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O empirismo, assim como os racionalistas, investigou problemas filosóficos quanto ao conhecimento: qual seria a origem do conhecimento humano? Como esse conhecimento é adquirido? Quais seriam seus limites? Questiona-se, nesse sentido, a certeza das nossas crenças e opiniões e alguns aspectos da realidade que pensamos serem objetivos, por exemplo, as cores.

John Locke afirmou que somos como uma folha em branco ao nascer, que é preenchida na medida em que experimentamos a realidade que nos cerca. David Hume, por outro lado, colocará em questão a noção de causalidade, afirmando que é subjetiva e derivada do costume e de outras crenças que temos.

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Contexto histórico

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David Hume é um dos expoentes da filosofia moderna.

A palavra empirismo é usada para classificar as propostas surgidas no período da filosofia moderna (meados do século XV ao século XVIII) que defendeu a construção de conhecimento com base na experiência. A origem etimológica do nome dessa corrente de pensamento é a palavra grega empeiria, que tem sentido muito próximo ao de “experiência” em nossa língua.

Já entre os gregos antigos, havia uma forma de tratamento chamada medicina empírica, que consistia em raciocínios sobre a observação de casos semelhantes. Esses médicos evitavam, nesse sentido, teorizar sobre as causas das doenças.

As propostas que adotaram a experiência como critério ou guia para a verdade, no período moderno, estiveram próximas dessa perspectiva, por isso a importância da evidência e da confirmação. Os principais pensadores viveram na Inglaterra (John Locke, David Hume e George Berkeley), com alguns defensores franceses, como Étienne Bonnot de Condillac.

Principais ideias do empirismo

A experiência de que tratam os empiristas não é simplesmente uma situação vivenciada por uma pessoa, já que o estabelecimento de conhecimento requer que as experiências possam ser confirmadas, e isso envolveria, minimamente, que tal experiência possa ocorrer mais de uma vez. Por tratar-se de um conhecimento adquirido por meio dos sentidos, a preocupação com a certeza e a caracterização da evidência são temas recorrentes. Por outro lado, já que se investiga uma realidade mutável, coloca-se em questão a validade dessas propostas.

A importância do mundo material para os empiristas aproxima suas reflexões de teorias dos pensadores da ciência experimental, que obteve muitos avanços no mesmo período. Francis Bacon, considerado o fundador do método científico moderno, deixa claro que a experiência é o elemento fundacional do conhecimento. O conhecimento científico, em todo caso, só seria alcançado após o afastamento das fontes de equívoco e engano, nomeadas por ele como ídolos, e a aplicação de raciocínios indutivos.

Principais filósofos do empirismo

A teoria epistemológica de John Locke é uma investigação sobre a mente e sua capacidade de conhecer. Em Ensaio acerca do entendimento humano, nomeou tudo aquilo em que se pode pensar como ideia e defendeu que sua origem seriam as sensações, como as ideias de quente e amarelo, e as operações mentais, como a dúvida.

Essas ideias são adquiridas por uma relação direta entre o entendimento e a experiência, sendo classificadas como simples, e podem ainda ser associadas para gerar ideias complexas, como a de fogueira. A base de todo conhecimento seria as ideias simples, e como todas são captadas por alguma sensação (interna ou não), então Locke critica aqueles que defendem as ideias inatas — posição atribuída aos racionalistas.

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John Locke foi um dos grandes pensadores da doutrina liberal. [1]

Para esclarecer a proposta, pode-se colocar a seguinte pergunta: é possível imaginar um gosto que jamais tivesse sido degustado? John Locke argumentou que, se algumas ideias fossem realmente inatas, as crianças conheceriam princípios lógicos já desde o nascimento e outras noções seriam comuns a todas as pessoas, mas isso não é constatado em lugar algum.

