O que é comentario crítico comparativo

Lílian Campos, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Resenha, ou resumo crítico, é um texto produzido com a finalidade de analisar e comentar uma obra qualquer (literária, cinematográfica, pictórica, musical, teatral etc.).

O resenhista, ou recensor, deve privilegiar, como ponto de partida para a produção de seu trabalho, os seguintes aspectos:


  • leitura detalhada e crítica da obra;
  • informações bibliográficas e alguns dados biográficos mais significativos do autor;
  • produção de um resumo da obra, apresentando as principais ideias de seu autor, respeitadas suas intenções e impressões;
  • análise bem fundamentada de, ao menos, um aspecto relevante do texto;
  • apreciação do aspecto escolhido, ou seja, avaliação crítica em relação a esse aspecto;
  • escrita argumentativa clara, objetiva, coesa e coerente.É importante lembrar que a avaliação crítica não se limita a concordar ou discordar com o texto de referência, mas cabe ao resenhista emitir sua opinião de forma consistente. Para tanto, é aconselhável que o recensor busque aprofundar seus conhecimentos, pesquisando sobre o autor da obra, relacionando-o com suas outras produções (se houver) e mostrando suas contribuições no domínio em questão.Um outro ponto importante: a resenha deve incorporar o resumo e a avaliação crítica de forma harmônica, ou seja, o resenhista deve estabelecer um diálogo com a obra resenhada e seu autor.Os tipos mais conhecidos de resenhas são: a resenha descritiva (científica, técnica) e a resenha crítica (opinativa). Na primeira, o objetivo centra-se no julgamento das proposições feitas pelo autor da obra, ou seja, o resenhista deve analisar e comentar a pertinência e a aplicabilidade daquilo que o autor expõe.Na segunda, o objetivo centra-se no julgamento de valor da obra, ou seja, na apreciação de seus aspectos estéticos, na qualidade de sua produção e apresentação.

    Tanto em um tipo como em outro observamos a existência de análises críticas, variando apenas o viés utilizado para a sua exposição.

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A resenha crítica e o resumo são bastante comuns no dia a dia de quem estuda. Seja no ensino fundamental, seja no ensino médio, em universidades ou em cursos livres, esses gêneros textuais marcam presença.

Por ser algo tão comum e que nos acompanha por, praticamente, toda a nossa vida, o esperado era que produzir uma resenha ou um resumo não fosse um problema para a maioria das pessoas. Mas, infelizmente, são corriqueiros os impasses encontrados ao produzir esses textos.

Pensando nisso, o Brasil Escola preparou um texto para esclarecer todas as questões que se relacionam com a definição e caracterização desses gêneros textuais. Estão preparados?

→ Definição

Resumo

O resumo ganhou destaque no século XIX quando a popularização e acesso às informações científicas foram possibilitados por periódicos que apresentavam apenas resumos. Segundo Meadows¹ (1999), as revistas e jornais continham textos com versões condensadas de artigos publicados em revistas científicas.

A partir disso, podemos inferir que resumos são textos que evidenciam os aspectos mais relevantes de determinada obra.

Resenha

A resenha é um texto que avalia e apresenta o conteúdo de obras já finalizadas, ou seja, é uma análise de determinada produção, seja ela uma obra literária, seja um filme, uma obra de arte, um artigo científico etc.

Segundo Fiorin e Savioli² (1999), resenhar é o mesmo que fazer o levantamento do que é mais importante de determinada obra, descrever os aspectos relevantes que a envolvem, sempre de acordo com a avaliação do resenhador.

→ Características


Esses dois gêneros textuais, apesar de serem confundidos, apresentam distinções marcantes

Um aspecto interessante a ser observado é que, para fazer uma resenha, sempre faremos uso de aspectos que compõem o resumo: seleção e apresentação das ideias mais relevantes de determinada obra.

A partir do que foi apresentado, fica evidente que há semelhanças entre esses textos, mas, na hora de produzi-los, temos que estar bem afiados em relação às peculiaridades de cada um.

O resumo caracteriza-se por ser seletivo, objetivo e isento de comentário/julgamento de quem o produz. Já a resenha crítica, obrigatoriamente, apresenta análises do resenhista.

Notas

¹ MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Tradução: Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília, DF: Briquet de Lemos/ Livros, 1999.

² FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Para Entender o Texto. (Leitura e Redação). São Paulo: Ática, 1990.

Por Mariana Pacheco

Graduada em Letras

1. Finalidade comunicacional: formular uma posição pessoal sobre o conteúdo e/ou forma do texto, como resultado do confronto entre o que se pensa e aquilo que é dito num texto ou enunciado (ou a forma como se lê o que é dito), fundamentada na análise do texto que pode ser comprovada pela pessoa que a lê (ou ouve).

