O que fazer se um bebe for picado por escorpião

Durante o verão, a proliferação de escorpiões aumenta consideravelmente e, com ela, o número de acidentes envolvendo o animal. Vale destacar que não são apenas as pessoas que vivem ou estão no campo que correm o perigo de sofrer picadas de escorpião. Com o crescimento desordenado das cidades, os centros urbanos se tornaram propícios à reprodução do animal. Por isso, é importante saber como evitar o quadro e lidar com ele.

Como prevenir picadas de escorpião

Na maior parte dos casos, os escorpiões são encontrados em terrenos baldios, velhas construções, áreas verdes descuidadas, pilhas de madeira, entulho e tijolos. Também são comuns em regiões com infestação de insetos.

Para evitar as picadas, é importante tomar alguns cuidados como: não acumular lixo e entulho; usar calçado e luvas de proteção durante atividades rurais ou de jardinagem; manter limpos terrenos baldios e espaços próximos às casas; combater a proliferação de baratas e cupins; e preservar predadores naturais (seriemas, corujas, sapos, lagartixas e galinhas).

Sintomas das picadas de escorpião

Assim como as picadas de vespa e abelha, a picada de escorpião deixa a região inchada e avermelhada. Além disso, ela provoca dor intensa e imediata. Casos graves podem, ainda, provocar aumento da frequência cardíaca, salivação aumentada, falta de ar e pressão arterial baixa.

Primeiros socorros

Picadas de escorpião podem levar à óbito, por isso, é importante agir rapidamente após a ocorrência. O primeiro passo é lavar a picada com água e sabão e não espremer ou aplicar produtos na região. Em seguida, é indispensável entrar em contato com uma equipe de emergência para receber atendimento médico e, caso necessário, aplicação de soro contra o veneno do escorpião.

Quem chamar em caso de picada de escorpião?

A Medicar oferece atendimento médico pré-hospitalar com agilidade no local do chamado, garantindo um resgate efetivo e promovendo bem-estar para o paciente em casos de emergências médicas, como as picadas de escorpião.

A empresa ainda garante atendimento domiciliar, promovendo conforto para todos os seus associados.

Nesta semana, duas crianças morreram depois de serem picadas por escorpiões no interior de São Paulo. Os ataques aumentam no verão e parecem estar mais frequentes. Segundo o Ministério da Saúde, em 2017 mais de 125 mil pessoas foram vítimas de acidentes com o aracnídeo no Brasil, sendo 184 delas fatais. Em 2014, haviam sido 78 mil casos e 70 mortes.

São Paulo e Minas Gerais são os estados com maior frequência de incidentes. O escorpião se adapta facilmente ao ambiente urbano graças ao saneamento básico precário e ao acúmulo de lixo e entulho. A barata é um de seus alimentos favoritos, por isso eles podem viver também nos esgotos e invadir as residências pelo ralo, buscando em seguida abrigo em cantos escuros.

A picada é sentida como a de uma abelha, mas não costuma ser visível. Na maioria das vezes, só há dor, moderada ou intensa, e formigamento local.

Crianças abaixo de 7 anos, contudo, exigem atenção extra por apresentarem maior risco de alterações sistêmicas que podem ser graves. O veneno dos escorpiões afeta o sistema nervoso e sua ação é rápida especialmente no corpo dos pequenos, onde há menos sangue para “diluir” as toxinas.

Como evitar

No caso dos escorpiões, a prevenção envolve um esforço coletivo e político. Uma das principais medidas indicadas é a preservação de inimigos naturais dos escorpiões, como corujas, lagartos, sapos e galinhas. Em casa, o uso de inseticida não é recomendado para esse fim, pois pode fazer com que os bichos saiam do esconderijo e, assim, o risco de picadas aumenta.

O Ministério da Saúde recomenda examinar calçados e roupas pessoais, lençóis e toalhas antes de usar, afastar camas das paredes e não acumular lixo orgânico, material de construção ou entulho no quintal ou calçada. Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e forros, utilizar vedantes em portas, janelas e ralos ajuda a manter os escorpiões longe de casa.

Regularmente, limpe atrás de móveis, cortinas, quadros e outros cantinhos, de preferência sem as crianças por perto. Combater a proliferação de insetos como baratas e cupins também é importante, pois eles são alimento para aranhas, além dos próprios escorpiões. Fique de olho na rua: terrenos baldios a um raio de até 2 m da casa devem ser mantidos limpos e com a grama baixa.

