Por que o dolar voltou a subir

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Dólar. Foto: Pixabay

O dólar voltou a subir nesta quarta (18), em dia de queda generalizada nos mercados globais. A divisa americana, que ontem zerou ganhos após quatro sessões de baixas, fechou o dia cotada a R$ 4,9826, em alta de 0,80%.

O dia foi de movimento de correção amparado pelo ambiente externo negativo. Relatos de novas medidas restritivas na China, que sustenta a política de covid zero, e a leitura de que os Bancos Centrais dos países desenvolvidos, em especial o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano), terão que ser mais agressivos para conter a inflação preocupam os mercados. Em uma clássica fuga para a qualidade, investidores abandonaram bolsas e correram para se abrigar na moeda americana e nos títulos do Tesouro americano.

Esse movimento se traduziu por aqui em tombo do Ibovespa e alta do dólar, embora em ritmo mais moderado do que o azedume lá fora e a perda de fôlego das commodities agrícolas e metálicas poderiam sugerir.

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar flertou com o rompimento do patamar de R$ 5,00 no meio da tarde, ao correr até a máxima de R$ 5,0003 (+1,16%), mas logo perdeu fôlego. Oscilou entre os patamares de R$ 4,98 e R$ 4,99.

Analistas apontam que a elevada taxa de juros doméstica, que atrai capitais de curto prazo para “carry trade” e torna custosa aposta comprada em dólar, daria certo suporte à moeda brasileira. Operadores também citaram como possível entrave para uma escalada mais forte do dólar nesta quarta declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, em evento pela manhã em São Paulo.

Serra disse que o BC tem “instrumentos para combater uma eventual volatilidade adicional do câmbio” e que, se precisar subir mais o juro porque o juro global sobe, “a gente pode fazer”. O diretor do BC lembrou que o real é uma das melhores moedas em desempenho no mundo nos últimos 12 meses, seis meses e no acumulado deste ano, “o que faz sentido nesse momento em que o Brasil se beneficia do choque de oferta global”.

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, atribui a derrocada dos ativos de risco nesta quarta, sobretudo, à incerteza sobre a intensidade e o ritmo de ajuste dos juros nos Estados Unidos, dados os sinais erráticos emitidos por autoridades do BC americano, em especial a fala de terça do chairman Jerome Powell. Embora tenha dito que há “amplo apoio” no comitê de política monetária da instituição para alta de 50 pontos-base dos Fed Funds em junho, Powell se mostrou preocupado com a inflação e afirmou que não hesitará em levar a taxa de juros além do nível neutro.

“O Fed não consegue emitir um sinal claro sobre o cenário para os juros nos EUA. O mercado não está ‘comprando’ essa ideia de que não vai ser preciso subir os juros com mais força. A sensação é de que o Fed terá que ir muito além do que está dizendo”, afirma Vieira, ressaltando que os índices de inflação na Europa, divulgados nesta quarta, mostram que a inflação tem é um problema global. “O dólar não sobe tanto por aqui porque ainda tem interesse do estrangeiro por Brasil, em um posicionamento global para emergentes, e um pouco de carry trade.”

O índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro mostrou alta anual de 7,4% em abril, um pouco abaixo do esperado (7,5%), mas ainda em nível recorde. Já o CPI no Reino Unido marcou alta de 9% em abril na comparação anual, aceleração em relação a março e no maior nível em mais de 40 anos. Autoridades do Banco Central Europeu (BCE) falaram duro nesta quarta e há quem veja possibilidade de alta da taxa de juros na região no início do segundo semestre.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, vê a alta do dólar nesta quarta no mercado doméstico como um movimento de “correção” após a forte queda de terça, estimulado nesta quarta-feira pela aversão ao risco no exterior. “O mercado ainda está na dúvida sobre o comportamento do Fed nos próximos meses. Apesar de dizer que vai manter o ritmo de alta de 50 pontos-base na próxima reunião, o mercado tem dúvidas, o que pressiona o câmbio”, diz Quartaroli. “Além disso, tivemos notícia de novo lockdown na China, o que preocupa porque pode se refletir em crescimento menor.”

