Orientar como incluir a pessoa com autismo no mundo do trabalho

O

mês de abril é marcado pela conscientização sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e também pelos desafios que esse público enfrenta no mercado de trabalho. Julie Goldchmit, 25 anos, mostra que pessoas dentro do espectro podem, sim, construir uma carreira, mas que adaptações devem ser feitas. Assistente de marketing desde 2019 na Unilever, multinacional de bens de consumo, Julie é autora do livro Imperfeitos: Um relato íntimo de como a inclusão e a diversidade podem transformar vidas e impactar o mercado de trabalho (Maquinaria Editorial), que aborda sua trajetória e seus desafios.

O relato de Julie vai ao encontro com a importância de capacitar e promover pessoas dentro do espectro autista, prática fundamental aos princípios da inclusão e diversidade. “É preciso desmistificar definitivamente o preconceito de que essas pessoas não são capazes, e, paralelamente, ter a percepção em desenvolver as atividades corporativas olhando para as habilidades de uma pessoa autista, pois fica muito fácil fazer a inclusão no mercado de trabalho quando conseguimos enxergar as habilidades de pessoas dentro do TEA”, afirma a neurocientista Carolina Videira, especialista em inclusão e diversidade.

Boas práticas 

A psicóloga Fernanda Alarcão alerta que promover a inclusão não é apenas lançar luz sobre o que a pessoa com autismo precisa desenvolver, e sim preparar as empresas para receber essas pessoas. Isso envolve a sensibilização sobre como oferecer oportunidades adequadas para as habilidades e interesses das pessoas com autismo, para que trabalhem e impactem positivamente as empresas”, afirma Fernanda. Na Unilever, Julie tem um plano de orientação, de feedback e de carreira ajustado ao seu perfil.

“É uma oportunidade muito especial ter a Julie nessa jornada com a gente. Com ela em nosso time, podemos vivenciar e aprender diferentes perspectivas, experimentar novos modelos e processos de gestão, questionar o estabelecido e desenvolver nossa liderança”, afirma Luana Suzina, gerente de educação, diversidade e inclusão da Unilever Brasil.

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Andrea Vayanos, coordenadora de customer marketing da empresa, área em que Julie trabalha, conta que as pessoas da equipe passaram a buscam saber mais sobre o autismo e sobre como é possível falar sobre isso. “E sempre combinamos as ‘regras do jogo’”, diz Andrea: tudo para Julie deve ser bem definido, com planos feitos por etapas — o que dá muito mais segurança à profissional.

Julie também contou com a abertura da empresa para que tivesse o auxílio de sua mãe, Dafna Goldchmit, no início da adaptação ao trabalho. “Eles entraram em contato conosco para entender mais sobre a Julie”, diz Dafna.

Inclusão de profissionais dentro do TEA

A neurocientista Carolina Videira explica que a lei de cotas não diferencia pessoas com TEA e com deficiência (PCDs) — juridicamente, portanto, ambos estão no mesmo grupo. “No entanto, ainda é difícil as empresas contratarem pessoas com TEA ou com deficiência intelectual, muito em razão do desconhecimento na forma de desenvolver esse grupo. Ocorre que, atualmente, as organizações buscam pelas deficiências, digamos, mais visíveis, como as físicas, e que sejam mais leves, que não precisem da remoção de tantas barreiras”, afirma a especialista.

Para incluir pessoas com autismo primeiramente é preciso conhecer a fundo as práticas inclusivas que ajudam a proporcionar ambientes de trabalho mais acolhedores e produtivos. “O que a gente faz atualmente dentro das escolas, que é o planejamento individualizado, mapeando as habilidades de cada aluno, tem que continuar no mundo corporativo”, diz Carolina. Para isso, é primordial que as empresas tenham um núcleo de inclusão capaz de mapear todas as barreiras e removê-las antes da chegada dessa pessoa. “Isso serve para não correr o risco de fazer a inserção pura e simples, apenas para dizer ao mercado que está cumprindo a cota, não dando a chance de essa pessoa de fato se desenvolver como qualquer outro profissional. Essa visão aprofundada das atividades que podem ser adaptadas ganha enorme importância para que a pessoa com autismo não se torne uma figura pouco produtiva no ambiente de trabalho”, finaliza Carolina.

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Orientar como incluir a pessoa com autismo no mundo do trabalho

postado 23/06/2022 18:00:01

O drama médico The Good Doctor chegou ao fim da quinta temporada no mês passado, nos Estados Unidos. Após cinco anos no ar, o que a série de grande audiência já ensinou e ainda pode ensinar sobre autismo, relações, empregabilidade e segurança? 

O enredo conta a história do Dr. Shaun Murph, um jovem com autismo formado em medicina, que se torna cirurgião. Muito talentoso, com uma memória espetacular e um entendimento excepcional do corpo humano, Shaun consegue, com a ajuda do amigo e mentor Dr. Aaron Glassman, um lugar na equipe de um hospital de renome na Califórnia, apesar da resistência inicial do conselho do hospital, que sabia do diagnóstico de Shaun.

