Como às aulas de Ensino Religioso podem ser importantes no combate a intolerância religiosa

Como às aulas de Ensino Religioso podem ser importantes no combate a intolerância religiosa

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No Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, conheça a iniciativa que promove o respeito à diversidade entre alunos

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de janeiro, foi instituído em 2007 no Brasil pela Lei nº 11.635. A data faz referência ao falecimento de uma mãe de santo de um terreiro de Candomblé em Salvador (Bahia), vítima de intolerância por ser praticante de uma religião de matriz africana.

Dez anos depois da promulgação da lei, a diversidade religiosa do Brasil ainda é motivo de discussões e conflitos na sociedade, refletindo também no campo da educação.

Com o intuito de promover o respeito à diversidade religiosa e incentivar práticas tolerantes dentro da sala de aula, o projeto Lugares da Religião: Espaço, Patrimônio e Cultura Material em Campinas propõe levar o conhecimento das múltiplas denominações religiosas existentes para educadores e alunos de escolas públicas da região de Campinas (SP).

A iniciativa, que acontece desde 2015, faz parte de um projeto de extensão universitária da PUC Campinas e é coordenada pelo professor de história Fábio Soares. “A intolerância é baseada tanto pelo desconhecimento sobre a história de outras religiões, quanto da própria. Então, buscamos trazer elementos que marcassem as diferenças e as semelhanças entre as diversas denominações”, explica Fábio. 

Dinâmica

O projeto foi realizado no turno escolar em disciplinas como história e geografia e contou com a participação ativa dos professores nas discussões, oficinas e passeios promovidos com alunos.

Religiões no Brasil
Como se declara a maioria dos brasileiros de acordo com o Censo do IBGE:

Católicos – 64,6%

Evangélicos – 22,10%

Sem religião – 8,0%

Espíritas – 2,0%

Umbanda e Candomblé – 0,3%

Outros/Sem Declaração – 3,0%

“Realizamos as atividades dentro da sala de aula para não atrapalhar a rotina dos alunos, que desde o início mostraram uma receptividade, envolvimento e senso crítico muito importante à temática”, conta a coordenadora pedagógica da Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga Horta Lisboa, Silvana Pereira.

A estudante Larissa Marangoni, 14 anos, participou das oficinas no ano passado, enquanto cursava o 9º ano na escola. Evangélica, ela conta que o projeto ajudou-a entender sobre outras religiões e ainda melhorou a convivência dentro da escola.

“Foi muito interessante conhecer lugares religiosos que eu não imaginava que existiam na cidade, como uma mesquita islâmica. E o mais importante, ver que hoje há um respeito muito maior entre os alunos”, afirma.

Histórico e perspectivas

Fábio conta que projeto passou várias etapas de formação para chegar a um formato consolidado, que hoje contribui para promover a discussão sobre intolerância religiosa dentro das escolas.

De acordo com o coordenador, o primeiro passo foi explorar o conhecimento dos professores sobre as religiões, por meio de atividades de pesquisa e levantamento dos espaços históricos da cidade.

“Começamos pelas religiões hegemônicas como a católica e congregação cristã, passamos pelas denominações não pentecostais e em uma segunda fase, trabalhamos com islamismo, budismo e as religiões de matrizes africanas”, explica.

No segundo ano, a discussão foi levada para dentro da sala de aula por meio de oficinas elaboradas para alunos do 8º e 9º ano das escolas participantes. E em 2017, os grupos começaram um trabalho de campo para conhecer e documentar os espaços religiosos do entorno.

O resultado de três anos de trabalho foi reunido um site criado exclusivamente para o projeto, que traz um mapa dos lugares encontrados e informações históricas sobre os patrimônios religiosos da cidade.

Fábio agora pretende levar o projeto para outras escolas do país, por meio de parcerias com secretarias de educação, para trabalhar com a formação de professores em temáticas ligadas à história das religiões.

“A ideia é que eles se tornem mediadores de conhecimento qualificado sobre as religiões, independente de sua própria e utilizem as artes, a geografia e a história como ferramentas para abordar a diversidade religiosa dentro da escola de maneira crítica e respeitosa”, conclui.

O que diz a lei
De acordo com o artigo 33 da lei 9394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.”.

