O que da colica no bebe

O bebê nasce, mama e faz cocô sem problemas nas três primeiras semanas de vida. De repente, começa a ter acessos de choro, desses acompanhados por contorcionismos de braços e pernas, punhos fechados e gritos inconsoláveis. É o início da época da cólica, que dura até por volta dos 3 meses e faz parte do desenvolvimento infantil. Apesar de comum — um em cada quatro bebês pena com o quadro —, a cena assusta, e seus efeitos nos pais estão longe de serem irrelevantes.

Em pesquisa recente com mil mães, duas em cada três afirmaram que a cólica tem alto impacto na rotina familiar. Privação de sono e cansaço são as queixas mais comuns, relatadas por 69% das respondentes. Já os sentimentos de tristeza e impotência abalam 53% das entrevistadas. Realizado pela marca de remédios antigases Luftal, o levantamento traz à tona uma realidade já conhecida nos consultórios.

“As crises geram desespero e angústia na família. E isso dificulta o manejo da situação”, observa a médica Mariane Franco, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Quando o sofrimento do pequeno desestabiliza os pais, a tensão pode piorar a dor. “Nessa fase, mãe e bebê vivem um processo simbiótico. Então, o que afeta um certamente afetará o outro”, explica a enfermeira Juliana de Oliveira Marcatto, professora da Universidade Federal de Minas Gerais.

Além dos fatores psicossociais, o tipo de dieta da criança e o perfil de sua microbiota são determinantes para o surgimento do aperto na barriguinha. Mas, em vários casos, a encrenca é apenas reflexo da imaturidade do sistema gastrointestinal.

Entenda: durante a digestão, a fermentação do leite faz com que o intestino dilate e acumule gases. Como o órgão ainda não se movimenta como deveria, há contrações involuntárias e a evacuação não acontece como manda o figurino. É nesse cenário de alterações inerentes ao desenvolvimento que aparece a dor.

As principais características de uma crise de cólica

Período crítico: Em geral, a dor começa no fim do dia, quando o bebê está cansado e o metabolismo passa a funcionar no modo noturno, mais lento.

Tempo certo: Para o diagnóstico, há uma regra de três: o ataque deve durar pelo menos três horas por dia e ocorrer mais de três dias por semana, durante três semanas seguidas.

Choro diferente: Ele fica mais intenso. Para ter certeza de que a cólica é a causa do berreiro, exclua outras possíveis causas, como fome, sono, frio e calor.

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Mexe-mexe: O bebê fica irritado, com o rosto vermelho, tem contrações visíveis no abdômen, enrijecimento muscular e torções pelo corpo.

O que fazer na hora da cólica

O mais indicado na hora do berreiro é acalmar o bebê. Afinal, pouco se pode fazer para realmente dar fim ao tormento. Alguns medicamentos chamam a atenção, como os que capturam os gases no aparelho digestivo. A categoria é segura, já que não há absorção pela corrente sanguínea, mas seu uso gera controvérsias.

“A produção de gases é um sinal de que a digestão está ocorrendo normalmente, e as bolhas ajudam a empurrar o cocô. Por isso, a falta delas ocasionaria outro problema”, avisa o pediatra Ary Lopes Cardoso, chefe do Serviço de Nutrologia do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo.

Esses e outros remédios só devem ser utilizados por indicação do pediatra. Falando nele, 91% das mães disseram, na pesquisa, considerá-lo a principal fonte de informações contra a cólica. Ainda assim, há espaço para confusões sobre o tema. Por exemplo: 70% das mulheres acreditam em um elo direto entre o que elas comem e as crises. Só que não existe comprovação científica disso.

“A proteína do leite é o único composto ingerido pela mãe que pode influenciar, mas é preciso que a criança tenha alergia. E essa é uma exceção, não a regra”, esclarece a pediatra Cristiane Boé, do Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. Para suspeitar de algo mais sério, os sintomas devem ir além das lágrimas, incluindo irritação excessiva, baixo ganho de peso e até sangramento nas fezes.

Outro mito é de que o sufoco nessa fase levaria a um comportamento mais irritadiço no futuro — não há nenhuma prova a favor dessa história. O que se sabe é que ninguém precisa deixar o bebê chorando por medo de que ele fique “mal acostumado”. Na realidade, a dor intensa sem o contraponto do consolo estressa o pequeno e pode ter consequências negativas no equilíbrio mental e na maneira como ele responde à dor.

