A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Influência Negra no Brasil

O samba

Gênero musical binário, que representa a própria identidade musical brasileira. De nítida influência africana, o samba nasceu nas casas de baianas que emigraram para o Rio de Janeiro no princípio do século. O primeiro samba gravado foi Pelo telefone, de autoria de Donga e Mauro de Almeida, em 1917. Inicialmente vinculado ao carnaval, com o passar do tempo o samba ganhou espaço próprio. A consolidação de seu estilo verifica-se no final dos anos 20, quando desponta a geração do Estácio, fundadora da primeira escola de samba. Grande tronco da MPB, o samba gerou derivados, como o samba-canção, o samba-de-breque, o samba-enredo e, inclusive, a bossa nova.


A Escola de Samba

Uma coisa é o samba. Outra, a escola de samba. O samba nasceu em 1917. A primeira escola surgiu uma década mais tarde. Expressão artística das comunidades afro-brasileiras da periferia do Rio de Janeiro, as escolas existem hoje em todo o Brasil e são grupos de canto, dança e ritmo que se apresentam narrando um tema em um desfile linear. Somente no Rio, mais de 50 agremiações se dividem entre as superescolas e os grupos de acesso. O desfile das 16 superescolas cariocas se divide em dois dias (domingo e segunda-feira de carnaval), em um megashow de mais de 20 horas de duração, numa passarela de 530 metros de comprimento, onde se exibem cerca de 60 mil sambistas. Devido à enorme quantidade de trabalho anônimo que envolve, é impossível estimar o custo de sua produção. Uma grande escola gasta cerca de um milhão de dólares para desfilar, mas este valor não inclui as fantasias pagas pela maioria dos componentes, nem as horas de trabalho gratuito empregadas na concretização do desfile (carros alegóricos, alegorias de mão, etc.). Com uma média de quatro mil participantes no elenco, cada escola traz aproximadamente 300 percusionistas, levando o ritmo em sua bateria, além de outras figuras obrigatórias: o casal de mestre-sala e porta-bandeira (mestre de cerimônias e porta-estandarte), a ala das baianas, a comissão de frente e o abre-alas. Primeira escola de samba: Deixa falar, fundada em 12 de agosto de 1928, no Estácio, Rio de Janeiro, por Ismael Silva, Bide, Armando Marçal, Mano Elói, Mano Rubens e outros sambistas (foi extinta em 1933).

Primeiro desfile oficial: Carnaval de 1935, vencido pela Portela.


Capoeira

A capoeira é uma dança de luta, ritualizada e estilizada, que tem sua própria música e é praticada principalmente na cidade de Salvador, estado da Bahia. É uma das expressões características da dança e das artes marciais brasileiras. Evoluiu a partir de um estilo de luta originário de Angola. Nos primeiros anos da escravidão havia lutas permanentes entre os negros e quando o senhor de escravos as descobria, castigava ambos os bandos envolvidos. Os escravos consideravam essa atitude injusta e criavam "cortinas de fumaça" por meio da música e das canções, para esconder as verdadeiras brigas. Ao longo dos anos, essa prática foi sendo refinada até se converter em um esporte sumamente atlético, no qual dois participantes desfecham golpes entre si, usando apenas as pernas, pés calcanhares e cabeças, sem utilizar as mãos. Os lutadores deslizam com grande rapidez pelo solo fazendo estrelas e dando espécies de cambalhotas. O conjunto musical que acompanha a capoeira inclui o berimbau, um tipo de instrumento de madeira em forma de arco, com uma corda metálica que vai de uma extremidade à outra. Na extremidade inferior do berimbau há uma cabaça pintada, que funciona como caixa de som. O músico sacode o arco e, enquanto ressoam as sementes da cabaça, toca a corda tensa com uma moeda de cobre para produzir um tipo de som único, parecido com um gemido.


Candomblé

Festa religiosa dos negros jeje-nagôs na Bahia, mantida pelos seus descendentes e mestiços, é um culto africano introduzido no Brasil pelos escravos. Algumas de suas divindades são: Xangô, Oxum, Oxumaré e Iemanjá, representando esta, por si só, um verdadeiro culto.
As cerimônias religiosas do Candomblé, são realizadas de um modo geral em terreiros, que são locais especialmente destinados para esse fim, e recebem os seguintes nomes: Macumba no Rio de Janeiro, Xangô em Alagoas e Pernambuco. As cerimônias são dirigidas pela mãe-de-santo, ou pai-de-santo. Cada orixá tem uma aparência especial e determinadas preferências. O toque de atabaque, uma expécie de tambor e a dança, individualizam um determinado orixá. Os orixás são divindades, santos do candomblé, cada pessoa é protegida por um dos orixás e pode ser possuída por ele, quando, então ela se transforma em cavalos de santo.