O ensino religioso na escola é, sem dúvidas, um tema bastante polêmico. Para algumas pessoas, esse tipo de atitude é indispensável, enquanto, para outras, ultrapassa algumas linhas e pode caracterizar uma perda na liberdade de pensamento dos estudantes daquela instituição.

Por conta disso, precisamos ter uma conversa clara e objetiva sobre o assunto, a fim de desmistificar alguns pontos importantes e demonstrar a relevância e, obviamente, os benefícios de trabalhar a religiosidade no ambiente escolar.

Sendo assim, neste post, abordaremos as principais características do ensino religioso, suas vantagens e mostraremos como esse tipo de estratégia pode ajudar na formação de cidadãos realmente participativos em uma sociedade muito mais igualitária e justa. Boa leitura!

Afinal, o que é o ensino religioso?

Muitas pessoas têm uma ideia completamente equivocada do que seria o ensino religioso em uma escola. Para alguns indivíduos, essa disciplina tem um caráter doutrinatório e tem como objetivo a ‘’conversão’’ para determinada religião e seus costumes. Na prática, no entanto, isso é muito diferente.

Precisamos sempre lembrar que vivemos em um Estado laico, ou seja, um país que não tem uma religião obrigatória para os seus habitantes e que, mais importante de tudo, respeita as mais diversas crenças existentes entre seu povo. Nesse contexto, o ensino religioso deve considerar a laicidade do Brasil e repassar esse conceito aos seus estudantes.

Embora o ensino religioso possa ser mais direcionado a uma religião específica, ele não visa doutrinar os estudantes ou convertê-los ao contexto. O objetivo é simplesmente repassar os ensinamentos das religiões cristãs, mas sem exigir que os alunos sigam tais fundamentos, respeitando as pluralidades religiosas e de fé.

Trata-se, em outras palavras, de uma disciplina que busca desenvolver a reflexão dos alunos sobre os ensinamentos e valores da maioria das religiões. A partir daí, são realizados debates sobre esses temas e sua importância. Afinal, os valores de uma religião são universais e estão contidos em documentos importantíssimos, como a Declaração Universal de Direitos Humanos.

No que se baseia esse tipo de ensino?

Como mencionado no tópico anterior, o ensino religioso tem como objetivo a promoção da reflexão nos estudantes sobre características e atitudes que são, em caráter mundial, pautadas pela ética. Alguns dos valores cristãos que são discutidos durante as aulas incluem:

  • respeito;
  • amor;
  • paciência;
  • altruísmo;
  • solidariedade;
  • perdão;
  • honestidade;
  • justiça.

A maioria desses pontos é estudada em áreas como a Sociologia e a Filosofia há muitos e muitos anos. Filósofos, como Sócrates e Aristóteles, já se questionavam sobre os impactos dos valores morais em nossa existência e na construção de sociedades e seus aspectos culturais e de igualdade.

Por isso, podemos dizer que o ensino religioso se baseia não só nos ensinamentos deixados por Jesus Cristo, mas também em evidências de estudos consagrados por grandes pensamentos de nosso tempo e também do passado.

O objetivo aqui é, além de ensinar sobre os dogmas de diversas religiões, seus valores e costumes, promover a reflexão do estudante sobre o seu papel no mundo e como ele se relaciona com o próximo. Assim, possivelmente poderemos construir gerações mais justas, igualitárias e livres de preconceito e egoísmo.

Quais são os benefícios do ensino religioso nas escolas?

Agora que já conhecemos os aspectos do ensino religioso e sabemos como ele funciona na prática, chegou a hora de descobrirmos quais são as vantagens da inclusão da religiosidade no dia a dia escolar. Vamos lá?

Formação de cidadãos

Cidadania é o nome dado à condição de um indivíduo como cidadão, ou seja, à sua capacidade de conviver em uma sociedade com regras éticas e de respeitá-las em prol do bem-estar coletivo. Isso vale, também, para a consciência não só de seus deveres, mas também de todos os direitos que cada um de nós possui.

O desenvolvimento dos valores morais em um indivíduo é fundamental para a criação de cidadãos aptos a conviver em uma sociedade boa para todos (e não só para minorias, como ocorre atualmente). Ao discutirmos tais elementos, passamos a compreendê-los de maneira mais profunda e também entramos em contato com outras realidades e experiências por meio da troca de informações.

