Como a agua contribui para a população

O desperdício de água é um problema socioambiental de graves consequências para a humanidade, haja vista que, de toda a água disponível na Terra, apenas 3% é originalmente própria para consumo. Todavia, desses 3%, apenas uma menor parte encontra-se em locais de fácil acesso. Por isso, é preciso entender melhor essa questão a fim de encontrar possíveis soluções.

Geralmente, na imprensa, nos meios de comunicação e também no cotidiano, é comum associar a ideia de desperdício de água a hábitos domésticos, tais como o uso indiscriminado no chuveiro, a torneira mal fechada, a utilização indevida da água, o não reaproveitamento, entre outros. Entretanto, essa questão pode ir muito além do desperdício residencial.

Existe, por exemplo, o desperdício durante o abastecimento de água, causado muitas vezes por falhas técnicas nas tubulações e sistemas públicos de distribuição ou até por desvios ilegais realizados por algumas pessoas para benefício próprio. No Brasil, segundo um relatório do Ministério das Cidades, cerca de 41% de toda a água tratada no país é desperdiçada, o que equivale a um número inimaginável de litros não aproveitados e cerca de R$ 4 bilhões de prejuízo.


Boa parte do desperdício acontece em sistemas de abastecimento e tubulações públicas

No estado de São Paulo, cerca de 32% da água distribuída é desperdiçada, conforme a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado (Arsesp), o que perfaz um total de quase 990 bilhões de litros perdidos. Em países como os Estados Unidos e Alemanha, o nível de desperdício no abastecimento de água não ultrapassa os 9%. Portanto, são necessárias medidas de manutenção da tubulação comprometida, além de uma maior fiscalização sobre conexões hidráulicas irregulares.

Outro tipo de desperdício de água acontece na agricultura. Em muitos casos, sistemas inadequados de irrigação ou aproveitamento fazem com que boa parte da água empregada nas lavouras não seja aproveitada, tanto pelo uso incorreto quanto pelas altas taxas de evaporação. Além disso, a contaminação dos solos, do lençol freático e de alguns rios em razão do uso de agrotóxicos também se torna um agravante para o problema em questão. Para combater o desperdício de água na agricultura, é preciso utilizar métodos de irrigação voltados para esse intuito.

Na indústria, também ocorrem problemas semelhantes. Em alguns tipos de produção, a água é empregada no resfriamento de equipamentos, o que poderia ser mais bem efetuado com água de reúso e outros métodos de maior economia. Além disso, casos de vazamento ou manejo incorreto na captação de sistemas locais de abastecimento também podem gerar uma grande quantidade de desperdício. Por esse motivo, é importante haver uma grande fiscalização das fábricas a fim de que elas também participem do processo de conservação dos recursos hídricos, o que também vale para outros setores, tais como a construção civil, o comércio etc.

Portanto, os vários setores da sociedade, incluindo o Estado, devem adotar medidas para diminuir o desperdício de água, pois o êxito nessa tarefa traria mais efeitos positivos do que qualquer outra política de uso da água, garantindo, assim, o seu uso sustentável. É claro que, mesmo o uso doméstico equivalendo a menos de 10% da água utilizada, ainda sim é preciso que as residências façam a sua parte, evitando gastar além dos limites aceitáveis.


Por Me. Rodolfo Alves Pena

Postado em: 21/07/2017

Última modificação: 06/12/2017

Tempo de leitura: 5 minutos

Muito se fala sobre a situação do semiárido nordestino. Mas e quando a seca atinge o principal polo industrial do país? A crise hídrica vivida no Sudeste brasileiro em 2015 trouxe um retrato de como a água afeta a economia brasileira.

Como já destacamos aqui, a Lei nº 9.433/97, a lei das águas, determina que em casos de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais. Dessa maneira, a partir do momento que a água é considerada um recurso escasso, os setores da economia são afetados diretamente.

Hoje vamos fazer um texto um pouco diferente. Para você compreender melhor o nosso tema de hoje, vamos realizar um estudo de caso.

No verão de 2015, o Sudeste brasileiro sofreu uma crise hídrica como nunca se tinha vivido antes. Principalmente na região metropolitana de São Paulo, foram meses de racionamento. E como isso impactou na vida da população e na economia do Brasil?

Uso da água no Brasil

Nós já discutimos as diversas formas de uso da água no Brasil. Mas relembrar nunca é demais.

No brasil, 72% da vazão consumida no país vai para a agricultura, especialmente para as culturas irrigadas. 11% são para o consumo animal, 9% para o abastecimento urbano, 7% para uso industrial e apenas 1% para abastecimento humano rural.

Vale lembrar que existe diferença entre vazão retirada e vazão consumida. A primeira se refere à água retirada dos recursos hídricos com a finalidade de atender a população. Já a vazão consumida é a água que de fato foi utilizada e que é devolvida ao meio ambiente após seu uso.