Pratos

No Nordeste a marca africana é profunda, sobretudo na Bahia, em pratos como vatapá, caruru, efó, acarajé e bobó, com largo uso de azeite-de-dendê, leite de coco e pimenta. São ainda dessa região a carne-de-sol, o feijão-de-corda, o arroz-de-cuxá, as frigideiras de peixe e a carne-seca com abóbora, sempre acompanhados de muita farinha de mandioca. A feijoada carioca, de origem negra, é o mais tipicamente brasileiro dos pratos.
Autoria: Erasmo Lopes


Danças, festas e instrumentos musicais de origem bantu
Artur Ramos

Dança e música de influência angola-congolense saíram das macumbas e se estenderam pelas festas profanas. Dos instrumentos musicais negro-brasileiros, que reconhecem a procedência da África bantu, temos em primeiro lugar os tambores, um pouco diferentes dos atabaques iorubas. Os tambores de origem angola-congolense não têm o couro distendido por cordas e cunhas. A sua fabricação é mais simples. Registrei no estado do Rio de Janeiro os chamados tambores de jongo, com duas variedades principais: os maiores, tambus, e os pequenos, a que dão o nome decandongueiros.Entre os tambores de origem bantu, temos ainda o ingono de Pernambuco e outros estados do norte, e que alguns estudiosos julgaram erradamente ser o nome de um deus ou fetiche. Já demonstrei que o ingono (também chamado ingomba) nama mais é do que o ngomba ou angomba congolense, descrito pelo padre Cavazzi ou oangoma dos Lundas, referido pelo major Dias de Carvalho. Além do ingono, há ainda o zambê, que é um ingono menor, e que deu origem à dança coco de zambê, usada em alguns estados do Nordeste.A cuíca, já tão conhecida hoje em quase todo o Brasil, entrando mesmo na constituição de nossos conjuntos orquestrais típicos, é a mesma puíta angola-congolense, que toma outros nomes como roncador, fungador e socador, no Maranhão e ParáO urucungo, também chamado gobo, bucumbumba e berimbau-de-barriga, é o mesmorucumbo dos Lundas. Hoje, na Bahia, os negros capoeiras (de Angola) usam oberimbau ou gunga. Edison Carneiro, que estudou recentemente os jogos capoeira entre os negros baianos, assim descreve esse instrumento:"O berimbau nada mais é do que um arco de madeira, vibrado por uma vareta. A esse arco se junta a metade de uma cabaça, presa a ele por um cordão que atravessa o fundo da mesma.A parte oca da cabaça serve de caixa de ressonância, ligada ao peito do tocador. Este instrumento chama-se, na Bahia, berimbau ou gunga. Antigamente, havia outra espécie de berimbau, o berimbau-de-barriga, no qual, em vez de se ligar ao corpo, a cabaça - cabaça inteira, - ficava dependurada da extremidade superior do arco. O tiocador segura o instrumento com a mão esquerda, três dedos na extremidade inferior do arco e os outros, mantendo, em posição horizontal, uma moeda de cobre, que se encosta à corda de vem em quando. E na mesma mão (direita) que empunha a vareta, o tocador enfia um pequeno saco de palha trançada, fechado, contendo sementes de bananeira do mato, a que chamam os negros mucaxixi ou simplesmente caxixi."É como se vê uma variante do urucungo ou berimbau-de-barriga. Já procurei mostrar, em O negro brasileiro e em O folclore negro do Brasil, o contingente dos bantus na formação da música e dança negro-brasileiras.Do batuque angola-congolense surgiu, após sucessivas transformações, o nosso samba, que toma nomes variados conforme as regiões. Certos nomes comoquimbete, sarambeque, sarambu, sorongo, caxambu, jongo... evocam nitidamente a origem bantu. Já descrevi fases de transformação.O folclore negro-brasileiro de procedência bantu é bem rico. Em primeiro lugar, temos as festas populares do ciclo dos congos ou cucumbis. São evidentemente sobrevivências históricas de coroação de monarcas, lutas dessas monarquias umas com as outras e contra o português invasor e episódio vários. Consagrei ao assunto todo um capítulo em trabalho anterior.Os festejos populares dos quilombos em Alagoas são também uma sobrevivência histórica, mas aqui dos episódios do quilombo dos Palmares. A sobrevivência totêmica dos povos bantus vamos encontrar em certos autos e festas populares negro-brasileiros, como cordões, ranchos e clubes carnavalescos,confrarias negras, maracatus do Nordeste, elementos do bumba-meu-boi...

Com relação a este último auto, já mostrei o erro de alguns folcloristas, que o filiam apenas à tradição natalina do boi do presépio, de origem peninsular e ao ciclo dos vaqueiros de origem cabocla. O africano trouxe, ao meu ver, uma contribuição fundamental. O totemismo do boi é largamente disseminado, entre vários povos bantus (o boi Geroa, entre os Ba-Naneca, por exemplo). E toda a área oriental do gado não teria exercido uma influência decisiva entre os povos bantus, com toda a sua vida cultural girando em torno do complexo do gado?


Influências

Os quitutes do tabuleiro da baiana, os sons e cores dos blocos de afoxé, os movimentos das danças populares, os traços e formas da arte e os detalhes de nossas vestimentas provam o quanto estamos próximos da África. No programa "Influências", quarto episódio da série "Mojubá", entendemos como o nosso cotidiano foi enriquecido pela tradição religiosa africana e percebemos que a distância entre os dois continentes não é empecilho para a proximidade de suas culturas.
Há cerca de cinco séculos, os navios negreiros trouxeram ao Brasil bem mais do que negros africanos que serviriam como escravos aos senhores de engenho. Junto com este povo de riquíssima cultura vieram as matrizes da culinária, da música, das artes e da religiosidade brasileiras. E assim como o acarajé, o samba e os rituais do candomblé e da umbanda, diversos elementos da tradição africana povoam até hoje o cotidiano do país.

