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Neste artigoQuem é mãe ou pai de primeira viagem conhece bem a história da comparação. Mesmo quando se tentam evitar perguntas do tipo "seu bebê não faz isso ainda?”, é quase impossível não ficar com a pulga atrás da orelha ao ver que o bebê de cinco semanas da vizinha já dá gargalhadas e o seu ainda não. A culpa da comparação constante é do nosso instinto de sobrevivência, segundo Kathy Seal, co-autora do livro "Pressured parents, stressed-out kids" (Pais sob pressão, crianças estressadas). "Afinal, os filhos dos nossos ancestrais tinham que ser fortes o suficiente para conseguir o último pedaço de carne ou escapar de animais perigosos", diz Seal. "Fazemos as comparações para nos reassegurar de que estamos fazendo tudo certo." Comparar, portanto, pode ser normal, mas não deixa de ser estressante. A comparação também pode nos impedir de apreciar plenamente o que nossos filhos conseguem fazer. Listamos a seguir algumas armadilhas comuns de comparação, com ideias de como contorná-las. Os bebês variam muito quando se trata de alcançar certas etapas, como sentar, engatinhar e andar, o que torna a comparação nesse sentido uma armadilha fácil para qualquer família cair.Como mãe, você deve estar preparada para observar e enfrentar quaisquer problemas ou atrasos de desenvolvimento, por isso não é de admirar que esteja sempre se perguntando se seu filho é normal ou não. Além disso, cada nova conquista é emocionante, e a expectativa por ela acaba criando uma ansiedade difícil de ignorar. Não caia nessa armadilha: estudos mostram que contanto que seu filho esteja atingindo as metas dentro da faixa etária normal, a velocidade com que isso acontece não interfere no desenvolvimento de habilidades posteriores. Portanto, se com 18 meses de idade ele diz apenas uma ou duas palavras em comparação às dezenas de palavras do seu sobrinho da mesma idade, isso não significa que seu filho não vá falar feito um pequeno papagaio nos próximos meses. "O desenvolvimento em etapas tem muito pouco a ver com o potencial futuro de uma criança, então eu incentivo os pais a não se preocuparem se seus filhos têm um desenvolvimento tardio ou se parecem estar no limite da normalidade", diz o pediatra Darshak Sanghavi, professor da Universidade de Massachusetts. "É tentador pensar que o que a criança faz quando é novinha vai influenciar o seu destino, mas as experiências cotidianas não confirmam isso. Não podemos determinar o destino de uma criança baseados em com quantos meses começou a andar", diz Sanghavi. Curtir as habilidades e as gracinhas atuais de seu filho pode ajudar você a se apegar ao presente e não se preocupar tanto com o futuro. "É duro ouvir minha sobrinha de 15 meses de idade falar melhor do que minha filha de 2 anos. Mas isso me ajuda a focar nas coisas especiais que minha filha faz, como quando nos preparamos para ler e ela ajeita o cobertor e o travesseiro para mim", diz uma leitora do BabyCenter. Finalmente, lembre-se de que, embora possamos ajudar nossos filhos a aprender coisas novas, não podemos forçá-los a alcançar certas fases antes que eles estejam prontos. Cuidado ao atribuir o desenvolvimento de seus filhos às suas características pessoais, porque isso pode se voltar contra você. "As pessoas sempre se admiram como meu filho come bem, e eu fiquei toda orgulhosa achando que era tudo mérito meu", conta uma mãe. "Mas aí vejo que outras crianças falam superclaramente, enquanto o meu filho ainda tem dificuldade, apesar de todos os meus esforços e estímulos. Aí me sinto uma péssima mãe." Quando estiver aflita, pense: para a maioria das pessoas, você nem imagina com que idade elas andaram ou falaram, não é? É porque a informação não faz a menor diferença para o futuro.Veja o que esperar do desenvolvimento entre 1 ano e 1 ano e meio ou do desenvolvimento de 1 ano e meio a 2 anos Coloque dois pais e mães de primeira viagem juntos e logo surgirá a pergunta: "seu bebê dorme bem"? Infelizmente, nesse quesito não há como comparar: alguns bebês dormem como anjinhos, enquanto outros lutam contra o sono com toda a força de seus corpinhos. Por isso, para muitos pais, é difícil lidar com essa disparidade sem se estressar. "Quando seu bebê não dorme a noite toda, e sua amiga se gaba de que o dela dorme profundamente, você quer matá-la", brinca Jenna McCarthy, autora de The Parent Trip: from high heels and parties to highchairs and potties (A viagem da maternidade: do salto alto e baladas a cadeirões e penicos). Não caia nessa armadilha: Assim como todas as etapas de desenvolvimento, o sono também varia de bebê para bebê. O que funciona bem para uma criança pegar no sono pode deixar outra mais desperta. Você pode até perguntar para a sua amiga o que ela faz para o bebê dormir, mas é muito grande a chance de que ela seja apenas muito sortuda.Em vez de se preocupar com os bebês que dormem, concentre-se em encontrar uma solução para que você possa dormir um pouco melhor, dentro da realidade do seu bebê. Quando o jogo da comparação do sono começar, mude de assunto ou caia fora. Uma hora isso vai ser um assunto do passado. Eles até podem ser nossos filhos, mas não somos donos dos temperamentos das crianças que temos em casa. Assim como a cor dos olhos, muitos traços de personalidade são inatos. Ainda assim, é difícil não morrer de vergonha quando um filho grita e corre histericamente pela livraria ou é mal-educado ao conhecer uma pessoa. Para muitas famílias, levar o filho a restaurantes é quase uma tortura, porque a situação sempre desencadeia comparações negativas, já que as crianças dos outros parecem sempre mais bem comportadas, sentadinhas em suas cadeiras. "Como outras crianças podem ficar tão contentes desenhando com giz de cera, enquanto meu filho está mais interessado em atirar o giz de cera longe?", se pergunta uma leitora. Não caia nessa armadilha. A menina calminha pode muito bem ter tido um ataque de birra aquela mesma manhã. Claro, você deve repreender seu filho quando ele fizer algo propositalmente destrutivo, desagradável ou perigoso. Mas sempre procure enxergá-lo como uma criança, e não em comparação a outras crianças. Quando se trata da personalidade do seu filho, a aceitação pura e simples é a chave. Se você é supersociável e seu filho até se encolhe de tão envergonhado, ou se você gosta de esportes, mas o seu filho foge só de ver a bola, você pode ter de fazer algum esforço para compreender e admirar o jeito dele. No entanto, este é um dos melhores presentes que você pode dar ao seu filho. "Eu cheguei à conclusão de que não iria beneficiar a minha filha se eu gastasse meu tempo comparando-a a outras crianças. Quero que ela cresça com a autoconfiança de que ela é única", diz uma mãe.Um novo bebê pode ser uma enorme pressão sobre um relacionamento, e ter uma amiga com um "parceiro perfeito" não torna as coisas mais fáceis. "Meu parceiro nunca se propôs a cuidar do bebê para eu dormir. Enquanto isso, o parceiro da minha amiga insiste para que ela durma até mais tarde nos finais de semana enquanto ele cuida do bebê, limpa a casa, lava a roupa e, em seguida, a acorda com um delicioso café da manhã na cama. Não é frustrante?", diz uma leitora do BabyCenter. Não caia nessa armadilha: Em primeiro lugar, lembre que, a menos que more na mesma casa que o outro casal, você não sabe a história toda. Eles podem estar lidando com dificuldades sobre as quais você não faz a menor ideia. Em segundo lugar, valorize as coisas que seu parceiro faz. "Demorou para eu fazer uma autorreflexão e perceber que, se eu conseguia perdoar minhas imperfeições quando me comparava a outras mães, poderia ter essa mesma atitude em relação ao meu marido", conta a mesma leitora.Se o seu parceiro não está colaborando tanto quanto você gostaria ou precisa, você não tem que apenas suportar calada. Mas gritar: "Por que você não pode ser como o marido da fulana?" provavelmente não vai ajudar. Para alternativas, confira nosso artigo sobre como melhorar a comunicação com seu parceiro. A casa da sua amiga que também teve bebê está limpa, ela cozinha superbem e as roupas dela estão sempre bem passadas. Enquanto isso, sua casa é um desastre e você não se lembra nem do que comeu nos últimos três dias. "Por que não posso ser como ela?" você se pergunta. Não caia nessa armadilha: Comparar-se negativamente com uma "supermãe" só vai fazer você sentir-se derrotada e esgotada. Procure pensar nas suas próprias qualidades como mãe. Do que você tem mais orgulho? Isso não significa que você não possa melhorar em certas áreas, se é isso o que você quer. Nesse caso, deixe a sua inveja servir como uma fonte de inspiração em vez de amargura. Não tem nenhum problema pedir conselhos e copiar estratégias que funcionam com outras mães. Tente se concentrar nos pontos da sua casa que mais incomodam você. Você quer morrer quando vê a sala bagunçada? Dedique toda sua energia a mantê-la sempre em ordem, mesmo que isso signifique atrasar mais a lavagem da roupa. Estabeleça as prioridades e se dedique a elas, mas baixe muito o nível de exigência no resto. E, principalmente, não se compare a nada que seja irreal. Leia também sobre como lidar com a culpa e sobre sinais preocupantes de atraso no desenvolvimento
