3 releia o trecho: o melhor de nossa tradição lírica o melhor de nossa demonstração moderna

3 releia o trecho: o melhor de nossa tradição lírica o melhor de nossa demonstração moderna

E MTEXTO E ENUNCIAÇÃO Para responder às questões de 1 a 5, leia a seguir o trecho final do “Mani- festo da Poesia Pau-Brasil”, de Oswald Andrade, publicado no jornal Correio da Manh‹, em 1924, texto que representou um marco do movimento mo- dernista brasileiro, estudado por você neste capítulo. [...] O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o re- lógio império da literatura nacional. Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época. O estado de inocência substituindo o estado de graça que pode ser uma atitude do espírito. O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica. A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O me- lhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstra- ção moderna. Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de quí- mica, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia. Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jor- nais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil. (Disponível em: http://www.ufrgs.br/cdrom/oandrade/ oandrade.pdf. Acesso em: 12/1/2016.) 1. Discuta com os colegas e o professor e levante hipóteses: a. Qual é o objetivo de um manifesto, em geral? b. Qual é o objetivo do “Manifesto Pau-Brasil”, especificamente? 2. Em seu texto, Oswald de Andrade opõe dois tipos de literatura, uma tra- dicional e uma nova, proposta por ele e seus contemporâneos. a. Identifique no texto termos e expressões que o poeta utiliza para descrever a literatura tradicional. b. Identifique no texto termos e expressões que o poeta utiliza para descrever a nova literatura proposta pelos modernistas. c. Com base em suas respostas aos itens anteriores, deduza: Qual era, em resumo, a proposta do manifesto para os rumos da poesia moder- nista brasileira? Justifique sua resposta com elementos do texto. d. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Qual a importância da presença de tantos termos descritivos e adjetivos especificamente nesse texto? ciclópico: de enormes dimensões; colossal, gigantesco. etimológico: que se refere ao estudo da origem e da evolução das palavras. livresca: que provém unicamente dos livros e não da experiência. meeting: encontro. ontologia: parte da filosofia que tem por objeto o estudo das propriedades mais gerais do ser, apartada das determinações que os qualificam particularmente e ocultam sua natureza plena e integral. reminiscência: imagem lembrada do passado; o que se conserva na memória; sinal ou fragmento que resta de algo extinto. O sw a ld d e A n d ra d e/ Ilu st ra çã o d e Ta rs ila d o A m a ra l 57O Modernismo. Concordância nominal. O conto moderno e contemporâneo CAPÍTULO 2 PortuguesContemporaneo3_UN1_CAP2_038a063.indd 57 5/12/16 6:07 PM 3. Releia o trecho: “O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna”: a. Quais elementos são colocados em paralelo nesse trecho? b. Entre os dois tipos de literatura expostos na questão anterior, a qual esse trecho se refere e o que ele propõe que seja feito? c. Reescreva-o, começando cada uma das frases pelo pronome nossa e transforman- do o termo melhor em determinante dos substantivos tradição e demonstração. d. Reescreva o trecho do texto e sua resposta do item c, passando os substantivos tradição e demonstração para o plural e fazendo as alterações necessárias. e. Discuta com os colegas e o professor: Qual é a diferença entre a função do termo melhor no trecho do texto e na construção feita por você no item c? 4. Releia os dois últimos parágrafos do texto, discuta com os colegas e o professor e, com base no restante do texto, conclua: a. A qual termo citado anteriormente no texto se referem os adjetivos “Práticos. Ex- perimentais. Poetas” e “bárbaros crédulos, pitorescos e meigos”? Justifique sua res- posta com argumentos morfológicos, que levem em conta a flexão de gênero e número das palavras. b. Levante hipóteses: Por que foi feita essa flexão e não outra? 5. Releia o trecho final: “Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.” a. O que representam essas imagens em relação à proposta do manifesto para a lite- ratura da época? b. Qual efeito de sentido a repetição do termo Pau-Brasil constrói no texto? 6. Leia as frases a seguir: I. Vimos os prédios e as casas enfeitadas para o carnaval. II. As camisas verde e vermelha estão sujas. III. É livre, voluntária e gratuita a participação e o comparecimento. As três frases seguem as regras de concordância da gramática normativa. É possível, entretanto, perceber ruídos ou ambiguidades que podem causar problemas de leitu- ra em todas elas. a. Identifique quais possíveis problemas de leitura pode haver em cada uma. b. Sugira novas redações, que eliminem os problemas apontados no item a. c. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Memorizar regras de concordância é suficiente para produzir bons textos? 58 UNIDADE 1 RuptuRa e constRução PortuguesContemporaneo3_UN1_CAP2_038a063.indd 58 5/12/16 6:07 PM Leia este conto, de Dalton Trevisan: Uma vela para Dario Dario vem apressado, guarda-chuva no braço esquerdo. Assim que dobra a esquina, diminui o passo até parar, encosta-se a uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calçada, ainda úmida de chuva. Descansa na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes à sua volta indagam se não está bem. Dario abre a boca, move os lábios, não se ouve resposta. O senhor gordo, de branco, diz que deve sofrer de ataque. Ele reclina-se mais um pouco, estendido na calçada, e o cachimbo apagou. O rapaz de bigode pede aos outros se afastem e o deixem respi- rar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças de pija- ma acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede – não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É lar- gado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobrem o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las. Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria. Enxame de moscas lhe cobrem o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las. Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados – com vários objetos – de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade, sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade. Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: é a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes. O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo – os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio – quando vivo – só destacava molhando o sabonete. A polícia decide chamar o rabecão. A última boca repete – Ele morreu, ele morreu. E a gente começa a se dispersar. Dario