"A comida sempre desempenhou um papel de ligação deste mundo material com o mundo espiritual. Através da comida acontece, na verdade, uma espécie do aproximação entre os habitantes de ambos os mundos. Dar comida a santo é, simbolicamente, compartilhar com o universo dos orixás o estado de vida existente nesta terra".

"Cada entidade tem uma comida especial que passou a constituir também um prato característico da culinária brasileira, entre eles o acarajé e o abará, assim como o dendê e a pimenta. O mais interessante é que o significado de qualquer alimento vai além do que podemos ver".

É interessante notar como a cultura negra chegou no Brasil praticamente dentro do ser humano africano. Ele não trouxe fotos nem gravuras: Trouxe memórias e a partir delas fez a sua história. Toda tradição é oral, que corre de geração em geração e, nesse sentido, é difícil separar arte, religião e vida". Através da música, da dança e da espiritualidade, o candomblé expressa a harmonia dos ritmos do universo e faz circular as energias vitais. A força desta tradição se espalhou pelos quatro cantos do país, formando novas expressões culturais genuinamente brasileiras.

"Câmara Cascudo, nosso saudoso etnólogo, pesquisou e escreveu sobre a tradição dos festejos populares que vêm desde a época colonial, começando com as congadas, passando pelos cucumbis e chegando às modernas escolas de samba. Os desfiles carnavalescos de hoje evocam os cortejos dos reis banto que seguiam com suas embaixadas para visitar ou mesmo guerrear aldeias vizinhas, portando estandartes e tocando instrumentos. É toda uma tradição que veio desembocar em coisas que parecem distantes, mas não são".

"Os ranchos são criados pelas negras baianas ligadas ao candomblé no final do século XIX. Elas fixam residência no Rio de Janeiro, então capital do país, e são muito festeiras. A partir de um determinado momento, o rancho, que antes circulava no Natal, passa a sair pelas ruas no Carnaval. A multiplicação desses ranchos, juntamente com os cordões - que eram blocos carnavalescos de negros, mas um pouco menos organizados - é, certamente, uma das principais origens da criação das escolas de sambas".

"A sociedade brasileira é construída sobre uma revisão das civilizações africanas. A dinâmica da sociedade é a mesma há cinco séculos, mas as questões mudaram e hoje temos a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira na rede escolar.


Congadas de Santa Isabel
Ruth Guimarães

Santa Isabel ficou na tradição paulista como a cidade onde prevalecem, por excelência, os ritmos negros. Tem assim um certo banzo, um certo ar de Bahia minúscula, com seus ritmos, seus mistérios e suas tradições, encravada e esquecida num cantinho do estado bandeirante. Congadas se sucedem na pitoresca cidadezinha, em tardes de festa, é comum ver o Batalhão da Estrela, ou o Batalhão Branco e Preto, nome como designam os bandos de congueiros, descendo as ladeiras a partir do largo de uma das velhas igrejas e, depois, em evoluções coloridas em torno do jardim. A tarde em flor se enche de longos rumores. Tambores ressoam; e o som das violas se casa à melodia dos refrões cantados em louvor de São Benedito e de Nossa Senhora, os clássicos padroeiros das congadas.

Um dos bandos canta, desfilando em passo de marcha batida, meio bamboleada, como que amolecida pela doçura insidiosa da música soturna e grave:

O sino já bateu O relógio já deu hora Vamos festejar com gosto

A Virgem Nossa Senhora

Nas ruas, que as blusas fortemente coloridas dos congueiros aviva, o sol põe cintilações nas pontas das espadas. Outro bando, este caprichado, em roupas de cetim, lança ao vento, na fala cabocla, um verso expressivo, em ritmo sincopado, marcado pela batida dos pés:

Louvemos meu São Benedito! Louvemos meu São Benedito! Ora viva, minha Santa Cruz Nós cheguemo na porta da igreja

Recebê o coração de Jesus

Então as voltas dos dançadores parece que deliram. Evoluções bordam nas ruas arabescos complicados, em que entram blusas pretas e brancas e onde dançam estrelas, desenhadas com purpurina no peito e nas costas dos congueiros. A estas horas, eles cantam a plenos pulmões, excitados pelo tum-tum dos tambus e pela cachaça, e também talvez pelo calor do sol cegante:

Louvemo o altar Louvemo o andor Meu São Benedito

No meio da flor

Poetas rústicos, cheios de uma lírica devoção, os congueiros cantam versos como este:

Ai, bonita madrugada Ai, ai Oi lindo clarão do dia Encontrei Nossa Senhora da Guia Que Nosso Senhor Divino

Esteja em nossa companhia

E quando a noite desce, e ficam os dançadores meio indistintos na fofa penumbra, parece que se ouve melhor (talvez por causa da tristeza da hora), parece que se ouve melhor a mansa cantiga:

Batalhão das sete estrela Traz bandeira da nação Viva o chefe da congada E toda a população Viva o nosso rei do congo

Que comanda o batalhão

Anoitece e, com a noite, se intensifica o mistério. Reis do congo palpitam através da voz brasileira dos congueiros, na suavidade da sombra funda e imensa.
(Guimarães, Ruth. "Congadas de Santa Isabel". Correio Paulistano. São Paulo, 05 de novembro de 1950)


