Como saber se fui picada por um barbeiro

Muitas pessoas acreditam que a transmissão da doença de chagas se dá pela picada do Barbeiro, um tipo de inseto que tem hábitos noturnos e costuma se abrigar em frestas e pequenos buracos dentro das residências, além de poder ser encontrado também em ninhos de pássaros, embaixo de pedras e em cascas de árvores.

Na verdade, o protozoário que causa a doença é eliminado pelo Barbeiro em suas fezes. Quando a pessoa que leva uma picada do inseto coça esse local, pode levar as fezes eliminadas pelo inseto para a região da ferida. Assim, o protozoário acaba entrando na corrente sanguínea da pessoa, causando a doença de chagas.

O ciclo da doença de chagas acontece por meio do Barbeiro, que fica contaminado com o protozoário ao picar algum animal que tenha a doença. Ele é o único transmissor da doença de chagas para o ser humano.

Outras formas de transmissão da doença de chagas incluem a infecção de mãe para filho, durante a gravidez, e a transmissão que acontece por meio do compartilhamento de agulhas contaminadas.

Já foram registrados casos de doença de chagas transmitida pela via oral, em pacientes que tomaram caldo de cana ou açaí que havia sido contaminado pelas fezes do Barbeiro. Isso é mais comum nas zonas onde a doença de chagas é endêmica.


Como saber se fui picada por um barbeiro

É uma doença transmissível causada por um parasito e transmitida principalmente através do inseto “barbeiro”. O agente causador é um protozoário denominado Trypanosoma cruzi. No homem e nos animais, vive no sangue periférico e nas fibras musculares, especialmente as cardíacas e digestivas. Os barbeiros abrigam-se em locais muito próximos à fonte de alimento e podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras. Nas casas escondem-se nas frestas, buracos das paredes, nas camas, colchões e baús, além de serem encontrados em galinheiro, chiqueiro, paiol, curral e depósitos.

Transmissão: a transmissão se dá pelas fezes que o “barbeiro” deposita sobre a pele da pessoa, enquanto suga o sangue. Geralmente, a picada provoca coceira e o ato de coçar facilita a penetração do tripanossomo pelo local da picada. O T.cruzi contido nas fezes do “barbeiro” pode penetrar no organismo humano, também pela mucosa dos olhos, nariz e boca ou através de feridas ou cortes recentes existentes na pele. Podemos ter ainda, outros mecanismos de transmissão através de: transfusão de sangue, caso o doador seja portador da doença; transmissão congênita da mãe chagásica, para o filho via placenta; manipulação de caça (ingestão de carne contaminada) e acidentalmente em laboratórios.

Sintomas:

Fase aguda: febre, mal estar, falta de apetite, edemas (inchaço) localizados na pálpebra ou em outras partes do corpo, aumento do baço e do fígado e distúrbios cardíacos. Em crianças, o quadro pode se agravar e levar à morte. Freqüentemente, nesta fase, não há qualquer manifestação da doença, podendo passar desapercebida.

Fase crônica: nessa fase muitos pacientes podem passar um longo período, ou mesmo toda a sua vida, sem apresentar nenhuma manifestação da doença, embora sejam portadores do T.cruzi. Em outros casos, a doença prossegue ativamente, passada a fase inicial, podendo comprometer muitos setores do organismo, salientando-se o coração e o aparelho digestivo.

Tratamento: as drogas hoje disponíveis são eficazes apenas na fase inicial da enfermidade, daí a importância da sua descoberta precoce.

Prevenção: baseia-se principalmente em medidas de controle ao “barbeiro”, impedindo a sua proliferação nas moradias e em seus arredores. As atividades de educação em saúde devem estar inseridas em todas as ações de controle, bem como, as medidas a serem tomadas pela população local, tais como:

– melhorar a habitação, através de reboco e tamponamento de rachaduras e frestas; – usar telas em portas e janelas; – impedir a permanência de animais como cão, gato, macaco e outros no interior da casa; – evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior e arredores da casa; – construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro, depósitos, afastados das casas e mantê-los limpos; – retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas; – fazer limpeza periódica nas casas e em seus arredores; – difundir junto aos amigos, parentes, vizinhos, os conhecimentos básicos sobre a doença, transmissor e sobre as medidas preventivas;

– encaminhar os insetos suspeitos de serem “barbeiros” para o serviço de saúde mais próximo.

