O mapa abaixo fixou fronteiras artificiais o que isso significa

Uma fronteira artificial é aquela fronteira que foi constituída por meios criados pelo homem e, portanto, diferente dos naturais.

Os meios que delimitam as bordas artificiais podem ser construções, objetos, diferenças culturais ou linhas imaginárias estabelecidas por meio de cálculos e expressas na forma de coordenadas geográficas nos mapas.

O mapa abaixo fixou fronteiras artificiais o que isso significa

Fronteira México-EUA

A principal característica das fronteiras artificiais é que elas foram criadas pelo homem, e não pela natureza.

Portanto, diferem das fronteiras naturais, pois sustentam seus limites em características naturais que foram produzidas por características geográficas, como montanhas, rios, vales, entre outros. Limites artificiais são aqueles que não dependem de características naturais.

Embora na linguagem cotidiana o termo fronteira seja usado em sentido estrito para se referir àquela linha que constitui o limite entre dois países, no mundo acadêmico o termo denota uma região inteira compartilhada entre dois países, muito mais ampla que a linha dividindo entre eles. Neste artigo, vamos nos referir ao termo fronteira em seu sentido restrito .

A fronteira artificial cumpre a mesma função da fronteira natural de demarcar a fronteira existente entre dois territórios, com a única diferença de que é criada pelo homem por meios artificiais.

Legalmente, no Direito Internacional, não há diferença entre limites artificiais e naturais.

Tipos de bordas artificiais

Segundo autores diferentes, existem três tipos de bordas artificiais:

Barreira artificial

Barreiras artificiais são aquelas fronteiras artificiais que são fisicamente construídas no lugar do limite que se pretende estabelecer.

Podem ser, por exemplo, paredes, pontes, monumentos ou bóias no mar. Em algumas ocasiões, essas barreiras são construídas com objetivos políticos entre dois países ou territórios.

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Borda geométrica

São limites artificiais estabelecidos usando medidas geométricas como referência dos limites.

Essas medidas podem ser, por exemplo, na forma de coordenadas geográficas (latitude e longitude), ou na forma de medições quilométricas, milhas náuticas, pontos cardeais, entre outros.

Fronteira cultural

Uma fronteira cultural é aquela que separa duas ou mais áreas culturais, esses territórios geográficos nos quais padrões culturais comuns são identificados repetidamente.

Por esse motivo, nesse caso, o limite da fronteira é estabelecido no ponto que separa duas áreas culturais diferenciadas.

Exemplos de fronteiras artificiais

Muro de Berlim

O antigo Muro de Berlim é um bom exemplo de uma borda artificial do tipo barreira artificial. Este muro foi construído na cidade alemã de Berlim em 1961, ano em que a Alemanha foi dividida em duas repúblicas independentes: a República Federal Alemã e a República Democrática Alemã.

Sua construção teve como objetivo separar e diferenciar o território de Berlim pertencente à República Federal da Alemanha, do território da República Democrática Alemã.

Portanto, esse muro não apenas dividiu a cidade em duas – Berlim Oriental (RDA) e Berlim Ocidental (RFA) – mas também separou Berlim Ocidental do resto do território da Alemanha Democrática que a cercava.

O muro tinha um total de mais de 120 quilômetros de comprimento e 3,6 metros de altura e serviu, até 1989, como uma fronteira artificial imposta pelos alemães, dada a sua situação política na época.

Por outro lado, esse muro também constituía, de certa forma, uma fronteira artificial no nível político-cultural, uma vez que as duas repúblicas alemãs representavam duas ideologias políticas enfrentadas por muitos anos na chamada “Guerra Fria”.

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A RDA representou o sistema comunista de governo, e a RFA representou o oeste capitalista. Durante os anos de sua existência, o Muro que dividia as duas repúblicas foi um símbolo importante e incontestável dessa acentuada diferenciação ideológica.

Muro de fronteira entre o México e os Estados Unidos

O muro localizado na fronteira entre os Estados Unidos e o México é uma cerca de segurança construída pelos Estados Unidos desde 1994, que, embora esteja localizada nos limites naturais previamente estabelecidos entre os dois países, também funciona atualmente como Uma borda artificial.

