O globo comparações ministérios com mais corrupções mais inovadores

5984. Revista Época: Os brasileiros mais influentes de 2012

Revista Época: Os brasileiros mais influentes de 201 Quem são as pessoas mais influentes do Brasil, aquelas capazes de liderar, inspirar ou comover os brasileiros? Nesta edição, como faz desde 2007, ÉPOCA apresenta a lista das 100 personalidades mais influentes do país. Ela está dividida nas categorias Líderes, Heróis, Construtores e artistas. Inclui aqueles que na avaliação da redação de Época, mais se destacam em 2012. Os textos sobre eles são escritos por gente também influente, capaz, pela proximidade ou pelo conhecimento, de iluminar a história e o caráter de quem o Brasil precisa conhecer. JOAQUIM BARBOSA Com sua firme atuação no julgamento do mensalão, o primeiro negro a assumir a presidência do STF encarnou o clamor popular pelo combate à corrupção O menino pobre do interior que se formou em Direito e hoje preside um dos Poderes da República. Essa é a inspiradora história do primeiro negro a comandar a mais alta corte do país. Mineiro de Paracatu, primogênito de oito filhos e arrimo de família desde os 16 anos de idade, a trajetória de Joaquim Barbosa cumpriu-se sob o signo da superação. Fruindo o estatuto de celebridade por sua firme atuação num dos julgamentos mais marcantes do Supremo Tribunal Federal (STF) - do mensalão - Joaquim corporificou o clamor popular pelo combate inapelável à corrupção, sem compromisso com a planejada indulgência dos mafiosos, sem concessões ou artifícios decorrentes das dívidas de gratidão. Com isso, reconciliou a jurisprudência penal do Supremo com a República - a coisa pública - e, secundado majoritariamente por seus pares, fez do Tribunal um campeão de audiência. Implacável na defesa do interesse público, ele foi aclamado nas redes sociais como o mais novò herói de capa preta. À ciranda de adversidades e obstinações que forjou sua personalidade deve-se somar - além do êxito nas mais distintas cátedras universitárias - a experiência de quase duas décadas no Ministério Público Federal como procurador da República, cargo que Joaquim só deixou em 2003, quando foi convidado pelo então presidente Lula para integrar o STF. Nove anos depois, sua posse à frente da Suprema Corte faz dele um ícone antecipado daquele país que volta e meia teima em se anunciar - um Brasil novo, avesso a desigualdades e privilégios. Joaquim Barbosa é o arauto de uma novidade: por formação, atitude e imposição, ele é o magistrado "de pé", que quer um Judiciário "sem floreios" ou "rapapés" e, sobretudo, mais igualitário e eficaz. Alexandre Camanho, procurador regional da Republica e presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República CARLOS AYRES BRITTO Ele conduziu, com suave vigor e imperturbável serenidade, o julgamento que já se tornou um marco histórico do Judiciário brasileiro a alta e reconhecida importância da atuação do ministro Ayres Britto não vem apenas da longa trajetória na corte, durante a qual foi, sobretudo como relator, responsável pela condução de acórdãos memoráveis sobre temas de relevo transcendente para a sociedade brasileira, como o da pronúncia de inconstitucionalidade da Lei de Imprensa e o do alcance e disciplina jurídica da reserva indígena Raposa Serra do Sol. E, não obstante esse papel, exercido com irretocável independência, firme convicção e não menor propriedade técnica, já bastasse por justificar-lhe tal reconhecimento público, sua notável contribuição institucional foi muito além. Todos os que acompanhamos o mais importante julgamento criminal da história da Suprema Corte brasileira não podemos deixar de sublinhar, como ápice de sua decisiva presidência, o inexcedível espírito público, o suave vigor, o ostensivo empenho, a rara sobranceria e a imperturbável serenidade com que presidiu, na fase substantiva, o julgamento da conhecida Ação Penal 470. O povo deve-lhe o haver tornado possível concluir, de maneira retilínea, em tempo compatível com a gravidade e a complexidade de uma causa singular por muitos títulos, inclusive pelo elevado número de denunciados, o julgamento que, sem dúvida, constituirá marco histórico do Judiciário brasileiro. Cezar Peluso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal ROBERTO GURGEL O procurador-geral da República foi o responsável pela denúncia contra os réus do mensalão Dizer que Roberto Gurgel detém elevadíssimo quociente intelectual é chover no molhado. Como ainda é chover no molhado dizer que ele acumula, com toda exuberância, talento e cultura. Prefiro vê-lo pelo dominante prisma do ser humano que já não abre o menor espaço, uma frincha que seja, entre sua pregação e sua prática. Ele se tornou a encarnação de seu próprio discurso. O nome apropriado para esse tipo de simbiose é... autenticidade! Autenticidade que traduz o luminoso estado de quem já ascendeu ao patamar da consciência, que outra coisa não é senão evolução espiritual. Crescimento interior. Por isso que ele, Roberto Gurgel Santos, agrega leveza e firmeza ao máximo de empenho e seriedade em tudo o que faz. O resultado é a mais objetiva qualificação das coisas assim conscientemente feitas. Enfim, louvo esse tão superlativo modo pessoal e profissional de ser, próprio dos que andam de fim para fim e de topo para topo da existência. Carlos Ayres Britto, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal RICARDO LEWANDOWSKI Ao inocentar alguns acusados, o ministro do STF manifestou uma voz minoritária e dissonante, que precisa ser respeitada Cada vez maior é a movimentação social a favor das minorias e do respeito à liberdade de expressão. Aqueles que não tinham voz, que estavam à sombra, hoje podem sair às ruas e pleitear um lugar ao sol e o direito de ser diferente. Ventos democráticos renovaram o poluído ar deixado pelo autoritarismo, pelo sectarismo. Mas que democracia é essa que atende pelo nome de satisfação pessoal, que inadmite visão discordante, que massacra os que contrariam a corrente majoritária? A independência do magistrado revela a finalidade precípua de defesa do Estado, das instituições e do cidadão. Protege-se o juiz nos atos jurisdicionais, para poder concretizar o direito como resultado do processo da submissão do fato à norma, a partir da ciência e consciência, da formação intelectual e humanística possuídas. Mede-se a maturidade de um país pela observância à decisão formalizada, seja qual for, desde que fundamentada e anunciada publicamente. Imaginar que a defesa de entendimento minoritário reflete apoio político comprado implica supor que os integrantes da ótica vencedora estão também comprometidos com a mídia ou a opinião pública. Censurar posturas diversas daquela que se tem e, a um só tempo, alardear modernidade e pluralidade soa, no mínimo, como hipocrisia. Uma sociedade aberta, tolerante e consciente pressupõe escolhas pautadas nas várias concepções sobre os mesmos fatos. Parafraseando Voltaire, afirmo, ministro Ricardo Lewandowski, que, até quando divirjo da interpretação dada ao contido em processo da competência do Supremo, defendo o direito de Vossa Excelência de proclamar o que pensa. Siga em frente! Caminhamos rumo à quadra em que a coragem de dizer as próprias verdades não será motivo de assombro. Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral e presidente do Instituto Metropolitano de Altos Estudos (Imae) LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA O ex-presidente enfrentou um câncer de laringe ao mesmo tempo que ajudou a eleger o prefeito da maior cidade do país Luiz Inácio Lula da Silva é o maior político brasileiro de todos os tempos. O povo é testemunha de sua trajetória, marcada pelo combate incansável às desigualdades sociais do nosso país, pela luta por democracia e pela construção do governo que mais fez o Brasil avançar. Depois, ajudou a eleger sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff, com quem divide índices recordes de aprovação. Recentemente, sua história de vida ganhou mais um componente de superação. Acometido por um câncer na laringe, passou por cinco meses de tratamento que subtraíram sua energia e sua voz, emblemas de sua força política. Travou uma luta silenciosa e venceu a doença. No fim de março, veio a público para agradecer a Deus e às preces dos brasileiros. Declarou» que iria "continuar lutando para ver se conseguimos melhorar a vida do povo brasileiro um pouco mais", como se o episódio fosse um breve hiato em sua missão. E assim fez, se engajando em campanhas eleitorais por todo o país, inclusive na minha, aqui em São Paulo. Como em outros momentos de sua vida, cada adversidade, crítica e questionamento faziam crescer sua fibra e determinação. Já tinha aprendido com Lula, ele presidente e eu ministro da Educação, que nossas ações tinham o poder real de mudar a vida das pessoas. Neste ano, agradeço a ele por me abrir um novo caminho: nas ruas e nos palanques, conversando com o povo. E nas urnas, com a confiança depositada pelos cidadãos em nosso projeto político transformador e progressista. Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo e ex-ministro da Educação FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Ele redefiniu a posição de ex-presidente ao fomentar o debate e a formação de novas gerações e ganhou a maior láurea mundial das ciências sociais Sua extraordinária biografia bastaria para credenciá-lo entre os mais sábios, mercê da força do bom exemplo, uma mercadoria cada vez mais apreciada numa época marcada pela incerteza no campo dos valores. Não por outro motivo, em 2007, FHC passou a fazer parte do grupo conhecido como The Elders (Os Mais Velhos), do qual fazem parte Nelson Mandela, o Bispo Tutu, Koíi Annan, Jimmy Carter, entre outros. Um orgulho para o país. Em 2012, outro: aos 81 anos, foi o primeiro cidadão latino-americano a receber o Prêmio Kluge - uma espécie de Nobel para as ciências sociais - concedido pela Biblioteca do Congresso Americano. Os premiadores destacaram sua capacidade incomum de unir ação e teoria, engajamento político e excelência acadêmica, e de renovar-se continuamente, de modo a permanecer na fronteira do debate sobre o aperfeiçoamento da democracia. O intelectual presidente foi o primeiro a estabelecer uma biblioteca presidencial no país, no seio de um centro de pesquisa, seu instituto, o iFHC, que alterna eventos com os maiores líderes deste planeta e com estudantes que vêm conhecer seu acervo, conversar sobre valores democráticos e ouvir histórias, novas e velhas, sobre a inflação e outras drogas viciantes, bem como te¬mas emergentes de governança global. Por todos esses atributos, ao reinventar a ex-Presidência, dignificou ainda mais o cargo, ampliando sua expressão simbólica, sobretudo quando associado à simples conduta pessoal. A despeito de estar afastado das lides políticas e de ter se recusado a seguir o exemplo de Brutus na tragédia de Juliu Cesar, foi incessantemente atacado, na imprensa e no Judiciário, com vistas a destruir o seu legado e também esse seu discreto apostolado em torno da virtude pessoal. Mas o tempo e a verdade sumiram com essa fumaça. FHC rejuvenesceu ainda mais. O que pode ser mais atual e pertinente do que um paradigma de conduta pessoal? Gustavo Franco, ex-presidente do Barco Central AÉCIO NEVES O senador alia a tradição de sabedoria, entendimento e cordialidade da política mineira com uma gestão moderna Para mim, Aécio Neves são vários. Há o amigo generoso, o "carioca" entusiasta e o homem público notável. Meu amigo Aécio faz parte daquele imenso contingente de mineiros que são também cariocas, de vivência e espírito. Nascido em Belo Horizonte, ainda criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde viveu toda a adolescência. Foi nesse período que se formou em carioquice - nas arquibancadas do Maracanã, na quadra da Mangueira e na Praia de Ipanema, onde surfava. Em Belo Horizonte, concluiu a faculdade de economia e deu início à exitosa vida pública, trabalhando com seu ilustre avô Tancredo Neves, então candidato ao governo de Minas Gerais. Como secretário do avô, vivenciou um dos episódios mais importantes da história brasilei¬ra: a transição da ditadura militar para a democracia. De lá para cá, construiu uma carreira política bem-sucedida como deputado federal, governador de Minas Gerais, reeleito com excelentes re¬sultados administrativos, e agora como senador. Como homem público, Aécio compõe a mais destacada escola política brasileira. Seu sucesso político ampara-se em sólida herança familiar. O pai, Aécio Cunha, exerceu oito mandatos parlamentares. Seu avô pa¬terno, Tristão Ferreira da Cunha, foi secretário estadual do então governador Juscelino Kubitschek. Aécio é um mestre na arte de conciliar a tradição de sabedoria, entendimento e cordialidade da política mineira com a imperiosa modernidade de gestão. Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio de Janeiro EDUARDO CAMPOS 0 governador de Pernambuco comandou o PSB nas urnas e transformou o partido em vitorioso nas eleições municipais No último pleito, o PSB foi a legenda que mais cresceu em relação a 2008. Nada menos de 15,4 milhões de brasileiros viverão em cidades administradas pelo PSB. O partido de tradição também se revela dinâmico, sintonizado com as aspirações populares e preparado para responder aos desafios. Os resultados extremamen¬te positivos do último pleito resultam, em grande parte, da liderança segura do go¬vernador Eduardo Campos. Eduardo traz no sangue a verve da boa política. Neto de Miguel Arraes, de quem foi chefe de Gabinete, exerceu diversos mandatos até assumir o governo do Estado de Pernambuco, onde cumpre o segundo mandato. É conhecido seu destaque nos rankings que procuram retratar o desempenho de nossos gestores públicos. Uma carreira como essa só se constrói com brilho próprio, carisma e indiscutível competência. Cid Ferreira Gomes, governador do Ceará MICHEL TEMER O vice-presidente da República uniu o PMDB e fez do partido um dos pilares do governo Dilma Michel Temer é um exemplo de político firme e comprometido com o crescimento de nosso país. Sua carreira pública é sedimentada em seu amplo conhecimento jurídico, em suas aptidões de pro¬fissional do Direito e também em suas qualidades de grande ad¬ministrador. Temer é um homem querido e respeitado por todos. Como presidente nacional do PMDB, conseguiu um grande feito: unir o partido e dialogar com todas as suas correntes. Tem desempenhado impecavelmente o cargo de vice-presidente da República, focado no interesse nacional e nos temas de grande relevância da agenda internacional. Como leal companheiro de jornada da presidenta Dilma Rousseff, vem desenvolvendo uma gestão influente e colaborando para a governabilidade do nosso país. Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro GILBERTO KASSAB A capacidade de articulação do prefeito de São Paulo foi provada com a criação do PSD PARTILHEI COM O PREFEITO de São Paulo, Gilberto Kassab, de inúmeros momentos de troca de impressões sobre a política e as questões administrativas. Sua postura é de quem está sempre disposto ao diálogo. Essa é uma das características que hoje o credenciam como uma das principais lideranças políticas de nosso Estado. Sua capacidade de articulação foi comprovada com a criação do PSD, hoje uma das principais forças partidárias do país. Além disso, sua atuação no processo eleitoral deste ano foi marcada por uma forma absolutamente madura, republicana e democrática de fazer política. Apesar de seu apoio na capital a um adversário de nosso partido, ele manteve uma postura de respeito, sem fazer uso da poderosa máquina administrativa da prefeitura para beneficiar esse ou aquele candidato. Luiz Marinho, prefeito de Sâo Bernardo do Campo, SP EDUARDO PAES Consagrado pela reeleição em primeiro turno, o prefeito do Rio lidera um momento feliz da cidade O prefeito Eduardo Paes se funde com sua cidade, o Rio de Janeiro, Ele é a cara do Rio, e o Rio o coração de Eduardo. Minha admiração e amizade por este que é um dos mais talentosos líderes da nova geração de políticos brasileiros nasceram na época de sua atuação na Câmara dos Deputados, quando ele ainda pertencia aos quadros do PSDB. É raro um homem público tão identificado com a função que exerce. Despido das pompas do poder, Eduardo alcança aquilo que, para muitos, é pura utopia: uma relação aberta, franca e leal com os cidadãos, rompendo a dicotomia que costuma dividir-nos entre sociedade e Poder Público, entre nós e eles. Eduardo não pertence mais aos quadros do meu partido, que a ele faz oposição no plano político local. Essa circunstância jamais impediu o justo reconhecimento de seus méritos e valores. O político preparado, o líder sensível e o administrador moderno encontram-se nesse tijucano de 43 anos, que aprendeu a governar com incomparável leveza. Aproximou-se dos anseios da população, que o conhece de perto desde que, com apenas 23 anos, começou sua vida pública. Aliada a sua competência, acredito que é a postura de não exercitar a política como um fardo, e sim como escolha e vocação, que deu a ele as condições necessárias para realizar as transformações em curso no Rio. Os mineiros, assim como os sulistas, paulistas, nordestinos, nortistas, brasileiros de todos os cantos, somos também um pouco cidadãos do Rio, pelos laços de afeto que nos unem à cidade. Isso faz com que Eduardo seja um pouco prefeito de todos nós. Aécío Neves, senador ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO 0 prefeito eleito de Salvador se consagrou como uma nova liderança, cercada de expectativas Dinâmico, hiperativo e contundente. Talvez sejam essas as melhores características para definir o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto. Nossa convivência na Câmara sem¬pre foi de respeito. Durante os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, tivemos mais contato. Apesar de jovem, ACM Neto carrega duas marcas notáveis. A forte identificação com o avô e a busca constante pela afirmação e construção de identidade própria. O mais importante é que sempre foi um deputado de posição. Despertando amor ou ódio, não gera indiferença. ACM Neto conseguiu manter credibilidade e previsibilidade em sua conduta. Valores difíceis de alcançar e manter na Câmara Federal. Com personalidade forte, ACM Neto por vezes chegou ao limite do rompimento. O tempo o fez amadurecer e hoje se consolida como liderança e com grande expectativa, a partir de sua administração em Salvador. Gustavo Fruet, prefeito eteito de Curitiba ARTHUR VIRGÍLIO Nas urnas de Manaus, ele derrotou a candidata adversária, apoiada por Dilma, e mostrou força política Entre 2003 e 2010, convivi diariamente com Arthur Virgílio no Congresso Nacional. Ele, líder do PSDB; eu, do Democratas. Enfrentamos juntos muitas situações difíceis. E é na adversidade que conhecemos bem as pessoas. Por isso, posso dizer com convicção que Arthur Virgílio tem predicados como capacidade de liderança e espírito público. Arthur não convive com a improbidade. Considera a conduta ética um valor democrático. Fui testemunha de sua experiência e capacidade política. Sabe se conduzir em situações favoráveis e desfavoráveis. Depois de perder uma eleição para o Senado, em 2010, venceu neste ano a disputa para a prefeitura de Manaus com larga margem de votos. Está consciente de que a legitimação de uma vitória não é o resultado nas urnas, mas o desem-penho do mandato. Arthur Virgílio usará todas as suas características positivas, toda a sua experiência política para alcançar o sucesso administrativo como prefeito de Manaus. Energia para essa tarefa ele tem de sobra. José Agripino, senador GUSTAVO FRUET O ex-deputado federal venceu uma disputa acirrada pela prefeitura de Curitiba Técnico, meticuloso, comprometido com a ética, honesto, cumpridor de suas tarefas e firme em seus propósitos. São essas as características de Gustavo Fruet. É um político de valor inegável. De fala mansa, cordial, simples, sabe ser duro quando o embate é inevitável e conciliador na construção do diálogo. Sem abrir mão daquilo em que sempre acreditou, teve a coragem de enfrentar o desafio das urnas neste ano. Superou uma disputa difícil. Conheço bem as qualidades de Fruet, pois tive a oportunidade de conviver com ele na CPI dos Correios, em 2005, quando fomos sub-relatores e fizemos um grande trabalho. Fruet sempre pensou nos mínimos detalhes e se preocupou em ter resultados verdadeiros, sem máscaras nem qualquer maquiagem. A política brasileira precisa de nomes como Fruet, que servem de inspiração para quem deseja seguir carreira pública em benefício da população. Tenho a convicção de que ele tem um futuro brilhante e a certeza de que aproveitará a oportunidade na prefeitura de Curitiba para comprovar a competência demonstrada como parlamentar. Antonio Carlos Magalhães Neto, prefeito eleito de Salvador, BA FERNANDO HADDAD Escolhido por Lula como candidato à prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da Educação conquistou uma vitória que parecia impossível FERNANDO HADDAD ACABA DE CONQUISTAR a prefeitura de SãO Paulo e já fez disparar a bolsa de apostas sobre seu futuro. "Ele tem tudo para ser presidente da República em 2022 ou 2026" afirmou ninguém menos que o marqueteiro João Santana, que assinou as campanhas vitoriosas de Dilma, em 2010, e do próprio Haddad, em 2012. João Santana não delira, não rasga dinheiro nem pesquisas de opinião. Se você também quer especular sobre onde estará Fernando Haddad em 2022, lembre-se de onde ele estava em 2003. Depois de se demitir, desiludido e silencioso, da gestão de Marta Suplicy, então prefeita petista de São Paulo, mudou-se para a Capital Federal, onde se tornou sub do sub de Guido Mantega, na época ministro do Planejamento. Como assessor de Mantega, costurou o formato das Parcerias Público-Privadas. Sua estrela brilhou na Esplanada. Foi então promovido a secretário executivo do Ministério da Educação e, em 2005, virou ministro e mudou completamente o panorama da educação brasileira. Escolhido por Lula para ser candidato a prefeito em São Paulo em 2012, apanhou um bocado para chegar ao segundo turno. No embate final, foi um passeio. Ganhou fácil do tucano José Serra. Não por ser o candidato de Lula, mas por ter atraído eleitores novos para o PT, inclusive aqueles que não votariam em Lula de jeito nenhum. Haddad só foi candidato porque Lula quis, mas ganhou a eleição por ter méritos que Lula não tem. Sua estrela reluzirá ainda mais - e não é só João Santana que sabe disso. Eugênio Bucci, Jornalista e colunista de ÉPOCA JOÃO SANTANA O publicitário baiano, o preferido do PT, elegeu o prefeito de São Paulo e ajudou Hugo Chávez a conquistar a terceira reeleição Conheci João Santana quando ele era apenas um eloqüente secundarista de Salvador. João seguiu para o jornalismo; eu, para a propaganda. Encontrávamo-nos de vez em quando. Ousado, ele exibia cabeleira black power, sandálias de couro cru, bolsa a tiracolo. Era o mais "cult" de nós. Teve exuberantes momentos no jornalismo. Tempos depois, li um anúncio de lanchas que me chamou a atenção. O título era: "Os ricos da Bahia nâo sabem viver a vida". Era João estreando na propaganda. Achei brilhante. Tentei contratá-lo, mas ele queria fazer marketing político. Com talento - e a ajudinha que o Senhor do Bonfim dá a quem nasce sob o dendê - ele conquistou uma notável coleção de êxitos, como as vitórias na prefeitura de São Paulo e na Venezuela, em 2012. Não digo que João esteja no esplendor de sua carreira. É aplicado demais para achar que sabe tudo. Por isso mesmo, ainda crescerá muito. Se eu fosse candidato a qualquer coisa, entregaria a éle minha campanha. Fernando Barros, presidente da agência de propaganda Propeg JORGE GERDAU O presidente da Câmara de Gestão do governo federal é um dos principais interlocutores da presidente Dilma no meio empresarial No ano passado, durante um almoço oferecido ao então presidente da Alemanha, Christian Wulff, a presidenta Dilma Rousseff apresentou-o ao empresário Jorge Gerdau. Em minutos, homenageado e convidado conversavam como velhos conhecidos. Em seu discurso de agradecimento, Wulff citou o brasileiro e fez menção ao fato de suas famílias serem originárias da mesma região alemã, banhada pelo Rio Elba. O prosaico episódio que testemunhei serve para ilustrar a enorme capacidade de Gerdau para conquistar pessoas. Esse trânsito é uma qualidade fundamental para quem, ao longo das últimas seis décadas, vem somando ao inequívoco sucesso empresarial uma dedicação crescente à política corporativa. Sua missão é a melhoria constante do ambiente de negócios no Brasil e a busca pela eficiência da gestão. Gerdau coordena a Câmara de Gestão do governo federal e integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O empenho nessa área fez dele um dos principais interlocutores da presidenta Dilma. Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, indústria e Comércio Exterior ROMÁRIO 0 deputado federal, ex-jogador da Seleção, se destaca no Congresso ao defender as pessoas com deficiência Como fã de futebol e vascaíno, sempre fui admirador de Romário. Seu senso de oportunidade na busca de gols e sua eficiência em campo nunca deixaram de me fascinar. Romário não gostava de gastar energia à toa. Movia-se no grama¬do apenas o necessário para decidir uma partida. Muita gente confundia isso com malandragem - mas era puro talento. Confesso, porém, que fiquei apreensivo quando ele se lançou na política e foi eleito deputado federal. Que tipo de atuação parlamentar esperar dele? Para minha grata surpresa, os traços de personalidade que fizeram dele um grande goleador também se refletiram no exercício de seu mandato. Altivo, independente e determinado, fez críticas certeiras à gestão do futebol brasileiro e cobrou o cumprimento dos prazos das obras da Copa. Engrossou o coro dos que pediam o afastamento de Ricardo Teixeira da direção da CBF. Usou e usa o esporte como instrumento de inclusão social, algo de que muitos falam na Câmara, mas quase ninguém faz. A defesa dos direitos das pessoas com deficiência foi uma causa que nos aproximou (ambos temos filhas com síndrome de Down) e tem sido uma marca de seu mandato. Lindbergh Farias, senador JOSÉ LUÍS DE OLIVEIRA LIMA Ao defender o ex-ministro José Dirceu no julgamento do mensalão, o advogado conquistou projeção nacional Falar do Juca é algo fácil e prazeroso. O que primeiro vem à cabeça é a lealdade, sinceridade e generosidade com os amigos. Ele é muito mais leve e divertido do que parece à primeira vista, com seus suspensórios, ternos bem cortados, gravatas discretas, óculos diferentes, mas distintos. Fala baixo e tem um ar de respeitabilidade que inibe os advogados mais novos. Gosta de ser reconhecido nos melhores restaurantes, de saber que as pessoas o veem como um player quando se discute OAB Seccional, que fala bem com todos os setores da sociedade, que dá palpite na vida do seu time, o Palmeiras, mesmo quando ele volta à segundona. Lembro quando meu querido amigo Zé Dirceu me procurou para advogar para ele no começo desse calvário. Disse-lhe que o processo seria politizado e que ele deveria contratar um advogado ligado ao PSDB. Indiquei-lhe o ministro José Carlos Dias, nosso eterno guru. Embora tenha gostado da causa, ele não poderia assumir, pois já advogava para o Banco Rural. Então, pensei no Juca, por transitar bem em todos os partidos. Fez um belíssimo trabalho técnico na defesa do Zé Dirceu, embora o resultado do julgamento, como eu previra em 2005, já estivesse escrito. Ter trânsito livre em todas as áreas da advocacia, como o uca tem, é uma proeza. Essa profissão é um ninho de cobras. Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), advogado criminalista ARNO AUGUSTIN O secretário do Tesouro Nacional tornou-se uma referência na área de infraestrutura Arno Augustin É um dos principais economistas do PT, tendo exercido, com méritos, relevantes cargos da área econômica. Profundo conhecedor das questões nacionais, presidiu os Conselhos de Administração do Banrisul, do Banco da Amazônia e da Caixa Econômica Federal. Como executivo, comandou as secretarias de Fazenda de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. Ocupou cargos importantes no Ministério da Fazenda, tais como secretário executivo adjunto e, atualmente, secretário do Tesouro Nacional. Tornou-se uma referência com suas lúcidas opiniões não somente sobre economia, mas também na área de infraestrutura, sobre a qual tem alto nível de conhecimento e argumentação. É considerado, pelo mercado e pela imprensa especializada, um dos protagonistas da condução de programas comprometidos com o desenvolvimento do Brasil. Delcídio do Amaral, senador VINÍCIUS CARVALHO Ele capitaneou as mudanças no Cade. o órgão antitruste do governo que ganhou mais poderes e acelerou as decisões sobre fusões e aquisições de empresas Vinícius Carvalho é a pessoa certa para comandar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta fase de salto institucional da autarquia. Três características de Vinícius justificam essa