IMPORTANTE: Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As informações disponíveis em Dicas em Saúde possuem apenas caráter educativo.

Dica elaborada em março de 2.005.

Fontes:

Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo
Fundação Nacional de Saúde. Manual de orientações técnicas para elaboração de projeto de melhoria habitacional para o controle da doença de Chagas

A doença de Chagas é uma infecção provocada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, adquirida por meio do contato com as fezes do inseto barbeiro. A doença de Chagas é também conhecida pelos nomes: mal de Chagas, chaguismo ou tripanossomíase americana.

Transmissão

A maioria dos casos da doença de Chagas é transmitido pela picada de um grupo de insetos da família do percevejo, conhecidos como barbeiro.

As principais espécies de barbeiro que transmitem a doença de Chagas no Brasil são: T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata e T. sordida. 

O T. infestans era outra espécie importante, mas medidas de controle do Ministério da Saúde conseguiram interromper a transmissão da doença de Chagas por este tipo de barbeiro.

O barbeiro é um tipo de percevejo que se alimenta de sangue, podendo transmitir a doença de Chagas através da picada.

Durante ou imediatamente após picar uma pessoa, barbeiro defeca sobre sua pele, eliminando grande quantidade do protozoário Trypanosoma cruzi, permitindo que o mesmo penetre no nosso organismo através da ferida da picada. O ato de coçar o local que foi picado aumenta a chance de contaminação. Os barbeiros costumam se alimentar à noite, sendo capazes picar suas vítimas sem acordá-las.

Como saber se fui picada por um barbeiro

Nem todo barbeiro está infectado com o parasita da doença de Chagas. O barbeiro se contamina ao picar animais que estejam infectados pelo Trypanosoma cruzi. Portanto, o barbeiro adquire o parasita picando uma pessoa infectada, permanece com ele em seu intestino pelo resto da vida e o transmite ao picar uma nova vítima.

É importante destacar que o parasita também é capaz de infectar outros animais além do homem, incluindo cães, gatos, porcos, roedores, gambás, morcegos, etc., sendo estes importantes reservatórios para a transmissão da doença de Chagas para humanos.

Os barbeiros costumam viver em folhas de palmeiras ou em casas de construção rudimentar, como as feitas de pau-a-pique. Galinheiros, chiqueiros e ninhos de pássaros também são locais que podem abrigar o inseto. Pessoas que vivem em áreas infestadas pelo barbeiro são as que apresentam maior risco de serem contaminadas pelo Trypanosoma cruzi.

Outras formas de transmissão da doença de Chagas

A transmissão pela picada do barbeiro é a principal via, mas o Trypanosoma cruzi pode ser adquirido também de outras formas, como:

  • Transfusão de sangue.
  • Transplante de órgãos de doadores infectados.
  • Alimentos contaminados por barbeiros, como caldo de cana ou açaí.
  • Transmissão vertical da mãe para o feto durante a gravidez.
  • Contato de pele ferida, mucosas ou olhos com sangue de pacientes infectados.

Sintomas

Após a contaminação pelo Trypanosoma cruzi, o período de incubação costuma ser de 1 a 2 semanas. Porém, se contaminação tiver sido provocada por transfusão de sangue, os sintomas podem demorar mais de 40 dias para surgirem.

Os sintomas da doença de Chagas são divididos em fase aguda e fase crônica. Vamos falar um pouquinho sobre ambas.

Fase aguda

A fase aguda da infecção pelo T. cruzi dura de 8 a 12 semanas e é caracterizada pela circulação de grandes quantidades do parasita na corrente sanguínea. Nesta fase, a maioria dos pacientes não apresentam sintomas. Quando o fazem, são sintomas leves e inespecíficos, como febre e mal estar. A febre não costuma ser muito alta, ficando ao redor de 37,5 e 38,5ºC. Aumento do tamanho do fígado e do baço também podem ocorrer.