Seu objetivo declarado pelo governo dos Estados Unidos é impedir a entrada ilegal de imigrantes no país, para que se possa dizer que, de certa forma, é uma fronteira com funções políticas – especificamente de segurança – impostas pelo governo dos EUA.

Essa parede cobre uma extensão total de 3.180 quilômetros e é equipada com detectores de movimento, refletores de luz de alta intensidade, equipamentos de visão noturna, vigilância permanente, sensores eletrônicos e três barreiras de contenção.

O Treriksröset : fronteira entre a Suécia, Finlândia e Noruega

“Treriksröset” é o nome dado a um monte de pedra localizado na fronteira entre os países nórdicos da Suécia, Finlândia e Noruega.

Essa construção foi erguida artificialmente para representar o ponto em que as fronteiras das três países se encontram, o que a constitui como uma fronteira artificial.

O Treriksröset é o ponto mais ao norte da Suécia e o ponto mais ocidental da Finlândia.

Fronteiras marítimas

A medição com base na qual as fronteiras marítimas são estabelecidas é um exemplo de fronteiras artificiais estabelecidas com base em cálculos geométricos.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar é um tratado internacional, assinado por 167 Estados, com base no qual os territórios marítimos das partes signatárias são delimitados, que por sua vez são subdivididos em diferentes categorias: mar territorial, área zona econômica exclusiva e contígua e plataforma continental.

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A soberania dos países e as atividades que podem ser realizadas dentro de cada uma dessas categorias variam. Cada uma dessas zonas é medida geometricamente.

Assim, por exemplo, de acordo com esta Convenção, todos os Estados signatários têm o direito de delimitar a largura de seu mar territorial até um limite de 12 milhas náuticas a partir de uma linha de base determinada pela mesma Convenção.

Da mesma forma, a Zona Contígua é a área adjacente ao mar territorial e não pode se estender mais de 24 milhas náuticas a partir da linha de base do país.

Finalmente, a Zona Econômica Exclusiva é a área marítima que não pode se estender a mais de 200 milhas náuticas a partir da linha de base.

Referências

  1. ÁLVAREZ, L. (2007). Direito Internacional Público [online]. Acessado em 12 de julho de 2017 na World Wide Web: books.google.com
  2. FERNÁNDEZ, M. (2008). Historiografia, metodologia e tipologia de fronteiras [online]. Acessado em 12 de julho de 2017 na World Wide Web: gazines.um.es
  3. GUO, R. (2013). Economia Regional-Fronteira [online]. Acessado em 10 de julho de 2017 na World Wide Web: books.google.com
  4. NWEIHED, K. (1992). Fronteira e fronteira em sua estrutura global: Uma abordagem para “fronteira” [online]. Acessado em 10 de julho de 2017 na World Wide Web: books.google.com
  5. WikipediaWikipedia A Enciclopédia Livre [online]. Acesso em 10 de julho de 2017 na World Wide Web: wikipedia.org.

José Francisco Botelho

Erro – Dividir a África e o Oriente Médio sem levar em conta as diferenças étnicas, linguísticas e religiosas dos povos locais.

Quem – Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália e Portugal.

Quando – Em 1884 (partilha da África) e na virada de 1915 para 1916 (divisão do Oriente Médio).

Consequências – Conflitos violentos motivados por diferenças étnicas ou religiosas e ascensão de ditadores sanguinários ao poder.

Entre o final de 1915 e o início de 1916, enquanto milhares de soldados morriam nas trincheiras da 1ª Guerra Mundial, dois diplomatas redesenhavam o mapa do Oriente Médio. Armados de réguas e compassos, eles inventaram fronteiras, misturaram etnias, embaralharam religiões e plantaram a semente do caos político na região. Um era o secretário de Estado inglês sir Mark Sykes. Seu colega era François-Édouard Picot, um servidor do governo francês. Juntos, eles planejaram dividir as antigas províncias do Império Otomano – um gigante que estava prestes a cair em meio a rebeliões de várias tribos árabes (veja o mapa abaixo).

