Por que nao sentimos a terra girar

A velocidade da rotação da Terra é reconhecidamente alta, porém é constante

Não sentimos a Terra girando, mas isso não impede que objetos na superfície traiam o seu movimento.

Na realidade, a rotação da Terra é responsável pela força de Coriolis que desvia os movimentos inerciais para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no hemisfério sul.

Leia mais em SoCientífica, parceiro do Metrópoles.

exclusivo para assinantes

Por que não sentimos os movimentos da Terra? - Pergunta de Nélio Girardi, de Sentinela do Sul (RS) - quer enviar uma pergunta também? Clique aqui.

Barbaridade, caro sentinelense, como somos insensíveis em relação aos rumos do planeta até neste sentido mais literal, tchê. E olha que estamos falando de uma esfera girando a 1.656 km/h ao redor do próprio eixo e se deslocando ao redor do Sol a uma velocidade próxima de 108 mil km/h.

Um conhecido frequentador desta coluna, o físico Cláudio Furukawa, do Instituto de Física da USP, explica que realmente não sentimos os movimentos, mas, sim, as mudanças desses movimentos, desde que elas sejam significativas.

"Se estivermos dentro de um avião voando em regime de cruzeiro, se as janelas estiverem fechadas e não ouvirmos o barulho dos motores, não saberemos distinguir se estamos parados ou em movimento e nem para que lado estamos indo", diz.

Porém, se o avião mudar bruscamente o seu estado de movimento, poderemos sentir imediatamente. Se aparecer uma zona de turbulência e o avião descer bruscamente, sentiremos o corpo ser arremessado para cima —por isso, use o cinto de segurança.

"Na verdade, pela lei da inércia, todos os corpos tendem a permanecer em seu estado de movimento. O avião e tudo que estiver dentro dele tendem a continuar em regime de cruzeiro. Então, se a nave muda a sua trajetória repentinamente, tudo que está dentro dela continua com o seu movimento em linha reta, dando a impressão de que são arremessados para cima, pois sobem em relação ao avião. Até os nossos corpos, inclusive nossos órgãos, seguirão em linha reta enquanto a poltrona 'desce', nos dando aquela sensação de frio na barriga", descreve Furukawa.

"Da mesma forma, quando estamos em um carro fazendo uma curva fechada para a esquerda, sentimos que somos 'jogados para fora', forçados para o lado direito do veículo. Pela inércia, a tendência do nosso corpo é seguir em linha reta enquanto o carro muda de direção. Esta força de inércia para fora é chamada de centrífuga", continua o físico.

"Falando em ser 'jogado para fora' o fato de o planeta girar em torno de um eixo, chamado de movimento de rotação, causa uma força inercial centrífuga nos corpos sobre a sua superfície, da mesma forma que a água da roupa úmida é lançada para fora numa máquina de lavar quando está centrifugando. Essa força inercial centrífuga é máxima na linha do Equador e inexiste no eixo de rotação (polos). Porém, mesmo na linha do Equador, esta força é imperceptível aos nossos sentidos: ela vale apenas cerca de 3 milésimos da força exercida pela gravidade", afirma.

E Furukawa continua a aula: "imagine uma formiga sobre uma banqueta giratória. Se girarmos a banqueta muito rapidamente, provavelmente a formiga será lançada para fora. Mas, se girarmos a banqueta bem lentamente, por exemplo, uma volta completa a cada 24 horas, a formiga não perceberá o movimento de rotação, pois ele gera pouquíssima aceleração e, portanto, quase nenhuma força de inércia centrífuga. Por isso, mesmo existindo forças de inércia centrífuga, se elas forem geradas por acelerações muito pequenas, serão praticamente imperceptíveis".

Em relação à nossa insensibilidade ao movimento de translação, aquele que a Terra faz em torno do Sol, Furukawa explica que "as forças de inércia e as forças de atração gravitacional são irrelevantes em nossos corpos quando comparadas com a força gravitacional do planeta. Além disso, as forças de natureza gravitacional não são perceptíveis porque atuam em tudo que está à nossa volta e não apenas no nosso corpo".

Tem alguma pergunta? Deixe nos comentários ou mande para nós pelo WhatsApp.

A Terra realiza diversos movimentos complexos: ela gira em torno do seu próprio eixo com uma velocidade de 1.656 km/h e se desloca ao redor do Sol a uma velocidade próxima de 108 mil km/h. Com esses movimentos tão rápidos, é normal se questionar: por que, afinal de contas, não sentimos a Terra girar?

A resposta está na Física. Mas, antes de responder à pergunta, primeiro devemos nos atentar ao seguinte fato: não sentimos o movimento, mas as mudanças dele. Por exemplo: se um passageiro está dentro de um avião voando em regime de cruzeiro, com as janelas fechadas e não estiver ouvindo o barulho dos motores, ele não saberá distinguir se está parado ou em movimento e nem para que lado está indo.

Isso acontece porque ele e o avião movem-se com a mesma velocidade. Mas, se o avião mudar bruscamente o seu estado de movimento, como por exemplo, descer bruscamente por conta de uma zona de turbulência, o passageiro terá seu corpo arremessado para cima.

Esse comportamento pode ser explicado pela lei da inércia, a 1ª lei de Isaac Newton, que afirma que todos os corpos tendem a permanecer em seu estado de movimento.

Assim, o avião e tudo que estiver dentro dele tendem a continuar em regime de cruzeiro. Caso a nave mude sua trajetória de forma repentina, tudo que está dentro dela continua com o seu movimento em linha, o que dá impressão de o passageiro está sendo arremessado para cima, pois ele sobe em relação ao avião.

O mesmo ocorrerá com o corpo do passageiro e, inclusive, com seus órgãos. Seguirá em linha leta enquanto a poltrona do avião “desce”, causando a sensação de frio na barriga. Outro exemplo é quando passageiros de um carro são “jogados para fora”, forçados para o lado direito do veículo, quando ele está fazendo uma curva fechada para a esquerda.

Pela inércia, a tendência do corpo do passageiro é seguir em linha reta enquanto o carro mudar de direção. Esta força de inércia para fora é chamada de centrífuga. Esse ser “jogado para fora” lembra o movimento de rotação da Terra, que é quando ela gira em torno do seu próprio eixo. Esse movimento provoca uma força inercial centrífuga nos corpos sobre a sua superfície.

Essa força inicial centrífuga chega ao seu máximo na linha do Equador e inexiste no eixo de rotação, onde estão os polos do planeta. Mas, mesmo na linha do Equador, a força centrífuga é imperceptível aos nossos sentidos.

Já em relação ao movimento de translação, quando a Terra gira em torno do Sol, as forças de inércia e as forças de atração gravitacional são insignificantes em nossos corpos quando em comparação com a força gravitacional do planeta.

As forças de atração gravitacional, por sua vez, não são perceptíveis porque elas agem em tudo que está à nossa volta e não somente no nosso corpo.

Da mesma forma que não sentimos a Terra girar, também não sentimos um ônibus em movimento se mexer Pixabay

A Terra gira no próprio eixo e também ao redor do Sol a velocidades que seriam inconcebíveis para nós, aqui na Terra — de aproximadamente 1.675 km/h e cerca de 30 km por segundo, respectivamente. Na prática, é como se tudo e todos no planeta estivessem em um enorme liquidificador, que mexe a todo tempo. Mas não é possível sentir esse movimento. Por quê?

Segundo o professor Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Bauru, no interior de São Paulo, a explicação é relativamente simples: nós, seres humanos, bem como tudo que há na Terra, estamos nos movendo junto com o planeta, a uma velocidade — praticamente — constante. É por isso que, da mesma forma, quando estamos em um ônibus ou avião em alta velocidade, também não sentimos o veículo se mexer.

Veja também

"Se você está em um ônibus que está percorrendo uma pista lisa a uma velocidade constante de, vamos supor, 100 km por hora, a impressão é de que você, e tudo o que há dentro do veículo, está parado. Na física, isso é Lei da Inércia [conceito proposto por Isaac Newton em 1687]", afirma.

De acordo com Langhi, a Lei da Inércia diz que "um corpo tende a continuar em movimento ou em repouso se nenhuma força for aplicada nele". "Força", nesse caso, pode ser considerada uma freada brusca ou uma curva.

Em outras palavras: se uma pessoa estivesse dentro de um ônibus e, de repente, o veículo freasse ou fizesse uma curva, ela sentiria o movimento do veículo. Caso contrário, não. O mesmo aconteceria se, em um cenário totalmente hipotético, a Terra parasse de fazer o movimento de rotação ou de translação.

Publicidade

"Quando uma pessoa está em um ônibus em alta velocidade e ele freia, todas as pessoas e objetos dentro são arremessadas para a frente. O mesmo aconteceria se a Terra freasse: seríamos arremessados e sairíamos 'voando'", diz. 

Para efeito de curiosidade, o professor ressalta que a velocidade com que a Terra se move ao redor do Sol — o chamado "movimento de translação" — não é sempre constante. Durante os primeiros seis meses do ano, quando o planeta se aproxima do Sol, ele se movimenta mais rapidamente em torno do astro. Já nos últimos seis meses, quando se afasta, essa velocidade é reduzida. Mas a diferença é tão pequena, e feita de forma tão gradual ao longo do ano, que não é possível senti-la fisicamente.

* Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques