A banalizacao de medicamentos guia do estudante

No estágio de preparação para o vestibular, somente estudar não é a fórmula mágica para alcançar um bom desempenho nas provas. Outros fatores são capazes de contribuir diretamente com o resultado final: sono, alimentação, atividade física e saúde mental.

Esses são os quatro pilares do método apresentado pelo psiquiatra e médico do sono Pablo Vinicius Oliveira Gomes no livro “Desenvolvendo Super Cérebros – Programa de Alto Rendimento Cognitivo (Parc)”. O programa tem o objetivo de treinar o cérebro para aumentar a capacidade de armazenar e processar informações e, consequentemente, ajudar no rendimento em provas.

O primeiro passo do Parc é o sono. De acordo com Gomes, o estudante que não dorme direito, não fica suficientemente descansado e não consegue desempenhar as tarefas normalmente.

Jovens devem dormir de 8 a 9 horas por noite. Entretanto, na sociedade, por conta da pressão para acordar cedo e da rotina escolar, a maior parte dos adolescentes dorme apenas 5 ou 6 horas diariamente”, afirma.

Para a véspera do vestibular, o especialista recomenda que o candidato durma 9 horas e, em hipótese alguma, passe a noite estudante ou revisando os conteúdos.

A segunda etapa do programa é a alimentação. O essencial, segundo o médico, é ter uma alimentação saudável todos os dias para manter a saúde em boas condições.

No dia da prova é importante não consumir substâncias energizantes, como café e energético. “Essas bebidas aumentam a ansiedade e diminuem a concentração. O álcool também é terminantemente desaconselhado”, assegura Gomes. A sugestão do especialista é consumir substâncias antioxidantes, como o açaí, a canela e alimentos ricos em Ômega 3, que não agridem o sistema nervoso central.

Segundo o psiquiatra, ingerir doces e chocolates nas horas que antecedem a prova também não são boas escolhas. Durante o exame, porém, o consumo desses alimentos está liberado, mas deve ser feito com moderação para evitar a hipoglicemia, que ocasiona a perda da concentração e pode até afetar a memória.

Já a terceira fase do Parc é constituída pela atividade física. Neste caso, assim como o da alimentação, o ideal é ter um controle de longo prazo.

O médico assegura que apenas 30 minutos de exercícios aeróbicos no dia anterior ao vestibular são suficientes. “O exercício deve ser constituído por uma caminhada ou uma corrida leve. Esta técnica diminui a ansiedade e intensifica o fluxo de sangue no sistema nervoso central, aumentando a glicose na corrente sanguínea”, explica.

A quarta e última camada do método é o controle mental da ansiedade. Para isso, a técnica utilizada é a de monitoramento respiratório.

“Com o intuito de manter a respiração estável, o estudante pode parar por alguns segundos durante a prova, olhar para o relógio e medir a sua frequência respiratória. O ideal é que ela esteja entre 16 e 18 respirações por minuto. Ao longo do procedimento é importante se concentrar apenas no passar do tempo e na respiração. Isto ajudará a diminuir a ansiedade”, ensina.

Ele ainda completa: “mesmo perdendo alguns minutos de prova, o vestibulando ganha em tranquilidade e concentração. A ansiedade desnecessária pode tirar de 30 a 40 minutos de prova”.

Matéria feita pelo Guia do Estudante. Confira na íntegra aqui.

A saúde mental nunca esteve tão em evidência, mas precisa continuar tendo espaço para o debate. Num mundo pós pandêmico, algumas pessoas estão encontrando maneiras de priorizá-la e conseguem equilibrar saúde física, trabalho, relacionamentos, família, vida social, espiritualidade e mente. Mas nem todos estão nesse processo.

O Brasil carrega o título de país mais ansioso do planeta. Os dados são da Organização Mundial de Saúde, que revelou que casos de depressão e ansiedade aumentaram 25% durante o isolamento social e o enfrentamento da Covid-19. Para fazer um paralelo, antes da pandemia, mais de 19 milhões de brasileiros já conviviam com os transtornos que, mesmo com tratamento disponível, ainda são tabus para a maioria das pessoas.

Os impactos dos últimos anos são notáveis. De acordo com o estudo Global Burden of Disease, a OMS observou que jovens e mulheres foram os mais atingidos pelas doenças, e isso pode ter relação direta com a solidão, o medo de ser infectado, sofrimento pela perda de amigos e familiares, desemprego, sobrecarga profissional e preocupações financeiras. Além disso, as redes sociais podem ter contribuído para esse aumento de casos, já que foram uma das ferramentas mais utilizadas para manter a contato com as pessoas e o mundo, mas, ao mesmo tempo, oferecem apenas um recorte — em sua maior parte, feliz — da vida do outro, o que pode ter aumentado a sensação de que quem estava do outro lado da tela era o único que não ‘estava bem’ ou ‘num momento promissor’… a tal imposição da felicidade.