avaliação. Em primeiro lugar, sua sólida formação acadêmica e teórica o credencia a dirigir um órgão colegiado que trata temas complexos que, em geral, exigem abordagem multidisciplinar e análise criteriosa de prós e contras. Mas boa formação acadêmica não basta. Vinícius tem, em segundo lugar, grande experiência em gestão pública e, em particular, no sistema brasileiro de defesa da concorrência. Já foi assessor, conselheiro, secretário de Direito Econômico, além de ter ocu¬pado vários outros cargos no Executivo. Conhece tudo e todos em Brasília. Teve papel central em fazer andar o projeto de lei que acabou se transformando na nova legislação de defesa da concorrência. Terceiro, e mais importante, Vinícius tem dois traços indispensáveis para o gestor, público ou privado: habilidade e bom-senso. Esses dois ingredientes são indispensáveis para quem deseja aplicar uma receita bem-sucedida de forta¬lecimento institucional. Exatamente aquilo de que o Cade e o Brasil precisam para entrar na era da concorrência. Gesner Oliveira, ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) JOSÉ SARNEY O presidente do Senado é dono de uma das trajetórias mais longevas da história da política brasileira A trajetória histórica de José Sarney é uma das mais louváveis da política brasileira. Seu papel no fim do período autoritário foi de suma importância para legar ao Brasil instituições sólidas, estáveis e, acima de tudo, democráticas. Com a morte de Tancredo Neves, em 1985, recaíram sobre seus ombros não só a esperança de um povo, mas também a cobrança dos principais atores políticos, econômicos e sociais. Havia acordos a cumprir, reações a apaziguar, crises a superar, um país a reestruturar. Sarney foi sereno, firme, moderado e cumpriu todas as missões que lhe foram impostas. Restabeleceu laços com países que se tornaram fundamentais para o crescimento brasileiro mais de 20 anos depois, como a China. Trabalhou pela integração com os vizinhos da América do Sul. Iniciou a organização das finanças, trazendo nomes que, anos depois, usaram a experiência de seu governo para elaborar o Plano Real. Foi pioneiro na busca da justiça social, com programas focados nos mais pobres e carentes. Sempre respeitou os demais Poderes. Seu legado é palpável nas ruas, onde o povo pode se manifestar de todas as formas pos¬síveis. Pode ser verificado na democracia mais longeva e sólida que já experimentamos. Sarney continua a ser um homem do seu tempo, presente na cena política atual e contribuindo para a melhoria das instituições brasileiras. Michel Temer, vice-presidente da República MARCO MAIA Efeito pelo PT cjaúcho, ele deixa a presidência da Câmara dos Deputados como um político de projeção nacional Conheci o deputado Marco Maia em 2005, logo que assumiu o mandato. Eu presidia a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público. Ele fora eleito vice-presidente, revelando habilidade e sensibilidade política. Gostei desde logo de sua firmeza e determinação. Foi graças a essas qualidades que ele foi vice-presidente da Casa em 2009 e, depois, ganhou apoio da bancada do PT para se eleger presidente. Como líder do PMDB, acompanhei o trabalho do presidente Marco Maia nesses dois anos. Sou testemunha de que soube ouvir as reivindicações, decidiu as questões colocadas sob sua apreciação e convocou a Câmara para votar projetos relevantes. Com ele, a Câmara não empurrou com a barriga nem se omitiu. No apagar das luzes de 2012, Maia foi firme na de¬fesa da soberania do Legislativo para declarar vagos os cargos de deputados condenados pelo STF, alertando sobre o risco de crise institucional em caso de invasão de competência da Câmara. Confirmou as expectativas dos deputados e da Casa. Se chegou aqui como nome regional do PT, deixa a presidência como figura de destaque da política nacional, pelas suas qualidades e pela disposição de enfrentar os obstáculos. Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara dos Deputados ALDO REBELO O ministro do Esporte comanda a preparação do país para receber em 2014 a Copa do Mundo O ministro Aldo Rebelo é, sem dúvida, um paradigma de persistência, luta e obstinação. Falo não do amigo fraterno e aliado de tantas batalhas, mas sim do homem público preparado, vitorioso, nacionalista e, sobretudo, honrado. Aldo Rebelo terá um assento de destaque na história brasileira, por ter sido um dos protagonistas dos avanços políticos e institucionais mais relevantes dos últimos anos, seja na militância estudantil ou no Parlamento brasileiro. Nascido em Viçosa, em Alagoas, incorporou a seu comportamento a humildade e a cordialidade, tão características dos homens do interior. O precoce pendor pela política surgiu no Colégio Agrícola Floriano Peixoto, na . década de 1970, quando ingressou na Ação Popular e, sete anos depois, em sua filiação ao PCdoB, onde está ainda hoje, depois de uma passagem meteórica pelo PMDB. O nome de Aldo Rebelo ganhou projeção nos anos 1980, ao presidir a União Nacional dos Estudan¬tes. Logo em seguida, foi vereador e deputado federal por vários mandatos consecutivos. Foi eleito, por larga maioria, presidente da Câmara dos Deputados. A experiência somada ao bom trânsito no Congresso Nacional foram determinantes para Aldo Rebelo assumir a Coordenação Política do governo Lula, mesmo filiado a um dos menores partidos da base aliada de então. Agora, como ministro do Esporte, tenho certeza de que organizará a melhor Copa do Mundo de futebol de todos os tempos. Renan Calheiros, senador GARIBALDI ALVES O ministro liderou a mudança na aposentadoria dos servidores federais que deverá reduzir o déficit da Previdência Social Um dos maiores desafios para o homem público que experimenta as mais diversas formas de poder é manter a humildade, a serenidade e a simplicidade. Mesmo ocupando os mais altos postos da República, Garibaldi Alves Filho manteve a singela gentileza do povo potiguar. É com essa fineza de trato que ele vence as eventuais resistências que se erigem contra ele. Assim foi em sua gestão no Rio Grande do Norte, onde ficou conhecido como "governador das águas" ao levar água de qualidade a milhares de conterrâneos. Assim foi na presidência do Senado, defenden¬do o fortalecimento e a independência do Poder Legislativo. Talvez a mais relevante conquista de Garibaldi tenha sido conduzir, em 2012, as negociações para a aprovação da previdência complementar para os servidores públicos federais. Ela foi essencial para garantir, em futuro bem próximo, tanto aos trabalhadores do regime geral quanto aos do Regime Jurídico Ünico, a percepção de uma aposentadoria. Tal legislação estava prevista desde a reforma previdenciária de 2003, mas somente Garibaldi, nove anos depois, reuniu em torno de si as condições políticas para aprovar a criação e regulamentação deste que será um dos maiores fundos de previdência do mundo. Raimundo Carreiro, ministro do Tribunal de Contas da União GUIDO MANTEGA Num cenário em que as grandes economias mundiais estão em desequilíbrio, o ministro da Fazenda tem conseguido manter a saúde das contas brasileiras A condução do ministério da Fazenda exige equilíbrio e sobriedade a qualquer tempo. Em tempos normais, as pressões já são enormes, em vista da dificuldade de atender a todos os interesses e demandas sociais, quase sempre cobertos de legitimidade. Não fosse isso bastante, a crise global de 2008 nos devolveu também a uma era de profunda incerteza, o que deveria tornar as políticas econômicas nacionais menos rígidas, mais pragmáticas e voltadas ao bom-senso. Sobriedade, bom-senso e pragmatismo têm sido as características mais marcantes de Guido Mantega em sua traje¬tória nos governos Lula e Dilma. Ele começou pelo Ministério do Planejamento, como parte da equipe econômica que enfrentou os duros desafios de 2003, seguiu pela presidência do BNDES, depois na função de ministro da Fazenda. Nesse caminho, a experimentação, a observação da realidade e o diálogo têm sido qualidades formadoras do estilo de Guido. Sem dúvida, essas características o têm auxiliado presentemente no enfrentamento dos desafios postos pelos desdobramentos da crise financeira global. Até hoje, a manutenção do equilíbrio fiscal, mesmo em período de estímulo ao investimento, num mundo das grandes economias em desequilíbrio e quase estagnadas, tem todo o mérito e tem trazido resultados. Antonio Palocci Filho, ex-ministro da Fazenda PAULO BERNARDO O ministro das Comunicações lidera uma das áreas mais importantes para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil Paulo Bernardo tem uma extensa folha de relevantes serviços prestados ao país. Nos três mandatos que lhe foram conferidos pelo povo paranaense como deputado federal, Bernardo demonstrou profundos conhecimentos de orçamento. Trabalhamos juntos na elaboração da legislação das Parcerias Público-Privadas. Os rígidos critérios com que sempre defendeu a aplicação dos recursos públicos o catapultaram para o Ministério do Planejamento, de onde comandou as grandes obras e projetos que fizeram do governo Lula o mais aprovado da história do país. Para ajudar o Brasil a vencer o desafio da universalização com padrões internacionais de telefonia, Bernardo foi convocado pela presidenta Dilma para compor sua equipe. Ele lidera uma das áreas mais sensíveis para o desenvolvimento do país, trabalhando na im¬plantação do Plano Nacional de Banda Larga e na aprovação do marco civil da internet, projeto de lei que estabelece os direitos e deveres no uso da rede. Walter Pinheiro, senador NELSON BARBOSA No Ministério da Fazenda, ele dá o tom das políticas de longo prazo o gradualismo e a temperança nas decisões sintetizam bem o estilo de gestão do secretário Nelson Barbosa. Em vez da impulsividade que pode contaminar o pensamento de técnicos jovens e brilhantes como ele, Nelson quer dar passos antecedidos por muita reflexão e em sintonia com o espírito público. Isso não tem nada a ver com imobilismo. Pelo contrário. Ações refletidas se prolongam no tempo e trazem mais benefícios para mais gente. O país inteiro colhe os frutos de medidas talhadas pelas ponderações de Nelson Barbosa, que ganharam forma a partir do Ministério da Fazenda. À frente do Conselho de Administração do Banco do Brasil, Nelson quer a todos imbuídos da função pública do BB. Durante sua gestão, saímos a campo para prover crédito aos setores produtivos do país, quando boa parte das fontes secou, na crise de 2009. Agora, somos indutores do reposicionamento dos bancos, no novo contexto dos spreads menores. Nelson Barbosa sempre nos pede para tratar urgências com inteligência, de olho no interesse coletivo. Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil ALEXANDRE TOMBINI O presidente do Banco Central manteve o sistema de metas inflacionárias, mas está dando mais valor para o crescimento econômico Tenho um grande respeito pelo economista Alexandre Tombini. É um profissional muito bem apetrechado, independente, convicto do que faz. No último ano, mostrou que estava mais antenado com a realidade do mundo e com a economia brasileira do que a maioria de seus críticos. Foi muito atacado, mas manteve o sistema de metas inflacionárias funcionando com uma adaptação que aconteceu no mundo inteiro: está dando mais valor para o crescimento do que para a velocidade de aproximação da meta de inflação. Não abandonou a meta de jeito nenhum, mas, em vez de atingi-la em oito meses, como todo mundo queria, e produzir uma recessão, ele chegará à meta em 18 ou 24 meses, com o país crescendo 2% e mantendo a estabilidade financeira. Nenhum Banco Central em nenhum lugar no mundo pode deixar de olhar o nível de atividade. O Banco Central tem de dar as condições monetárias para que o crescimento se realize. Considero o trabalho de Tombini muito bom. Ele é um grande presidente do Banco Central, igual aos melhores que a instituição já teve. Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, ex-deputado federal e professor aposentado da Universidade de São Paulo GRAÇA FOSTER Exigente, a engenheira é a primeira mulher a comandar a Petrobras, a empresa de maior faturamento no Brasil Conheço acompetência técnica da Graça dos tempos em que construía sua carreira como profissional de engenharia da Petrobras. Ela é obsessiva no cumprimento de prazos, metas e obtenção de bons resultados e intolerante com o que foge à correção e à ética. Para os que ainda terão a oportunidade de conviver com a Graça, pode-se dar um conselho: levem argumentos lógicos e fundamentados. Ela tem toda a disposição para discutir propostas sólidas e tecnicamente embasadas. Mas, se sentir que o interlocutor tem argumentos frágeis, a reunião acaba em poucos minutos. O convívio nos últimos dez anos me fez descobrir que a profissional determinada e exigente concilia a pesada rotina de trabalho com uma vida pessoal rica de afetividade, em que a família é fonte de inspiração e motivação para vencer os desafios. É torcedora fanática do Botafogo e desfila em escolas de samba, com destaque para a União da Ilha do Governador. Alia a sensibilidade de quem fala de flores e músicas ao conhecimento privilegiado do setor de petróleo e ao amor à Petrobras - pela qual, afirma, daria a vida. João Carlos de Luca, presidente da Barra Energia GLEISI HOFFMANN A ministra-chefe da Casa Civil é o braço firme da presidente Dilma na coordenação e execução dos programas de governo Gleisi, Gilberto Carvalho e eu formamos o "trio do 4º andar", uma equipe harmoniosa que, com muita cumplicidade, enfrenta os desafios cotidianos do Palácio do Planalto. Foi na caminhada política que conheci essa grande companheira. Hoje, à frente da coordenação, gestão e controle dos programas federais, Gleisi revela no cotidiano sua sólida formação técnica e seu perfil de grande gestora e administradora pública, ratificados em todas as funções que exerceu. Sua vasta experiência profissional em gestão pública tem contribuído de forma decisiva para os êxitos dos projetos do governo. É importante reconhecer seu compromisso de assegurar a democracia plena, em especial, aos brasileiros que mais precisam da proteção do Estado. Aliás, esse é o comprometimento do governo da presidenta Dilma, um projeto de desenvolvimento do país com base no crescimento econômico com inclusão social. Ao longo desses quase dois anos no assessoramento direto à presidenta, reconheço na ministra Gleisi uma grande líder, que fará história na defesa do Paraná e do Brasil. Ideli Salvatti, ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República MÍRIAM BELCHIOR Ela deu