Comparar crianças causa danos psicológicos que podem perdurar até a fase adulta e afetar uma vida toda. A comparação gera problemas na autoestima, tanto para o que leva a pior quanto para o que leva a vantagem, ambos porque perdem o referencial de si mesmos, para menos ou para mais. Em geral, os que sempre saem perdendo, acabam se tornando muito mais inseguros, enquanto os que levam a melhor, acabam se tornando exageradamente confiantes, vendo a si mesmos de forma ilusória, até mesmo narcisista. Antes dos psicólogos afirmarem isto, eu já sabia por experiência própriaA minha infância foi muito boa, não vou negar. Mas isto não muda o fato de que vivo até hoje atormentada pela insegurança, por conta de comparações com outras crianças. Por exemplo, quando me lembro de como as minhas avós (ambas) não faziam a menor questão de esconder a preferência delas por outras netas que não eu e como isto me afetava, ainda dói. Me lembro como eu me esforçava para agradá-las, tentando ser o mais parecido possível com tudo o que elas narravam como sendo bom e, mesmo assim, ainda era invisível aos olhos delas. Quer dizer, era pior do que invisível, especialmente com a minha avó paterna, porque ela não apenas não notava minhas qualidades e esforços, como fazia questão de viver me comparando com as primas que ela considerava preferidas e sempre ressaltando o que, para ela, eram defeitos meus. Eu nunca quis ter outro filho para não cometer o erro que vi os adultos cometerem comigoQualquer pessoa que já tenha conversado comigo sobre eu ter mais filhos, sabe que eu nunca quis outro por puro medo de cometer os erros que os adultos cometeram comigo. E o principal deles é o de comparar filhos, netos, sobrinhos. Tudo isso, porque vivi na pele este tipo de situação e posso dizer: é uma das piores coisas que um adulto possa fazer. No entanto, a maioria absoluta faz! E é sempre o mesmo modus operandi: geralmente, aquele que mais se esforça para ser notado, para chegar mais próximo do que acredita que aquele adulto considera bom, é o que fica para trás. Eu não sei bem explicar o motivo disto, mas me mata ver este tipo de atitude sendo perpetuada entre mães e filhos, avós e netas, tias e sobrinhas. E o meu maior medo é ser mais uma a perpetuar esta atitude. Especialmente, desprestigiando aquela que mais se esforça a estar sempre presente, em demonstrar cuidado e afeto, por exemplo. Uma das coisas que vemos muito, é adultos criticando uns em detrimento de outros. “Ah, mas fulano fez tal coisa. Você não faz nem tal”. Não sei onde algum adulto quer chegar com isto, mas é certo que a única coisa que ele conseguirá, é desmotivar de vez aquela criança. Talvez, se a abordagem fosse diferente, ressaltando as qualidades de cada um PARA CADA UM e não para o outro e nem criticando um e elogiando o outro, especialmente para terceiros, os resultados fossem melhores. Mas esta ideia de criticar o jovem para terceiros enquanto ele ouve e, pior, elogiando o primo, o irmão, o amigo? Não tem outro resultado, senão o de piorar tudo. Aprendi a valorizar mais as atitudes positivas do que as negativasMinha filha apronta muitas, a exemplo de quando ela mesma escreveu um texto sobre o dia em que mentiu para ir a uma festa. No entanto, ela tem inúmeras qualidades. Por exemplo, eu não conheço nenhuma adolescente mais generosa e preocupada em estar próxima dos avós do que ela. Geralmente adolescentes nem ligam para os avós. Também não conheço alguém mais ponderada e tranquila do que ela. Ela nunca se exalta. Ela tem defeitos? Claro que tem! Mas as qualidades dela são muito maiores que qualquer um deles. Afinal, são qualidade que a fazem um ser humano acima da média, melhor do que a maioria. Não são meras qualidades tolas. Então é meu dever ressaltar as qualidades, para que quando ela PRECISAR de uma crítica, não ache que só tem defeitos. Mas que veja que APESAR DE SUAS QUALIDADES, ali está um ponto onde ela precisa melhorar. Não é frescura cuidar da saúde psicológica das criançasClaro que haverão muitos que dirão que é frescura. Por estes, lamentamos a ignorância. Afinal, ignorar questões psicológicas na formação do indivíduo, nada mais é do que ignorância. Cuidar para que as crianças tenham o mínimo de questões mal-resolvidas possível, não é frescura. É amor! E quanto à minha filha, no que depender de mim, ela não sofrerá dos mesmos traumas que eu. ♥ |