A busca pela solução ‘rápida’

Para lidar cada vez mais com inquietações existenciais, sofrimento, depressão, ansiedade e até mesmo os próprios sentimentos, é crescente a busca indiscriminada por medicamentos. Dados da ANVISA comprovam esse movimento, já que, no Brasil, farmácias e drogarias vendem 123,5 mil caixas por dia de remédios tarja preta destinados ao controle da ansiedade. E esse número não engloba a medicação distribuída gratuitamente pelo SUS. Apenas em 2020, 47,3 milhões de ansiolíticos foram vendidos, um aumento de 4,26% com relação ao ano anterior.

Mas esse grande consumo de tarjas pretas é realmente necessário? O psiquiatra e neurocientista Dr. Pablo Vinicius faz reflexões no livro Antitarja Preta que também compartilho. A principal talvez seja responder a uma pergunta simples, mas que permeia a nossa existência: Quem Sou Eu? Segundo ele, tentamos fugir desse questionamento de todas as maneiras, mas a resposta a ele pode ser a chave para abrir mais portas do que podemos imaginar. Estar preparado para abrir essas portas é a questão.

O que percebo no consultório é que as pessoas estão menos propensas a sentir — dor, sofrimento, sensações, sentimentos. E que, com uma receita rápida, querem apenas amenizar sintomas, e não encarar problemas para encontrar soluções. Algumas até optam por automedicação, o que deve ser evitado. Lembrar que profissionais capacitados é que dão o diagnóstico é importante, porque eles são os únicos que podem indicar remédios. E então vem a indagação: É só um comprimidinho?

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Como o próprio Dr. Pablo cita: “você toma um comprimido para dormir, e, ao acordar, mais outro para suportar o dia que vem pela frente”. Esse ciclo ininterrupto é uma fuga da realidade e o caminho para medicação sem critérios terapêuticos plenamente estabelecidos. O mundo não deixou de ser volátil, incerto, complexo e ambíguo, ele simplesmente somou-se a uma realidade cada vez mais frágil, ansiosa e inconstante. Isso, alinhado às mudanças e transformações repentinas, deixam os acontecimentos do dia a dia tão intensos que faz com que relacionemos o mundo de maneira imediata, fazendo da medicação uma pílula mágica para acabar com uma rotina desgastante e extremamente agitada, cheia de impaciência, estresse e pressão.

Passo a passo, não comprimido a comprimido

A baixa tolerância a um processo terapêutico por parte das pessoas está ligada diretamente à capacidade de superar frustrações. Os relacionamentos não mudam quando tomamos um remédio para suportá-lo. O trabalho também não se altera só porque nos anestesiamos para aguentar a pressão, o excesso de demandas e o assédio moral.

Eu vivencio isso todos os dias com meus pacientes. Um exemplo é um caso de uma pessoa com transtorno afetivo bipolar, extremamente ativa no mundo do trabalho, que quando está em crise chega a oscilar estados de humor e ouvir vozes. Apesar da situação totalmente angustiante, o que ela busca é amenizar sintomas com o uso de medicamentos, e não o enfrentamento do problema. O remédio tem a proposta de trazer um alívio desse sintoma quando não é mais possível controlá-lo, quando causa um sofrimento psíquico e emocional, para que esse paciente possa ter as condições necessárias de fazer um acompanhamento terapêutico e, a partir desse acompanhamento, criar os recursos necessários de enfrentamento e de fortalecimento, em que se sinta mais independente, mais fortalecido e com capacidade de enfrentar o mundo lá fora.

Profissionais da saúde, médicos e psicólogos, juntamente com seus pacientes, constroem uma jornada trabalhosa e de grande valia, pois tornam a vida do indivíduo com mais capacidade no resgate da regulação das emoções, por meio de uma melhor autogestão, no encontro de si mesmo e no controle da própria vida.

Como diz o livro Antitarja Preta e compartilho da mesma ideia, “A verdadeira mudança precisa vir de dentro para fora, e o tratamento é passo a passo, não comprimido a comprimido“. O que você prefere: se alienar diante da vida ou enfrentar seus problemas e resolvê-los? Você precisa vencer seu pior inimigo, que é você mesmo. Encarar-se com toda franqueza, com toda coragem e sinceridade e perceber suas limitações. Apesar do processo difícil, isso é possível!

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