A população que se declara preta matem tendencia

Entre 2012 e 2018, o percentual da população que se declarou preta ou parda aumentou em todas as regiões do Brasil.

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 207,8 milhões dos moradores do país em 2018 se declararam pardos 46,5%, pretos 9,3% e brancos 43,1%. Em 2012, esses percentuais eram respectivamente 45,3%, 7,4% e 46,6%.

Os dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (22) pelo IBGE, no Rio de Janeiro.

Considerando a série histórica desde 2012, a proporção de pessoas que se declararam pretas em 2018 revelou o aumento mais expressivo dos últimos seis anos. O crescimento foi de 0,7 ponto percentual, saindo dos 8,6% de 2017 para 9,3% no ano passado.

Entre 2012 e 2018, a população que se declara preta no país saltou de 14,5 milhões de pessoas para 19,2 milhões, um aumento de 32,1%.

A região com o aumento mais expressivo nesse período foi o Centro-Oeste, com 56,5%. No Norte, Nordeste, Sudeste e Sul, os crescimentos foram respectivamente de 37,5%, 35%, 26,4% e 30,7%.

Já a participação da população declarada branca reduziu em todas as regiões de 2012 para 2018, principalmente no Nordeste, onde a queda foi de 9,8%.

A série histórica também mostra um aumento daqueles que se declaram pardos no Brasil, que saltaram de 89,6 milhões em 2012 para 96,7 milhões de pessoas em 2018.

No último ano, porém, apesar de um pequeno crescimento em números absolutos, houve queda proporcional dessa população. Em 2017, eles eram 96,4 milhões dos 206,2 milhões de moradores no país, isto é, 46,8%.

Já em 2018, os 96,7 milhões de pardos representaram 46,5% dos 207,8 milhões que viviam no Brasil.

Faixa etária

A pesquisa também revela transformações etárias na população brasileira. Há uma tendência de queda da proporção de pessoas abaixo de 30 anos de idade, que representavam 47,6% dos moradores do país em 2012 e 42,9% no ano passado. Já os maiores de 30 anos cresceram, saindo de 52,4% em 2012 para 57,1% em 2018.

Os dados evidenciam a tendência de envelhecimento populacional. Em 2012, os idosos com 60 anos ou mais de idade representavam 12,8% da população residente total, passando para 15,4% em 2018.

O levantamento também mostrou que, desde 2012, há uma estabilidade na distribuição da população do país por sexo. No ano passado, 48,3% eram homens e 51,7% mulheres. No entanto, a população masculina apresentou padrão mais jovem do que a feminina. Na faixa etária até 24 anos, os homens representaram 51,1% e as mulheres 48,9%.

Os resultados da pesquisa foram obtidos com base em uma amostra de aproximadamente 168 mil residências visitadas.

Além da composição populacional em termos de sexo, idade e raça, são investigadas na pesquisa as características dos domicílios do Brasil de forma a auxiliar a compreensão sobre traços sociais e demográficos do país e os aspectos do mercado de trabalho.

São publicados ainda relatórios mensais e trimestrais com informações conjunturais relacionadas à força de trabalho e suplementos com periodicidade variada que abordam outros temas pesquisados, como educação e imigração.

Assista também na TV Brasil: PNAD: aumentou número de pessoas que se declaram pretas no país

 A população que se declara parda já é maioria no país, mas o percentual de pessoas nesse grupo caiu nas regiões mais pobres e cresceu nas áreas mais ricas do Brasil em 2016.  É o que mostra a Pnad Contínua, pesquisa de abrangência nacional do IBGE que substitui a antiga Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio).

A soma entre os que se declaram pardos e pretos (o IBGE investiga cor ou raça e usa a terminologia preto na pesquisa) já é maior do que brancos desde 2012. Pardos individualmente como um grupo, contudo, só superaram brancos em 2015.

A tendência se manteve em 2016, o último dado disponível. Do total da população, 46,7% se declararam pardos, alta de 0,6 ponto percentual frente ao ano anterior. Os autodeclarados pretos corresponderam a 8,2% da população, alta de 0,5 ponto percentual. Na outra ponta, brancos somaram 44,2% em 2016, com queda de 1,3 ponto percentual em relação a 2015.

Na abertura pelas grandes regiões do país, verifica-se a redução constante de pardos no Norte e no Nordeste, ainda que mantenham a maioria em termos absoluto, e aumento no Sul, Sudeste, embora sejam minoria. Brancos caem em todas as regiões do país enquanto negros registram alta em todos os locais.

Segundo a gerente da Pnad Continua, Maria Lúcia Vieira, a queda dos pardos no Nordeste e Norte pode estar ligada aos movimento de reafirmação racial no país. Mais negros estariam se declarando como tal, reduzindo, então, a quantidade de pardos.

As pesquisas raciais no Brasil sempre esbarraram na questão da subnotificação de negros por questões relacionadas a discriminação. Muitas pessoas ainda não se sentem a vontade para se autodeclarar negras. É por isso que nas pesquisas, os negros não correspondam a nem 10% da população, ainda que nas ruas a impressão seja outra.

A cor da pele e a miscigenação acabam favorecendo a autodeclaração dos pardos, explica a técnica do IBGE. Pode ocorrer de uma pessoa de pele negra se autodeclarar parda por ter um dos pais com pele branca, por exemplo. O IBGE trabalha com autodeclaração e não faz questionamentos quanto às respostas ao questionário da pesquisa pela população.