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O que fazer

Lave o local da picada com água e sabão e leve a criança ao médico imediatamente. Não faça torniquetes, garrotes, fure, esprema ou aplique sucção. O tratamento envolve analgésicos e, na presença de manifestações sistêmicas, soro, feito com o próprio veneno do bicho.

Sintomas como náusea, vômito, suor excessivo, agitação, tremores, salivação e aumento dos batimentos cardíacos indicam o agravamento do quadro, e podem surgir entre 6 e 12 horas depois da picada.

Outras picadas

Nesta época do ano é comum que a criança seja alvo de outros seres, como os pernilongos. Para esses a recomendação também é lavar o local com água e sabão, não espremer e evitar a coceira, que carrega micro-organismos e aumenta o risco de infecção local. Compressas de gelo podem aliviar o comichão.

A maior parte dos mosquitos é inofensiva, mas não podemos esquecer do Aedes aegypti, que carrega de uma vez quatro doenças: dengue, zika vírus, febre amarela urbana e chicungunha. Mais discreto, seu voo não faz barulho e seu ataque não coça. Por isso, o ideal é blindar quartos, carrinhos e berços com telas e protetores e, a partir dos 6 meses, usar repelentes na pele dos pequenos durante o verão. Fora, é claro, as medidas clássicas que evitam a proliferação, como não deixar água parada acumulada em casa.

Já marimbondos, abelhas e formigas, embora na maioria das vezes causem somente reações locais, merecem atenção pois podem desencadear crises de alergia. Neste caso, vale a regra de não tirar o ferrão por conta própria se não souber como fazer isso e levar a criança ao hospital, especialmente se sintomas como inchaço na boca e olhos, falta de ar, rouquidão, náusea e vômito ou placas avermelhadas aparecerem.

Escorpião amarelo é o mais venenoso da América do Sul José Roberto Peruca/Flickr

A chegada do verão também é a época em que o Brasil mais registra acidentes com escorpiões. As principais vítimas são as crianças, que representaram boa parte das mortes.

Somente no estado de São Paulo, em 2020, 36 mil crianças foram picadas por escorpiões, das quais sete morreram – seis delas abaixo de dez anos.

"Nós vemos, epidemiologicamente, a maior parte dos acidentes acontece na primavera e no verão. Acontece no ano inteiro, mas há uma preponderância nesta época. Há várias explicações. Uma delas é a chuvarada. A chuva desloca o bicho do lugar dele", explica o gerente médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica) do Instituto da Criança do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), Carlos Roberto de Medeiros.

Ele ressalta que entre 2009 e 2018 mais do que triplicou o número de registros de picadas de escorpiões, que têm notificação compulsória — de 50 mil para 156 mil. Em 2020, foram 143,9 mil casos em todo o país, com 178 óbitos.

"O escorpião também causa mortes em adultos, mas a proporcionalidade de mortes entre crianças é muito maior, de seis a oito vezes mais alta [em relação aos adultos]. Por isso a nossa preocupação", acrescenta Medeiros, que também atua na Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos no município de São Paulo.

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O principal envolvido nesses episódios é o Tityus serrulatus, popularmente conhecido como escorpião amarelo.

Estes animais medem cerca de 7 cm de comprimento quando adultos e são considerados os escorpiões mais venenosos da América do Sul. Nas regiões urbanas, ele não tem predadores naturais.

Além disso, as fêmeas do Tityus serrulatus se reproduzem sem a necessidade de acasalamento, podendo gerar de 20 a 25 filhotes por vez (até duas vezes em um ano). Os escorpiões também conseguem escapar de inseticidas.

Nas áreas urbanas, estes animais são predadores de baratas. Ou seja, onde elas estiverem, há risco de atraírem escorpiões.

A picada de um escorpião provoca sintomas que podem ser leves (entre 80% e 85% dos casos, na média), moderados ou graves.

"O problema é que você não sabe qual criança vai evoluir para isso [quadro greve] ou não – e a evolução é rápida. [...] O veneno do escorpião, assim como o de outros animais peçonhentos, tem uma série de toxinas. Mas a principal ação no escorpianismo grave é o que nós chamamos de neurotoxinas que bloqueiam canais de sódio e de potássio presentes em fibras excitáveis, principalmente no sistema nervoso. Isso causa uma liberação de neurohormônios e age no corpo inteiro", alerta o médico.

