O que fazer quando picado por vespa

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28 abr 2022 15:17 Atualidade Nuno de Noronha

Chama-se vespa velutina, mas é mais conhecida por vespa asiática. Chegou à Europa há 15 anos e tem sido responsável por ataques agressivos e picadas dolorosas em Portugal nos últimos anos. Fomos saber como reagir em caso de picada e como é possível prevenir os ataques com a médica Elisa Pedro, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

Direitos Reservados

Se já for alérgico à picada de vespa (vulgar) também pode ser alérgico à vespa asiática (velutina) e a reação que terá será idêntica.

Neste caso deve tomar os mesmos cuidados que o médico imunoalergologista recomendou para as picadas de vespa.

Se for alérgico à picada de abelha em princípio não é alérgico à picada da vespa, contudo há casos de alergia aos dois venenos (abelha e vespa).

O que fazer em caso de picada? O que tomar?

Em caso de picada, se não for alérgico não vai ter reação e não é preciso fazer nada. A aplicação de gelo no local da picada diminui a dor provocada pela picada.

Se for alérgico pode ter 2 tipos de reação (local ou sistémica):

  1. Reação no local da picada, que se for exuberante (diâmetro >10 cm) deve tomar anti-histamínico em comprimido e nos casos mais graves ou se for picado na face (pálpebras, lábios) adicionar corticosteróide em comprimido. Se o inchaço das pálpebras e/ou lábios for muito exuberante deve ser observado por médico numa urgência do Centro de Saúde ou hospital.
  2. No caso de ser picado e ficar com urticária (babas e comichão) generalizada a todo o corpo, deve recorrer a um serviço de urgência para administração de anti-histamínico e corticosteróide endovenosos. No caso de anafilaxia (que pode ser muito grave ou mesmo fatal) que surge imediatamente após a picada (10-15 minutos) com falta de ar, sensação de desmaio, tonturas, aperto na garganta, língua muito inchada, comichão e vermelhidão por todo o corpo) deve chamar de imediato o INEM (112), deve pedir ajuda e deslocar-se imediatamente a uma urgência. Se for portador de uma caneta com adrenalina deve injetá-la imediatamente na face externa da coxa, deitar-se no chão com as perna elevadas ou sentar-se se estiver com muita falta de ar ou a vomitar.
créditos: Direitos Reservados

Como se prevenir?

- Evitar locais onde estes insetos costumam estar (jardins, árvores, contentores de lixo).

- Evitar andar descalço na relva e desportos ao ar livre em parques sobretudo nos meses de verão.

- Evitar comer ao ar livre (a comida atrai as vespas).

- Usar capacete e luvas quando andar de bicicleta.

- Evitar movimentos bruscos e proteger a face e cabeça com uma peça de vestuário.

- Os doentes alérgicos à picada destes insetos (himenópteros - abelhas e vespas) deve ser portadores de uma caneta de adrenalina e devem trazer sempre a caneta consigo.

- Os doentes alérgicos às picadas de vespa (ou abelha) devem ser encaminhados para uma consulta de imunoalergologia para realizarem testes cutâneos e análises de sangue. A vacina com veneno de vespa (ou abelha), quando indicada, é o único tratamento de dessensibilização que protege e previne futuras reações em doentes alérgicos.

Como denunciar a localização de um ninho?

- Através da linha SOS Ambiente e Território - 808 200 520 - do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR;

- Através da plataforma SOS Vespa, criada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas;

- Através da Junta de Freguesia da área da observação do ninho.

Os conselhos médicos são de médica Elisa Pedro, especialista em Imunoalergologia e presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.

  • Tratamentos da pele e medicamentos por via oral podem reduzir a dor e o inchaço

  • Injeção de epinefrina para reações alérgicas

  • Às vezes, dessensibilização para prevenir reações alérgicas

Uma abelha pode deixar o seu ferrão na pele. O ferrão deve ser removido o mais rápido possível por raspagem com uma extremidade fina (por exemplo, a extremidade de um cartão de crédito ou uma faca de mesa fina).

A aplicação de um cubo de gelo envolvido em plástico e em um pano fino sobre a picada reduz a dor, juntamente com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e anti-histamínicos tomados por via oral. A utilização de um creme ou pomada que contenha um anti-histamínico, um anestésico, um corticosteroide ou uma combinação deles é geralmente útil.