A série mostra os desafios diários de convivência da equipe e a importância dos relacionamentos, pessoais ou profissionais, para o desenvolvimento da pessoa com autismo. Mesmo com um histórico de violência sofrida pelo pai, Shaun teve o suporte do irmão na adolescência, sempre lhe dizendo o quanto ele era inteligente e capaz.

“Pessoas com autismo e com diferenças de aprendizagem precisam ouvir isso de seus familiares. Saber que acreditam em seu potencial e se sentem orgulhosos gera mais confiança. Da mesma forma, o acompanhamento psicológico é de extrema importância. Terapeutas podem conectar o adulto com autismo a serviços adicionais, orientar estratégias de enfrentamento, ajudá-lo a conversar com outras pessoas sobre o seu caso, gerenciar desafios de relacionamento e de carreira e lidar com barreiras sociais ou econômicas que podem ter atrasado o seu diagnóstico”, explica a psicóloga e c-fundadora da Telavita, clínica digital de saúde mental, Milene Rosenthal.

Milene reforça que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não torna a pessoa incapacitada para o trabalho. Ao contrário, ela pode agregar, em muitos casos, habilidades importantes e diferenciadas para as organizações.

“A pessoa com TEA possui aptidões que podem, perfeitamente, ser aproveitadas pelas empresas. Enquanto muita gente não gosta de trabalhar com rotinas metódicas e repetitivas, por exemplo, quem tem autismo acaba tendo mais desenvoltura para esse tipo de trabalho. Também são pessoas com memória de longo prazo e memória visual diferenciada, destrezas muito procuradas por empresas de determinados setores”, analisa a psicóloga.

Inclusão é lenta no Brasil e no Mundo

No último sábado (18), foi celebrado o Dia Internacional do Orgulho Autista, uma data importante para lembrar a luta diária de pessoas com TEA por mais inclusão.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 80% das pessoas com TEA no mundo estão fora do mercado de trabalho. No Brasil, a inclusão é garantida pela mesma lei que determina a participação mínima nas empresas de trabalhadores com qualquer tipo de deficiência e o panorama também está longe do ideal, assim como verificado em nível mundial. 

Esse cenário e muitos outros são mostrados na série The Good Doctor, o que a torna imperdível para refletir sobre preconceitos e até mesmo contribuir com uma sociedade mais igualitária.

Por meio do drama de Shaun, aprende-se a enxergar a ‘habilidade’ na ‘deficiência’ e, no que diz respeito à vida profissional, focar menos nos problemas e mais no potencial de cada um.

O programa é imperdível também para qualquer pessoa com autismo ou outra diferença de aprendizagem que esteja em busca de emprego e para qualquer organização que queira promover mudanças positivas nesse cenário, além de ser um ótimo entretenimento para os fãs de produções de dramas médicos. 

Fonte: Agência NoAr

Orientar como incluir a pessoa com autismo no mundo do trabalho

Orientar como incluir a pessoa com autismo no mundo do trabalho

Pratique a empatia: Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com TEA. Pessoas no espectro autista podem apresentar dificuldades na fala e de interação social. Tenha empatia e paciência.

Qual a importância do autismo no mercado de trabalho?

“Quando o mercado de trabalho está apto a aceitar uma pessoa com autismo, isso muda a vida da família e a perspectiva de vida da própria pessoa. As empresas só precisam se adaptar”, conta a especialista.

Quantas pessoas com autismo no mundo?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil.

Como trabalhar com crianças com autismo?

  • Autismo: conheça a ABA, uma base científica para trabalhar com crianças com autismo Os procedimentos baseados na Análise do Comportamento Aplicada (ABA, na sigla em inglês) ajudam a ampliar a capacidade de comunicação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista, ajudando-as a se relacionar melhor com a sociedade e com o ambiente

Como ensinar a pessoa com autismo?

  • No início do ensino de um determinado comportamento – lavar as mãos depois de ir ao banheiro, por exemplo –, é dada uma dica verbal, física, gestual ou auditiva para que a pessoa com autismo possa realizá-lo de modo favorável.

Como trabalhar com um psicólogo autista?

  • Procure trabalhar com um psicólogo ou outro profissional as habilidades sociais da pessoa autista. As terapias ensinam os pacientes a reconhecerem situações-problema em potencial e a utilizarem estratégias para que eles possam lidar com a maioria das situações.

Como trabalhar o autista em sala de aula?

  • Vamos lá… COMO TRABALHAR O ALUNO AUTISTA EM SALA DE AULA? Com 1 em cada 150 crianças nascidas este ano tem probabilidade de serem diagnosticados com a doença, é inevitável que as escolas no Brasil em breve vão ver um fluxo muito maior de crianças autistas que entram no sistema de ensino.