Por que as crianças nascem com autismo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) apresenta uma prevalência (quantidade de casos do transtorno em dado momento) relativamente alta na população, aproximadamente 1 a 2% das crianças e adolescentes no mundo apresentam TEA e é maior para o sexo masculino. Entretanto, não há diferença de etnia, cultura, grupo socioeconômico, ou outra característica diferencial. Há ainda uma diferença para os grupos desfavorecidos economicamente, onde o diagnóstico é mais tardio, e o menor acesso a terapias torna a quantidade de casos graves proporcionalmente maior.

Aumento na incidência do Autismo

A prevalência dos últimos anos está aumentando aparentemente de forma acelerada. Dados das estatísticas norte-americanas do CDC (Central of Disease Control) mostram que a prevalência do TEA aumentou de 1 em cada 150 crianças em 2000-2002, para 1 em 68 crianças durante 2010-2012 e 1 em 59 crianças em 2014, e nos dados do mês de março de 2020, alcançou-se marca de 1 em cada 54 crianças. Isso significa que a incidência do autismo mais do que duplicou em 12 anos, aumentou quase 16% apenas no período de dois anos entre 2012 e 2014, e 9%, um pouco menos, em um período de 6 anos até 2020. Não é de admirar que as manchetes falem de uma “epidemia” de autismo! Mas há pelo menos 4 motivos para explicar este aumento de casos do que a hipótese de epidemia, afinal o TEA sequer é uma doença.

Quais os principais motivos

Forma de diagnóstico

O primeiro motivo é a forma de diagnóstico. Houve uma mudança e uma melhora nos critérios de diagnóstico, o que determinou que não somente casos graves e moderados, mas também os leves pudessem ser diagnosticados, principalmente com a adoção dos critérios do DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5 Edição).

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Por que as crianças nascem com autismo

Maior número de médicos especializados

O segundo, um maior número de médicos e demais profissionais especializados em TEA, o que facilita o melhor encaminhamento das suspeitas do transtorno, ou ao menos de que há algo errado com o desenvolvimento de algumas crianças e que pode significar Autismo.

Melhor difusão dos conceitos

O terceiro, bastante alinhado ao segundo, é a melhor difusão dos conceitos adequados do Transtorno – não é uma doença, não tem cura, possui critérios definidos de forma clínica e observacional, de diagnóstico multidisciplinar centrado na avaliação médica, e que necessita tratamento precoce; este está sendo impulsionado através das mídias, dos trabalhos de ONGs, de grupos de pais e mães – e através de ações como este dia 02 de Abril, dia mundial da Conscientização do Autismo. E este artigo também possui este objetivo!

Pesquisa e apoio

E o quarto, maiores recursos apoiando o TEA, na forma de pesquisa, na formação de centros especializados em atendimento de Autismo, e na forma de uma lei federal, a Lei Berenice Piana, que garante muitos dos direitos que os pais dos autistas tanto buscam e necessitam alcançar para seus filhos.

Assim, podemos ver que a prevalência aumentou e continua aumentando, pois cada vez se compreende melhor este transtorno, os casos de Autismo são melhor identificados e principalmente recebem melhor apoio; mas ainda há muito a fazer!

Dr. Fábio Agertt, Dra. Bruna Lacava e Dr. Julio Koneski são Neuropediatras na Clínica Neurológica, em Joinville (SC). Clique e conheça os tratamentos realizados em Neuropediatria.

Desde a identificação no anos 1940, o autismo tem sido caracterizado como um distúrbio social-interativo, liguístico/simbólico ou cognitivo, mas nunca foi identificada uma origem. Dado que o autismo manifesta-se em várias competências simultaneamente, a sua origem envolve simultaneamente vários sistemas ou é uma estrutura tão primitiva que tem repercursões sobre vários comportamentos aos quais está associado.

Embora as várias investigações realizadas não tenham ainda encontrado uma causa, é consensual que contribuem fatores genéticos e fatores ambientais.