David Hume, em Investigação sobre o entendimento humano (1748), teve como objetivo estudar a mente. De acordo com sua teoria, os conteúdos da mente, chamados de percepções, são adquiridos apenas em contato com a realidade. O que nomeia como impressões são a via pela qual os conteúdos adentram a mente e não se restringem apenas ao que resulta diretamente de nossas experiências, mas incluem as emoções e os desejos.

O que nossa mente retém dessas experiências são as ideias. Trata-se de uma representação da vivacidade experienciada em determinado momento, de modo que qualquer ideia que existe na mente tenha também uma impressão equivalente. O filósofo desafia-nos a tentar encontrar alguma ideia para a qual seja impossível encontrar equivalência na experiência.

“Todos admitirão prontamente que há uma considerável diferença entre as percepções da mente quando um homem sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de uma tepidez moderada, e quando traz mais tarde essa sensação à sua memória, ou a antecipa pela sua imaginação. Essas faculdades podem imitar ou copiar as percepções dos sentidos, mas jamais podem atingir toda a força e vivacidade da experiência original.” |1|

Leia também: René Descartes: o primeiro filósofo da vertente racionalista

Empirismo e racionalismo

A disputa entre empiristas e defensores do racionalismo é sobre a origem do conhecimento. Enquanto os racionalistas buscam um conhecimento que possa ser universalmente válido, empiristas enfatizam a investigação da realidade que se apresenta ao ser humano. O primeiro grupo de filósofos implementou diversas análises conceituais e argumentos baseados em deduções, enquanto esses últimos dependeram em geral de raciocínios indutivos.

A ênfase na experiência não indica um abandono da razão. O que esteve sob suspeita é seu uso como único meio de alcançar conhecimentos. Todas as propostas dos filósofos desse período, sejam racionalistas ou não, já foram criticadas, modificadas ou abandonadas; apresentaram, certamente, noções e teorias que foram influentes não apenas para a continuação da reflexão filosófica mas também para as ciências que se desenvolviam nesse período e para as teorias científicas que surgiram depois. Um filósofo que notavelmente esforçou-se por resolver os problemas indicados pelos filósofos modernos é Immanuel Kant.

Crédito da imagem

[1]Godfrey Kneller/Commons

Notas

|1| HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

Por D.r Marco Oliveira

Professor de Filosofia  

A reforma protestante foi um movimento reformista iniciado quando Martinho Lutero escreveu um documento conhecido como 95 teses. Essa reforma foi motivada pela insatisfação de Lutero com as práticas e alguns princípios teológicos praticados pela Igreja, sendo um de muitos movimentos do tipo que aconteciam na Europa desde a Idade Média.

A ação de Lutero não teve como propósito a ruptura com a Igreja, mas tal rompimento aconteceu de todo modo como reação dessa instituição contra o monge alemão. A reforma protestante deu início a outros reformismos religiosos na Europa e também foi impulsionada por motivos políticos e econômicos.

Acesse também: Papel da Companhia de Jesus na contrarreforma

Contexto da reforma protestante

A reforma protestante ocorreu em um contexto de grandes transformações sociais, políticas, culturais e econômicas na Europa. A formatação da Europa nos moldes medievais estava em declínio e novas realidades estavam surgindo. Era uma Europa que via o comércio desenvolver-se e novos interesses políticos surgindo.

Tratou-se de um período de mudanças culturais, pois a cultura renascentista defendia a ideia do homem no centro de todas as coisas como forma de quebrar a grande influência religiosa. As artes encontravam novas formas de expressão e o conhecimento científico avançava. A invenção da imprensa, no século XV, foi um fator crucial, pois garantiu maior produção de livros e ampliou a circulação de ideias.

No campo religioso, a contestação da Igreja Católica era uma prática que vinha acontecendo desde meados da Idade Média. Esses movimentos religiosos questionavam a falta de moralidade, o abuso do poder, a avareza, a corrupção e todo tipo de desvio comuns na Igreja Católica na Europa. Alguns historiadores entendem, por exemplo, que os valdenses, surgidos na França, no século XII, já eram um movimento reformista.