Como a lua chegou ao céu

Narrada por Mayuluaípu, índio taulipangue. Esta lenda foi publicada pela primeira vez em 1917, em alemão, na obra de Theodor Koch-Grünberg, Mitos e lendas dos índios taulipangue e arekuná. Antigamente, Kapéi, a lua, não estava no céu, mas na terra. Aqui tinha uma casa. Ela pegou a alma de uma criança e a botou dentro duma panela, que ficou virada no chão. Então a criança ficou doente. Os pais chamaram um médico-feiticeiro e mandaram que ele soprasse a criança, à noite. Kapéi havia brigado com aquela gente. De noite o feiticeiro soprou a criança. Kapéi vivia com duas filhas já crescidas. Ele tinha mais uma panela grande e escondeu-se nela, mandando que suas filhas a emborcassem no chão. Disse às filhas: "Não mostrem onde estou, quando chegar o médico-feiticeiro! Também não digam onde está a crianças!" A criança era bonita e ele queria ficar com ela.
Então o médico-feiticeiro chegou na casa e perguntou pela alma da criança. As filhas nada disseram. O médico-feiticeiro tinha um cacete. Entrou na casa e quis ver o que estava na panela. Sabia que a alma da criança estava naquela casa. Quebrou a panela com o cacete. Depois quebrou também a outra panela. Assim achou a alma da criança. Achou também Kapéi, que estava escondido na panela. Depois de pegar Kapéi, mandou um Ayúg, que tinha vindo com ele, levar de volta a alma da criança, mas outros Ayúg, que ele também tinha trazido, ficaram. Surrou Kapéi e expulsou-o da casa, dizendo-lhe: "Não fiques mais aqui" Vai embora!" Então o médico-feiticeiro voltou para sua casa. Kapéi ficou pensando em que iria se transformar. Ele disse: "Cutia se come! Anta se come! Porco do mato se come! Todos os animais de caça são comidos! Será que me devo transformar numa ave? Num mutum? Num cujubim? Num inambu? Também estes são comidos! Vou para o céu! Lá é melhor do que aqui! Vou iluminar de lá os meus irmãos! Vamos, minhas filhas, para o céu!" Com um cipó, Kapeienkumá(x)pe, a lua e as filhas fizeram uma escada e mandaram um pequeno pássaro levar o cipó para cima e amarrá-lo no céu. O pássaro pegou uma ponta do cipó e o levou consigo, amarrando-o na entrada do céu. Kapéi e as filhas treparam pela escada para as alturas e chegaram ao céu. Kapéi disse: "Ficarei aqui no céu! Vocês vão adiante, mais para cima, para iluminar o caminho! Ficarei aqui para iluminar os meus irmãos lá embaixo! Vocês devem iluminar o caminho dos que morrem, para que a sua sombra não fique no escuro!" Mandou uma das filhas mais para cima, para um céu mais alto. Mandou a outra filha para um céu ainda mais alto. Ele mesmo ficou no céu que está acima de nós. E aqui termina esta história.

Notas 1. Quer dizer, para curá-la. 2. "Estas moças eram filhas de duas mulheres (planetas) com as quais ele andava. De cada uma ele tivera uma filha", explicou o narrador. 3. Ayúg é a sombra, a alma, de uma árvore, um dos mais fortes auxiliares dos feiticeiros nas curas. 4. Ave galinácea. 5. "Ele chama a gente de irmãos", explicou o narrador. 6. Planta trepadeira esquisita, parecendo uma escada, que se encontra pendurada nas árvores. Através dela o feiticeiro sobre para o céu, quando cura um doente. O nome desta trepadeira, Kapéi-enkuma(x)pe, significa: "A lua subiu nela". 7. A Via Láctea, o caminho dos mortos; representado por estrelas. 8. A alma dos mortos. 9. Por cima do nosso céu existem, na crença dos taulipangue, mais dez céus, um sobre o outro.

(Em Medeiros, Sérgio (org.). Makunaíma e Jurupari; cosmogonias ameríndias. São Paulo, Perspectiva, 2002 (Textos 13), p.78-80)


Page 2

A DECADÊNCIA DA ESCRAVIDÃO

Já no início do século XIX era possível verificar grandes transformações que pouco a pouco modificavam a situação da colônia e o mundo a sua volta. Na Europa, a Revolução Industrial introduziu a máquina na produção e mudou as relações de trabalho. Formaram-se as grandes fábricas e os pequenos artesãos passaram a ser trabalhadores assalariados. Na colônia, a vida urbana ganhou espaço com a criação de estaleiros e de manufaturas de tecidos. A imigração em massa de portugueses para o Brasil foi outro fator novo no cenário do Brasil colonial.

Mesmo com todos esses avanços foi somente na metade do século que começaram a ser tomadas medidas efetivas para o fim do regime de escravidão. Vamos conhecer os fatores que contribuíram para a abolição:

1850 - promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que acabou definitivamente com o tráfico negreiro intercontinental. Com isso, caiu a oferta de escravos, já que eles não podiam mais ser trazidos da África para o Brasil.

1865 - Cresciam as pressões internacionais sobre o Brasil, que era a única nação americana a manter a escravidão.

1871 - Promulgação da Lei Rio Branco, mais conhecida como Lei do Ventre Livre, que estabeleceu a liberdade para os filhos de escravas nascidos depois desta data. Os senhores passaram a enfrentar o problema do progressivo envelhecimento da população escrava, que não poderia mais ser renovada.

1872 - O Recenseamento Geral do Império, primeiro censo demográfico do Brasil, mostrou que os escravos, que um dia foram maioria, agora constituíam apenas 15% do total da população brasileira. O Brasil contou uma população de 9.930.478 pessoas, sendo 1.510.806 escravos e 8.419.672 homens livres.

1880 - O declínio da escravidão se acentuou nos anos 80, quando aumentou o número de alforrias (documentos que concediam a liberdade aos negros), ao lado das fugas em massa e das revoltas dos escravos, desorganizando a produção nas fazendas.

1885 - Assinatura da Lei Saraiva-Cotegipe ou, popularmente, a Lei dos Sexagenários, pela Princesa Isabel, tornando livres os escravos com mais de 60 anos.

1885-1888 - o movimento abolicionista ganhou grande impulso nas áreas cafeeiras, nas quais se concentravam quase dois terços da população escrava do Império.

13 de maio de 1888 - assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel.

A Lei Áurea, que decretou o fim da escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888, foi um documento que representou a libertação formal do escravo, mas não garantiu a sua incorporação como cidadão pleno à sociedade brasileira.

O ex-escravo, abandonado à sua própria sorte, engrossou as camadas de marginalizados, que constituíam a maioria da população. Não possuíam qualificação profissional, o preconceito continuava e não houve um projeto de reintegração do negro à sociedade que acompanhasse a abolição da escravatura. Expulsos das fazendas e após vagarem pelas estradas foram acabando na periferia das cidades, criando nossas primeiras favelas e vivendo de pequenos e esporádicos trabalhos, normalmente braçais.

A escravidão deixou marcas na sociedade brasileira: a concentração de índios, negros e mestiços nas camadas mais pobres da população; a persistência da situação de marginalização em que vive a maioria dos indivíduos dessas etnias; a sobrevivência do racismo e de outras formas de discriminação racial e social; as dificuldades de integração e de inclusão dessas etnias à sociedade nacional e os baixos níveis de renda, de escolaridade e de saúde ainda predominantes entre a maioria da população.

A escravidão, portanto, fornece uma chave fundamental para a compreensão dos problemas sociais, econômicos, demográficos e culturais ainda existentes na atualidade.

LUTANDO PELA LIBERDADE

QUANDO TUDO ACONTECEU...

1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravos, Palmares é a Terra da Promissão. - 1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro. - 1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares. - 1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro. - 1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares - 1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim. - 1670: Zumbi foge, regressa a Palmares. - 1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. - 1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. - 1680: Zumbi impera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. - 1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir. - 1695, 20 de Novembro: Denunciado por um antigo companheiro, Zumbi é localizado, preso e degolado.

Fernando Correia da Silva

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Zumbi dos Palmares(Fonte: Brasil Escola )

"A cada novo 20 de novembro Zumbi se espraia, amplia o seu território na consciência nacional, empurra para os subterrâneos da história seus algozes, que foram travestidos de heróis" Sueli Carneiro

O QUE ERA CARTA DE ALFORRIA?

Por Carolina de Sousa Campos Sento Sé

A Carta de Alforria era um documento cedido a um escravo por seu proprietário. Era um tipo de "atestado" de liberdade em que o proprietário abdicava dos seus direitos de posse sobre o escravo. Este último, após a Alforria, era chamado "negro forro".

O nome "Alforria" não era usado somente no Brasil, mas em todas as colônias portuguesas que adotaram o regime escravista. Ele vem do árabe, em que a expressão pronunciada como "Al Horria" quer dizer "A Liberdade".

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Exemplo de carta de alforria, datada de 1866.
(Fonte:Wikipédia)

Existiram dois tipos de Carta de Alforria: as pagas e as gratuitas.

As cartas pagas geralmente eram feitas a prestação, por interesse dos proprietários. Assim, se o negro forro não pagasse uma prestação, voltava a condição de escravo. Outros meios utilizados para quitar a dívida eram pegar empréstimos (com amigos, familiares, instituições benfeitoras ou bancos), trabalhar por conta própria (geralmente vendendo na rua produtos que variavam entre bolos e doces, ou prestando serviços de barbeiro, carregador de peso, sapateiro, etc), pedir a um benfeitor que pagasse sua dívida em troca de um tempo determinado de trabalhos gratuitos ou os estranhos casos de troca, em que o escravo que recebia a alforria dava ao seu senhor um outro escravo para trabalhar em seu lugar.

As cartas gratuitas libertavam adultos e geralmente os reposicionavam como empregados do seu não mais proprietário. Deste modo, libertava-se um escravo e ganhava-se um trabalhador assalariado com uma carga horária diária pré definida. Também era comum a libertação de crianças e a promessa de educá-las e criá-las por partes do senhores. O momento histórico que registra a emissão de cartas de alforria gratuitas é importante porque mostra uma mudança de mentalidade na "alta sociedade" da época.

Bibliografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alforria http://blog.uncovering.org/archives/2008/05/cartas_de_alforria_2.html
http://www.ccs.saude.gov.br/memoria%20da%20loucura/Mostra/docAlforria.html

GRANDES ABOLICIONISTAS

Na luta contra a escravidão, algumas pessoas se destacam por sua dedicação à causa. Vamos conhecer alguns destes homens que ficaram conhecidos como abolicionistas?

