O que significa a expressão matar um leão por dia

O ditado popular acima perde totalmente a riqueza de seu sentido figurado, no momento em que Cecil, um ícone e uma das maiores atrações do Parque Nacional do Zimbábue, morre caçado por um dentista norte-americano. Leia mais o artigo da escritora Priscilla Porto.

ARTIGO

Matar um leão por dia?

Priscilla Porto

O que significa a expressão matar um leão por dia

Matar um leão por dia?

           O ditado popular acima perde totalmente a riqueza de seu sentido figurado, no momento em que Cecil, um ícone e uma das maiores atrações do Parque Nacional do Zimbábue, morre caçado por um dentista norte-americano.

            O fato, ocorrido no início de julho, em um país africano, onde a caça é permitida, mas não em locais de proteção ambiental, estarrece muita gente. Inclusive pessoas que não são tão ligadas a causas de defesa ecológica. Mas quem morreu não foi um leão qualquer, e sim um animal monitorado e pesquisado cientificamente. O que fez com que, mesmo depois de sua injusta caça e morte, ele se configurasse em um animal diferenciado.

            Talvez, por isso, a ação teve reação e o fato se transfigurou em outro ditado. Não o de “olho por olho, dente por dente” (o que poderia até se adequar bem à profissão do matador). E sim, um ditado, talvez mais apropriado ao ato primitivo da morte do leão Cecil: “um dia da caça, outro do caçador”.

            E parece ser isso que as pessoas que se comoveram e se indignaram com a morte estúpida do animal - que não é tão indefeso, e que mete até muito medo na gente - anseiem: mais do que justiça, dignidade e benevolência! Afinal de contas, que estupidez uma pessoa, só por ser humano e ser um animal racional achar que tem o direito de matar um animal irracional apenas por vaidade e para levar sua cabeça como troféu pra casa. E ainda exibir o “grande” feito na internet, para o mundo inteiro.

            Coisa de era pré-histórica! Aff!

Priscilla Porto

Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para uma pessoa especial”.

Contato: www.priscillaporto.com

“Matando” um leão por dia

Com certeza você já disse ou ouviu de alguem esta expressão, MAS O QUÊ SIGNIFICA MATAR UM LEÃO POR DIA?

Vamos lá!

Qual é o seu maior sonho? O que mais lhe motiva a ser um jogador de futebol?

Com certeza, além de responder que quer ser um jogador de sucesso, a sua motivação é tudo aquilo que gira em torno do sucesso de um atleta não é?

Então, se você já sabe o que quer ser e porque você quer ser um jogador de futebol, então está na hora de se espelhar e fazer o que os melhores fizeram pra chegar onde você gostaria de estar e também conhecer quais são os seus diferenciais e o que você pretende desenvolver para o sucesso.

Como assim?

Ter sucesso não é apenas ir para os treinamentos. Ter sucesso é evoluir a cada treinamento.

É comum os garotos achar que a hora mais importante é o jogo, mas não é! O jogo é a hora em que você se desafia e conhece o que você pode melhorar mais.

Mas é nos treinos que o seu foco deve ser maior, pois é ali durante a semana que “os leões aparecem”.

O que seria um “leão” que você precisa “matar” todos os dias?

Alguns responderiam ter uma melhor alimentação, outros diriam não faltar treinos ou até mesmo treinar em dias de chuva e de forte calor.

Vou dar alguns exemplos de “leões” e vocês definem quem está vencendo esta batalha.

• Desânimo. • Desmotivação. • Alimentação inadequada. • Descanso. • Sono de qualidade. • Amizades de qualidade. • Não brincar na hora do treino. • Distrações. • Postagens em redes sociais. • Dizer não.

Outro exemplo de como “matar o leão” é:

“Olá, como vai? Eu vou indo e você, tudo bem? Tudo bem eu vou indo correndo. Pegar meu lugar no futuro, e você?”  (Sinal Fechado – Paulinho da Viola)

 “Matar um leão por dia” é uma expressão muito conhecida. Ela é dita no meio empresarial expressando a necessidade de vencer nos negócios ou em conquistas  pessoais fazendo com que a pessoa ou vendedor  atinja objetivos dentro de suas metas comerciais.

