Lílian Campos, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Resenha, ou resumo crítico, é um texto produzido com a finalidade de analisar e comentar uma obra qualquer (literária, cinematográfica, pictórica, musical, teatral etc.). O resenhista, ou recensor, deve privilegiar, como ponto de partida para a produção de seu trabalho, os seguintes aspectos:
Siga UOL Educação © 1996 - 2022 - Todos os direitos reservados Segurança e privacidade
A resenha crítica e o resumo são bastante comuns no dia a dia de quem estuda. Seja no ensino fundamental, seja no ensino médio, em universidades ou em cursos livres, esses gêneros textuais marcam presença. Por ser algo tão comum e que nos acompanha por, praticamente, toda a nossa vida, o esperado era que produzir uma resenha ou um resumo não fosse um problema para a maioria das pessoas. Mas, infelizmente, são corriqueiros os impasses encontrados ao produzir esses textos. Pensando nisso, o Brasil Escola preparou um texto para esclarecer todas as questões que se relacionam com a definição e caracterização desses gêneros textuais. Estão preparados? → Definição Resumo O resumo ganhou destaque no século XIX quando a popularização e acesso às informações científicas foram possibilitados por periódicos que apresentavam apenas resumos. Segundo Meadows¹ (1999), as revistas e jornais continham textos com versões condensadas de artigos publicados em revistas científicas. A partir disso, podemos inferir que resumos são textos que evidenciam os aspectos mais relevantes de determinada obra. Resenha A resenha é um texto que avalia e apresenta o conteúdo de obras já finalizadas, ou seja, é uma análise de determinada produção, seja ela uma obra literária, seja um filme, uma obra de arte, um artigo científico etc. Segundo Fiorin e Savioli² (1999), resenhar é o mesmo que fazer o levantamento do que é mais importante de determinada obra, descrever os aspectos relevantes que a envolvem, sempre de acordo com a avaliação do resenhador. → Características
Um aspecto interessante a ser observado é que, para fazer uma resenha, sempre faremos uso de aspectos que compõem o resumo: seleção e apresentação das ideias mais relevantes de determinada obra. A partir do que foi apresentado, fica evidente que há semelhanças entre esses textos, mas, na hora de produzi-los, temos que estar bem afiados em relação às peculiaridades de cada um. O resumo caracteriza-se por ser seletivo, objetivo e isento de comentário/julgamento de quem o produz. Já a resenha crítica, obrigatoriamente, apresenta análises do resenhista. Notas ¹ MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Tradução: Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos/ Livros, 1999. ² FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para Entender o Texto. (Leitura e Redação). São Paulo: Ática, 1990. Por Mariana Pacheco Graduada em Letras
1. Finalidade comunicacional: formular uma posição pessoal sobre o conteúdo e/ou forma do texto, como resultado do confronto entre o que se pensa e aquilo que é dito num texto ou enunciado (ou a forma como se lê o que é dito), fundamentada na análise do texto que pode ser comprovada pela pessoa que a lê (ou ouve). 2. Objectivo específico: Redigir um texto organizado que: i) Revela o sistema de ideias contido no texto ii) Explica a sua organização interna iii) Esclarece a rede de intenções comunicadas (a intenção do autor desse texto, a intenção do leitor desse texto e a própria intenção textual comunicada) e a maneira como as ideias e as intenções são comunicadas. iv) Aprecia os seus objectivos, o seu valor e a sua função (posição pessoal) 3.Tipos i) Comentário global Comentário-análise de texto (predominantemente técnico): o mais comum, incide sobre textos não literários que transmitem ideias pessoais ou temas gerais que podem ser objecto de discussão ou contra-argumentação Comentário crítico: incide sobre o texto literário, focando não apenas o que é dito (análise), mas também um juízo crítico sobre a forma (como é dito). Para escrever um comentário de texto literário, no contexto de uma disciplina de literatura, há que procurar informações mais específicas. ii) Comentário focado: incide sobre uma parte selecionada do texto, por várias razões, inclusive por ser sobre ela que se tem uma posição definida iii) Comentário de frase: normalmente um enunciado que exprime o pensamento de personalidade de reconhecida competência sobre a matéria. 3. Estrutura de comentário de texto 1. Introdução – introduz o leitor no universo (tema) do texto, remetendo-o para o problema que o autor procura responder e a sua posição, o contexto do texto e o seu interesse e anuncia o plano adoptado para o comentário. 2. Desenvolvimento: consiste na análise, interpretação e apreciação do texto, organizada em três partes ou sequências: 1ª parte: descritiva (resumo da análise) 2ª parte – interpretativa ou explicativa (explicitação dos conceitos e das relações com outros problemas/temas) 3ª parte – reflexiva ou apreciativa (indicação dos aspectos positivos e negativos) 3. Conclusão (o que o texto me diz) Observações: i) Quando se trata do comentário de uma frase ou enunciado, o esquema é o mesmo, mas muito mais curto, porque se trata de apenas uma ideia ii) Esta numeração não é necessária. 