Joaquim Nabuco


A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Nascido no Recife, Pernambuco, em 19 de agosto de 1849, Joaquim Nabuco desde cedo conviveu com a dura realidade dos escravos. Na infância, o menino de família aristocrata se alfabetizara junto com os filhos dos escravos numa escolinha construída pela madrinha.

Estudou Direito em São Paulo e Recife, escreveu poemas, era um patriota. Foi colega de Castro Alves e de Rui Barbosa.

O tema da escravidão estava presente em sua obra literária desde seu primeiro trabalho, nunca publicado, chamado "A escravidão". Porém, teve sucesso quando, em 1883, publicou "O Abolicionismo", durante período em que esteve em Londres.

Quando retornou ao Brasil, seguiu carreira política. Foi um grande parlamentar, um excelente orador. Fez uso de seu reconhecido talento público para lutar pela causa abolicionista, junto com José do Patrocínio, Joaquim Serra e André Rebouças.

É interessante observar que Nabuco era a favor da monarquia e ainda assim serviu fielmente à República como diplomata em Londres e Washington, após o fim do Império.

Joaquim Nabuco afirmava que a escravidão no Brasil era "a causa de todos os vícios políticos e fraquezas sociais; um obstáculo invencível ao seu progresso; a ruína das suas finanças, a esterilização do seu território; a inutilização para o trabalho de milhões de braços livres; a manutenção do povo em estado de absoluta e servil dependência para com os poucos proprietários de homens que repartem entre si o solo produtivo".

Morreu em Washington, no ano de 1910.


Rui Barbosa


A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Incansável, exerceu as mais variadas atividades profissionais. Foi advogado, jurista, jornalista, ensaísta, orador, diplomata, deputado, senador, ministro e candidato a Presidente da República duas vezes.

Sua participação na luta contra a escravidão foi uma das manifestações de seu amor ao princípio da liberdade - todo tipo de liberdade.

Assim como Joaquim Nabuco, estudou Direito em Recife e em São Paulo, mas foi no Rio de Janeiro que Rui Barbosa abraçou a causa da abolição. Contudo, a defesa da liberdade também levou-o a ser exilado, em 1893, quando discordara do golpe que levou Floriano Peixoto ao poder e, por isto, pedira a libertação de presos políticos daquele governo ditatorial.

Destaca-se em sua biografia sua passagem como presidente da Academia Brasileira de Letras, substituindo Machado de Assis, e o grande prestígio de ser eleito Juiz da Corte Internacional de Haia. Morreu em 1923.


José do Patrocínio


A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Natural de Campos, no Rio de Janeiro, José do Patrocínio nasceu em 8 de outubro de 1854. Era filho de pai branco, padre, e mãe negra, escrava. Freqüentou a Faculdade de Medicina e se formou aos 20 anos de idade, mas sua principal atuação foi como jornalista. Começou na Gazeta de Notícias, em 1875, e quatro anos depois juntou-se a Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Teodoro Sampaio, entre outros, na campanha pela abolição do regime escravocrata. Em 1881, tornou-se proprietário de um jornal, a Gazeta da Tarde, e fundou a Confederação Abolicionista, para a qual elaborou um manifesto junto com André Rebouças e Aristides Lobo.

Assim como Rui Barbosa, foi contra o governo de Floriano Peixoto, o que o obrigou a ser desterrado e tirou de circulação seu jornal, o Cidade do Rio, fundado em 1887. Com isto, afastou-se da vida política e terminou por falecer no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1905.


André Rebouças

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Fonte: Academia Brasileira de Letras

André Rebouças, nascido em 1838, era filho de escravos. Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro e se formou em Engenharia na Europa. Foi professor da Escola Politécnica, e durante toda sua vida preocupou-se com a realidade brasileira. O problema dos escravos, naturalmente, não lhe passou despercebido. Escreveu, junto com José do Patrocínio e Aristides Lobo, o manifesto da Confederação Abolicionista de 1883; foi co-fundador da Sociedade Brasileira Anti-Escravidão e contribuiu financeiramente para a causa abolicionista.

Apoiou a reforma agrária no Brasil e foi também inventor. Exilou-se voluntariamente na Ilha da Madeira, na África, em solidariedade a D.Pedro II e sua família, e lá morreu em absoluta pobreza.


Luís Gama

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Fonte: Academia Brasileira de Letras

Tal como José do Patrocínio, Luís Gama foi filho de uma miscigenação de cores. Seu pai era branco, de rica família da Bahia, e sua mãe era uma africana rebelde. Contudo, um episódio trágico faria com que se afastasse da mãe, exilada por motivos políticos, e fosse vendido como escravo pelo próprio pai, vendo-se à beira da falência.

Assim, viveu na própria pele o cotidiano de um escravo. Foi para o Rio e depois São Paulo. Aprendeu a ler com ajuda de um estudante, no lugar onde trabalhava como servente, mas logo fugiu - pois sabia que sua situação era ilegal, já que era filho de mãe livre

Daí trabalhou na milícia, em jornais, escrevendo poesia e como advogado, até conhecer Rui Barbosa, Castro Alves e Joaquim Nabuco, com quem se uniria para lutar pelo fim da escravidão.

Fez do exercício da advocacia uma oportunidade para defender e libertar escravos ilegais.