A trajetória de queda dos brancos e crescimento dos pardos em bases absolutas no país é também resultado da miscigenação da população, numa tendência sem volta, explica Vieira. "O crescimento de pardos é uma tendência que não se reverte mais. As pessoas não deixam de ficar miscigenadas, pelo contrário, a mistura é cada vez mais frequente", disse.

"Há ainda aumento das pessoas que não se declaravam como negras no passado e agora o fazem. Isso está ligado à forma como a pessoa se enxerga na sociedade. Ainda assim, é difícil determinar a raça da pessoa somente pelo tom de pele. Pode haver quem tem pele mais escura e se declara parda por ter uma mãe branca, por exemplo", disse.

Os pardos no Norte do Brasil representavam por 72,3% da população em 2016, queda de 0,6 ponto percentual frente a 2015. A região é a que concentra maior população parda do país.

Já os que se declaram negros cresceram 0,6 ponto percentual na passagem de 2015 para 2016 -eram 6,4% e passaram a 7%. Houve queda da população que se declara branca, de 0,5 ponto percentual -eram 20% em 2015 e passaram a 19,5% em 2016.

No Nordeste, pardos caíram 0,2 ponto percentual -eram 64,9% em 2015 e passaram a 64,7% no ano seguinte. Os pretos representaram 9,9% da população no ano passado, alta de 0,6 ponto percentual frente ao ano anterior. Os brancos caíram 0,6 ponto percentual -eram 25,4% e fecharam 2016 em 24,8%.

Nas regiões ricas do país, pardos avançam se forma mais significativa. O Sul foi onde houve o maior aumento dos pardos, de 1,6 ponto percentual na passagem de 2015 para 2016. Eles representavam 17,1% em 2015 e passaram a 18,7% no ano seguinte. É o maior crescimento de um ano para o outro desde o início da série histórica, em 2012.

Negros subiram de 3,6% para 3,8% da população do Sul em 2016. Já os brancos, maioria absoluta na região, recuaram de 78,8% em 2015 para 76,8% em 2016 -queda de 2 pontos percentuais, a maior queda da série histórica.

No Centro-Oeste, os pardos cresceram 1 ponto percentual -eram 54,3% em 2015 e passaram a 55,3% em 2016. A região é a única das mais ricas do país que tem predominância de pardos em detrimento de brancos. Negros cresceram 0,5 ponto percentual e atingiram 6,9% em 2016. Os brancos registraram queda de 1,6 ponto percentual na mesma base de comparação: saíram de 38,6% para 37%.

Na região sudeste, a mais rica do país, pardos cresceram 0,6 ponto percentual e atingiram 37,6% em 2016. Pretos tiveram incremento de 0,4 ponto percentual, com 9% da população que se declarava como tal em 2016. Os brancos tiveram queda de 1,5 ponto percentual -eram 53,7% em 2015 e passaram a 52,2% no ano seguinte.

Embora a população que se autodeclara branca ainda seja maioria no Brasil, o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas cresceu, enquanto o número de brancos caiu. É o que mostra um novo volume do Censo Demográfico de 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado nesta sexta-feira (29).

  • A população que se declara preta matem tendencia

    Imagens do Brasil - Censo 2010

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O percentual de pardos cresceu de 38,5%, no Censo de 2000, para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de pretos também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Por outro lado, enquanto mais da metade da população (53,7%) se autodeclarava branca na pesquisa feita dez anos antes, em 2010 esse percentual caiu para 47,7% (91 milhões de brasileiros).

De acordo com Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE, essa inversão faz parte de uma mudança cultural que vem sendo observada desde o Censo de 1991. “Muitos que se autodeclaravam brancos agora se dizem pardos, e muitos que se classificavam como pardos agora se dizem pretos. Isso se deve a um processo de valorização da raça negra e ao aumento da autoestima dessa população”, diz.

O analista, no entanto, afirma que “o Brasil ainda é racista e discriminatório”. “Não é que da noite para o dia o país tenha deixado de ser racista, mas existem políticas. As demandas [da população negra], a questão da exclusão, tudo isso começou a fazer parte da agenda política. A cota racial em universidades, por exemplo, é um desdobramento disso”, afirma Mariano.

A distribuição por raça entre os Estados refletiu padrões históricos de ocupação e movimentos relacionados à dinâmica econômica, segundo o IBGE. A maior proporção de brancos, por exemplo, é observada na região Sul do país: Santa Catarina (84%), Rio Grande do Sul (83,2%) e Paraná (70,3%). Já a população de pardos é mais comum no Nordeste e no Norte (com destaque para o Pará, com 69,5% de pardos), enquanto os pretos estão mais presentes nos Estados da região Nordeste, principalmente na Bahia, onde 17,1% se autodeclararam pretos (2,4 milhões de pessoas).

O segundo Estado com o maior número de pessoas que se dizem pretas, no entanto, está na região Sudeste: o Rio de Janeiro tem 12,4% de pretos, o que corresponde a 2 milhões de pessoas. No Estado de São Paulo, a maioria se classificou como branca (63,9%), seguida pela população parda (29,1%) e preta (5,5%).

O Censo 2010 mostra ainda que também cresceu a proporção de brasileiros que se autodeclaram amarelos, de 0,5% para 1,1% (cerca de 2 milhões). De acordo com o IBGE, são da raça amarela as pessoas de origem oriental (japonesa, chinesa ou coreana, entre outras). O percentual de indígenas se manteve em 0,4% (817 mil pessoas, sendo que 60,8% estavam concentradas em áreas rurais) --segundo o instituto, essa classificação é aplicável tanto aos indígenas que vivem em terras indígenas quanto àqueles que vivem fora delas.