 2. Objectivo específico:

Redigir um texto organizado que:

 i)  Revela o sistema de ideias contido no texto

ii) Explica a sua organização interna

iii) Esclarece a rede de intenções comunicadas (a intenção do autor desse texto, a intenção do leitor desse texto e a própria intenção textual comunicada) e a maneira como as ideias e as intenções são comunicadas.

iv) Aprecia os seus objectivos, o seu valor e a sua função (posição pessoal)

3.Tipos                                                                                                          

 i) Comentário global

Comentário-análise de texto (predominantemente técnico): o mais comum, incide sobre textos não literários que transmitem ideias pessoais ou temas gerais que podem ser objecto de discussão ou contra-argumentação

 Comentário crítico: incide sobre o texto literário, focando não apenas o que é dito (análise), mas também um juízo crítico sobre a forma (como é dito). Para escrever um comentário de texto literário, no contexto de uma disciplina de literatura, há que  procurar informações mais específicas.

 ii) Comentário focado: incide sobre uma parte selecionada do texto, por várias razões, inclusive por ser sobre ela que se tem uma posição definida

iii) Comentário de frase: normalmente um enunciado que exprime o pensamento de personalidade de reconhecida competência sobre a matéria.

 3. Estrutura de comentário de texto

 1. Introduçãointroduz o leitor no universo (tema) do texto, remetendo-o para o problema que o autor procura responder e a sua posição, o contexto do texto e o seu interesse e anuncia o plano adoptado para o comentário.

 2. Desenvolvimento: consiste na análise, interpretação e apreciação do texto, organizada em três partes ou sequências:

 1ª parte: descritiva (resumo da análise)

 2ª parte – interpretativa ou explicativa (explicitação dos conceitos e das relações com outros problemas/temas)

3ª parte – reflexiva ou apreciativa (indicação dos aspectos positivos e negativos)

 3. Conclusão (o que o texto me diz)
 

Observações:

 i) Quando se trata do comentário de uma frase ou enunciado, o esquema é o mesmo, mas muito mais curto, porque se trata de apenas uma ideia

ii)   Esta numeração não é necessária.

 4. Metodologia/Procedimentos

  As principais perguntas a que se deve responder quando se faz um comentário são: O que é que o texto diz? Como diz? O que me diz?

 Comentário de um texto

 Leitura do texto (pelo menos duas vezes)

–  Leitura de contacto e fruição, para apreensão do conteúdo global (mensagem)

–     Leitura atenta e profunda para compreensão do seu sentido mais profundo ou conotattivo, identificando e resolvendo todas as dificuldades de compreensão (vocábulos, conceitos, referências), através de pesquisa em dicionários, enciclopédias, livros e artigos relevantes (não se pode falar de um texto sem antes o ter compreendido).

 Análise pormenorizada do texto

 –      Precisar o que o texto diz, determinando o objectivo, o assunto, o tema e o conteúdo (ideias, sentimentos, argumentos,…)

–       Identificar o género e tipo de texto que realiza o género;

–     Localizar o texto: se trata de um texto independente, enquadrar na totalidade da obra do autor para o tornar mais claro; se for um excerto, identificar a obra original a que pertence, fazendo uma síntese do seu enquadramento geral;

–  Determinar a estrutura interna do texto: identificar o plano esquemático do texto (esquema lógico das ideias), encontrando os momentos de sentido em que ele pode ser dividido e a ligação lógica entre as partes e entre as ideias secundárias e a principal (a forma como o autor articula as ideias para fazer passar a mensagem, manifestado na articulação dos enunciados e na coerência textual)

–   Analisar a forma do texto (como diz), esclarecendo os processos linguísticos, estilísticos e/ou gráficos que o autor utilizou na construção do texto para fazer passar a sua mensagem;

  • O léxico: valor conativo das palavras, registo de língua a que pertencem, sua organização no texto, associações, oposições, sonoridades…
  • As classes gramaticais mais relevantes
  • As frases (ou versos): construção, ritmos, …
  • As imagens e figuras de estilo
  • Os tipos de texto e discurso (narração, descrição, argumentação, …)
  • O registo

 Note bem:

  • Estes aspectos ocorrem em simultaneidade
  • No caso de um poema, há que analisar a sua estrutura externa (composição estrófica, métrica, rima e ritmo) e a sua relação com a estrutura interna

 Redacção do comentário: a partir dos elementos da análise e respeitando a estrutura própria do comentário:

 Introdução: é redigida depois da análise, quando estiver claro o que deve ser comentado. Integra os seguintes tópicos:

 1. Assunto/tema abordado no texto a comentar

2. Problema a que o autor procura responder

3. Posição do autor (tese) sobre esse problema

4. O contexto teórico/histórico/estético do texto

5. O interesse principal do texto

6. O plano adoptado para o comentário

 Desenvolvimento

7. Descrição: dá-se conta da análise feita, esclarecendo os outros sobre aquilo que o texto diz (resumo do conteúdo e dos problemas tratados), expondo as ideias presentes na obra e/ou texto, pondo em evidência, a articulação (lógica) entre as principais e secundarias, as relação entre elas e as justificações (argumentos) apresentadas pelo autor para defender a sua posição e a intenção com que o autor as transmite, de forma objectiva. Pode-se apresentar exemplos ou pormenores pertinentes.