Com o fim da 1ª Guerra, foram criados países como a Transjordânia (atual Jordânia), o Iraque e o Líbano – todos com fronteiras artificiais. “O traçado arbitrário está na raiz de muitos problemas que o Oriente Médio enfrenta até hoje, como a disputa entre palestinos e israelenses”, diz André Gattaz, professor de História na Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Loteamento africano

À época de Sykes e Picot, no entanto, a invenção de países com fronteiras artificiais já não era novidade. Desde o século 19, as grandes potências colonialistas andavam alterando mapas ao redor do mundo, principalmente na África. Em 1884, o chanceler alemão Otto von Bismarck convidou embaixadores de vários países ocidentais para uma série de reuniões que definiriam os contornos do continente africano. Ao final das conversações (conhecidas como Conferência de Berlim), 53 países tinham sido inventados.

As divisões entre cada estado visavam apenas os interesses europeus, sem respeitar diferenças étnicas, linguísticas ou religiosas dos povos locais. Para manter a dominação sobre esses Estados improvisados, os colonizadores utilizaram a velha tática de dividir para governar: aliciaram grupos nativos, transformando-os em leões de chácara das metrópoles européias. Em Ruanda, por exemplo, os franceses favoreceram a etnia tutsi. Quando a colônia passou ao domínio belga, os beneficiados foram os hutus. Resultado: após a independência, os dois grupos mergulharam num conflito que resultou no genocídio de 1994, quando cerca de 800 mil tutsis foram massacrados.

Colcha de retalhos

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Após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a maioria das colônias na África e no Oriente Médio ganhou independência. Em vez de países, no entanto, muitas viraram apenas formas geométricas com dezenas de etnias dentro. Sem unidade nacional, o único jeito de manter coesão era a força bruta. Em alguns casos, as antigas metrópoles ajudaram ditadores a tomar o poder. Foi o caso de Mobutu Sese Seko, no Zaire (leia mais no quadro à esquerda). Moral da história: mesmo depois da partida dos colonizadores, os leões de chácara continuaram no poder.

Herança maldita
Alguns tiranos que os colonizadores europeus ajudaram a inventar

Ditador: Félix Houphouët-Boigny.
No poder: de 1960 a 1993. País: Costa do Marfim.

Ex-colônia: da França.

Ditador: Mobutu Sese Seko.
No poder: de 1965 a 1997. País: Zaire (atual República Democrática do Congo).

Ex-colônia: da Bélgica.

Ditador: Francisco Macías Nguema.
No poder: de 1968 a 1979. País: Guiné Equatorial.

Ex-colônia: da Espanha.

Ditador: Mohamed Siad Barre.
No poder: de 1969 a 1991. País: Somália.

Ex-colônia: da Itália.

Ditador: Idi Amin.
No poder: de 1971 a 1979. País: Uganda.

Ex-colônia: do Reino Unido.

Na raiz do problema
Três guerras recentes com origens ligadas às fronteiras impostas pelas potências coloniais

1990 – Invasão do Kuwait
Aos olhos do então líder iraquiano, Saddam Hussein, a linha que separava seu país do Kuwait nunca tinha existido de fato, era só mais uma invenção dos europeus. Reservas de petróleo, portanto, não explicam sozinhas a invasão de 1990, que desencadeou a 1ª Guerra do Iraque.

1998 – Guerra civil do Congo
Após a independência, em 1960, o antigo Congo Belga virou um dos países mais conturbados do mundo. As etnias rivais confinadas em suas fronteiras mergulharam numa brutal guerra civil entre 1998 e 2003. O número de mortos passou de 5 milhões, o que fez desse conflito o mais sanguinário desde a 2ª Guerra Mundial.

Em curso – Guerra civil da Líbia
No início do século 20, a Itália criou a Líbia juntando três antigas províncias romanas. A independência veio em 1951, mas sem que o país desfrutasse de unidade. Em 1969, Muammar Gaddafi tomou o poder com um golpe de Estado. Manteve a Líbia unida por meio da força. E só caiu em 2011 depois de uma violenta revolta popular. Agora, o futuro do país é totalmente incerto.