Como ser determinado nos estudos

Para ser aprovada no concorrido vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Susane Ribeiro precisou aprender a estudar. Parou de tentar seguir à risca todas as orientações que recebia e começou a analisar o que, de fato, dava certo para ela. Foi assim que conseguiu a tão sonhada vaga. Mais tarde, já formada em Engenharia Aeronáutica, foi aprovada em Medicina na USP e na Unicamp.

Atualmente, por meio do seu canal no Youtube, ela auxilia pessoas a encontrarem a forma estratégica de estudar, com o intuito de aprenderem mais em menos tempo. O GUIA bateu um papo com a youtuber e separou quatro práticas que vão te ajudar a se tornar um estudante mais eficiente em sala de aula também. Confira!

1. Conhecimento das técnicas de estudo

“Quando preciso ir a um lugar desconhecido, eu sento e olho com calma um aplicativo de mapas e rotas antes de sair. Por mais que seja corrido, uso esse tempo para entender o melhor caminho. E, no fim, não erro e acabo economizando tempo. Isso também se aplica à preparação para o vestibular”, aponta Susane.

Isto significa que é muito interessante que o aluno crie sua própria rota de estudos. Nada de ficar preso nas “receitas de bolo”, ou seja, naquilo que um determinado curso ou seus colegas acham melhor. A ideia é entender quais técnicas de estudo mais se encaixam na sua realidade e no seu modo de aprender.

“Muitas vezes, assistir aulas enormes, fazer muitos resumos e resolver a lista inteira de exercícios de uma vez não é produtivo, como muitos pensam. Precisa ser estratégico”, alerta Susane. Por isso, reserve um tempo para estudar como estudar.

2. Elaboração de perguntas

Você anota perguntas enquanto estuda? Esse é um hábito interessante. Crie perguntas sobre o que você está lendo ou o que o professor está falando na aula. Questione como esse novo assunto se relaciona com outros que você viu anteriormente, quais as diferenças e semelhanças.

“Mesmo se o estudante decidir não fazer indagação em voz alta, é bom que anote. Ao criar perguntas, a gente se aprofunda no assunto e isso ajuda até a fixar melhor. Além disso, resolver essas perguntas em outro momento vai ser uma forma simples de estudar”, sugere Susane.

Aliás, a hora da revisão pode ser um momento proveitoso para olhar com atenção para os questionamentos anotados ao longo do ano. Confira mais dicas sobre a revisão para o vestibular e saiba quando começar nesta reportagem do GUIA.

3. Estudo prévio

Para Susane, a melhor forma de usar a aula é para entender a ideia geral de determinado assunto tratado. Para facilitar o entendimento dessa ideia geral, antes mesmo da aula, o estudante pode olhar no cronograma e buscar nas apostilas e livros usados quais são os principais tópicos do próximo assunto que o professor apresentará. “Assim, o estudante vai entender o esquema do assunto antes da aula e já vai montando o quebra-cabeça da matéria”, diz.

Em resumo, o estudo prévio vai contextualizar o aluno antes da aula. Durante a explicação do professor, ele capta a ideia geral do assunto e, no pós-aula, entende os detalhes e aplicações por meio dos exercícios.

4. Anotações

Susane alerta que muitos alunos deixam de aproveitar o tempo das aulas, ficando como meros telespectadores. Depois, acabam presos em grandes resumos para lembrar do conteúdo. Ela indica, então, que estudantes não deixem de fazer anotações durante a aula. “Anotar vai deixar o estudo super ativo, aumentando o foco e evitando o tédio que pode aparecer depois de um tempo na sala”, afirma.

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Ela explica que as anotações não precisam de grandes caprichos, trata-se de uma espécie de rascunho mesmo. É um momento para dividir, categorizar e destacar informações sobre o assunto que está sendo apresentado.

Por outro lado, métodos para organizar melhor as anotações podem trazer muitos benefícios, inclusive na memorização. Cada tipo vai ter uma aplicação diferente, que encaixa mais ou menos em determinada disciplina. Por isso, é importante que o estudante conheça as opções de técnicas de anotação e faça testes.

Um dos mais conhecidos são os mapas mentais. A partir de uma ideia central é montado um diagrama. Ai o estudante pode usar também mais recursos como setas, formas geométricas, cores, imagens e desenhos.

“Em Física, por exemplo, você pode fazer alguns desenhos (que não precisam ser bonitos, tá?) e esquemas para entender o que acontece em um fenômeno”, observa Susane.

Como ser determinado nos estudos
Exemplo de mapa mental Pinterest/Reprodução

Outro método destacado pela especialista é o Cornell, muito útil principalmente para as disciplinas de Humanas. “Você pega um folha de papel  e escreve em uma coluna no lado esquerdo perguntas diretas como: o que?,  por quê?, como?. “Do lado direito, você vai respondê-las”, explica.

Um exemplo, na prática: em um aula de História, na qual os alunos estão vendo um evento histórico importante, poderiam questionar “o que aconteceu?”, “por quê?”, “quem estava envolvido?” e “quais eram as motivações?”.

Mais uma dica: fuja do overlearning

Você já estudou bastante um assunto, foi para os exercícios, começou a acertar tudo, mas continuou até terminar a lista por mais enorme que ela fosse? É bem comum, às vezes, o estudante pensar que não aprendeu tudo, mesmo estudando em excesso. Susane diz que é preciso evitar o overlearning – o “sobreaprender” na tradução para o português. O termo refere-se ao estudo em excesso: fixar no conteúdo, mesmo depois te ter adquirido grande domínio.

Nesses casos, o candidato acaba gastando tempo fazendo mais e mais exercícios que não vão gerar, necessariamente, maior retenção do conteúdo. Susane recomenda, então, que os estudantes busquem distribuir seus estudos e intercalar os assuntos. Saiba mais no vídeo a seguir.

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Ano de vestibular. Um minuto perdido pode não alterar seu desempenho nos exames, mas uma pequena distração de 60 segundos pode transformar algo em 20 minutos, uma hora, três horas … ou o resultado pode ser muito prejudicial. 

Descansos fazem parte da rotina até do mais empenhado estudante, é óbvio. Dar uma olhada no celular, assistir a um filme, fazer uma caminhada podem melhorar sua energia, inclusive. O problema ocorre quando o limite e a falta de compromisso permanecem do lado e uma pequena distração tira totalmente o seu foco.

É importante ficar atento a certos sinais de excessos e hábitos que podem prejudicar sua concentração e transformar um dia de estudos em um dia perdido. Para ajudar nessa missão, conversamos com Vitor Ricci, coordenador do Curso Poliedro Campinas, e com Marcelo Dias, coordenador do Curso Etapa.

Redes sociais, celular e música

Segundo Vitor, para uma geração que vive conectada, redes sociais são a principal distração. O estudante tem quase toda a sua vida no celular. “O aparelho guarda suas redes, seus amigos, algum jogo que custa.” Estar ‘antenado’ com mensagens e notificações desvia o foco de estudos e reduz o tempo de pesquisa “, diz. 

Ele explica que, inconscientemente, alguns estudantes usam o celular como válvula de escape: uma forma de fugir de uma matéria da qual não gosta muito ou da frustração por não conseguir resolver um problema. Mas é importante ter disciplina. 

“O estudante pensa que não tem problema olhar apenas uma mensagem que acabou de chegar. Mas depois que chega a primeira, vêm as outras. Para se concentrar, ele precisa estar dedicado àquela atividade e a mais nenhuma outra”, completa Marcelo.

A dica dos especialistas é deixar o celular em outro cômodo para que não haja perda de concentração. Para os que não têm esse autocontrole, existem aplicativos para bloqueio das notificações e que limitam o uso do dispositivo por períodos determinados.

Outro fator que gera dúvidas nos estudantes é se a música atrapalha a concentração ou pode ajudar. A verdade é que isso é algo muito pessoal.

Alguns sentem-se incomodados quando estudam em ambientes de silêncio absoluto. Por isso, se a música não for uma distração, não há problemas. “Uma dica: se ele percebe que está cantarolando durante o seu estudo, é melhor desligar a música e voltar ao silêncio”, diz Vitor.

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Saiba intercalar

Uma técnica indicada para quem tem dificuldade de se concentrar por tanto tempo é chamada “Pomodoro”. “Ela permite aumentar o foco em tarefas, reduzindo distrações e ansiedade”, explica Vitor. De forma bem simples, a ideia desse método é dividir e intercalar o tempo em intervalos de esforço (estudo) e relaxamento (recompensa).

Por exemplo: um estudante define que vai estudar por 40 minutos uma determinada disciplina. Nesse período, o foco total está em estudar, 100% da atenção nos livros, sem qualquer tipo de interrupção. Quando conclui essa tarefa, faz uma pausa de 5 ou 10 minutos para mexer no celular, tomar um café, ir ao banheiro… E, dessa forma, ele vai intercalando momentos de estudo com pausas para descansar.

O descanso também precisa acontecer

Seu desempenho nas provas irá depender muito da sua dedicação, mas não é por isso que ela precisa ocorrer em tempo integral. Ou melhor, saber a hora de descansar é, afinal, uma forma de se dedicar. O estudo intenso, sem qualquer tipo de descanso, é prejudicial. 

“Além da queda de produtividade que ocorre naturalmente, o estudante sofre com o estresse físico e mental com esse tipo de rotina. Um ano de preparação para o vestibular é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros”, diz Vitor. 

Ou seja, o ideal é manter um ritmo de estudos constante, guardando energia para a arrancada no final do ano, quando os estudantes serão mais cobrados.

  • Precisando de concentração? Encontre um local de estudos perfeito

Marcelo explica que muitos estudantes acabam desistindo de estudar um determinado conteúdo por causa do cansaço. Então é melhor descansar antes disso acontecer. “Se começou a estudar, mas percebeu que está muito mal, para um pouquinho, descansa, relaxa”, diz. 

Dicas 

Tudo começa com a escolha de um local de estudos adequado. É importante ter um ambiente confortável para estudar (tomando o cuidado para não ser confortável demais e perder o seu foco) e sem distrações. “Esse local precisa ser organizado e ter tudo o que o estudante vai utilizar: cadernos, livros, estojo… para evitar interrupções buscando materiais que não estão ali”, diz Vitor.

Para os estudantes que têm dificuldade para focar é bom começar com poucas horas de concentração. “Em vez de estudar cinco horas, por exemplo, comece estudando duas. E se isso render, pode esticar um pouquinho mais. O importante é encontrar uma quantidade de horas que ele suporta ficar bem concentrado”, explica Marcelo.

Para quem estuda em casa, também é importante conversar com os familiares e fazer alguns combinados. A família pode ajudar de forma simples, impedir interrupções ou deixar as tarefas domésticas para depois dos estudos, se possível.