Assim como a ideia de renascimento a noção de modernidade também pode ser contestada por que

Renascimento ou Renascença é o nome dado ao movimento de reforma artística, literária e científica que teve origem no século XIV na Itália e se espalhou para o resto da Europa, estando em vigor até o século XVI. Esta palavra também significa o ato de renascer e pode ser sinônimo de reformulação.

De acordo com alguns autores, o Renascimento foi um movimento de ruptura, que surgiu em oposição à "escuridão cultural e intelectual" verificada na Idade Média. Enquanto alguns autores defendiam que o Renascimento foi um movimento de separação de muitas filosofias da época medieval, outros indicam que foi um movimento de continuidade e que por isso está inevitavelmente relacionado com a Idade Média.

Durante o Renascimento surgiu o Humanismo, que substituiu o teocentrismo (uma das características da Idade Média) pelo antropocentrismo, que colocou o Homem no centro do universo.

O Renascimento abriu caminho para o desenvolvimento de vários estilos artísticos e correntes filosóficas. Alguns se desenvolveram em concordância com o Renascimento, enquanto outros se definiram pela distanciação. Este é o exemplo do Barroco, um estilo oposto ao Renascimento (valorizava a simplicidade), caracterizado pelo exagero de enfeites e grandiosidade.

Características do Renascimento

No renascimento algumas características foram fundamentais para compor a cultura da época.

Os artistas da época valorizavam bastante a cultura greco-romana. Eles pensavam que gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, diferente dos homens medievais.

E por conta disso, as qualidades mais valorizadas no ser humano na época eram a inteligência, o conhecimento e os dons artísticos.

Entretanto, as maiores características do renascimento se pautavam em quatro pontos principais:

  • No Racionalismo, onde os renascentistas eram convictos que a razão era o único caminho para se chegar ao conhecimento, e que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência;
  • No Experimentalismo, onde para eles todo conhecimento deveria ser demonstrado através da experiência científica;
  • No Individualismo, que parte do princípio do homem conhecer a si próprio, buscando afirmar sua própria personalidade, talentos e satisfazer suas ambições. Esta concepção se baseia no princípio que o direito individual estaria acima do direito coletivo;
  • No Antropocentrismo, que colocava o homem como a suprema criação de Deus e como o centro do universo.

Saiba mais sobre o Antropocentrismo.

Renascimento cultural

No âmbito da arte, o Renascimento significou a criação de novos gêneros de pintura e escultura, para dar resposta ao novo gosto da sociedade daquela altura.

As primeiras manifestações no âmbito artístico surgiram em Florença, na Itália. Foram construídas várias obras arquitetônicas que permanecem até hoje. Na pintura, Giotto foi um dos primeiros a seguir esta corrente.

Os nomes mais importantes do Renascimento no contexto artístico foram Leonardo da Vinci, Michelangelo, Donatello e Rafaello, com várias obras de arte mundialmente famosas.

Renascimento literário

A filosofia e a literatura durante o Renascimento foram fortemente marcadas por vertentes humanistas, que colocaram o Homem em destaque em todas as áreas.

Algumas figuras mais conhecidas do Renascimento na área da literatura foram Miguel de Cervantes (castelhano que fez a ligação entre o Renascimento e Barroco), François Rabelais (França) e Luís de Camões (Portugal).

Renascimento científico

O renascimento também foi marcado por importantes descobertas científicas, sobretudo nas áreas da astronomia, da física, da medicina, da matemática e da geografia.

Uma das descobertas da época foi feita pelo polonês Nicolau Copérnico (1473 – 1543) ao contestar a teoria geocêntrica de que a terra não é o centro do universo, mas que simplesmente é um planeta que gira em torno do sol.

Galileu Galilei também se destacou como um importante cientista da época, ao descobrir os anéis de Saturno, as manchas solares e os satélites de Júpiter, porém foi perseguido e ameaçado pela Igreja, sendo obrigado a negar publicamente suas descobertas.

Na medicina, os conhecimentos avançaram com trabalhos e experimentos acerca da circulação sanguínea, processos de cauterização e os avanços na anatomia.

Renascimento comercial e urbano

O Renascimento comercial e urbano ocorreu na Idade Média, sobretudo em algumas cidades da Itália e consistiu em um conjunto de fatores que criou novas formas de pensar a comercialização de produtos.

A venda desses produtos também foi responsável pelo desenvolvimento de centros urbanos, onde muitas vezes eram organizadas feiras.

Naquela época, quando soldados regressavam de expedições, frequentemente vendiam os despojos de guerra. Assim, surgiram mercadores e uma nova classe da sociedade: a burguesia.

Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas, passaram a investir nas artes, o que aumentou assim o desenvolvimento artístico e cultural da região. Por esta razão, a Itália é conhecida como o berço do renascentismo.

Saiba mais sobre: Humanismo, Burguesia e Características do Humanismo.

Página inicialSubjetividadeConstituição histórica da subjetividade


No livro 'Psicologia: uma (nova) introdução', os autores Luiz Claudio Figueiredo e Pedro Luiz Ribeiro de Santi comentam sobre a constituição histórica do "psicológico" ao longo dos séculos - um campo de conhecimentos e práticas que possibilitaram o desenvolvimento dos projetos de psicologia científica.

A experiência da subjetividade privatizada refere-se ao fato de termos experiências pessoais que sentimos ninguém ter acesso a elas. Por exemplo, quando ficamos pensando por um longo tempo em fazer uma coisa, quase optamos por ela e acabamos fazendo outra, sem que ninguém fique sabendo destes nossos pensamentos, pois toda essa experiência ocorreu em nossa subjetividade.

Em diversos momentos sentimos alegrias, tristezas entre outros sentimentos que não comunicamos a outras pessoas. Além de experimentarmos eles de maneira subjetiva, mantemos diversas experiências e pensamentos em nossa privacidade. Segundo os autores, essa experiência da subjetividade privada é um evento muito recente na história da humanidade.

Diversos estudiosos, historiadores e antropólogos constataram que o modo como sentimos e entendemos nossas experiências não são os mesmos de tempos atrás, ou seja, não são eternos e nem universais. Nossa autopercepção enquanto sujeitos capazes de decisões, que experimenta sentimentos e emoções privados só se desenvolveu num certo momento da sociedade, por conta de algumas condições.

Muitas vezes em que atravessamos crises sociais, ou quando uma tradição cultural ou de costumes é contestada, surge a possibilidade de experimentar e criar novos modos de ser e viver. Nesses momentos, as pessoas precisam fazer decisões por conta própria, buscando em si mesmas encontrar e criar novas referências para suas escolhas.

Essa experiência de perda de referências morais e éticas coletivas, como por exemplo uma religião única, a família "tradicional", ou uma lei "universal", faz com que busquemos novas referências. Neste momento se aprimora a experiência da subjetividade privatizada, quando fazemos questões do tipo: quem sou eu? Como estou me sentindo? O que desejo? O que considero justo e adequado?

Hoje nos entendemos como indivíduos autônomos, porém nem sempre foi assim, essa não é uma condição natural ou universal da experiência humana. Essa percepção de autonomia começa a aparecer especialmente entre o final da Idade Média e o início da Modernidade, se aprimorando na Idade Contemporânea.

Na maioria das sociedades antigas haviam poucos elementos que possibilitavam se sentirem livres e autônomas, capazes de iniciativas, com sentimentos e desejos próprios, a experiência coletiva muitas vezes prevalecia a individual. Nossa noção de subjetividade privada surge na passagem do Renascimento para a Idade Moderna, constituindo o sujeito moderno.

A experiência medieval possibilitava um sentimento de que as pessoas eram parte de uma ordem superior que as amparava e mantinha seus costumes e regras morais. A perda desse sentimento de uma ordem superior gerou uma grande sensação de liberdade, mas também fez com que as pessoas se sentissem perdidas e inseguras, sem saber o que e como escolherem, por conta da ausência de uma referência única.

O pensador francês Michel de Montaigne (1533-1592), em seus "Ensaios", valorizou a interioridade, dizendo ao leitor que estava tomando a si mesmo como tema do livro, mesmo que sua vida seja comum e desprovida de feitos notáveis. O livro foi muito criticado com o argumento de que uma vida comum não mereceria ser objeto de tal obra.

No final do século XVIII, surge um movimento cultural e filosófico chamado Romantismo, que trazia diversas críticas ao Iluminismo e, especialmente, à sua vertente racionalista. A ideia cartesiana de que o homem é essencialmente um ser racional é contrariada com a concepção de que o homem é um ser passional e sensível.

Com o Romantismo, a razão passa a ser questionada, evidenciando a potência dos impulsos, dos afetos e das forças da natureza, entendidas como superiores à razão. Reconhecendo a diferença entre os indivíduos, e a liberdade passa a ser então a liberdade de ser diferente. Apesar de todos serem diferentes e únicos, é possível uma comunicação por meio das artes, da religião ou do patriotismo.

O Romantismo representou a crise do sujeito moderno, destituindo o "eu" de seu lugar privilegiado de senhor e soberano, constatando que a pessoa é muito mais movida pelas emoções do que pela razão, destacando a individualidade e as diferenças singulares de cada um.

A experiência da subjetividade privatizada, onde nos reconhecemos como livres, diferentes, capazes de experimentar nossos sentimentos, que termos desejos e pensarmos de maneira independente dos demais membros da sociedade é uma experiência muito recente na história da humanidade, os estudos históricos e antropológicos revelam que nem sempre foi assim na história, em outras sociedades e culturas. Referência:

FIGUEIREDO, Luiz Cláudio; SANTI, Pedro Luiz. Psicologia, uma (nova) introdução: uma visão histórica da psicologia como ciência. 2. ed. São Paulo: Educ, 2004.

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