Com informações do Estadão Conteúdo

Pontos-chave

  • O dólar vem operando acima dos R$ 5;
  • A bolsa de valores brasileira registra tendência de queda;
  • O mercado vem discutindo reflexos da inflação nos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira (13), o dólar segue a tendência de alta. Na outra direção, a bolsa de valores brasileira mantém a trajetória de queda no primeiro pregão da semana. O mercado tem demonstrado maior oscilação após a divulgação do índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos.

Por que o dolar voltou a subir
Dólar volta a subir e bolsa de valores a cair; entenda o que está acontecendo (Imagem: Montagem/FDR)

Logo depois da abertura desta segunda-feira, a moeda americana registrou alta em relação ao real, operando acima dos R$ 5. Já a bolsa de valores brasileira, a B3, tem se aproximado do patamar de 100 mil pontos.

Por volta das 11h30, o dólar apresentava alta de 2,72%, sendo negociado a R$ 5,124 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da B3, recuava 3,51%, aos 101.776 pontos.

Dólar e bolsa de valores mantêm tendência da semana passada

Na última sexta-feira (13), o dólar finalizou em alta semanal de 4,43%. Os investidores demonstraram preocupação sobre o cenário fiscal brasileiro, políticas do Banco Central Europeu (BCE) e inflação nos Estados Unidos. Pela segunda semana consecutiva, a moeda estrangeira registrou aumento.

Apenas na última sessão da semana passada, a moeda estrangeira apresentou alta de 1,48%, a R$ 4,989. Este foi o maior nível para fechamento desde 16 de maio, quando a cotação tinha sido de R$ 5,05.

O Ibovespa, por sua vez, apresentou recuo de 5,06% na mesma semana. O índice da bolsa de valores brasileira ainda repercutiu as incertezas em meio aos diálogos sobre combustíveis. Outros fatores de pressão foram a queda no petróleo e no minério de ferro.

No pregão da sexta, o índice da B3 caiu 1,51%, a 105.481 pontos. Esta foi a sexta sessão consecutiva de recuo.

De modo geral, as empresas que integram a carteira teórica foram impactadas na semana passada. No entanto, houve maior reflexo para as companhias que dependem da saúde econômica brasileira — como famílias com alto poder de compra, forte consumo e juros baixos.

Por exemplo, a fabricante de computadores Positivo apresentou queda acumulada semanal de 20,25%.

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Entre as grandes varejistas do país, a Magazine Luiza registrou a maior desvalorização, de 19,22%. Ao considerar as empresas aéreas, a Azul teve perdas de 16,37%. No setor de moda e vestuário, as Lojas Renner registraram diminuição de 14,58% na semana.

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As reuniões de política monetária dos bancos centrais dos EUA e Brasil agitam os mercados (Imagem: Montagem/FDR)

O que está acontecendo nos mercados

No cenário exterior, os mercados tem sido pressionados pelas preocupações de aumentos na taxa de juros mais agressivos nos Estados Unidos. Isso acontece após serem divulgados dados da inflação acima do estimado.

Na sexta-feira passada, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou que, em maio, o índice de preços ao consumidor do país registrou aumento de 1% frente ao mês anterior. Os economistas consultados pela Reuters projetavam uma alta mensal de 0,7%.

No acumulado de 12 meses até maio, a inflação nos Estados Unidos totalizou 8,6%. Este foi o maior nível desde dezembro de 1981, quando tinha ficado em 8,9%.

Nesta quarta-feira (15), o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) anunciará a nova taxa de juros no país. Os mercados estimam que o reajuste seja de 0,5 ponto percentual. Contudo, por conta da forte inflação, há analistas que consideram a possibilidade de uma elevação mais agressiva.

Já no panorama interno, o Banco Central brasileiro também discutirá um possível aumento dos juros nesta quarta-feira. De modo geral, o mercado espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC eleve a taxa Selic em 0,50 ponto percentual. Assim, a taxa de juros chegaria a 13,25% ao ano.

O Goldman Sachs também prevê um reajuste nessa proporção. De qualquer modo, o banco espera que a autoridade monetária deixe em aberto a possibilidade de outro aumento moderado dos juros na reunião de agosto.

A instituição também não desconsidera o encerramento do ciclo da Selic na reunião desta semana — com uma elevação acima dos 0,5 ponto percentual.

Para essa análise, o Goldman Sachs citou os “efeitos desasados de uma postura monetária já claramente restritiva” e também a “maior incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade financeira”.

Por que o dolar voltou a subir
Silvio Souza