A Covisa (Coordenaria de Vigilância em Saúde) da Prefeitura de São Paulo acrescenta que "as lesões por escorpionismo não possuem características típicas que as discriminem de lesões causadas por outros artrópodes, dificultando o diagnóstico, especialmente nos casos que não apresentam sinais sistêmicos. Este fato contribui para uma demora no atendimento adequado e retarda a soroterapia".

Os sintomas em quadros mais leves incluem:

• Dor local (em quase 100% dos pacientes) de forte intensidade com irradiação para locais próximos da picada
• Vermelhidão local

A marca da picada pode nem sempre ser vista, segundo Medeiros.

Nestes casos, o paciente também precisa ser levado a uma unidade de saúde para ficar em observação por pelo menos seis horas. Este é o período em que os médicos vão avaliar se há ou não necessidade de soro antiescorpiônico em um eventual agravamento do quadro.

Casos de escorpianismo moderado podem apresentar, além da dor local:

• Sudorese • Náuseas • Vômitos • Hipertensão arterial • Aumento dos batimentos cardíacos

• Agitação

Já os quadros graves envolvem todos os sintomas acima com muito mais intensidade e também:

• Sensação de frio e hipotermia • Arrepios • Palidez • Agitação intercalada por períodos de sonolência • Aumento ou diminuição da frequência cardíaca • Aumento ou diminuição da pressão arterial • Dispneia (dificuldade para respirar) • Tremores • Espasmos musculares • Convulsões • Arritmias cardíacas • Insuficiência cardíaca • Edema pulmonar

• Choque cardiogênico

Estes dois últimos problemas costumam ser os que levam os pacientes a óbito.

O gerente médico do Ceatox sublinha que é importante suspeitar da picada de escorpião sempre que a criança se queixar de uma dor intensa, especialmente em locais onda haja a presença destes animais.

"O que nós queremos é que a criança seja atendida o mais rápido possível. [...] Mesmo que não tenha o soro lá, ela vai ser transferida o mais rápido possível para uma unidade de referência. Mas se a criança já está em um hospital que tem recursos de UTI, aí é o contrário, é o soro que vai até ela."

Soro está disponível em hospitais de referência Divulgação/Instituto Butantan

Em São Paulo, as unidades de referência que oferecem soro antiescorpiônico são cinco: Hospital Vital Brasil (Butantã), Hospital do Campo Limpo, Hospital Geral do Grajaú, Hospital Municipal do Tatuapé e Hospital Geral de Taipas.

Futuramente, também estará disponível no Hospital Municipal de Ermelino Matarazzo.

"Criança que é picada por escorpião e chega vomitando no pronto-socorro, arrume vaga de UTI, porque já é grave", alerta o especialista.

O tratamento para quadros moderados é feito com três ampolas do soro. Casos graves requerem seis ampolas.

Em ambas as situações, é necessário que o paciente permaneça em observação pois as toxinas ainda ficam no organismo por algum tempo.

O médico acrescenta que levar uma foto do animal "ajuda", mas não é imprescindível. Ele orienta a priorizar o atendimento à criança e não ficar procurando o escorpião.

Os escorpiões são animais de hábitos noturnos, gostam de locais úmidos e escuros, com a presença de baratas – galerias de esgoto e de águas fluviais e depósitos de lixo.

Estes animais são mais comuns em casas, mas podem também aparecer em prédios se forem carregados em caixas, por exemplo.

As principais recomendações do gerente médico do Ceatox para evitar que estes invasores entrem na sua casa são:

• Tapar buracos nas paredes • Usar proteção nas soleiras das portas • Usar telas protetoras nos ralos do chão e das pias • Não deixar louça suja acumulada de um dia para o outro • Acondicionar o lixo adequadamente • Não manter entulho em casa • Cortar o mato em volta da residência • Afastar o berço dos bebês da parede

• Chacoalhar sempre pela manhã roupas e sapatos antes de vestir

Por fim, Medeiros orienta a procurar o Centro de Controle de Zoonoses da sua região caso haja relatos de escorpiões.

Em São Paulo, os telefones são o 156 (escolher opção 2 e, em seguida, opção 3) e o 2974-8000. O e-mail é o .