Desenvolvimento da disciplina

A maioria dos jovens — e, porque não, dos adultos também — tem sérios problemas com a disciplina. Ainda que isso não seja intencional, é comum termos dificuldades de organização e execução de tarefas no prazo estipulado. Isso pode, a curto e longo prazo, prejudicar vários aspectos de nossas vidas, como o âmbito pessoal, acadêmico e profissional.

Com o trabalho de capacidades, como a paciência e a reflexão, fica muito mais fácil se preparar e se tornar mais responsável e disciplinado. Assim, todos nós saímos ganhando e as crianças podem contar com um desempenho escolar muito mais satisfatório, além de estarem devidamente preparadas para todos os momentos de suas vidas.

Estímulo de valores éticos

Os valores éticos, como já mencionamos, vão muito além dos preceitos religiosos. Eles estão englobados no estudo da ética e se relacionam completamente com o dia a dia de uma sociedade. Portanto, trabalhá-los é algo fundamental para a cidadania e para o bom desempenho nos âmbitos pessoais, acadêmicos e profissionais.

Além disso, conhecer bem esses valores é algo fundamental para o desenvolvimento de uma grande variedade de habilidades diferentes e que são fundamentais para o mercado de trabalho atual, sendo pré-requisitos para o preenchimento de muitas vagas das mais diversas áreas de atuação.

Desenvolvimento da empatia

A empatia é a capacidade humana de se sensibilizar com os sentimentos do próximo. A troca de experiências vivenciada nas aulas de educação religiosa e a própria discussão sobre os valores morais são importantes para o desenvolvimento dessa vocação que é, inclusive, muito valorizada no mercado de trabalho atualmente.

Ser empático também é muito importante para o desenvolvimento de bons relacionamentos interpessoais. Isso pode contribuir até mesmo para o estabelecimento de uma relação muito mais saudável entre pais e filhos.

Criação de laços de amizade

Sem amigos não somos nada. Desenvolver a empatia e estar em um ambiente repleto de pessoas que estão aprendendo o mesmo tema faz com que um indivíduo crie e estreite laços de amizade duradouros. Para os jovens, então, essa sensação de identificação, integração e respeito é muito importante para o ambiente escolar.

Outra vantagem da criação e do fortalecimento dos laços de amizade entre crianças e adolescentes está justamente no desenvolvimento do coletivismo, ou seja, do aperfeiçoamento da capacidade de trabalhar em equipe. Isso é excelente para a vida profissional desse indivíduo no futuro.

Melhora do relacionamento entre pais e filhos

Trabalhar os valores morais e cristãos na escola também é algo que, mesmo que indiretamente, contribui para a melhora no relacionamento entre familiares e os jovens estudantes. Afinal, tudo que é visto no colégio é levado para a vida pessoal, logo, as relações se tornam muito mais tranquilas e proveitosas.

Além disso, estabelecer uma melhor relação entre essas partes pode ser algo extremamente importante para a vida acadêmica das crianças e dos adolescentes. Afinal, a participação ativa dos responsáveis por esses indivíduos no dia a dia escolar é algo muito importante para todos os envolvidos no processo de educação.

Combate ao bullying

O bullying é um dos problemas mais presentes no dia a dia dos estudantes de todo o mundo. No Brasil, isso não é diferente, e essa realidade está muito relacionada com a intolerância às diferenças e a qualquer tipo de característica que fuja, ainda que pouco, dos padrões impostos pela sociedade.

Com consequências devastadoras para o bem-estar físico e psicológico de crianças e adolescentes de todas as idades, o bullying precisa ser combatido de forma bastante firme. O ensino religioso é, portanto, uma poderosa ferramenta contra essa situação, estabelecendo o equilíbrio entre os estudantes e ensinando-os a respeitar as diferenças.

Desenvolvimento da tolerância religiosa

Um dos maiores problemas de nossa sociedade é a intolerância religiosa. Esse assunto, infelizmente, não é nada novo: civilizações antigas, desde muito antes do nascimento de Jesus Cristo, já demonstravam não saber lidar com as diferenças entre os cultos a deuses.