As reações alérgicas graves são tratadas no hospital com epinefrina, líquidos intravenosos e outros medicamentos.

Pessoas alérgicas a picadas devem carregar consigo uma seringa previamente munida com epinefrina (disponível com receita médica), que bloqueia as reações anafiláticas ou reações alérgicas. As restantes picadas são tratadas de forma semelhante às picadas de abelhas. Uma pessoa que tenha um histórico de reações anafiláticas ou uma alergia conhecida às picadas de inseto deve usar identificação, tal como uma pulseira de alerta médico.

Ser picado por uma abelha, vespa ou marimbondo é um evento muito doloroso e assustador, mas na maioria dos casos não provoca complicações mais graves.

A picada da abelha é incômoda e dolorosa, mas não evolui além disso. A exceção ocorre nos pacientes que são alérgicos ao veneno das Hymenoptera, ordem que engloba as famílias das abelhas e vespas.

Biologia das abelhas e vespas

Antes de falarmos das picadas das abelhas, vale a pena uma rápida revisão da biologia das abelhas e vespas. Esta parte está bem resumida e simplificada, não se assuste.

A ordem Hymenoptera é um dos maiores grupos dentre os insetos, englobando as diversas famílias de abelhas, vespas e formigas. Só para se ter uma ideia, existem mais de 10 mil espécies de abelhas e mais de 25 mil espécies de vespas. Por exemplo, a mamangava é uma espécie de abelha grande, que possui corpo escurecido e parecido com um besouro. Já marimbondo é o nome dado às espécies maiores de vespas, geralmente com o corpo de cor mais escurecida.

Obviamente, não vamos perder tempo discutindo as diferenças biológicas e geográficas de cada uma das espécies da ordem Hymenoptera, pois isso é irrelevante para o objetivo deste artigo.

A maioria das espécies de abelhas e vespas são animais dóceis que não costumam ferroar o ser humano, a não ser que se sintam atacadas.  Ter uma abelha ao seu redor não representa perigo, a não ser que você tente acertá-la ou a esmague acidentalmente contra a sua pele. As abelhas não costumam atacar sem motivo. Em geral, abelhas e vespas longes de suas colmeias não apresentam comportamento agressivo e oferecem pouco perigo aos seres humanos. E mesmo próximo a suas colmeias, a maioria das abelhas não é agressiva.

Há, entretanto, exceções. Algumas poucas espécies, como as abelhas africanas,  são muito sensíveis e podem atacar o ser humano, caso elas sintam que a sua presença põe em risco a sua colmeia. Barulhos e movimentos bruscos podem irritá-las e causar ataques de várias abelhas ao mesmo tempo.

Na prática, a maioria das picadas de abelhas ou vespas ocorre de forma isolada por um único inseto, geralmente uma abelha trabalhadora que se encontra afastada de sua colônia. A picada ocorre quando o inseto insere na pele o seu ferrão como forma de defesa ao se sentir atacado.

As vespas e abelhas que picam são sempre as fêmeas, pois os machos não possuem ferrão. Existem dois padrões de utilização do ferrão: algumas espécies, como as abelhas comuns, sofrem auto-amputação, ou seja, quando atacam, perdem o ferrão e parte das estruturas abdominais, o que as leva à morte. Há espécies, porém, que não sofrem auto-amputação e podem ferroar uma mesma vítima mais de uma vez. A quantidade de veneno injetada costuma ser maior nas espécies que perdem o ferrão.

Sintomas da picada

Após a ferroada, o paciente sente uma intensa dor e uma pequena inflamação da região afetada. O local ferroado fica avermelhando e inchado. A lesão costuma ter entre 1,0 e 5,0 cm de diâmetro e desaparece após algumas horas. Na maioria dos casos, a dor e o inchaço desaparecem em no máximo um ou dois dias.

Em 10% dos casos o paciente desenvolve uma reação maior às picadas, com intensa dor e inchaços que podem chegar a 10 cm de diâmetro e demoram até 10 dias para desaparecer. Este tipo de reação não significa que o paciente tenha alergia ao veneno das abelhas.