4. Metodologia/Procedimentos As principais perguntas a que se deve responder quando se faz um comentário são: O que é que o texto diz? Como diz? O que me diz? Comentário de um texto Leitura do texto (pelo menos duas vezes) – Leitura de contacto e fruição, para apreensão do conteúdo global (mensagem) – Leitura atenta e profunda para compreensão do seu sentido mais profundo ou conotattivo, identificando e resolvendo todas as dificuldades de compreensão (vocábulos, conceitos, referências), através de pesquisa em dicionários, enciclopédias, livros e artigos relevantes (não se pode falar de um texto sem antes o ter compreendido). Análise pormenorizada do texto – Precisar o que o texto diz, determinando o objectivo, o assunto, o tema e o conteúdo (ideias, sentimentos, argumentos,…) – Identificar o género e tipo de texto que realiza o género; – Localizar o texto: se trata de um texto independente, enquadrar na totalidade da obra do autor para o tornar mais claro; se for um excerto, identificar a obra original a que pertence, fazendo uma síntese do seu enquadramento geral; – Determinar a estrutura interna do texto: identificar o plano esquemático do texto (esquema lógico das ideias), encontrando os momentos de sentido em que ele pode ser dividido e a ligação lógica entre as partes e entre as ideias secundárias e a principal (a forma como o autor articula as ideias para fazer passar a mensagem, manifestado na articulação dos enunciados e na coerência textual) – Analisar a forma do texto (como diz), esclarecendo os processos linguísticos, estilísticos e/ou gráficos que o autor utilizou na construção do texto para fazer passar a sua mensagem;
Note bem:
Redacção do comentário: a partir dos elementos da análise e respeitando a estrutura própria do comentário: Introdução: é redigida depois da análise, quando estiver claro o que deve ser comentado. Integra os seguintes tópicos: 1. Assunto/tema abordado no texto a comentar 2. Problema a que o autor procura responder 3. Posição do autor (tese) sobre esse problema 4. O contexto teórico/histórico/estético do texto 5. O interesse principal do texto 6. O plano adoptado para o comentário Desenvolvimento 7. Descrição: dá-se conta da análise feita, esclarecendo os outros sobre aquilo que o texto diz (resumo do conteúdo e dos problemas tratados), expondo as ideias presentes na obra e/ou texto, pondo em evidência, a articulação (lógica) entre as principais e secundarias, as relação entre elas e as justificações (argumentos) apresentadas pelo autor para defender a sua posição e a intenção com que o autor as transmite, de forma objectiva. Pode-se apresentar exemplos ou pormenores pertinentes. 8. Interpretação/explicação: extracção dos sentidos ou significações do que é dito (interpretação), explicitando os conceitos usados pelo autor, recorrendo aos conhecimentos estudados e apontando a relação estabelecida com outros problemas/temas. 9. Reflexão/apreciação: exposição, racionalmente fundamentada, de eventuais problemas, dúvidas ou objecções que a posição do autor levanta, isto é, apontar os pontos positivos e apreciar com comedimento os negativos. Conclusão: relembra, sinteticamente, o essencial do conteúdo do texto; reafirma sumariamente, os julgamentos feitos acerca dos objectivos, papel, lugar e valor do texto; exprime uma avaliação sobre a pertinência e o rigor do que o texto/obra diz, sua coerência ou incoerência, fundamentando o ponto de vista com recurso aos conhecimentos e às experiências pessoais; e manifesta a apreciação pessoal, ou seja, a posição crítica pessoal em relação ao conteúdo, ao texto, ou autor (grau de adesão e porquê, actualidade ou anacronismo e alternativa). 10. Mensagem/conteúdo do texto 11. Contexto em que se insere 12. Validade do texto/mensagem 13. Posição pessoal Comentário de uma frase ou enunciado Esmiuçar o enunciado, expondo i) A parte de verdade ou os pontos positivos da argumentação, com base nos conceitos subjacentes ou explicitamente usados pelo autor (implica recorrer aos conhecimentos estudados) ii) A parte de erro ou os pontos positivos da argumentação, com base nos conceitos subjacentes ou explicitamente usados pelo autor (implica recorrer aos conhecimentos estudados) Expor a posição pessoal, deduzida das exposições anteriores Observações: i) No caso de se tratar de um comentário focado, deve dizer-se, no final da introdução, qual o ponto que se vai comentar e justificar a opção. Esse ponto deve ser explorado até às máximas consequências. No resto, é igual ao comentário global. ii) Quando se trata de um texto literário, há que descrever, avaliar e tomar posição sobre o modo como se diz e a sua beleza. Conselhos práticos: Comentar não é: Exprimir apreciações gerais e superficiais, como: é muito interessante, muito bom, bonito, etc. (opinião, julgamento de valor).
Comentar é: Partir do texto como um todo e apresentar a sua interpretação,
Bibliografia: BASTOS, C. R. N. S. & FIDALGO, M.J.S. C. Saber Redigir: A composição. O resumo. A comparação de textos. Porto. Empresa Literária Fluminense. S/data. CEIA, Carlos (coord). Comentário. E-Dicionário de termos Literários. ISBN: 989-20-0088-9. Acessível em http://www.edtl.com.pt. (acedido em 17.5.2012) FIGUEIREDO, Maria J. Vilar e BELO, Maria Teresa. Comentar um texto literário. Lisboa. Editorial Presença. 1985. pp. 9-17 LAGOA, Sérgio. Como fazer um comentário de texto em Filosofia? Acessível em http://paginasdefilosofia.blogspot.com/2009/02/como-fazer-um-comentario-de-texto-em.html. (acedido em 17.5.2012). 2009. MARTINS, Ana. Como se elabora um comentário de uma frase, poema ou texto? Acessível em http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=20940 (acedido em 17.5.2012). 2007. MELO, Fábio. Como fazer uma crítica? Acessível em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1198697 (acedido em 17.5.2012). MOREIRA, Ana Maria L. Trabalhos dirigidos de português. Lisboa. Didáctica Editora. 1992. Pp. 107-115 PRADA, Edite. Como fazer o comentário de um texto? Acessível em http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=14684. (acedido em 17.5.2012). 2004. REI, J. E. Curso de Redacção II. – O texto. Porto Editora. 1995. pp. 48-54 VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. Problemas e Técnicas na produção Oral e escrita. S. Paulo. Martins Fontes. Pp. 153 – 168 Elaborado por: docentes LP IV |