerra Mundial

O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, na cidade de Sarajevo, foi considerado o estopim da Primeira Guerra2

A Áustria percebeu neste fatídico acontecimento a oportunidade de atacar a Sérvia e demolir o projeto eslavo de construção de um forte estado. Sendo assim, Áustria-Hungria e Alemanha deram um ultimato à Sérvia para solucionar o caso do assassinato de Francisco Ferdinando. A Servia negou-se a ceder à pressão dos germânicos e, com o apoio da Rússia, sua aliada, preparou-se para o que veio a seguir: a declaração de guerra por parte da Áustria-Hungria, que foi formalizada em 28 de julho de 1914. Logo a França ofereceu apoio à Rússia contra a Áustria-Hungria, o que fez a Alemanha declarar guerra contra a Rússia e a França. O conflito logo se expandiu para outras regiões do globo.

A guerra se intensificou quando o exército alemão, que era o mais moderno da época, rumou em direção à França, passando pelo território belga, que era neutro. Isso fez com que a Inglaterra, aliada da Rússia, declarasse guerra à Alemanha. A partir desse momento, a guerra ganhou proporções cada vez mais catastróficas. As principais formas de tática militar eram a guerra de trincheiras, ou guerra de posição, que tinha por objetivo a proteção de territórios conquistados; e a guerra de movimento, ou de avanço de posições, que era mais ofensiva e contava com armamentos pesados e infantaria equipada.

Ao longo da guerra, o uso de novas armas, aperfeiçoadas pela indústria, aliado a novas invenções como o avião e os tanques, deu aos combates uma característica de impotência por parte dos soldados. Milhares de homens morreram instantaneamente em bombardeios ou envoltos em imensas nuvens de gás tóxico. Essa característica produziu um alto impacto na imaginação das gerações seguintes à guerra. Escritores como Erich Maria Remarque, Ernst Jünger e J. J. R. Tolkien, que combateram na Primeira Guerra, extraíram dela muitos elementos para composição de suas histórias.

O ano de 1917 foi decisivo no contexto da “Grande Guerra”. Nesse ano, a Rússia se retirou do fronte de batalha, haja vista que seu exército estava obsoleto e sua economia arruinada. Foi neste ano também que os revolucionários bolcheviques fizeram sua revolução comunista na Rússia, fato crucial para a efervescência política europeia das décadas seguintes. Foi ainda em 1917 que os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Inglaterra e da França e contra a Alemanha, que já não mais tinha a mesma força do início da guerra. Sendo que, após o fim da Primeira Guerra em 1918, os Estados Unidos tornaram-se a grande potência fora do continente europeu.

A “Grande Guerra” chegou ao fim em 1918, com vitória dos aliados da França e grande derrota da Alemanha. O ponto mais importante a se destacar quanto ao fim da guerra são as determinações do Tratado de Versalhes. Nessas determinações, os países vencedores não aceitaram a orientação da Liga das Nações de não submeter a Alemanha derrotada à indenização pelos danos da guerra. Sendo assim, a Alemanha foi obrigada a ceder territórios e a reorganizar sua economia tendo em conta o futuro ressarcimento aos países vencedores da Primeira Guerra, sobretudo a França.

O saldo de mortos durante os cinco anos da Primeira Guerra foi de um total de 8 milhões, dentre estes, 1.800.000 apenas de alemães. Esse tipo de mortandade acelerada e terrivelmente impactante tornou a se repetir a partir de 1939, com a Segunda Guerra Mundial.

Quando começou a Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra deixou um enorme número de soldados mortos para todas as nações envolvidas, além da vasta destruição nas cidades europeias

O imaginário da Primeira Guerra povoa os territórios de várias artes. No cinema, por exemplo, temos inúmeros filmes que a tematizam. Dois deles merecem destaque: “Corações do Mundo” (1918), de Griffith, produzido ainda “sob o calor da guerra” e “Glória Feita de Sangue” (1957), de Stanley Kubrick.

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*Créditos das imagens:
1 Wikimedia Commons / National Library NZ on The Commons
2 Wikimedia Commons


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