Fatores genéticos

O estudo genético do autismo foi apenas iniciado nos anos 1980. Anteriormente a esta década era assumido que a origem do autismo estava na relação fria que a mãe tinha com os filhos. O estudo passou a ser baseado em gémeos, mas pouco se aprofundou devido a principalmente duas razões: o desenvolvimento técnico não era suficientemente avançado e os meios de diagnóstico também não eram sólidos. A evolução das técnicas de mapeamento genético e de diagnóstico têm ao longo dos anos melhorado e têm sido alcançados cada vez mais resultados.

Os fatores genéticos são normalmente estudados através de gémeos monozigóticos (idênticos) e dizigóticos (gémos "falsos"). Os gémeos monozigóticos tem origem no mesmo óvulo e por isso têm exatamente o mesmo código genético. Os estudos fazem-se comparando a percentagem de gémeos monozigóticos e dizigóticos que têm Autismo quando o outro irmão já é diagnosticado.

O que muitos destes estudos revelam é que a percentagem do segundo gémeo ter também Autismo é superior nos gémeos monozigóticos: 70% a 90% para os gémeos monozigóticos e 0% a 10% para gémeos dizigóticos, concluído assim que a origem do Autismo tem uma forte componente genética.

Para além do estudo de gémeos, observa-se que a probabilidade de casos de autismo é 25 vezes maior em famílias onde já existem parentes com um historial de autismo, que os pais e outros parentes de crianças com autismo têm características cognitivas e comportamentais semelhantes mais frequentemente do que grupos de controlo (pais sem filhos com autismo) e que mutações genéticas aumentam o risco de doenças.

À procura do gene

No entanto, o mapeamento genético da doença tem mostrado que há uma grande heterogeneidade genética, ou seja, não tem sido possível encontrar uma modificação genética comum a todos os casos.

O uso de novas tecnologias permitem atualmente detetar erros de multiplicação de genes e por isso detetar mutações de novo, isto é, mutações espontâneas, não herdadas pela família, que não eram detetadas com a tecnologia normalmente usada. Estas mutações espontâneas contribuem com cerca de 10% a 20% dos casos de Autismo.

Embora a maior parte dos estudos apontem para uma grande contribuição genética, outros estudos indicam que os fatores genéticos não explicam totalmente a origem do Autismo. 

Fatores ambientais

Os fatores ambientais associados ao autismo são a exposição a toxinas e medicamentos, infeções da mãe durante a gravidez, a idade dos pais e complicações no parto ou no período neonatal. No entanto, embora seja consensual que a origem do Autismo não seja exclusivamente genética, não há concordância no que diz respeito a que fatores ambientais podem mesmo ser causas do Autismo, gerando muita discordância entre especialistas.

Fatores prenatais, perinatal e neonatais

Os fatores antes da concepção (prenatais), no parto (perinatais), e após o nacimento (neonatais), são fatores ambientais em estudo.

A exposição da mãe a toxinas como o tabaco poluição, exposição a vírus e o uso de alguns medicamentos aumenta o risco de Autismo. O uso de medicamentos inibidores de recpatação seletiva de seretonina, antidepressivos, aumenta para o dobro o risco de Autismo. No entanto, nos quadros de depressão, a falta de uso de medicamentos prescritos pelo médico traz também consequências negativas.

A nutrição é também um fator que pode estar associado ao autismo: a falta de vitaminas durante a gravidez aumenta o risco dos filhos terem Autismo. As mães que usam vitaminas três meses antes ou depois da conceção têm menores riscos de ter filhos Autistas, em particular quando há uma pré-disposição genética. O intervalo entre gravidezes pode ter também influência, sendo o risco três vezes maiores quando o intervalo é inferior a um ano, o que se explica pela desnutrição da mãe após a gravidez e parto (níveis de gorduras poli-insaturadas, ferro e folato).

Uma variedade de vários fatores durante a gravidez que reduzem o oxigénio para o feto, como cordão umbilical à volta do pescoço, crescimento retardado ou pouco peso no nascimento, são fatores que também podem aumentam a probabilidade de Autismo.

Uma combinação de fatores

É importante salientar que estes estudos, embora indiquem fatores associados ao maior risco, podem não apontar para a sua origem:

  • Mães mais velhas podem ser mais experientes e por isso levar aos seus filhos com maior facilidade a um médico especialista ou a idade pode levar a algumas alterações genéticas;

  • O uso de seretonina pode causar o Autismo ou o stress e ansiedade, tratados com a seretonina podem ser a real causa;

  • O Autismo pode ter uma causa puramente genética ou os fatores ambientais podem podem aumentar o risco de uma prédisposição ou então diminuir esse risco.