Outros destaques são John Wycliff e Jan Hus, dois nomes que questionaram as práticas da Igreja nos séculos XIV e XV, respectivamente. As críticas realizadas por ambos iam em caminho semelhante às de Lutero: questionavam o acúmulo de poder e os desmandos de Roma, criticavam os desvios dos ensinamentos contidos na Bíblia, a venda de indulgências etc.

Causas da reforma protestante

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O monge agostiniano Martinho Lutero não concordava com as práticas da Igreja e por isso teceu críticas por meio das 95 teses.

Entendemos que a reforma protestante foi um movimento reformista iniciado por Martinho Lutero em 1517. O contexto em que Lutero estava inserido é que nos ajuda a entender o porquê de o movimento iniciado pelo monge alemão ter tido sucesso, diferentemente dos outros movimentos reformistas que aconteceram, como os já mencionados.

Primeiramente, é importante conhecermos o que motivou Lutero a manifestar-se contra as práticas vigentes da Igreja naquele período. Ele era um monge agostiniano e professor de teologia, portanto, era um membro do clero. Não obstante, ele não concordava com certas práticas realizadas no século XVI, e sua inquietude a respeito disso levou-o a posicionar-se.

Um dos seus maiores questionamentos era sobre a venda de indulgências, prática em que a pessoa ofertava dinheiro em troca do perdão pelos seus pecados. Sua indignação era reforçada pelo fato de que o papa Leão X havia oferecido indulgências para todos que contribuíssem financeiramente para a construção da Basílica de São Pedro.

Lutero também criticava a venda de cargos eclesiásticos e a venda de relíquias sagradas, ambas conhecidas como simonia. Suas críticas davam-se porque a ideia que o movia, teologicamente falando, era a de gratuidade da fé, isso quer dizer que ele não acreditava que obras, como pagar pelo perdão concedido pelo papa, garantissem a salvação de uma pessoa, mas que apenas a fé garantiria a salvação.

A insatisfação com as práticas e o debate teológico a respeito da salvação foram os fatores centrais que levaram o monge a posicionar-se. O movimento que Lutero iniciou não visava à separação da Igreja, mas sua moralização. Acontece que o que foi iniciado por Lutero propiciou que mudanças nos âmbitos políticos e econômicos fossem possíveis.

Por isso que, para entendermos a reforma protestante, não basta analisarmos as motivações de Lutero. Nós precisamos entender o contexto histórico e os interesses que levaram muitos a apoiarem o monge alemão. Algo que já citamos aqui é o papel da imprensa na difusão das ideias luteranas. Por meio desse instrumento, seus escritos espalharam-se por toda a Europa e incentivaram reações contra a Igreja.

Politicamente a Igreja ainda representava um grande força, uma vez que a consolidação do poder dos monarcas dependia da aprovação papal. Nesse sentido, ter o apoio do papa garantia uma influência muito grande, tanto internamente quanto externamente. A grande questão é que o século XVI foi um momento em que as demandas e os interesses políticos de cada reino começaram a tornar-se mais complexos.

Essa situação tem relação com o processo de formação dos Estados nacionais e de centralização do poder. As agendas políticas dos Estados formados eram muitos amplas, e, na maioria das vezes, os interesses dos reis desses locais não se encontravam com os interesses do papa. Nesse sentido, muitos nobres apoiaram a reforma de Lutero porque identificaram nela potencial para o enfraquecimento da Igreja, o que poderia garantir-lhes maior autonomia.

Essa maior autonomia política também significava maior autonomia econômica para esses reinos, uma vez que garantia o fim de impostos pagos para a Igreja. No contexto alemão, a reforma também foi abraçada porque se encarava com indignação a grande quantidade de recursos e posses que a Igreja possuía, principalmente porque algumas regiões do Sacro Império eram bastante pobres.

