Por que os atletas usam doping

O hormônio do crescimento humano ou GH é um hormônio produzido naturalmente pelo organismo. É sintetizado e secretado pelas células da glândula pituitária anterior localizada na base do cérebro. 

O GH é proibido dentro e fora da competição, e está na Classe S2 da Lista de Substâncias e Métodos Proibidos da WADA

O GH estimula muitos processos metabólicos nas células, afeta o metabolismo de proteínas, gorduras, carboidratos e minerais. O principal papel do GH é estimular o fígado a secretar fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-I). O IGF-I estimula a produção de células de cartilagem, resultando no crescimento ósseo e também desempenha um papel fundamental na síntese de proteínas musculares e no crescimento de órgãos.

Sua secreção na circulação segue um padrão pulsátil, resultando em níveis sanguíneos amplamente flutuantes que são influenciados por múltiplos fatores, como idade, sexo, sono, atividade física, dieta, estresse, febre, esteróides e meio ambiente.

No soro, o GH existe como uma combinação complexa de diferentes formas moleculares (isoformas), incluindo a forma principal de 22-kDa e isoformas menores, como a forma de 20-kDa. Além disso, o GH também existe como agregados dessas isoformas (dímeros e oligômeros, formando homo e heterodímeros). Após a secreção na circulação sanguínea, o GH de 22 kDa tem uma meia-vida curta de 10 a 20 minutos.

Jogos Olímpicos

Por Folha de Pernambuco30 JUL 2021 às 08h00

Natalya Antyukh, atleta russa pega no antidoping - AFP

Um novo estudo feito mundialmente, que analisa os atletas que testaram positivo para doping em 17 países nas cinco últimas edições dos Jogos Olímpicos, revela que 53% dos casos de doping vêm do atletismo. Nessa categoria, o Brasil é um dos países mais limpos, sem medalhas retiradas por doping nos últimos 20 anos. O pódio pertence à Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, com um total de 56 medalhas despojadas, principalmente no atletismo e levantamento de peso (36%). Na Europa, 43% dos casos de doping olímpico vêm do Hipismo - atletas usaram drogas em seus cavalos para um melhor desempenho na competição. 

María Luisa Calle, ciclista colombiana, é a única atleta latino-americana a recuperar a sua medalha de bronze depois de lhe ter sido retirada, nos Jogos de 2004, em Atenas. Na verdade, ela está entre os 4 medalhistas despojados (3%) dos 117 que tiveram as suas medalhas revogadas, porque o seu resultado de teste para heptaminol (substância proibida) foi provado incorreto. 

A pesquisa desenvolvida pelo site apostasonline.net mostra também que o maior número de casos de doping (42% correspondendo a 50 atletas) ocorreu nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, devido, principalmente, ao escândalo russo. No entanto, a Rússia mostra capacidade de se recuperar, sendo a segunda a conquistar o maior número de medalhas subsequentes em outras competições igualmente principais (26 no total). Enquanto os países europeus, mais especificamente Irlanda (32) e Itália (32), encontram-se em primeiro lugar. 

De acordo com a análise, a ginasta romena, Andreea Răducan, é a atleta mais jovem a testar positivo para doping nas Olimpíadas com apenas 17 anos. Ela encontra-se nos 26% de atletas que viram sua medalha de ouro ser retirada. 

Além disso, as penalidades são aplicadas para aqueles que desafiam a lei. E o estudo revela que o banimento vitalício é a terceira punição mais empregue. Essas penalidades, foram maioritariamente atribuídas a atletas do sexo feminino (83%), na média dos 29 anos, na categoria de atletismo (71%). Aqui, a Rússia lidera com 57%, seguida dos Estados Unidos (29%) e da Ucrânia (15%).

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É chamado de Doping, o uso de qualquer droga ou medicamento que possa aumentar o desempenho dos atletas durante uma competição.

O uso de medicamentos por alguns atletas, além de trazerem riscos a saúde, é antiético, pois nesse caso, não há igualdade de condições entre os atletas.

A pioneira nas punições por uso de doping foi a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF). Em 1928 a Associação baniu os primeiros atletas por doping.

Foto ilustrativa: Love Solutions / Shutterstock.com

Atualmente, existe uma lista de medicamentos proibidos. Essas drogas são agrupadas nas seguintes classes:

- Estimulantes – agem direto sobre o sistema nervoso central, fazendo o mesmo efeito da adrenalina. As substâncias são: pseudoefedrina, efedrina, anfetamina, cocaína e cafeína.

- Analgésicos Narcóticos - atuam no sistema nervoso central, diminuindo a sensação de dor. As substâncias são: morfina, codeína, propoxifeno, petidina.

- Agentes anabólicos – agem aumentando o tamanho dos músculos.

- Diuréticos – atua aumentando a produção e a excreção, causando a perda de peso. São usados também para o mascaramento de doping. As substâncias são: triantereno, hidroclorotiazínicos, furosemide.

- Betabloqueadores: agem diminuindo a pressão arterial e ajudam a manter estáveis as mãos do atleta. É usado em competições como o tiro. As substâncias são: propranolol e atenol.

- Hormônios peptídeos e análogos: aumentam o volume e a potência dos músculos. As substâncias são: Hormônio do crescimento, eritropoetina, corticotropina.

Alguns cientistas apontam que, atualmente, existe a possibilidade de doping genético. Através da alteração genética, se pode, por exemplo, aumentar a produção de hormônios.

Desde 1968 foram utilizados pela primeira vez os testes anti-doping nos Jogos Olímpicos.

Em 1999 foi fundada a World Anti-Doping Agency (WADA), para o combate da prática do doping pelos atletas. Essa Agência Mundial criou um código mundial anti-doping (CMAD), que é utilizado pela maioria das Federações Internacionais e pelo Comitê Olímpico Internacional.

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O doping, na maior parte das vezes, vale-se de substâncias estimulantes da força, agilidade ou coordenação. O uso de substâncias estimulantes ou entorpecentes para uso tanto na vida diária, nos rituais religiosos e nas competições se confunde com a história da humanidade. Mas estritamente falando, chama-se “doping” ao uso de drogas para melhorar artificialmente o desempenho do atleta em esportes competitivos.

O uso dessas drogas é considerado antiético e proibido pela maioria das organizações desportivas internacionais, incluindo o Comitê Olímpico Internacional (COI). Entretanto, só na década de 1920 o doping nos esportes passou a ser uma preocupação dessas entidades. Os primeiros atletas a serem punidos por doping o foram pela Associação Internacional de Federações de Atletismo, em 1928, mas só 1968 o exame antidoping passou a ser obrigatório nos Jogos Olímpicos.

Quanto à origem do termo doping há várias teorias. Pode ser que ele seja derivado de “dop”, bebida alcoólica estimulante usada no século XVIII, na África do Sul, ou que venha da palavra “doop”, da gíria americana que descreve ladrões dopados por substâncias que causam sedação1, alucinações2 e confusão. Em 1889, a palavra "dope" foi usada para uma preparação de ópio para fumar e durante a década seguinte foi estendida a qualquer entorpecente e posteriormente definida como preparação destinada a influenciar o desempenho dos cavalos de corrida.

Por que não o doping no esporte?

As razões para a proibição do uso de certas substâncias pelos atletas são várias: elas fraudam a igualdade de oportunidades para os atletas e maculam o efeito exemplar do desporto para o público, além de representarem riscos à saúde3 dos atletas. Os efeitos colaterais4 de algumas delas (os esteroides anabolizantes, por exemplo) incluem alterações desfavoráveis nos níveis de colesterol5 e podem causar acne6, aumento da pressão arterial7 e dano hepático. Em 1966, os órgãos que regulam o ciclismo e os responsáveis pelo futebol foram os primeiros a introduzir testes de doping em seus respectivos campeonatos mundiais.

Quais são as principais substâncias e métodos usados como doping no esporte?

Algumas substâncias e métodos considerados dopantes são também usados com finalidades médicas ou estéticas. A fronteira entre o uso medicinal ou dopante de uma substância nem sempre é fácil de ser estabelecida. Muitos atletas flagrados em exames antidoping de urina8 ou de sangue9 afirmam não saberem dos efeitos dopantes de certas substâncias e de tê-las usado por razões médicas.

As principais substâncias consideradas dopantes e proibidas pela Agência Mundial Antidoping podem ser agrupadas nas seguintes categorias:

  1. estimulantes, que reduzem a fadiga10 e aumentam a adrenalina11;
  2. analgésicos12 e narcóticos, que diminuem a sensação de dor;
  3. esteroides anabólicos, que aumentam a força muscular;
  4. diuréticos13, usados para controlar o peso e também para mascarar o doping por outras substâncias;
  5. betabloqueadores, que diminuem a pressão arterial7 do atleta e são usados em competições de tiro e arco e flecha para manter estáveis as mãos14 do atleta;
  6. hormônios peptídeos e análogos, que aumentam o volume e a potência dos músculos15;
  7. corticosteroides que mascaram diversas lesões16 orgânicas, sobretudo de natureza inflamatória.
Novas substâncias e métodos vêm sendo incluídas como dopantes, a cada ano. Uma forma especial de doping consiste em o atleta fazer-se transfundir com o próprio sangue9, anteriormente retirado dele, o que aumenta a oxigenação de seu sangue9. Alguns cientistas apontam para a possibilidade de que, através de alteração genética, se pode, por exemplo, aumentar a produção de hormônios.

Como é feito o controle do doping no esporte?

O controle do doping é feito através do exame de uma amostra de urina8 e/ou de sangue9 do atleta, imediatamente após o fim de uma competição, o que é chamado de exame antidoping. Também podem ser realizados exames de surpresa nos atletas. Muitos atletas e instituições esportivas têm tido suas conquistas ou medalhas canceladas em virtude da constatação de doping posterior às suas conquistas.

Um método introduzido para auxiliar a detecção do doping por transfusões é o chamado “passaporte biológico”. Ele é um documento eletrônico sobre o atleta que contém certos dados marcadores de toda a sua carreira. Se estes dados mudarem dramaticamente, eles alertarão para a possibilidade de que o atleta possa estar usando doping.

ABCMED, 2016. Doping - o que é? Por que é usado nos esportes de competição? Quais são as substâncias mais usadas?. Disponível em: <//www.abc.med.br/p/1269723/doping-o-que-e-por-que-e-usado-nos-esportes-de-competicao-quais-sao-as-substancias-mais-usadas.htm>. Acesso em: 27 set. 2022.

Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

1 Sedação: 1. Ato ou efeito de sedar. 2. Aplicação de sedativo visando aliviar sensação física, por exemplo, de dor. 3. Diminuição de irritabilidade, de nervosismo, como efeito de sedativo. 4. Moderação de hiperatividade orgânica.

2 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.

3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.

4 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.

5 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).

6 Acne: Doença de predisposição genética cujas manifestações dependem da presença dos hormônios sexuais. As lesões começam a surgir na puberdade, atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos. Os cravos e espinhas ocorrem devido ao aumento da secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que provocam a inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente infeccioso mais comumente envolvido.

7 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.

8 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.

9 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.

10 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.

11 Adrenalina: 1. Hormônio secretado pela medula das glândulas suprarrenais. Atua no mecanismo da elevação da pressão sanguínea, é importante na produção de respostas fisiológicas rápidas do organismo aos estímulos externos. Usualmente utilizado como estimulante cardíaco, como vasoconstritor nas hemorragias da pele, para prolongar os efeitos de anestésicos locais e como relaxante muscular na asma brônquica. 2. No sentido informal significa disposição física, emocional e mental na realização de tarefas, projetos, etc. Energia, força, vigor.

12 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.

13 Diuréticos: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.

14 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.

15 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.

16 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.

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