Na dúvida, bata um papo com o médico. E tenha em mente que essa fase vai passar. Porque, acredite, vai mesmo.

Colaborou: Marcus Renato de Carvalho, pediatra e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável técnico da pesquisa de Luftal

O seu bebê (menor do que 100 dias) tem períodos de agitação regulares, todos os dias e parece que você não pode fazer nada para confortá-lo?

Isso é muito comum, especialmente entre a tarde e a meia-noite, justamente quando você também está se sentindo cansada dos trabalhos do dia. Esse período de mau humor pode ser como uma tortura, especialmente se você tiver outras crianças ou trabalho a fazer, mas, felizmente, não dura muito tempo. A permanência dessa agitação dura cerca de três horas por dia por seis semanas e, então, declina para uma ou duas horas por dia até o 3º ou 4º mês, quando desaparece.

Acalmando o bebê após poucas horas, o resto do dia é relativamente tranquilo, não há razão para alarme.

O que fazer
Se o choro do nenê não para, mas se intensifica e persiste ao longo da tarde ou da noite, pode ser causado por cólicas do recém-nascido. Cerca de 1/5 de todos os bebês desenvolve cólica, geralmente entre a segunda e a quarta semanas. Ele chora inconsolavelmente, muitas vezes gritando, agitando as pernas e os braços. Seu estômago pode estar distendido com gases. O choro pode ocorrer a qualquer hora, embora, frequentemente, piore no início da noite.

Infelizmente, não há explicação definitiva sobre por que isso acontece. Na maioria das vezes, a cólica significa simplesmente que a criança é extraordinariamente sensível à estimulação ou também por ter um sistema nervoso imaturo. Conforme ela amadurece, essa incapacidade de consolar-se, marcada pelo choro constante, vai melhorar. Geralmente, para por volta dos 3 ou 4 meses, mas pode durar até os 6 meses de idade.

Às vezes, nos bebês em aleitamento materno, a cólica pode ser um sinal de sensibilidade a um alimento da dieta da mãe, especialmente à cafeína. O desconforto pode ser causado mais raramente pela sensibilidade à proteína do leite de vaca.

Cólica também pode sinalizar um problema médico, como uma hérnia ou algum tipo de doença. Por isso, converse com seu pediatra tentando caracterizar o melhor possível os sintomas.

Embora não se tenha muito que fazer a não ser esperar pela melhora, existem várias coisas que talvez valha a pena tentar. Primeiro, é claro, consultar seu pediatra para se certificar de que o choro não está relacionado a qualquer condição médica séria que necessite de tratamento. Em alguns casos, ele poderá receitar algum medicamento.

Pergunte a ele qual das seguintes medidas seriam mais úteis:

  1. Se você está amamentando, pode tentar eliminar os produtos lácteos e a cafeína de sua própria dieta.
  2. Se você está alimentando com fórmula para bebês, fale com seu pediatra sobre uma fórmula de hidrolisado de proteína.
  3. Se a sensibilidade aos alimentos está causando o desconforto, as cólicas devem diminuir dentro de alguns dias após essas mudanças.
  4. Não alimente seu bebê a todo o momento, o que pode ser desconfortável. Em geral, tente esperar pelo menos 2h ou 2h30 entre o início de uma alimentação e o início da seguinte.
  5. Uma caminhada com seu bebê no carrinho pode acalmá-lo.
  6. O contato corporal e o movimento irão tranquilizá-lo, mesmo se o desconforto persistir. Balance um pouco ou cante suavemente, pois movimentos rítmicos constante e um som calmante podem ajudar o bebê a adormecer.
  7. Introduzir uma chupeta. Enquanto alguns bebês amamentados podem recusá-la, poderá fornecer alívio imediato para outros.
  8. Deite o bebê de barriga para baixo em seus joelhos e esfregue suas costas ou faça massagem em seu abdome. A pressão contra a barriga pode ajudar a confortá-lo.
  9. Enrole-o em um fino cobertor grande, para que se sinta seguro e aquecido.
  10. Quando você se sente tensa e ansiosa, procure se afastar do bebê, mesmo por uma ou duas horas. Isso vai lhe ajudar a manter uma atitude positiva e menos irritada.