Última atualização: 17/11/15

Fontes: http://www.thedoctorwillseeyounow.com/content/kids/art3380.html, Esther Etinh M.D.

O processo de gravidez é um tema bastante estudado para buscar respostas para as causas do autismo. Isso porque o que se sabe é que a criança já nasce com o transtorno, e os primeiros sinais podem aparecer ainda na primeira infância.

Embora até hoje ainda não seja claro o que pode fazer com que bebês nasçam com TEA, sabe-se que a genética, assim como os fatores ambientais, têm importante papel para a condição. Neste artigo, explicamos mais se existe relação entre a gravidez e o autismo

O que é autismo? 

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado, principalmente, pela maneira diferente que as pessoas no espectro têm de ver e interagir com o mundo. 

Para que o diagnóstico seja traçado, segundo manuais como DSM e a CID, é preciso que o indivíduo tenha características que se enquadram na chamada díade do autismo: 

  1. Dificuldades na interação e comunicação social;
  2. Presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos – as chamadas estereotipias

Alguns dos principais sinais de autismo notados pelas famílias ainda na primeira infância são: 

As intervenções mais indicadas para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) são práticas baseadas em evidências científicas, como a ABA (Análise do Comportamento Aplicada). 

Tem relação entre gravidez e autismo? 

Essa pergunta ainda não tem uma resposta concreta. Mas vários estudos  realizados trazem como hipótese alguns fatores presentes na gravidez que podem contribuir para aumentar o risco de desenvolvimento do autismo em bebês. A seguir, abordamos alguns deles a título de informação. 

Idade dos pais 

Alguns estudos relacionam a idade dos pais como um possível fator risco para o TEA. De acordo com essas publicações, as taxas de diagnóstico tendem a aumentar quando a criança é filha de: 

  • Mulheres adolescentes e homens mais velhos;
  • Pais com mais de 50 anos.

Parto prematuro

Outros estudos ainda relacionam o diagnóstico de autismo com o parto prematuro. De acordo com várias publicações, bebês que nascem antes da gestação completar 37 semanas podem apresentar uma série de complicações no desenvolvimento. 

Uma pesquisa publicada em 2015 demonstrou que o nascimento prematuro pode alterar a conectividade em diferentes regiões do cérebro e causar atrasos leves no desenvolvimento da fala e interação social. Quando esses atrasos são mais profundos, é possível que a criança seja diagnosticada com autismo mais tarde. 

Diabetes materna

Um estudo publicado no periódico Jama em 2015 analisou crianças cujas mães tiveram diabetes gestacional na 26ª semana de gravidez e concluiu um risco 42% maior de desenvolver algum tipo de transtorno do espectro autista.

Para conduzir o estudo, os pesquisadores examinaram registros eletrônicos de saúde de mais de 300 mil crianças nascidas nos centros médicos da Califórnia (Estados Unidos), entre janeiro de 1995 e dezembro de 2009 e as acompanharam durante cerca de 5,5 anos. 

Uso de álcool e drogas na gravidez

Já pesquisadores da Universidade de Ottawa (Canadá) apontaram uma possível relação entre o consumo materno de maconha durante a gravidez e o risco de autismo no bebê. 

De acordo com a pesquisa publicada na revista científica Nature Medicine, os cientistas explicam que a incidência do transtorno foi de 4 entre 1 mil pessoas por ano em comparação com 2,42 a cada 1 mil entre crianças não expostas à cannabis. 

Todos esses fatores na gravidez causam mesmo autismo?

Uma importante consideração sobre todos esses estudos é o fato de que eles ainda são considerados inconsistentes para afirmar uma relação causal entre a gravidez e o autismo. 

Até o momento, as únicas causas confirmadas do TEA são a genética e a combinação com alguns fatores ambientais, como a idade dos pais, já citada anteriormente. 

Por isso, evitar todos esses aspectos durante a gravidez não é uma garantia de que o bebê não apresentará sinais e terá um diagnóstico de autismo. Para saber mais sobre o autismo, continue no nosso blog.