Quando misturamos o sangue de um indivíduo ao soro de outro o que pode acontecer? explique:

O sangue é um dos tecidos mais importantes do corpo humano: ele leva nutrientes, oxigênio, hormônios, anticorpos e muito mais para as células, e retira delas os excretas (metabólitos) e o gás carbônico.

Mas cada tipo sanguíneo possui características únicas, que podem causar estragos se estiverem no corpo errado; por isso, é muito importante que você conheça os tipos sanguíneos – e o que eles significam.

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Por que existem tipos de sangue diferentes?

Cientistas acreditam que os diferentes tipos que conhecemos surgiram à medida que os primeiros humanos se adaptaram a doenças infecciosas. Por exemplo, a malária pode estar por trás do tipo O:

… [o tipo O] é mais predominante na África e em outras partes do mundo que sofrem com a malária, sugerindo que o tipo sanguíneo possui algum tipo de vantagem evolucionária. (…) Nesse caso em particular (…) células infectadas com malária não se unem direito às células de sangue dos tipos O ou B (…) Por isso, pessoas com o tipo O ficam menos doentes quando são infectadas pela malária”.

Como os tipos de sangue são classificados?

Hoje, os tipos são classificados de acordo com “a presença ou ausência de dois antígenos, A e B, na superfície dos glóbulos vermelhos”.

Além disso, o sangue também é descrito como positivo ou negativo, de acordo com a presença ou ausência do fator Rh.

Antígenos e anticorpos

De uma forma geral, antígenos são “qualquer substância à qual o sistema imunológico pode responder“. No que diz respeito ao sangue, “a membrana de cada glóbulo do sangue contém milhões de antígenos que são ignorados pelo sistema imunológico (…) [apesar disso,] o sistema imunológico irá atacar quaisquer células vermelhas doadas que contenham antígenos que sejam diferentes dos seus próprios”.

Os elementos que atacam essas células vermelhas também estão no sangue: “o plasma contém anticorpos anti-A ou anti-B, dependendo do grupo sanguíneo (…) Anticorpos são moléculas importantes que nosso sistema imunológico produz para ajudar a nos proteger contra invasores, como vírus e bactérias, [… e] também podem ser formados em resposta a diferentes grupos sanguíneos”.

Fator Rh

A maioria das pessoas (cerca de 85%) possui uma proteína especial em suas células sanguíneas, chamada de fator Rh, o que que as torna Rh positivo; as outras, que não possuem o fator Rh, são chamadas Rh negativo.

Mulheres que já ficaram grávidas devem lembrar do teste de Rh, que procura por qualquer incompatibilidade: “Se [a mãe] é Rh negativo e (…) o bebê é Rh positivo, o corpo [da mãe] vai reagir ao sangue do bebê como sendo um invasor. O corpo [da mãe] vai criar anticorpos (proteínas) contra o sangue Rh positivo do bebê (…) É mais provável que a incompatibilidade de Rh cause problemas na segunda gravidez ou nas seguintes, [quando] os anticorpos contra o Rh podem cruzar a placenta e atacar as células vermelhas do bebê (…) levando o bebê a uma anemia hemolítica”.

Por sorte, se uma incompatibilidade for descoberta cedo, há um tratamento pré-natal (imunoglobulina anti-Rh) que vai prevenir os problemas antes mesmo que comecem.

Quais são os tipos sanguíneos?

Tipo A

No Brasil, os tipos sanguíneos mais comuns são o O e o A, que abrangem 87% da população. O tipo A é caracterizado pela presença do antígeno A em seu glóbulos vermelhos e do anticorpo B em seu plasma.

Ele é seguro para ser doado para outros com o tipo A e para os que tiverem o tipo AB. Além disso, pessoas com o tipo A também podem receber transfusões de sangue tipo O.

Tipo B

Esse tipo é relativamente raro (só ganhando do AB), presente em 10% dos brasileiros. Ele contém o antígeno B nos glóbulos vermelhos e o anticorpo A (para atacar antígenos A) em seu plasma.

Pessoas com o sangue tipo B podem doar com segurança para outras com o mesmo tipo, assim como para as com sangue AB. Quem tem o tipo B também pode receber sangue do tipo O com segurança.

Tipo AB

Incomum, apenas 3% dos brasileiros possuem o sangue tipo AB. Ele é caracterizado pela presença tanto de antígenos A quanto B em suas células vermelhas, e nenhum anticorpo em seu plasma (ou seja, nada irá atacar o sangue recebido de fora).

Por essa razão, aqueles com o tipo AB são às vezes chamados de receptores universais, porque podem receber sangue de qualquer um. Mas, devido à presença de ambos os antígenos nos glóbulos vermelhos AB, as pessoas com esse tipo só podem doar para outras com o mesmo tipo.

Tipo O

Como dissemos, os tipos sanguíneos O e A são os mais comuns no Brasil. O tipo O não tem nem antígenos A nem B em suas células vermelhas, mas possui anticorpos tanto do tipo A quanto do tipo B em seu plasma.

Por isso, aqueles com o sangue tipo O só podem receber esse tipo em transfusões, já que os anticorpos em seu plasma atacariam qualquer outro tipo; porém, aqueles com o tipo O podem doar sangue para qualquer um, já que o tipo O é livre de antígenos que agridam o sistema imunológico. Por isso os com tipo O são chamados “doadores universais”.

O que acontece se você recebe o sangue errado?

Antes de qualquer transfusão de sangue, o hospital faz um teste para determinar seu tipo sanguíneo. Ou seja, não é um problema se você não souber qual é o seu tipo: na verdade, o hospital fará o teste de qualquer maneira.

Afinal, caso você receba o tipo errado, podem acontecer coisas muito ruins, como explica o National Institute of Health:

Ocorre uma reação transfusional hemolítica aguda, seja durante a transfusão ou até 24 horas depois. Estranhamente, o paciente pode relatar uma “sensação de morte iminente“. Ele também pode reclamar de queimação no lugar da infusão, junto a calafrios, febre, dor nas costas e nos flancos (…).

As reações mais severas envolvem hemólise intravascular; as células vermelhas doadas são destruídas ainda nos vasos sanguíneos pelos anticorpos de quem recebeu o sangue. (…)

A hemoglobina é liberada e excretada na urina (…) deixando-a marrom escuro (…).

A bilirrubina (…), normalmente secretada na bile pelo fígado, em vez disso se acumula no sangue, causando icterícia.

A ativação maciça do sistema complemento [que ajuda os anticorpos a limpar patógenos do corpo] pode causar insuficiência cardiovascular. A grande quantidade de tromboplastina liberada pelos restos de glóbulos vermelhos, que ativa um efeito cascata incontrolável de coagulação, também pode causar estado de choque.

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Como doar sangue

Você pode descobrir seu tipo sanguíneo se doar sangue. Basta procurar o hemocentro mais próximo de você: confira esta lista de hemocentros do Brasil; ou visite o endereço www.saude.XX.gov.br, trocando XX pela sigla do seu estado, para saber mais.

Estes são os pré-requisitos para doar sangue:

  • estar em boas condições de saúde;
  • ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos, clique para ver documentos necessários e formulário de autorização);
    pesar no mínimo 50 kg;
  • estar descansado (ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas);
  • estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação);
  • apresentar documento original com foto emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Cartão de Identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social).

Melissa escreve para o site TodayIFoundOut.com, com muitos fatos interessantes. Clique aqui para assinar a newsletter “Conhecimento Diário”, ou curta a página no Facebook aqui.

Este post foi republicado (com adaptações) com permissão de TodayIFoundOut.com. Foto por oksana2010/Shutterstock

Por Priscilla Moniz

Pós graduanda em Hematologia pela UFRJ

Landsteiner foi um cientista que, ao observar muitos acidentes em transfusões,  provou entre 1900 e 1901 que a espécie humana possui grupos sanguíneos diferentes. Notou-se em testes que as hemácias do doador, em alguns casos, aglutinavam em contato com plasma do sangue do paciente.

A partir disso, foi possível relacionar o fenômeno das reações entre anticorpos e antígenos.

Antígenos são todas as substâncias que nosso organismo entende ser um “invasor”, podendo ser uma proteína ou um polissacarídeo e os anticorpos são proteínas encontradas no plasma sanguíneo e têm a função de neutralizar ou destruir a substância invasora. Isso só é possível, pois o anticorpo tem uma forma complementar à do antígeno, sendo a reação antígeno-anticorpo específica.

Os seres humanos apresentam quatro grupos sanguíneos:o Grupo A: Possuem antígeno chamado aglutinogênio A;o Grupo B: Possuem antígeno chamado aglutinogênio B;o Grupo AB: Possuem os dois antígenos, aglutinogênio A e B;o Grupo O: Não possuem nenhum dos dois antígenos.O gene A (ou IA) determina a formação do aglutinogênio A, o gene B (ou IB) determina a formação do aglutinogênio B, o gene O (ou i) não forma nenhum aglutinogênio e os genes A e B determinam a formação dos alutinogênios A e B. O plasma também possui anticorpos chamadas aglutininas são estas que causam os acidentes em transfusões, pois indivíduos do grupo A possuem aglutininas Anti-B, do grupo B possuem aglutininas Anti-A e os do grupo O possuem as duas aglutininas e os indivíduos AB não possuem nenhuma dessas substâncias (TABELA 1).

GENÓTIPOSGRUPO AGLUTINOGÊNIO (nas hemácias) AGLUTININA (no plasma) 
IA IA - IA i Aglutinogênio AAnti-B
IB IB - IB iB Aglutinogênio BAnti-A
IA IB AB Aglutinogênios ABNenhuma 
iiO Sem aglutinogênio Anti-a e anti-b

Figura 1: pode ser observada aglutinação nos grupo A e AB ao adicionar o soro anti-A e aglutinação do grupo B e AB no soro anti-B (Foto: Reprodução/Colégio Qi)

Para verificar a presença do grupo sanguíneo de um indivíduo, são feitos  testes, como se vê na imagem ao lado (Figura 1), colocando uma gota de sangue do indivíduo a ser verificado nas extremidades de cada lâmina e adicionando soro contendo aglutinina Anti-A em uma das extremidades e o soro com aglutinina Anti-B no outro. Assim, pode ser observada a  aglutinação de alguns grupos na presença do soro anti-A e/ou anti-B.

TRANsFUSÕES e Paternidade

Em caso de erro na transfusão, o sangue do doador será aglutinado pelo plasma do paciente resultando na obstrução de vasos sanguíneos, contudo os glóbulos brancos do paciente destruirão as hemácias que seriam como “invasoras” para as nossas células  de defesa. Ao destruir as hemácias, hemoglobina e outras substâncias são liberadas podendo causar lesões renais, reações alérgicas e outras, o que pode resultar em morte.

Figura 2: cruzamentos possíveis relativos ao sistema ABO (Foto: Colégio Qi)

É possível fazer o cruzamento dos grupos sanguíneos em casos de paternidade duvidosa, contudo não é possível afirmar que o indivíduo é o pai mesmo da criança e sim que o indivíduo não pode ser pai. Por exemplo, fazendo o cruzamento de monoibridismo, a mãe sendo do grupo AB e o suposto pai do grupo O jamais poderão ter um filho AB ou O, no entanto se a criança for do grupo A ou B, não é possível provar que esta é realmente filho desse suposto pai. Também se pode fazer o cruzamento monoibridismo do sistema ABO para verificar os possíveis grupos dos filhos, como no caso na Figura 2.

fator Rh

O fator Rh depende de um antígeno nas hemácias, é diferente dos aglutinogênios. O Rh+ é responsável pela presença de antígenos, e possui o alelo dominante D (ou Rd) e o Rh- é responsável pela ausência do antígeno e possui alelo d (ou rh). Quando em um casal, um indivíduo possui Rh- possuindo alelo dd e o outro Rh+, Dd há duas possibilidades, sendo 50% Dd (Rh+) e 50% dd (Rh-).

Em casos em que a mãe possua Rh- e o filho Rh+, as hemácias do filho passam para a circulação da mãe, durante a gravidez e, principalmente, durante o parto. O organismo da mãe, então,  estimula a produção do anticorpo anti-Rh.  Por não ter uma produção rápida, o primeiro filho nascerá sem problemas, mas, em uma próxima gestação, os anticorpos concentrados no sangue da mãe, atravessam a placenta resultando na aglutinação das hemácias do feto. A criança desenvolve uma doença chamada eritoblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN).

Essa doença nos casos mais graves pode levar à morte, pois ocorre aborto involuntário. Se a criança nasce, é submetida a troca gradativa de seu sangue por sangue Rh-, e serão substituídas naturalmente. Outra forma de prevenção é a mãe Rh-,  logo após o parto, receber uma aplicação de anti-Rh. Dessa forma, os anticorpos destroem as hemácias positivas deixadas pelo feto e a mãe que continuará sendo Rh- poderá novamente engravidar sem correr risco para o feto, mesmo ele sendo Rh+, pois será como se fosse a primeira gravidez.

Exercícios

(FGV-SP-2009) AUSTRALIANA MUDA DE GRUPO SANGÜÍNEO APÓS TRANSPLANTE.A australiana Demi-Lee Brennan, 15, mudou de grupo sanguíneo, O Rh–, e adotou o tipo sangüíneo de seu doador, O Rh+, após ter sido submetida a um transplante de fígado, informou a equipe médica do hospital infantil de Westmead, Sydney. A garota tinha nove anos quando fez o transplante. Nove meses depois, os médicos descobriram que havia mudado de grupo sangüíneo, depois que as células-tronco do novo fígado migraram para sua medula óssea. O fato contribuiu para que seu organismo não rejeitasse o órgão transplantado.(Folha on-line, 24.01.2008)

Sobre esse fato, pode-se dizer que a garota

a) não apresentava aglutinogênios anti-A e anti-B em suas hemácias, mas depois do transplante passou a apresentá-los.b) apresentava aglutininas do sistema ABO em seu plasma sanguíneo, mas depois do transplante deixou de apresentá- las.c) apresentava o fator Rh, mas não apresentava aglutininas anti-Rh em seu sangue, e depois do transplante passou a apresentá-las.d) quando adulta, se engravidar de um rapaz de tipo sanguíneo Rh–, poderá gerar uma criança de tipo sanguíneo Rh+.e) quando adulta, se engravidar de um rapaz de tipo sanguíneo Rh+, não corre o risco de gerar uma criança com eritroblastose fetal.Resposta: E

(Unesp-2008) Observe as figuras.

Figura (Foto: Reprodução)

No caso específico dos pacientes que ilustram os cartazes, ambos usuários de banco de sangue, pode-se dizer que Rafael pode receber sangue de doadores de:a) quatro diferentes tipos sangüíneos, enquanto que o sr. Roberto pode receber sangue de doadores de dois diferentes tipos sangüíneos.b) dois diferentes tipos sangüíneos, enquanto que o sr. Roberto pode receber sangue de doadores de quatro diferentes tipos sangüíneos

c) dois diferentes tipos sangüíneos, assim como o sr. Roberto. Contudo, os dois tipos sangüíneos dos doadores para o sr. Roberto diferem dos tipos sangüíneos dos doadores para Rafael.d) dois diferentes tipos sangüíneos, assim como o sr. Roberto. Contudo, um dos tipos sangüíneos dos doadores para o sr. Roberto difere de um dos tipos sangüíneos dos doadores para Rafael.e) um único tipo sangüíneo, assim como o sr. Roberto. O doador de sangue para Rafael difere em tipo sangüíneo do doador para o sr. Roberto.Resposta: AO Rafael por ser do tipo A+, pode receber transfusão de indivíduos A+, A-, O+, O-, enquanto o Sr. Roberto pode receber transfusão de apenas dois tipos, B-, O-. 

(Uerj-1999) No quadro a seguir, as duas colunas da direita  demonstram  esquematicamente  o  aspecto  “in vitro” das reações no sangue dos indivíduos de cada grupo sanguíneo ABO aos anti-A e Anti-B.

Figura (Foto: Reprodução)

a) Explique o fenômeno que ocorreria com as hemácias de um indivíduo do grupo A ao receber sangue de um indivíduo do grupo B.b) Sabe-se que o aglutinogênio é uma proteína da membrana das hemácias. explique por que a aglutinação não ocorreria se o aglutinogênio fosse uma proteína citoplasmática.Resposta:a) Sofreria a reação com as aglutininas A.b) Porque o aglutinogênio não estaria acessível às aglutininas.

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