As picadas isoladas não costumam causar maiores problemas na maioria dos casos. Porém, nos casos de múltiplas picadas por várias abelhas ao mesmo tempo, a quantidade de veneno injetada pode ser grande, levando a sintomas como diarreia, vômitos, dor de cabeça, febre, prostração e confusão mental.

Para haver risco de morte, são, habitualmente, necessárias centenas de ferroadas para que haja inoculação de quantidades letais de veneno. Nestes casos, complicações pela ação do veneno podem surgir, como hemólise (destruição das células do sangue), arritmias cardíacas, insuficiência renal e rabdomiólise (destruição das células dos músculos).

Alergia à picada

O grande perigo das picadas de abelhas e vespas é a reação alérgica, chamada anafilaxia ou choque anafilático. A anafilaxia pode ocorrer após uma única picada de abelha. Cerca de 3% da população é alérgica ao veneno da abelhas e podem desenvolver reações anafiláticas após ferroadas.

Os sinais de reação alérgica grave à picada de abelhas ou vespas surgem rapidamente após a ferroada, geralmente em apenas 5 minutos.  Os sintomas de reação alérgica são: urticária, angioedema (inchaço dos lábios e olhos), hipotensão, vômitos, rouquidão, dificuldade respiratória, desorientação e perda da consciência.

A anafilaxia geralmente surge após uma segunda picada de abelha em pessoas que desenvolveram reações alérgicas quando picados pela primeira vez.  Porém, o choque anafilático pode surgir mesmo em quem nunca havia sido picado por abelhas antes.

Se você foi picado por abelha ou vespa e desenvolveu sintomas que foram além de um simples inchaço local, principalmente se tiver tido urticária angioedema ou crises de asma, procure um médico imunoalergista para investigar a possibilidade de você ser alérgico à picada de abelha. O risco de reação anafilática em uma segunda picada é muito alto.

O que fazer quando se é picado por uma abelha?

No casos das abelhas e vespas que sofrem auto-amputação, a primeiro ato do paciente deve ser a retirada imediata do ferrão da pele, pois ele permanece injetando veneno ainda por 1 ou 2 minutos. Alguns autores atestam que deve-se ter cuidado para não espremer a pequena bolsa que vem junto ao ferrão, pois  é ela que contém o veneno.  O ferrão pode ser retirado raspando as unhas na pele ou qualquer objeto rígido, como uma faca ou cartão de crédito.

Há estudos, porém, que dizem que a forma de retirada do ferrão pouco influencia na instilação do veneno, pois a contração da bolsa não aumenta o volume a ser injetado, já que este é feito por mecanismo de válvula. Portanto, se você não conseguir retirá-lo imediatamente raspando-o, o ferrão deve ser removido de qualquer maneira, pois o tempo em que ele fica encravado na pele é muito mais danoso em termos de volume de veneno injetado do que a forma como ele é retirado.

Mesmo que você não consiga remover o ferrão imediatamente, a tempo de impedir a entrada de todo o veneno, o mesmo deve ser retirado assim que possível, pois a sua simples presença pode causar reação inflamatória da pele.

Uma vez removido o ferrão, o tratamento da picada de abelha é simples. Lave a pele com água e sabão e aplique compressas frias ou gelo local.  Se a dor estiver incomodando, um analgésico simples pode ser utilizado. Se houver intensa coceira, um anti-histamínico ajuda a aliviá-la. Não é preciso passar pomadas nem outras substâncias, como pasta de dente, borra de café, manteiga, etc. Nada disso melhora e ainda pode causar infecção da ferida. A dor e o inchaço da picada somem espontaneamente após algumas horas.

Nos casos de reação local mais intensa, pomadas à base de corticoides e/ou corticoides por via oral, como prednisona, podem ser prescritos para aliviar o inchaço. Anti-inflamatórios e anti-histamínicos também são úteis. Se a lesão da picada estiver piorando ao longo dos primeiros um ou dois dias, procure ajuda médica.

Nos casos de reação alérgica, caracterizadas principalmente pelo aparecimento de urticária ou angioedema, o paciente deve ser levado o mais rapidamente possível a um serviço de emergência.

Nos caso de anafilaxia, o tratamento é feito com injeção intramuscular de adrenalina.

Referências

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