Acesse também: O que foi a reforma gregoriana?

Lutero e as 95 teses

Podemos perceber que o contexto da reforma protestante era complexo e que esse movimento não se resumiu apenas a um evento no campo eclesiástico. Ele influenciou e foi influenciado por diferentes interesses econômicos e políticos. De toda forma, o impulso central foi a indignação de Lutero, e isso o fez elaborar as conhecidas 95 teses.

Conhecidas também como “Disputação do doutor Martinho Lutero sobre o poder e eficácia das indulgências”, as 95 Teses foram uma carta escrita pelo monge alemão na qual ele discorreu sobre as indulgências. Ela foi enviada, no dia 31 de outubro de 1517, para Alberto de Mainz, o arcebispo de Mainz.

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Estátua de Lutero em Wittenberg, cidade onde ele supostamente pregou as teses na porta da igreja.

Popularizou-se na tradição da reforma protestante que Lutero, em uma demonstração de indignação, teria fixado as suas teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Esse ato teria sido o estopim que deu início à reforma, no entanto, os historiadores não têm evidências de ele tenha ocorrido de fato.

O que importa é que as teses de Lutero ganharam notoriedade e logo começaram a ser reimpressas e enviadas para todos os cantos da Europa. Como dito, Lutero não desejava romper com a Igreja Católica, mas as coisas não estavam sob seu controle e a reação intransigente da Igreja levou a essa ruptura de todo modo.

As ideias de Lutero foram fortemente abraçadas por muitos no Sacro Império, e a base de teologia luterana é a ideia de que “o justo viverá pela fé”. Assim, não são boas obras que garantem a salvação de uma pessoa, mas sim a sua fé. Quanto às indulgências, ele as questionava nas suas teses dizendo:

“Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?”|1|.

A construção teológica desenvolvida por Martinho Lutero pode ser resumida nos princípios conhecidos como cinco solas, crenças basilares da teologia protestante:

  • Sola fide (somente a fé)

  • Sola scriptura (somente a escritura)

  • Solus Christus (somente Cristo)

  • Sola gratia (somente a graça)

  • Soli Deo gloria (glória somente a Deus)

Ao longo de sua vida, Lutero ainda traduziu a Bíblia para o alemão, e suas ações deram origem ao protestantismo. Após Lutero, outros ramos do protestantismo desenvolveram-se. Na França, por exemplo, João Calvino propôs uma ruptura direta com a Igreja Católica, além de acreditar em um princípio conhecido como dupla predestinação.

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Reação da Igreja

A Igreja Católica não aprovou as críticas de Lutero. O papa Leão X, por exemplo, emitiu uma bula exigindo que o monge se retratasse, mas este queimou a bula papal em uma demonstração de que não se curvaria à pressão de Roma. No ano seguinte, o papa ainda excomungou Lutero, o que significava que ele estava excluído da Igreja Católica.

Lutero ainda teve de posicionar-se contra o poder temporal, uma vez que o imperador do Sacro Império, Carlos V, convocou a Dieta de Worms, uma espécie de assembleia, para que as ideias de Lutero fossem debatidas. Lutero esteve presente nesse evento, defendeu seus escritos e ideias e foi considerado um herege. Isso o forçou a esconder-se por um ano no Castelo de Wartburg como forma de proteger sua vida.

Na década de 1540, o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento, evento que organizou a contrarreforma, o movimento de reação da Igreja contra o crescimento do protestantismo. Essa reação criou critérios para uma formação mais rigorosa dos membros clero e determinou que determinados livros tivessem sua circulação proibida.

A reação da Igreja Católica conseguiu, em partes, barrar o avanço do protestantismo, mas em locais como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Países Baixos, Suíça, Inglaterra e Suíça, essa vertente religiosa conseguiu conquistar muito espaço.

Nota

|1| 95 teses de Lutero. Para acessar, clique aqui.

Por Daniel Neves
Professor de História