relevância ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, enfrentando desafios como a greve dos servidores Miriam optou pela militância desde sua juventude, combinando a generosidade da entrega com a seriedade profissional. Perfeccionista, exigente ao máximo consigo mesma, uniu de forma admirável o ativismo político e profissional ao estudo, ao aprofundamento, à busca de novas ferramentas para exercer de maneira sempre mais competente seu trabalho, o serviço público. O grande diferencial do Partido dos Trabalhadores nesse tempo todo foi contar com gente como Miriam em suas administrações. A Miriam engenheira esteve ao lado da presidenta Dilma, quando esta era ministra da Casa Civil, na concepção e implantação do PAC, do qual hoje é coordenadora. Como ministra do Planejamento, a Miriam gestora promoveu a participação da sociedade na elaboração do Plano Plurianual 2012-2015, experiência inédita e democrática. Por trás de toda a gigantesca mudança que ocorre no Brasil, por trás das ações mais importantes de nosso governo, há esse trabalho, há esta e tantas outras "Mirians", que, com esta, muito especial, merecem uma grande homenagem, um grande e carinhoso reconhecimento de todos nós. Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República DILMA ROUSSEFF No segundo ano de mandato, a presidente da República deu sua própria cara ao governo Lucidez e firmeza são duas qualidades harmonicamente combinadas na figura da presidenta Dilma Rousseff. A primeira permite que tenha uma grande margem de acerto cm seus diagnósticos; a segunda dá a ela enorme capacidade de realização daquilo a que se propõe. O que torna Dilma tão presente e influente na vida dos brasileiros não são simplesmente essas qualidades. Dilma tem passado de que se orgulhar. Sua militância contra a ditadura consolidou em sua alma sonhos de um Brasil melhor para todos os brasileiros. Uma rica formação política deu a ela instrumentos para lutar por sua utopia e sensibilidade social para enxergar o homem e a mulher que existem por trás de cada número de uma estatística. O presente de Dilma é fazer o país cada vez melhor, o mais próximo possível de seus sonhos e dos sonhos de todos os brasileiros. É tecer o Brasil do futuro. Como estadista, ela faz diariamente essa construção. No seu segundo ano de governo, Dilma consolidou um governo com cara de Dilma. A presidenta marca sua administração como de continuidade à minha, quando define a mesma prioridade dc erradicação da pobreza e da miséria. Mas até a continuidade de políticas, em seu governo, traz a sua própria assinatura. É dela a política econômica que consolidará a estabilidade e a justiça social conquistada pelos governos petistas; tem a sua assinatura o plano estratégico para tornar o Brasil qualitativamente tão grande quanto o tamanho de seu território. A presidenta Dilma Rousseff foi uma líder influente cm 2012 porque fez a diferença. E será influente nos próximos anos porque continuará fazendo a diferença. Essa é a sua natureza: Dilma nasceu para deixar sua marca. E sua marca no cenário nacional e internacional está sendo construída com muito trabalho e muita coragem. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente LOURENÇO BUSTANI 0 fundador da consultoria Mandalah foi eleito uma das 100 pessoas mais criativas do planeta Lourenço e eu nos conhecemos há quase dez anos, em função da convergência de nossos interesses, ligados à inovação. Hoje, além de parceiros, somos amigos. Filho de diplomata, ele tem uma história de vida internacional. Por isso é um verdadeiro cidadão planetário, com facilidade de entender e navegar pelo universo de empresas e culturas. Tem um olhar de curiosidade e aceitação em relação aos outros - seja empresa, indivíduo ou nação. O povo brasileiro tem uma cultura extremamente criativa, mas não estamos bem colocados no eixo da inovaçao mundial. Isso acontece porque inovar é transformar a ideia em produção, com eficácia e funcionalidade. Essa é a inovação que o Lourenço luta para desenvolver nas organizações. Christina Carvalho Pinto, publicitária, sócia do grupo Futl Jazz de comunicação MARCELO NERI O novo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)pôs no mapa a nova classe média brasileira - e deu a ela um rosto humano que as estatísticas escondiam Sempre tive implicância com economistas que, ao olhar os números, acabam se distanciando da realidade. Definitivamente, esse não é o caso do Marcelo Neri. Em suas pesquisas na Fundação Getulio Vargas, ele conseguiu, com uma clareza ímpar, mostrar quem são os seres humanos por trás das estatísticas. É ótimo que esse trabalho tenha continuidade agora no ipea. Estudo o tema da evolução de renda há 11 anos e, desde o início, considerei Neri uma referência. Tive o privilégio de dividir a mesa com ele em palestras e debates. Impressiona sua capacidade de trazer a economia para o cotidiano das pessoas. Ele faz isso de um jeito sempre lúcido e distante das falsas polêmicas que tentam partidarizar o surgimento de uma classe média no Brasil. Classe média cuja presença no debate nacional muito se deve ao trabalho do Neri. Ele me inspira. Tenho certeza de que também inspira milhares de outros que, como eu, esforçam-se para entender as mudanças e as oportunidades deste novo Brasil. Renato Meirelles, sócio diretor do instituto de pesquisas Data Popular ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES NETO O herdeiro do grupo Votorantim abriu o primeiro fundo brasileiro de capital para negócios sociais, o Vox Capital Existem no país vários esforços para unir negócios lucrativos e efeitos sociais benéficos, mas o Vox foi o primeiro a se organizar na forma de um fundo de investimento, em 2009. A ideia é investir em empresas com potencial para lucrar e para provocar transformações sociais. O grande desafio é saber medir o impacto social de um negócio e entender de quanto retorno os acionistas e investidores podem abrir mão. Muito do esforço de Antonio está voltado para descobrir essas respostas. Fernando Reinach, sócio gestor do fundo Pitanga, de investimento em empresas MIRIAM TENDLER A cientista da Fiocruz comandou o desenvolvimento da primeira vacina contra o parasita da esquistossomose Em junho deste ano, a pesquisadora Miriam Tendler anunciou a aprovação, nos testes clínicos da fase 1, da primeira vacina mundial contra a esquistossomose, uma eilfermidade que afeta 200 milhões de pessoas no planeta e está presente em 18 Estados do país, com maior incidência no Nordeste e em Minas Gerais. Miriam e sua equipe demonstraram que a vacina é segura e capaz de induzir imunidade à doença - isso põe o país numa fronteira da ciência. Todo esse esforço se insere numa das vocações naturais da Fiocruz: enfrentar as doenças negligenciadas. O anúncio é um capítulo relevante de um projeto que começou há mais de 30 anos e, desde então, é liderado por Miriam. Mãe de três filhos, numerosas foram as vezes em que ela os trouxe ao trabalho, devido às longas jornadas devotadas à pesquisa. Nos fins de semana, passou horas redigindo ou lendo artigos acadêmicos que fizeram parte do desenvolvimento do projeto. Miriam é uma cientista obstinada, que não para diante de desafios. Paulo Gadelha, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) SUZANA KAHN