O trecho destacado revela os princípios que nortearam a colonização portuguesa explique por que


1 Aula de 28/08/21 – Literatura de Informação e a Carta de Pero Vaz de Caminha. A Literatura de Informação corresponde aos textos de viagens escritos em prosa e fazem parte do primeiro movimento literário do Brasil: o Quinhentismo (1500-1601). Recebem esse nome pois são textos de caráter informativo os quais eram escritos com o intuito informar sobre as novas terras descobertas. Vale ressaltar que esses textos históricos e literários foram essenciais para fundar a literatura brasileira. Além da literatura de informação, o movimento quinhentista é formado pela Literatura de Catequese, escrito pelos jesuítas. A “Carta de Pero Vaz de Caminha” ou “Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil” foi um documento escrito pelo escrivão português Pero Vaz de Caminha. Redigido em 1.º de maio de 1500, em Porto Seguro, Bahia, foi levado para Lisboa sob os cuidados de Gaspar de Lemos, considerado um dos maiores navegadores de seu tempo. COLÉGIO ESTADUAL JACKSON FIGUEIREDO PROFESSOR (A): Agleide Santana ALUNO: DATA: 28/08/ 21 SÉRIE E TURMA: DISCIPLINA: Português AULA NÚMERO: Período de 23/08/21 a 28/08/21 DICAS DE ESTUDO E REGRAS DE CONVIVÊNCIA ❖ Reserve seu tempo de estudo de modo a não ter fontes de distração; ❖ Leve sua água e seu lanche para o local de estudo; ❖ Não envie mensagens para os professores fora do horário de aula; ❖ Ao entrar em contato com os professores seja educado; ❖ Fique atento aos prazos das atividades. BOM ESTUDO! 2 Apesar de ter sido escrita no século XVI, a Carta foi descoberta muitos anos depois, no século XVIII por José de Seabra da Silva (1732-1813). Ele era estadista, ministro e guarda-mor da Torre do Tombo. Sua aparição oficial e acadêmica é obra do filósofo e historiador espanhol Juan Bautista Munoz (1745-1799). No Brasil, sua primeira publicação foi em 1817, na obra “Corografia Brasilica”. Provavelmente, a primeira versão editada no Brasil foi do Padre Manuel Aires de Casal (1754-1821). Ele era geógrafo, historiador e sacerdote português que viveu boa parte de sua vida em território brasileiro. Importante notar que a Carta de Caminha é considerada o primeiro documento redigido no Brasil e, por esse motivo, é o marco literário do País. Ele faz parte da primeira manifestação literária pertencente ao movimento do Quinhentismo. Resumo Durante o período das grandes navegações, Portugal, grande potência marítima europeia do século XVI e XVII, colonizou as terras brasileiras. As expedições portuguesas que aportaram no Brasil em 1500 eram compostas também de escrivães, aqueles designados para relatarem as impressões das terras encontradas. Por esse motivo, a literatura de informação ou as crônicas dos viajantes eram textos compostos por muitas descrições e adjetivos relacionados às novas terras descobertas. Além de indicar características sobre a paisagem do local, os escrivães descreviam sobre os povos que aqui estavam, como costumes, rituais e estrutura social. Nesse momento, surgem os primeiros relatos sobre o Brasil, já que os índios que aqui viviam formavam sociedades baseadas na linguagem oral, em detrimento da linguagem escrita. Dessa maneira, escrito em Porto Seguro, Bahia, dia 1.º de maio de 1500, a “Carta de Pero Vaz de Caminha” ou “Carta a el- Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil” representa o marco inicial da literatura brasileira. Ou seja, trata-se do primeiro documento escrito em território brasileiro. Escritores e Obras Além de Pero Vaz de Caminha, outros representantes que se destacam na Literatura de Informação foram: Pero Lopes de Souza e sua obra Diário de navegação (1530); Pero de Magalhães Gândavo e sua obra Tratado da Província do Brasil e História da Província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil (1576); Fernão Cardim e sua obra Narrativa epistolar e Tratado das terras e das gentes do Brasil (1583); Gabriel Soares de Souza e sua obra Tratado descritivo do Brasil (1587). Exemplo 3 Segue abaixo um trecho da "Carta de Pero Vaz de Caminha" quando descreve aspectos da sociedade indígena: "Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma." "Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos." "Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo." Composição da Carta Iniciada como um processo epistolar de praxe, a Carta, após desenvolver os primeiros parágrafos, realizando toda a reverência ao monarca D. Manuel I (1469-1521), irá continuar como um diário comum. 