Autor: Dr. José Luiz Setúbal
Fonte: Cuidando do seu Bebê e da Criança Pequena: Birth to Age 5
(Copyright © 2009 Academia Americana de Pediatria)

O que da colica no bebe
Bebê com cólica precisa de massagem, colo e carinho (Foto: Shutterstock)

Os pais de recém-nascidos logo identificam o choro de cólica – é aquele mais agudo e sofrido, em que o bebê aparenta dor e desconforto. Mas não precisa se desesperar, porque o comportamento não está associado a nenhuma doença. Na verdade, as cólicas (contrações da musculatura abdominal) são naturais e esperadas, isto é, fazem parte do desenvolvimento da criança. Elas acontecem nos primeiros três meses de vida porque seu filho está se acostumando a digerir o leite e a flora intestinal dele ainda não está formada. É uma adaptação necessária para que o corpo da criança aprenda a lidar com o volume do alimento e também com os gases.

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ATÉ QUANDO ELAS VÃO APARECER?

O mal-estar dura em média três meses, tempo que o organismo leva para amadurecer o mecanismo da digestão. No terceiro mês após o nascimento, o bebê completa um ciclo de 12 meses desde a fecundação, ou seja, 1 ano, contando o período de vida intrauterina. É nessa fase que ele deixa de ser um recém-nascido. No 4° mês, a flora intestinal está formada e o cérebro e o intestino já se entendem melhor. Então, as cólicas deixam de ocorrer. Caso elas persistam por muito mais tempo, busque a orientação de um pediatra para investigar o caso. Há crianças, por exemplo, que têm refluxo, doenças inflamatórias intestinais ou alergia a proteína do leite de vaca (e a ingestão desse alimento em excesso pelas mães pode provocar dor no bebê). O consumo de fórmulas de leite não apropriadas ao recém-nascido também costuma causar cólicas. Nessas situações, cabe ao pediatra ajustar a dieta da mãe (quando houver excessos) e a dieta do bebê, se não estiver adequada.

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Curso SOS Maternidade (Foto: Divulgação)

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SERÁ QUE É CÓLICA?

Veja alguns sinais básicos para identificar o problema:

1. O bebê chora sem parar2. Você já o alimentou, trocou a fralda, verificou se não era frio ou calor, e mesmo assim seu filho continua chorando3. Ele se contorce e flexiona as perninhas em direção ao abdome4. A barriga fica endurecida5. Ele solta gases6. O rosto fica avermelhado7. As mãos ficam com os punhos fechados

8. A expressão do rosto é de dor e sofrimento

O que da colica no bebe
Bebê chorando; mãe; colo (Foto: Thinkstock)

COMO ALIVIAR AS CÓLICAS

*Mantenha-se tranquilo para poder aclamar a criança.*Dê colo e carinho para o bebê na hora do choro.*Deite-o de bruços e embale-o nos braços.*Coloque a barriguinha dele em contato com o seu abdome: calor e aconchego ao mesmo tempo são imbatíveis!*Esquente um pano a ferro ou opte por bolsa de água quente. Tome cuidado para não esquentar demais e nunca encoste a superfície quente direto na pele da criança. Envolva-a em um pano. Em lojas de artigos para bebês há bolsas térmicas de gel.*Fique com o seu filho em um ambiente aconchegante, à meia luz e, se puder, coloque uma música relaxante.*Apesar de o peito acalmar a criança, evite amamentá-la, pois a sucção estimula as contrações intestinais, o que agrava as dores.*Massagens circulares em sentido horário no abdômen e ao redor do umbigo ajudam a soltar os gases. Passe a mão com um pouquinho de óleo de bétula ou de amêndoa. Isso aquece o local e acalma o bebê.

*Exercícios com as pernas também contribuem para diminuir as dores e soltar gases. Deite o bebê de costas e flexione as suas perninhas sobre o abdome.

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HÁ REMÉDIO?

É possível utilizar produtos para aliviar o desconforto, desde que eles sejam prescritos pelo pediatra do seu filho. Os probióticos, por exemplo, à base de lactobacilos, costumam diminuir a dor porque contribuem com a formação da flora intestinal do bebê. Também há medicamentos específicos, os antiespasmódicos, que podem ajudar. Mas lembre-se: o pediatra é quem deve receitá-los e orientar como usar. 

FONTES CONSULTADAS: Alessandra Cavalcante Fernandes, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco (SP);  Mariane Franco, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); e Nelson Douglas Ejzenbaum, médico pediatra e neonatologista, membro da SBP.

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