Numa minoria de pacientes, pode surgir um nódulo inflamado no local da picada do barbeiro, conhecido como um chagoma.  Se a picada for ao redor de um dos olhos, é comum surgir um inchaço da pálpebra superior e inferior, conhecido como sinal de Romaña.

A forma grave de doença de Chagas aguda, com alta mortalidade, ocorre em menos de 1% dos pacientes; as manifestações podem incluir miocardite aguda (inflamação do músculo cardíaco), pericardite (inflamação do pericárdio, membrana que envolve o coração) ou meningite. A transmissão do parasita por alimentos contaminados parece estar associada a um maior risco de doença aguda grave.

É bom ressaltar, todavia, que na maioria dos casos, a fase aguda é branda e os pacientes não se dão conta de terem sido infectados pelo T. cruzi. A fase aguda termina quando os parasitas desaparecem da circulação sanguínea.

Fase crônica

Existem três apresentações distintas da forma crônica da doença de Chagas:

I. Forma indeterminada:

São os pacientes que mantém-se infectados pelo Trypanosoma cruzi, porém, permanecem sem sintomas. Muitos desses pacientes nem sequer sabem que estão infectados.

Cerca de 20 a 30% dos pacientes com forma indeterminada da doença de Chagas crônica evoluem para doença sintomática, com acometimento cardíaco ou gastrointestinal, após anos ou décadas de doença silenciosa. Os outros 70% permanecem assintomáticos para o resto da vida.

II. Forma cardíaca:

Aproximadamente 30% dos pacientes que se contaminam com o Trypanosoma cruzi apresentam acometimento cardíaco pela doença. A infecção pelo parasita provoca destruição das fibras musculares do coração, levando a um quadro de insuficiência cardíaca grave (leia: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA | Causas e sintomas). O comprometimento cardíaco é o principal responsável por mortes nos pacientes com doença de Chagas. Morte súbita, arritmias e insuficiência cardíaca terminal são as principais causas.

III. Forma gastrointestinal:

O acometimento do trato gastrointestinal ocorre em 10% dos pacientes com doença de Chagas. Uma dilatação exagerada do cólon (megacólon) ou do esôfago (megaesôfago) são as principais manifestações desta forma de Chagas crônico.

O megaesôfago provoca dificuldade para engolir alimentos e regurgitação frequente. O megacólon se caracteriza por prisão de ventre e dor abdominal.

É possível um mesmo paciente apresentar acometimento cardíaco e gastrointestinal concomitantemente.

Diagnóstico

Durante a fase aguda da doença de Chagas, como há grande quantidade do parasita circulando no sangue, o mesmo pode ser facilmente identificado ao se analisar uma gota de sangue no microscópio. Na fase crônica o diagnóstico é feito através da sorologia (pesquisa de anticorpos no sangue).

Tratamento

Quanto mais cedo for instituído o tratamento contra a doença de Chagas, melhores são os resultados clínicos. Preferencialmente, todo paciente deve ser tratado na fase aguda, tenha ele sintomas ou não. O problema é que como nem todos os pacientes nesta fase estão cientes de estarem contaminados com o Trypanosoma cruzi, a maioria acaba procurando atendimento médico precocemente.

O tratamento precoce tem como objetivos, curar a infecção pelo T. cruzi, prevenir lesões de órgãos, como coração e intestinos, e diminuir a possibilidade de transmissão do protozoário. O paciente que já apresenta a forma crônica, com grave lesão dos órgãos apresenta pouco ou nenhum benefício com o tratamento.

Portanto, pessoas que vivem em áreas onde há casos de doença de Chagas ou que passaram férias recentemente em uma delas, como na Região Norte, mais especificamente no Estado do Pará, devem ter muita atenção a quadros de febre e mal estar, mesmo que estes sejam brandos. Às vezes, é preciso ter um grau de suspeição bem elevado para se detectar a doença de Chagas precocemente.

O Benznidazol é a droga de escolha no tratamento da doença de Chagas aguda. O tratamento deve ser feito por 60 dias e a dose varia de acordo com o peso do paciente. O Nifurtimox é uma alternativa para os casos de intolerância ao Benznidazol. O tratamento com Nifurtimox é feito por 90 dias.

Referências

Como saber se fui picada por um barbeiro