 8. Interpretação/explicação: extracção dos sentidos ou significações do que é dito (interpretação), explicitando os conceitos usados pelo autor, recorrendo aos conhecimentos estudados e apontando a relação estabelecida com outros problemas/temas.

9.  Reflexão/apreciação: exposição, racionalmente fundamentada, de eventuais problemas, dúvidas ou objecções que a posição do autor levanta, isto é, apontar os pontos positivos e apreciar com comedimento os negativos.

 Conclusão: relembra, sinteticamente, o essencial do conteúdo do texto; reafirma sumariamente, os julgamentos feitos acerca dos objectivos, papel, lugar e valor do texto; exprime uma avaliação sobre a pertinência e o rigor do que o texto/obra diz, sua coerência ou incoerência, fundamentando o ponto de vista com recurso aos conhecimentos e às experiências pessoais; e manifesta a apreciação pessoal, ou seja, a posição crítica pessoal em relação ao conteúdo, ao texto, ou autor (grau de adesão e porquê, actualidade ou anacronismo e alternativa).

 10. Mensagem/conteúdo do texto

11. Contexto em que se insere

12. Validade do texto/mensagem

13. Posição pessoal

  Comentário de uma frase ou enunciado

 Esmiuçar o enunciado, expondo

i)   A parte de verdade ou os pontos positivos da argumentação, com base nos conceitos subjacentes ou explicitamente usados pelo autor (implica recorrer aos conhecimentos estudados)

ii) A parte de erro ou os pontos positivos da argumentação, com base nos conceitos subjacentes ou explicitamente usados pelo autor (implica recorrer aos conhecimentos estudados)

 Expor a posição pessoal, deduzida das exposições anteriores

 Observações:

 i)   No caso de se tratar de um comentário focado, deve dizer-se, no final da introdução, qual o ponto que se vai comentar e justificar a opção. Esse ponto deve ser explorado até às máximas consequências. No resto, é igual ao comentário global.

ii)  Quando se trata de um texto literário, há que descrever, avaliar e tomar posição sobre o modo como se diz e a sua beleza.

 Conselhos práticos:

 Comentar não é:

 Exprimir apreciações gerais e superficiais, como: é muito interessante, muito bom, bonito, etc. (opinião, julgamento de valor).

  • Expor ideias diversas e dispersas sem ligação com ou que não tenham origem no texto (ou frase).
  • Explicar o texto linha por linha ou frase por frase.
  • Explorar ideias acessórias (apenas perifericamente relacionadas com a ideia central do texto).
  • Escrever uma redacção ou divagar a partir do texto ou do tema.
  • Repetir opiniões de professores, críticos e outros, sem demonstrar qualquer espírito crítico ou originalidade.
  • Apresentar a lista dos recursos estilísticos sem explicar porque e como foram usados.
  • Fazer uma paráfrase.
  • Fazer um resumo.

 Comentar é:

 Partir do texto como um todo e apresentar a sua interpretação,

  • Formular uma posição pessoal fundamentada na análise do texto que pode ser comprovada pela pessoa que lê (ou ouve) a crítica.
  • Escrever um texto crítico e não apenas opinativo ou informativo
  • Integrar sequências descritivas, expositivas, explicativas e reflexivas (argumentativa).
  • Redigir um texto cuidado em termos de: i) precisão e rigor das expressões; ii) propriedade da linguagem (uso de terminologia científica adequada); iii) apresentação; iv) estrutura frásica; e v) pontuação e ortografia.

 Bibliografia:

 BASTOS, C. R. N. S. & FIDALGO, M.J.S. C. Saber Redigir: A composição. O resumo. A comparação de textos. Porto. Empresa Literária Fluminense. S/data.

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MARTINS, Ana. Como se elabora um comentário de uma frase, poema ou texto? Acessível em http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=20940 (acedido em 17.5.2012). 2007.

MELO, Fábio. Como fazer uma crítica? Acessível em http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1198697 (acedido em 17.5.2012).

MOREIRA, Ana Maria L. Trabalhos dirigidos de português. Lisboa. Didáctica Editora. 1992. Pp. 107-115

PRADA, Edite. Como fazer o comentário de um texto? Acessível em http://www.ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=14684. (acedido em 17.5.2012). 2004.

REI, J. E. Curso de Redacção II. – O texto. Porto Editora. 1995. pp. 48-54

VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. Problemas e Técnicas na produção Oral e escrita. S. Paulo. Martins Fontes. Pp. 153 – 168

Elaborado por:  docentes LP IV