Participante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ela tem ajudado governos a criar políticas para proteger o meio ambiente A competência científica de suzana a tornou membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o painel que reúne cientistas destacados de todo o planeta. Mas é como executiva de governo que ela se destaca atualmente. Começamos a trabalhar juntos há seis anos e continuamos até agora. Suzana inaugurou a superintendência do clima no Rio de Janeiro, quando eu era secretário. Depois, tornou-se secretária nacional do Clima e agora é subsecretária de Economia Verde do Rio. Suzana fez o país avançar muito na questão climática. Foi uma das responsáveis pela mudança de postura do então presidente Lula sobre o papel do Brasil nas mudanças climáticas: convenceu-o a estabelecer metas de redução de emissões para o país, ao contrário do que fizeram outros países em desenvolvimento, que preferiram jogar a responsabilidade sobre os países desenvolvidos. O Estado do Rio, sob sua gestão, também avançou muito. Neste ano, Suzana foi responsável pelo conteúdo de um decreto que estabeleceu metas de economia de energia para o Estado. Foi responsável por outro decreto que inclui a sustentabilidade como item essencial das licitações. Agora, não basta a empresa ter o melhor preço. É preciso provar que poupa sua matéria-prima, emite menos poluentes e reaproveita resíduos. Suzana é muito alegre, adora cantar, dançar e reunir as pessoas de que gosta em casa, para celebrar a vida. Realmente, uma pessoa especial, com quem tenho o privilégio de trabalhar. Carlos Mine, secretário do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro JOSÉ MARIANO BELTRAME 0 secretário de Segurança do Rio de Janeiro comanda o bem-sucedido programa que pacificou as favelas Mariano é um homem simples, com uma formação que lhe permitiu se destacar na Polícia Federal como líder de sua geração e exemplo para os mais novos. Sua carreira começou na década de 1980, como agente da Polícia Federal na repressão ao tráfico de drogas. Participou de operações de inteligência e repressão em todo o território nacional, acumulando conhecimento para enfrentar o crime organizado. Chefiou a Missão Suporte, um grupo de profissionais experientes organizado pelo governo federal para combater a violência urbana no Rio de Janeiro, e chegou a secretário estadual de Segurança Pública. Em Mariano, o governo estadual encontrou um técnico preparado para a função. Então desconhecido pela opinião pública, mas respeitado pelos profissionais da área, ele iniciou um trabalho que hoje, bastante adiantado, orgulha a toclos que com ele conviveram ou convivem. Luiz Fernando Corrêa, ex-diretor-geral da Polícia Federal JOÃO REZENDE O presidente da Anatel agiu contra as empresas de teiefonia para garantir a qualidade dos serviços prestados aos consumidores A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) entrou numa nova fase em 2012, sob a liderança de João Batista de Rezende. Como os serviços de telecomunicação estão presentes no cotidiano dos consumidores brasileiros, é fundamental que as decisões nesse setor sejam amplamente debatidas com a sociedade. A sensibilidade de Rezende com os direitos dos consumidores vem levando a Anatel a aperfeiçoar os mecanismos de participação social e a transparência desse debate. A agência tem as ferramentas necessárias para exercer essa fiscalização de forma rigorosa. Há anos, os órgãos de proteção ao consumidor reivindicam uma intervenção da Anatel em certas situações, Isso começa a ocorrer nesta nova fase. O presidente da Anatel suspendeu temporariamente a venda de chips de empresas de telefonia móvel que vinham prestando serviços abaixo da qualidade desejada. Na gestão de Rezende, a Anatel e o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, firmaram um acordo, a fim de definir como será a atuação conjunta dos dois órgãos para proteger o consumidor de serviços de telecomunicações. Desde a criação da Anatel, nunca havia existido um ambiente tão propício para a cooperação nessa área. Juliana Pereira, secretária nacional do consumidor do Ministério da Justiça JUSTINIANO DE QUEIROZ NETTO O secretário do programa Municípios Verdes conseguiu reduzir o desmatamento da Floresta Amazônica No dia 23 de março de 2011, o Estado do Pará assumiu um compromisso ambicioso: mudar o quadro de devastação na Amazônia, por meio do programa Municípios Verdes. Hoje, 19 meses depois, o programa colhe resultados positivos. O Pará obteve o melhor resultado na redução do desmatamento em extensão territorial entre todos os nove Estados integrantes da Amazônia Legal. A redução foi de 44% entre agosto de 2011 e julho de 2012. Um dos nomes por trás desses resultados é o secretário extraordinário do programa, Justiniano Netto. Desde que firmou esse pacto contra o desmatamento, Justiniano Netto tem sido incansável na busca de parcerias para consolidar o programa. A meta inicial - conseguir a adesão de 100 municípios até o final de 2013 - está prestes a ser batida: 90 municípios já aderiram. Na coordenação, Justiniano demonstra capacidade política admirável, balanceando os interesses legítimos de produtores rurais - que precisam da terra para produzir e desenvolver a economia do Estado - e os interesses, também legítimos, de todos aqueles que querem a Floresta Amazônica preservada, como um. patrimônio vivo da humanidade. Simão Jatene, governador do Pará LUIZ FELIPE PONDÉ Com livros e artigos provocativos, o filósofo pernambucano revitalizou o pensamento de direita e pôs na berlinda as posturas politicamente corretas O meu colega Luiz Felipe Pondé é um homem de coragem. Suas colunas - e seus livros - provam-no. É preciso coragem para levantar a cabeça na maré da vulgaridade politicamente correta do mundo ocidental e resgatar uma noção de "individualismo" que, hélas, ganhou mau nome entre os escravos. Não há de temer o termo: individualismo é a capacidade de sermos livres e estarmos dispostos a aceitar as conseqüências dessa liberdade. Não é fácil: Czeslaw Milosz, o notável poeta e ensaísta polaco (ou, como dizem no Brasil, polonês), escreveu em seu livro Mente cativa que aquilo que atraiu os intelectuais para a causa comunista não foi a violência de Estado, ou o medo dessa violência. O que atraiu os intelectuais, para além de razões ontológicas e epistemológicas profundas (encontrar um sentido para a vida, encontrar uma explicação "científica" para o caos social etc.), foi o medo da esterilidade. O medo do isolamento. O medo de estarem isolados ante o consenso. Hoje, não vivemos em regimes totalitários. Mas o pensamento politicamente correto é totalitário, ao desqualificar moralmente qualquer voz dissonante, remetendo-a para as margens do debate "aceitável". Isso é particularmente insidioso na academia e na República das Letras, em que a cartilha marxista/feminista/ecologista/pós-estruturalista/relativista/imbecilista (riscar o que não interessa) reina praticamente sem freios. Que Pondé seja capaz de atuar - e de atuar inteligentemente - na academia e na República das Letras, eis um rasgo de esperança para a vida pública do Brasil. João Pereira Coutínho, escritor português, professor da Universidade Católica Portuguesa e colunista do jornal Folha de S.Paulo