Um outro ponto importante é que quase 40% da água captada é perdida no sistema de distribuição. Seja por ligações clandestinas, vazamentos, roubos ou falhas na medição. E isso já representa uma boa parcela de investimentos financeiros perdidos.

Uso da água e economia brasileira

De acordo com dados da consultoria legislativa, São Paulo vivenciou a pior seca dos últimos 84 anos no verão de 2015. O nível do sistema Cantareira foi reduzindo aos poucos ao longo de 2013 e 2014. Com isso, a falta de chuvas em dezembro de 2015 colocou a cidade em estado de alerta.

Além da capital paulista, naquele ano, houveram perspectivas reais de racionamento em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Este colapso, colocou em xeque o planejamento dos governos federal e estaduais, além de expor o despreparo para a crise.

Como a agua contribui para a população

O impacto da estiagem nos estados mais populosos do país e principal polo industrial brasileiro foi sentido diretamente no bolso do consumidor. De que maneira?

1 – Energia Elétrica

A principal forma de obtenção de eletricidade no Brasil é por meio das usinas hidroelétricas. Com reservatórios praticamente vazios, o governo colocou as usinas termelétricas para funcionar.

O custo de produção em uma termelétrica é bem maior. Assim, acarretaram em um incremento no valor da tarifa aos consumidores.

Como a agua contribui para a população

2 – Água

A conta de água também ficou mais cara nessas regiões. Algumas indústrias tiveram que reduzir o consumo de água em até 30% sob o risco de multa. Já os consumidores residenciais e comerciais sofreram diversos racionamentos. Além disso, o governo instaurou uma sobretaxa a quem não reduzisse o consumo.

Para não ficar sem água, muitos comerciantes, principalmente da capital paulista, tiveram que pagar por caminhões-pipa. Ademais, muita gente acabou investindo em caixas de armazenamento de água.

3 – Indústria

A indústria alimentícia, têxtil e química são as mais afetadas pela falta de água. No final de 2015, muitas fábricas deram férias coletivas, outras, falavam em demissão.

O Sudeste é o maior polo industrial do país. A crise hídrica, se mantida por um longo período, é capaz de reduzir drasticamente a produção de determinados produtos e gerar uma alta nos preços.

4 – Agricultura

Este, de longe, foi o setor mais impactado. Café, cana-de-açúcar, milho, feijão, hortaliças e frutas, culturas comuns da região sudeste, sofreram uma redução de produção. Minas Gerais, o maior produtor de café do Brasil, sentiu a estiagem. No Rio de Janeiro, os produtores rurais acumularam perdas de 100 milhões de reais.

No Espírito Santo, o governo chegou a proibir a instalação de novos sistemas de irrigação e cortou os créditos para aquisição de equipamentos agrícolas. Em São Paulo, os produtos FLV (Frutas-Legumes-Verduras) sofreram um aumento de aproximadamente 10% no período.

Como você pode ver, a falta de água na agricultura é capaz de gerar produtos mais caros e de pior qualidade.

5 – Inflação

E o que ocorre quando a energia, água e alimentos ficam mais caros? Os índices de inflação começam a subir, o Banco Central responde com juros mais altos e isso tudo provoca um desaquecimento da economia.

Como a agua contribui para a população

E o que aprendemos com tudo isso?

Depois de toda a crise, as chuvas retornaram aos poucos e os volumes dos recursos hídricos do Sudeste foram voltando aos poucos. Hoje, o nível do sistema Cantareira ultrapassa os 90%.

Na época, foram consideradas diversas alternativas para a geração de água potável para abastecimento. Muito se falou sobre a transformação da água do mar e da construção de novos reservatórias.

Uma das alternativas de maior polêmica foi o reaproveitamento do esgoto tratado. É uma boa alternativa em face a gestão sustentável dos recursos hídricos e pode agir como um substituto das águas destinadas às indústrias e produção agrícola.

Nenhuma dessas alternativas de fato chegaram a ser implantadas durante a falta de água na região. Entretanto, deixou um marco muito grande na história do país. Mostrou a muitos que é necessário muito planejamento quando o assunto é recursos hídricos.

A água tem papel fundamental não só para matar a sede, mas principalmente, para produzir alimentos e outros confortos da humanidade, tal qual a energia elétrica. A falta de água atinge todos os setores da economia e é capaz de gerar impactos significativos no PIB de um país.

O Brasil ainda possui posição privilegiada quanto à quantidade e qualidade da água. Diversos países no mundo têm baixa disponibilidade e travam guerras para obtenção desse bem. Assim, notamos o quão importante é pensar no consumo de água e nos meios de garantir seu uso correto e sua preservação ao longo dos anos.

Espero que você tenha compreendido a importância da água para a economia brasileira. Em caso de dúvidas ou sugestões, fale com um de nossos especialistas, estamos sempre dispostos a te auxiliar.