Apesar de ser uma frase ou expressão corriqueira, relacionada às estratégias de negócios e das dificuldades com que as empresas passam com essas estratégias, não se trata de uma frase ingênua, muito menos inocente. Por trás dessa frase há um contexto negativo que precisa ser levantado.

A frase trás uma deliberada exclusão de todo o histórico ou história do individuo naquela empresa ou sociedade, pois as metas diárias excluem o passado das conquistas, pois oque interessa são exclusivamente oque devemos conquistar para hoje.

Associando que somos um País sem memória, onde “Carlos Drumond de Andrade” se torna uma estátua decorativa na praia de Copacabana e Carmem Miranda é a tal das bananas, simplificamos perjuriosamente a identidade de alguém, sem respeitar a complexidade do individuo.

Uma frase como a citada no inicio demonstra que além de sermos descuidados com a história, sem memória, somos desrespeitosos com o ser humano.  

Matar o leão todos os dias faz parte da odisseia humana dentro de sua luta pela sobrevivência social, significa dominar o território da convivência humana entre os seres.

“Penso logo existo”, se tornou “Faço logo sobrevivo”, sem se importar com qualquer concepção humanística que nossos tempos apagam progressivamente.

Ver apenas pelo flash da conquista momentâneo do hoje nos exclui da somatória das relações e estratégias que tivemos nas conquistas passadas. Exclui-nos de saber quem é o outro e como a essência desse ser humano pode ser utilizada em vitórias futuras.

O circunstancial problema está na diluída identidade das pessoas, nas dificuldades da pró-atividade, o medo pelos sistemas de gestão da qualidade dentro de uma empresa, que inclui o mundo virtual (digital) e exclui o sentimentos e a individualidade.

Somos diferentes em tudo. Cor, raça, credo, paixão, cheiro, gosto e medos, mas isso está sendo pouco reconhecido! O que importa é uma espécie de seleção natural de humanos no “Salve-se quem puder” e na diluição de relacionamentos fieis e duradouros.

Acredito que não é preciso fazer oque o colega faça para ser semelhante a ele! Somos semelhantes pelo que acreditamos e compartilhamos. Mataríamos, desta forma, vários leões se estivéssemos em equipe e motivados!

A crise mundial não é financeira e sim de relacionamentos. A cada desafio que se enfrenta sozinho, se apresenta o risco de desmoronar emocionalmente. Nem santos e nem pecadores estão livres dessa realidade.

É necessário desenvolver mecanismos de defesa para enfrentar a caçada do dia-a-dia, para não ser engolido pelo leão, rugindo ao redor com as armas do pânico, ansiedade e da depressão.

Matar um leão hoje em dia está sendo muito solitário, não se desfrutando de relacionamentos e muito menos de aprendizado coletivo.

Aproveitando ainda o alerta poético de Sinal Fechado: “Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios. Oh! Não tem de quê, eu também só ando a cem”!

O que significa a expressão matar um leão por dia

Já vi todos usarem a expressão, e não devemos fazer um campeonato de misérias e ansiedade. Cada um é infeliz à sua maneira

Por Priscila Figueiredo | Imagem: Francisco de Zurbaran, Hercules enfrentando o Leão de Nemeia (1634)