Antônio Bento

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Fonte: Academia Brasileira de Letras

Antônio Bento era um abolicionista de família rica de São Paulo. Foi advogado, Promotor Público e depois Juiz de Direito. Seus métodos não-ortodoxos, intransigentes e revolucionários para libertação dos negros o tornaram famoso. Promovia, juntamente com os membros da Ordem dos Caifazes (considerada subversiva na época), proteção a escravos que fugiam e incentivava a evasão dos negros das grandes fazendas.

Os historiadores narram que, para Antônio Bento, a escravidão era uma mancha na história do Brasil. Cristão fervoroso, há um registro de um episódio em que um negro, que havia sido torturado, teria sido levado por Antônio Bento a uma procissão. O efeito causado, além de mostrar as agruras da escravidão, foi de uma inevitável comparação do martírio do negro ao martírio de Cristo.


O POETA DOS ESCRAVOS

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Fonte: Academia Brasileira de Letras

CASTRO ALVES

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, na fazenda Cabaceiras, a poucas léguas de Curralinho, no estado da Bahia. Em 1854, foi estudar na capital, Salvador. Aos dezesseis anos, mudou-se para o Recife, no estado de Pernambuco, com o objetivo de se preparar para entrar no curso de Direito. Foi reprovado em sua primeira tentativa, já que não havia dado muita atenção aos estudos, mas obteve sucesso no ano seguinte, em 1864, quando se matriculou na Faculdade de Direito do Recife.

Já em 1862 havia publicado um poema, "A destruição de Jerusalém"?, no Jornal do Recife. A este se seguiram "Pesadelo"?, "Meu segredo" (inspirado pela atriz Eugênia Câmara), "O Africano"? (seus primeiros versos abolicionistas) e outros.

O amadurecimento poético de Castro Alves pode ser percebido a partir de 1864, quando escreveu "Mocidade e Morte", publicado com algumas modificações quatro anos depois, em São Paulo, onde foi morar com Maria Eugênia. Antes disto, o poeta intercalou períodos entre o Recife e a Bahia e escreveu o drama "Gonzaga", que estreou com sucesso em 1867. Viajou para o Rio de Janeiro no ano seguinte e travou conhecimento com José de Alencar e Machado de Assis, que leram "Gonzaga".

Já em São Paulo, em 1868, obteve sucesso declamando a "Ode ao Dous de Julho" e o "Navio Negreiro". É importante lembrar da participação de Castro Alves na fundação de uma sociedade abolicionista, juntamente com Rui Barbosa, Plínio de Lima e outros, ainda quando morava no Recife, em 1865.

Castro Alves continua seus estudos de Direito em São Paulo. Contudo, em 1869, um disparo acidental numa caçada fere seu pé e a partir de então sua saúde fica debilitada, agravada por um enfraquecimento pulmonar. O poeta vai para o Rio de Janeiro, onde amputa o pé esquerdo, e no ano seguinte segue para a Bahia e lança "Espumas Flutuantes".

Os últimos dias de Castro Alves se passam na capital baiana. Morre de tuberculose em 6 de julho de 1871, aos 24 anos. Nas palavras do também poeta Manuel Bandeira, é a perda da "maior força verbal e a inspiração mais generosa de toda a poesia brasileira".


ORIGEM DOS AFRICANOS QUE VIERAM PARA O BRASIL

A influencia negra na cultura brasileira festas populares
A influencia negra na cultura brasileira festas populares
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

As origens (suas raízes) da cultura material e não-material afro-brasileiro está associada à época do tráfico de escravos africanos para o Brasil do século XVI até a segunda metade do Século XIX.

Os povos africanos trazidos para o Brasil são originários de diversas regiões da África:

África Ocidental - Yorubás (Nagô, Ketu, Egbá), Jejes (Ewê, Fon), Fanti-Ashanti (conhecidos como Mina), povos islamizados (Peuhls, Mandingas e Haussás);

África Central - Bantos: Bakongo, Mbundo, Ovimbundo, Bawoyo, Wili (conhecidos como Angolas, Congos, Benguelas, Cabindas e Loangos);

Sudeste da África Oriental - Tongas e Changanas entre outros (conhecidos como Moçambiques).

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Estes povos trouxeram consigo para o continente americano seus costumes, crenças, línguas (hoje de uso litúrgico como o yorubá, o bakongo e o kimbundo), léxicos incorporados no nosso falar (línguas bantos), danças, ritmos, instrumentos musicais, culinária bem como seus deuses e seus ritos de culto.

Mesmo dispersos no território brasileiro e, por vezes misturados para não se rebelarem (fazendo jus ao ditado "dividir para reinar"), retiveram uma parte de sua cultura original para conservar sua identidade de grupo dominado. Por vezes, esta identidade constituiu mesmo um fator importante para resistir à escravidão. É o exemplo dos quilombos que existiram no Brasil-colônia dos quais o mais célebre foi o Palmares comandado por Zumbi. O Quilombo era uma instituição política dos guerreiros jagas ou yagas da Angola, termo que designava tanto a casa sagrada onde se realizavam as cerimônias de iniciação, como o campo de guerra e mais tarde o acampamento de escravos fugidos.