A gravidade do problema é facilmente observada na duração dele. Até hoje, muitas pessoas têm uma grande resistência em respeitar as escolhas religiosas do próximo. Por isso, não é incomum observarmos que mortes e guerras ainda são algo existente quando falamos sobre religião.

Conviver em sociedade significa respeitar o próximo e as suas escolhas. Por isso, o ensino religioso é algo que faz com que a criança aprenda desde cedo os valores do respeito e da empatia, além de compreender que a religião nada mais é do que um caminho para o mesmo lugar: o amor.

Compreensão e respeito pelas diferenças

Falando nisso, devemos salientar que os valores cristãos e morais estão diretamente ligados ao respeito. Isso inclui, obviamente, o ato de acolher a diversidade e a diferença entre as pessoas, a despeito de sua origem. Portanto, a religiosidade nada tem a ver com o preconceito e a segregação, e sim com a atitude de amar o próximo, independentemente de quem ele seja, e de ver todos os humanos como nossos irmãos.

Em uma sociedade tão plural quanto a do Brasil, respeitar essas diferenças é algo que não pode ser deixado de lado em hipótese alguma. Assim, caminharemos juntos para a conquista de um país mais justo, onde a individualidade pessoal é vista com bons olhos e sempre celebrada e poderemos ter, enfim, um país bom para todos!

Qual é a importância da escolha da escola correta?

Escolher um bom colégio para os nossos filhos é algo fundamental. A maioria dos pais e responsáveis está preocupada com o fornecimento de uma educação de qualidade para suas crianças, preparando-os para os melhores vestibulares e deixando-os afiados, desde já, para os desafios que os aguardam no mercado de trabalho em algum momento do futuro.

No entanto, conhecer as disciplinas do ensino médio não é tudo. Embora isso seja, sem dúvidas, uma prioridade que deve ser levada em consideração, a escola é um ambiente que tem muito mais funções do que simplesmente dar aulas e ensinar matemática e língua portuguesa.

O colégio é o primeiro contato das crianças com o mundo exterior. Lá, eles estarão, pela primeira vez, longe da família e próximo a pessoas completamente estranhas. Escolher a escola correta, portanto, é a garantia de que essa transição entre o ‘’ninho’’ e o mundo lá fora seja feita da melhor maneira possível para todos os envolvidos.

Além disso, será no ambiente escolar que a criança desenvolverá muito de sua personalidade. Ali, ele terá uma amostra da vida em sociedade, precisando conviver com a pluralidade de pessoas, ideais, ideias, etnias, religiões e muito mais. Por isso, é fundamental que a escola tenha em seus valores o respeito por toda essa diversidade e faça com que ela esteja presente no dia a dia dos estudantes.

Como escolher um bom colégio para matricular o meu filho?

Dito isso, fica a dúvida: como podemos escolher uma boa escola para nossos filhos, que seja realmente comprometida com um ensino religioso responsável e voltado para o ensino de valores morais como o respeito e a empatia? A seguir, forneceremos algumas dicas práticas para tomar essa decisão.

O primeiro passo está em pesquisar bastante. Procure a opinião de outras pessoas, de alunos antigos e atuais, e monte uma lista com os possíveis colégios. A partir disso, você fará uma pesquisa presencial, preferencialmente com o seu filho, para que ele também possa participar dessa decisão tão importante.

Nas escolas, converse com as equipes e questione sem medos. É importante notar um acolhimento por parte dos colaboradores do colégio, que será como um segundo lar para o seu filho durante a sua vida escolar. Procure saber informações sobre a proposta pedagógica e sempre busque diferenciais, como aulas extracurriculares variadas e outras atividades interessantes.

Por fim, leve em consideração o ensino religioso e os valores morais ensinados pelo colégio. É importante buscar instituições que se preocupem com a diversidade, respeitando completamente os mais variados tipos de pessoas. Afinal, no fundo, somos todos iguais.

Como podemos ver, o ensino religioso pode ser uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento de habilidades e características importantes nos alunos, já que os estimula a serem pessoas muito mais justas e respeitosas com todos que estão ao seu redor. Esse tipo de atitude é fundamental para a nossa sociedade, que precisa de indivíduos com muito mais amor e respeito em seus corações!

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