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Oswald de Andrade / Ilustração de Tarsila do Amaral

Para responder às questões de 1 a 5, leia a seguir o trecho final do "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", de Oswald Andrade, publicado no jornal Correio da Manhã, em 1924, texto que representou um marco do movimento modernista brasileiro, estudado por você neste capítulo.

[...]

O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional.

Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.

O estado de inocência substituindo o estado de graça que pode ser uma atitude do espírito.

O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.

A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.

Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.

Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.

1. Discuta com os colegas e o professor e levante hipóteses:

a. Qual é o objetivo de um manifesto, em geral?

b. Qual é o objetivo do "Manifesto Pau-Brasil", especificamente?

2. Em seu texto, Oswald de Andrade opõe dois tipos de literatura, uma tradicional e uma nova, proposta por ele e seus contemporâneos.

a. Identifique no texto termos e expressões que o poeta utiliza para descrever a literatura tradicional.

b. Identifique no texto termos e expressões que o poeta utiliza para descrever a nova literatura proposta pelos modernistas.

c. Com base em suas respostas aos itens anteriores, deduza: Qual era, em resumo, a proposta do manifesto para os rumos da poesia modernista brasileira? Justifique sua resposta com elementos do texto.

d. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Qual a importância da presença de tantos termos descritivos e adjetivos especificamente nesse texto?

3. Releia o trecho: "O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna":

a. Quais elementos são colocados em paralelo nesse trecho?

b. Entre os dois tipos de literatura expostos na questão anterior, a qual esse trecho se refere e o que ele propõe que seja feito?

c. Reescreva-o, começando cada uma das frases pelo pronome nossa e transformando o termo melhor em determinante dos substantivos tradição e demonstração.

d. Reescreva o trecho do texto e sua resposta do item c, passando os substantivos tradição e demonstração para o plural e fazendo as alterações necessárias.

e. Discuta com os colegas e o professor: Qual é a diferença entre a função do termo melhor no trecho do texto e na construção feita por você no item c?

4. Releia os dois últimos parágrafos do texto, discuta com os colegas e o professor e, com base no restante do texto, conclua:

a. A qual termo citado anteriormente no texto se referem os adjetivos "Práticos. Experimentais. Poetas" e "bárbaros crédulos, pitorescos e meigos"? Justifique sua resposta com argumentos morfológicos, que levem em conta a flexão de gênero e número das palavras.

b. Levante hipóteses: Por que foi feita essa flexão e não outra?

5. Releia o trecho final:

"Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil."

a. O que representam essas imagens em relação à proposta do manifesto para a literatura da época?

b. Qual efeito de sentido a repetição do termo Pau-Brasil constrói no texto?

6. Leia as frases a seguir:

I. Vimos os prédios e as casas enfeitadas para o carnaval.

II. As camisas verde e vermelha estão sujas.

III. É livre, voluntária e gratuita a participação e o comparecimento.

As três frases seguem as regras de concordância da gramática normativa. É possível, entretanto, perceber ruídos ou ambiguidades que podem causar problemas de leitura em todas elas.

a. Identifique quais possíveis problemas de leitura pode haver em cada uma.

b. Sugira novas redações, que eliminem os problemas apontados no item a.

c. Discuta com os colegas e o professor e conclua: Memorizar regras de concordância é suficiente para produzir bons textos?

# RESPOSTAS (GABARITO)

Fonte: Português: Linguagens

Especial: Semana de Arte de Moderna de 1922


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