Algumas formas de organização permaneceram ou pelo menos conservaram uma certa identidade com as suas raízes culturais africanas. É o caso das religiões denominadas afro-brasileiras como o candomblé nagô, angola-congo, mina-jeje, ritos diversos do que se convencionou chamar de "nações" conforme suas origens étnicas na África. Por vezes, sincretizaram com outras religiões como a umbanda. Mesmo quando grupos de escravos se converteram ao catolicismo e adotaram rituais de devoção a santos padroeiros e protetores de negros como São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário, como nas congadas, moçambiques ou cabindas, mantiveram danças, ritmos, tambores e outros símbolos e mesmo uma certa dimensão do culto aos ancestrais.

É realmente inegável a herança cultural africana em nossa gente e essa influência não pode ser entendida se não voltarmos às origens, isto é, à história africana, desde os seus primórdios. Hoje é perceptível um ar de reparação a uma injustiça: desta forma se estará "resgatando" nossa herança e identidade africana, tão longamente escamoteada por uma historiografia etnocêntrica que resumia a figura do africano a um escravo submisso amarrado no tronco.

A África possui um verdadeiro significado simbólico para as multidões de afro-descendentes residentes nas antigas colônias. Essa indivíduos, via de regra, nunca puseram os pés em solo africano, mas vêem o Brasil como a matriz de um vasto patrimônio cultural brasileiro herdado das várias etnias africanas que para cá foram trazidas. Tal patrimônio engloba a língua, a música, os instrumentos, a dança, os utensílios, o artesanato o misticismo, a idumentária, os rituais, a culinária, o folclore, as festas, os folguedos, a linguagem corporal, a oralidade e a maneira de viver - herança chamada de "africanidade", que deu ao Brasil um colorido todo especial, com raízes africanas. Este imaginário comum nas suas origens são aspectos de uma história cultural a ser preservada, valorizada e conhecida pelo presente.


Page 3

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Cultura Afro - Brasileira

História

  • O Brasil é um dos países que mais possui população negra em todo o mundo. Isso, devido aos mais de 4 milhões de homens, mulheres e crianças que foram trazidas para cá com o comércio de escravos nos meados do ano 1500.
  • Os escravos, conseguiram sua liberdade, porém continuaram sendo descriminados, humilhados e mal tratados. Muitos não possuíam bens e local para morar, o que gerou problemas, como as favelas que hoje encontramos no Rio de Janeiro, por exemplo.
  • Hoje, os "afro - brasileiros" se destacam na música, no meio comercial, no teatro, em filmes, no meio empresarial e em muitos outros meios no Brasil, muitas vezes superando aqueles brancos que se diziam insuperáveis.

Os Afro - Brasileiros

  • Desde que eram escravos, os "afro brasileiros" já possuíam uma infinidade de aspectos próprios, como por exemplo, a cultura, a religião e a arte.
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Capoeira - Expressão Artística
Afro Brasileira - Arte Marcial

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Algumas Esculturas Africanas

Arte Afro - Brasileira

  • Baseada nas histórias, crenças, lendas e na filosofia africana
  • Basicamente feito com elementos da Natureza
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Máscara de Madeira

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Igbo-Ukwu: arte�africana em bronze

Capoeira

  • Capoeira é uma arte marcial desenvolvida inicialmente por escravos negros no Brasil, a partir do período colonial.
  • Marcada por seus golpes que enganam o adversário, que geralmente são feitos no solo ou completamente invertidos.
  • Inicialmente criado para proteção e defesa própria.
  • Hoje vista mais como uma forma de expressão artística, devido ao movimento que os corpos fazem, durante a prática.
A influencia negra na cultura brasileira festas populares
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Música

  • A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura da música portuguesa, indígena e africana, produzindo uma grande variedade de estilos.
  • Entre os estilos influenciados, temos: Samba, Maracatu, Ijexá, Maxixe, Lambada, Carimbó, entre outros.
  • A música afro - brasileira era altamente descriminada, sendo vista como "Música para marginais" até o século XX, onde só então começou a ser melhor aceita pela população.
  • Dois instrumentos clássicos usados nas músicas afro - brasileiras, são os tambores e o Berimbau.
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Da Esquerda para direita: Viola, Médio e Gunga(ou Berra-Boi)

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Tambores

Cozinha

  • A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa.
  • Na Bahia, principalmente, pratos como vatapá e moqueca são típicos da culinária afro-brasileira.
  • A feijoada é o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos, carne de porco e farofa. Começou como um prato português que os escravos negros modificaram: os donos de escravos davam as partes pobres do porco aos escravos e estes misturavam estas partes com feijão e farinha
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Moqueca

A influencia negra na cultura brasileira festas populares


Vatapá

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Feijoada

Alguns Afro - Brasileiros Conhecidos

  • Entre os mais famosos estão: Pelé, Daiane dos Santos, Agnaldo Timóteo, Vanessa da Mata, Marcelo D2, Gilberto Gil, Tobias Barreto, Cafu, entre muitos outros.
A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Pelé

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Vanessa da Mata

A influencia negra na cultura brasileira festas populares

Gilberto Gil

Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
Prega o seguinte conceito: "Desde o início da história do Brasil temos conosco os afro - descendentes, que nos ajudaram a lutar em busca de um país justo e livre. Somos influenciados por eles a todo tempo, assim como eles são influenciados por nós. Hoje devemos nos unir a eles pela luta a igualdade, assim como fizeram muitas vezes por nós."