Um de meus irmãozinhos, de quem estive distante por um tempo, talvez toda a vida, um dia me contou, como se fosse uma banalidade: “Mato um leão por dia”. E foi como uma pancada, ou uma luz fortíssima. Conhecia a expressão, sem dúvida, mas não tinha deparado com quem pegasse o boi a unha, para usar outra imagem, isto é, quem a pessoalizasse, a encarnasse, tão assim na cara dura. Boi a unha, cara dura… podia ser um provérbio. Bem, provavelmente tinha deparado, ah sim tinha, mas por alguma razão “as portas do real” não se abriram das outras vezes. Assim era, dia após dia, me contou, e então eu pus a fera, tradicionalmente imaginada e sob as chicotadas do sol, na planície de combate, forrada por arbustos que não crescem já para não formar a acolhedora sombra, como bancos sem encosto nos nossos poucos jardins públicos. Estimei ainda seus músculos e peso, que em alguns casos chega a ultrapassar duzentos quilos. Vi-a aproximar lentamente a enorme cara de meu irmão, cheio de terror e estafa, tomado pela mesma hesitação da véspera — conseguirei? O calor parece mais infernal, o felino talvez mais sagaz ou mais selvagem — um e outro atributo vêm a ser iguais nessa hora extrema — e seu contendor está mais fraco, quase entregando os pontos… Mas eis que vê nascer em si, como tantas vezes, uma força suplementar, chacoalha os ombros e as mãos e então aplica no formidando animal por todas as razões invencível a muito precisa chave de braço de que não se sabia mais capaz — e fazia só um dia que aplicara a última. É que cada novo potente adversário, pelo novo pânico que inaugura, apaga a memória do êxito anterior. Ou a verdade é que essa memória não parece ser de grande ajuda, pois o leão nunca é exatamente o mesmo, embora o pareça, e essa pequena diferença é quanto basta para termos a impressão de estar diante de algo inteiramente novo, de modo que a energia e a inteligência despendida no dia anterior podem não ser suficientes agora.

Como diz o Emicida: “A cada queda no ring, um novo inimigo nasce”. Um filme de terror mais que de boxe. No entanto pode-se deslizar para o drama de cativeiro: “Mas sigo na Babilônia matando um leão por dia”. Daniel na cova dos leões, José no Egito ou na Babilônia – o fato é que a imagem de luta direta com a natureza puxa facilmente todos os cativeiros arcaicos, e a intuição do rapper logo o percebeu. Só pode acalmar os aflitos nesse vale de lágrimas do Velho Testamento a oração, ensinada muito adiante, no Evangelho: “Peço ao pai nosso que me livre do leão de cada dia”. Boa paráfrase, que tem o efeito de prolongar o desespero, pois o leão é bem mais incontornável que as tentações. Livrar-se dele parece coisa possível só no fim dos tempos. Fim dos tempos ou ao menos deste tempo, que já se estende demais, invasivo como um torniquete.

O plano era ser feliz, canta o mesmo artista, que conclui: seguimos matando um leão por dia. Quem? Emicida, o Mosca, Dona Santa, a sua quebrada. Meu irmão também.  Zagueiros bem pagos. Os vendedores de seguros, os managers, os publicitários, os motoboys, os advogados empregados. Os biscateiros. A dona da banquinha de bolos na frente do colégio, do posto de saúde, do ponto de ônibus. O bancário, o taxista, o médico de convênio. A manicure, a faxineira. Já vi todos usarem a expressão, e não devemos fazer um campeonato de misérias e ansiedade, não agora. Consideremos neste momento que todos sentem haver um leão, todos sentem uma extraordinária fadiga, muito abatimento, muito constrangimento, venha de onde vier. O leão do manager é o mesmo do Emicida? Ponhamos que sim, pois a imagem selvática da fera vem justamente tirar a especificidade de diferentes trabalhos, braçais ou intelectuais, bem remunerados ou não, chefiados ou autônomos, produtivos ou não-produtivos, prestigiosos ou não. O bicho veio para confundir. Em todas as atividades referidas e certamente em outras a pressão pode ser torturante, e a insegurança é grande: o funcionário de escritório não sabe se a meta do mês, inegociável, será cumprida; o taxista teme não conseguir fechar as contas, pagar a faculdade da filha, a prestação do carro, os dentes novos da mulher e, porque foi tocado desse temor, bota o carro na rua duas horas mais cedo que o habitual até a coisa se regularizar. Quem sabe em dois meses ele possa voltar a sua carga horária normal. Mesmo assim ele prefere não bater ponto nem dar satisfação a chefe. E no meio dessa autonomia toda ele mata um leão por dia. O bancário já prefere a segurança do emprego em registro, e apesar disso segue matando um leão por dia, às vezes dois, arrisco. Não, não sou eu que digo, é o que se começa a dizer. Cada um é infeliz a sua maneira.

Gostou do texto? Contribua para manter e ampliar nosso jornalismo de profundidade: OutrosQuinhentos