Qual é a relação entre a dt atual é a condição de subdesenvolvimento de muitos países do mundo

Qual é a relação entre a dt atual é a condição de subdesenvolvimento de muitos países do mundo

Pedro Menezes

Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

A Divisão Internacional do Trabalho (DIT) é o conceito utilizado para descrever a forma pela qual se dão os diferentes processos de produção nos países e áreas econômicas.

Cada território possui uma forma específica de produção e desenvolvimento, criando divisões e hierarquia entre os diferentes países. Esse contexto cria uma separação entre os países desenvolvidos que compõem os centros econômicos e os países subdesenvolvidos, periféricos.

Com base na DIT, cada país desempenha um papel específico, possui uma especialização, que o torna mais, ou menos, dependente economicamente no cenário global.

Tabela sobre a DIT ao longo da história:

Países Desenvolvidos Países Subdesenvolvidos
Capitalismo Comercial Metrópoles: produtos manufaturados. Colônias: exploração de metais preciosos, especiarias e tráfico de escravos.

Capitalismo Industrial

(DIT Clássica)

Países industrializados: produtos industrializados. Países não-industrializados: matéria-prima e bens primários.

Capitalismo Financeiro

(Nova DIT)

Países desenvolvidos: investimentos, empréstimos e produtos de alta complexidade tecnológica.

Países subdesenvolvidos: produtos primários, produtos industrializados de baixa complexidade e mão-de-obra a baixos custos.

Países em desenvolvimento: juros, lucros e produtos industrializados.

A partir da segunda metade do século XX, ocorre um processo de industrialização em muitas partes do globo, a chamada "industrialização tardia" e surgem os chamados países "em desenvolvimento". Dentre os países que se industrializaram tardiamente, encontra-se o Brasil.

A nova DIT possui maior complexidade, há uma certa descentralização, alguns países assumem uma posição intermediária entre os desenvolvidos que formam os grandes centros tradicionais e os países periféricos.

Entretanto, há a manutenção das desigualdades entre os países produtores e consumidores de tecnologia. Isso se dá a partir do desenvolvimento de novas tecnologias nos países industrializados.

A partir do advento da globalização, os avanços técnicos nas comunicações e nos transportes permitiu uma grande mudança nos modos de produção.

Os países desenvolvidos investem em pesquisa, em mão-de-obra altamente qualificada e terceirizam a produção para os países subdesenvolvidos. Nesses locais, os altos índices de desemprego e os baixos salários diminuem os custos do processo produtivo.

Assim, surge um novo modo de produção que se difere da DIT tradicional. Com a expansão das empresas multinacionais, muitos países subdesenvolvidos passam também a fornecer produtos industrializados, mas sem o domínio das tecnologias necessárias para esse tipo de produção, que continuam sendo controladas pelos países dos centros econômicos.

A forma tradicional da DIT se desenvolveu a partir do século XVI, no período das grandes navegações e da colonização. Assim, assume uma forte divisão entre a produção das metrópoles e a extração de produtos nos territórios colonizados.

Nas metrópoles (centro), era desenvolvida a manufatura e o comércio a partir da atividade de trabalhadores livres ou independentes. Já nas colônias (periferias), eram desenvolvidas atividades de exploração e extração de matéria-prima com o uso do trabalho escravo.

A partir do século XVIII, dá-se início ao processo de industrialização da Europa, cresce a proporção de trabalhadores assalariados com o objetivo de preenchimento dos postos de trabalho nas fábricas.

Enquanto nas colônias, mantém-se o trabalho de mão-de-obra escravizada, voltada para a produção de bens primários, sobretudo agrícolas, destinada ao mercado externo.

A primeira metade do século XX marca a DIT entre os países desenvolvidos (industrializados): Estados Unidos, Japão e os países da Europa.

O restante dos países (periféricos), ainda destinados à produção de bens primários, são marcados por uma ligeira mudança com surgimento do trabalho assalariado.

Marca-se assim a DIT, a partir da especialização da produção em diferentes países, sua atuação e relevância para a economia global.

Assim, como os países desenvolvidos ocupam lugares distintos no contexto econômico, os países periféricos, a partir da década de 1950, passam por um processo de industrialização também desigual, chamado de "nova DIT".

Outros textos que podem ajudar a entender melhor:

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Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestre em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).

O Subdesenvolvimento é um termo utilizado para fazer referência aos países cujo desenvolvimento econômico e social são limitados, apresentando um alto grau de desigualdades sociais e um elevado nível de pobreza e de miséria. Atualmente, a maior parte dos países é considerada subdesenvolvida.

Antigamente, utilizava-se a expressão “terceiro mundo” para se referir ao grupo de países hoje tido como subdesenvolvido, uma vez que o “primeiro mundo” seria os países desenvolvidos capitalistas e o “segundo mundo” seria os países desenvolvidos socialistas. No entanto, essa divisão não é mais utilizada e é considerada obsoleta.

Quais as origens do subdesenvolvimento?

Não há um total consenso na bibliografia especializada sobre as reais origens do subdesenvolvimento. No entanto, a corrente mais forte é aquela que preconiza que esse problema seja oriundo da exploração estrangeira colonial, em que países “descobridores” (as metrópoles) ocuparam e colonizaram outros povos (as colônias), submetendo-os à sua cultura e explorando intensamente os seus recursos naturais.

Entre as metrópoles, destacaram-se os países europeus, que colonizaram territórios nas Américas, na África e na Oceania, tendo eventualmente invadido e dominado alguns territórios localizados no continente asiático (a exemplo da dominação da Inglaterra sobre a Índia).

Além do colonialismo, registra-se também a ação do imperialismo, em que algumas nações – com destaque para a Inglaterra e os Estados Unidos – dominaram política, militar e economicamente outros países, impondo sobre esses os seus ritmos de produção e suas concepções de desenvolvimento.

Dessa forma, estabeleceu-se uma Divisão Internacional do Trabalho em que as colônias e países economicamente dependentes centravam seus esforços em produzir matérias-primas voltadas para o capital estrangeiro. Por outro lado, os países considerados centrais ou desenvolvidos transformavam essas matérias-primas em produtos industrializados, fornecendo suas mercadorias tanto para abastecer seu mercado interno quanto seu mercado externo.

Com isso, a economia interna e o mercado consumidor dos países subdesenvolvidos eram pouco dinâmicos, o que elevou o grau de dependência e acentuou os níveis de endividamento desses países para construir suas infraestruturas internas.

Quais são os critérios para definir um país como subdesenvolvido?

Para dizermos se um determinado país é subdesenvolvido ou não, são considerados alguns critérios específicos, como o Índice de Desenvolvimento Humano, a dependência econômica e tecnológica, os elevados índices de pobreza e miséria, registros de amplas desigualdades sociais, dívida externa e balança comercial desfavorável.

Esses países também são, em sua maioria, dependentes de produtos primários, de forma que seu grau de industrialização é baixo. Naqueles países, como o Brasil, em que se registra uma elevada presença de indústrias, é possível notar que a maioria delas é, na verdade, multinacionais estrangeiras, ou seja, as empresas privadas dos países centrais deslocam boa parte de seu processo produtivo para esses países, graças aos baixos salários dos trabalhadores, ao fácil acesso a matérias-primas e à busca por novos mercados consumidores.

O resultado dessa dinâmica é o agravamento das diferenças internacionais, pois as riquezas de um território são exploradas e os lucros gerados, em sua maior parte, são destinados às sedes das grandes corporações que geralmente se encontram em países desenvolvidos.

Qual a diferença entre países subdesenvolvidos e emergentes?

Muitas pessoas costumam entender que países emergentes não são mais considerados subdesenvolvidos, pois suas economias passaram por sucessivas evoluções de modo que esses se diferenciaram das demais nações periféricas. Porém, isso é uma falsa realidade.

Países como China e Brasil, que estão entre as maiores economias do mundo, ainda são considerados subdesenvolvidos. Isso porque a expressão “emergente” é utilizada para designar o grupo de países periféricos que, eventualmente, podem abandonar o seu grau de subdesenvolvimento e apresentar as mesmas características sociais dos países centrais em um futuro relativamente próximo (embora ele pareça cada vez mais distante!).

Portanto, os emergentes seriam uma espécie de “grupo” dentro dos países subdesenvolvidos, por apresentarem economias mais dinâmicas em relação aos demais. A grande questão é que esses países acreditavam que o mais importante era o crescimento econômico, de forma que o crescimento social viria como consequência, o que vem se demonstrando como uma concepção falsa.

Entre os países emergentes, podemos citar os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o MIST (México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia).

Por Rodolfo Alves Pena

Graduado em Geografia