4 Sobre sua composição, foi escrita em sete folhas, cada qual dividida em quatro páginas. Da conotação fonética das marcas ortográficas, vale citar que Caminha reproduz o estilo de época típico dos textos portugueses até o século XV. Sua periodização torna o manuscrito um produto organizado e bastante ordenado cronologicamente. O escrivão pontua seu texto de modo a provocar um efeito expressivo capaz de prender a atenção do leitor. Além de garantir que a leitura do manuscrito seja bastante simples. Conteúdo da Carta Sobre o seu conteúdo, foi uma carta redigida para o rei, de modo a comunicar-lhe o descobrimento das novas terras. O deslumbramento dos europeus em relação à descoberta do "Novo Mundo" é bem evidente nos registros feitos por Caminha. Na Carta ele descreve suas impressões sobre o território que viria a ser chamado de Brasil. Ele documenta a composição física à primeira vista do território. Além disso, narra o episódio do desembarque dos portugueses na praia, o primeiro encontro entre os índios e os colonizadores, e a primeira missa realizada no Brasil. Curiosidade O termo “descobrimento” é muito combatido atualmente pelos estudiosos brasileiros. Isso porque deixa à margem os povos indígenas que habitavam o território no momento da chegada dos “descobridores”. Quem foi Pero Vaz de Caminha ? Pero Vaz de Caminha nasceu na cidade do Porto (Portugal) em 1450 e faleceu na cidade de Calicute (Índia) em 15 de dezembro de 1500. Seu pai era o Duque de Bragança e, portanto, teve uma educação sólida. Trabalhou como tesoureiro e escrivão na Casa da Moeda. Além disso, ocupou o cargo de vereador da cidade do Porto, em Portugal. Em 1500 Caminha acompanhou a frota de Pedro Álvares Cabral ao Brasil sendo responsável por escrever sobre as impressões da terra avistada. Sem dúvida, esse foi o maior feito de Caminha e que o imortalizou. ATIVIDADE Texto: CARTA DE CAMINHA (FRAGMENTO) e INTERPRETAÇÃO Retrato de Pero Vaz Caminha 5 Nesse trecho da Carta, revela o olhar do europeu na avaliação que faz sobre os índios. [...] Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocavam por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho; Outros não o podiam suportar. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade. Andavam todos tão bem dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. [...] E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que estávamos entre eles. [...] Quando saímos do batel, disse-nos o Capitão que seria bem que fôssemos diretamente à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la. Parece-me quente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim! [...] Castro, Silvio (Intr., atualiz. e notas). A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 93-94. (Fragmento). Interpretação do texto: 01 – Nesse trecho da carta, é possível perceber que o primeiro contato entre portugueses e índios foi bastante amistoso. Que informações do primeiro parágrafo comprovam essa afirmação? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ a) De que maneira o comportamento tranquilo e amistoso dos indígenas é interpretado pelos colonizadores? 6 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________ 02 – Além de encontrar ouro e metais preciosos, os portugueses tinham outro objetivo para a terra recém-descoberta. Identifique-o e transcreva no caderno o trecho em que isso fica claro. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________ a) Como os índios são retratados por Caminha? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________ b) Por que, segundo ele, os índios “seriam logo cristãos”? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________ 03 – Releia: “E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons”. a) O trecho destacado revela os princípios que nortearam a colonização portuguesa. Explique por quê. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________ b) Por que, segundo Caminha, a aparência dos índios revela sua índole boa? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________ 04 – Que elementos do texto indicam a visão de um homem europeu que desconsidera a cultura indígena? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________ a) É possível explicar o processo de aculturação dos índios a partir dessa visão de mundo do colonizador? Por quê? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________ 7 05 – Observe as informações referentes ao ano de 1549 na linha do tempo. Reflita e responda: há contradição entre as ações autorizadas por Portugal nessa data e o projeto de salvação dos indígenas pela fé católica declarado na Carta? Explique. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ AULA: pratica de linguagem – (Fragmento) A carta de Pero Vaz de Caminha. TAREFA: ✓ Ler o conteúdo enviado em PDF; ✓ Responder a atividade. ✓ Assistir aos vídeos; ENVIAR: para o email LINKS PARA REVER OS VÍDEOS: https://youtu.be/1FnK25lirMQ - Brasil das Letras – Pero Vaz de Caminha. https://youtu.be/HvKI5d4UHeg - Carta de Pero Vaz de Caminha FONTES: https://www.todamateria.com.br/literatura-de-informacao/ https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha/