Conselhos para quem sofre de amor

Depois de falar sobre as pressões sentidas durante a adolescência, chegou o momento de receber conselhos sobre amor nesta nossa 2ª sessão de terapia online, gratuita e express. Para isso, convidamos a Kárem Duarte, psicóloga no Zenklub, formada pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas e pós-graduada em Psicologia Perinatal e em Neuropsicopedagogia; o Thiago Guimarães, psicoterapeuta analítico e pós-graduando em Neurociência e Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica (PUC); a Cris Linnares, psicóloga e terapeuta de mulheres há mais de 20 anos, palestrante e autora do best-seller Divas no Divã; a Vanessa Gebrim, psicóloga especializada em Psicologia Clínica pela PUC-SP; e a Caroline Busarello Brüning, psicóloga e terapeuta sexual da Plataforma Sexo sem Dúvida.

1. “Não sei se estou pronta para ter minha primeira vez. A gente tem certeza disso em algum momento?”

Conselho da Kárem: A primeira vez é algo muito pessoal, por isso é impossível ter total certeza de se sentir preparada. Mas alguns sinais e comportamentos podem ajudar a entender se é ou não o momento. Observe o seu parceiro. Você o conhece? Confia nele? Observe você mesma. Começou a sentir desejos diferentes nas preliminares? Começou a ter curiosidade por sensações diferentes? Por fim, certifique-se de que sabe o suficiente sobre o assunto, sobre os métodos contraceptivos, as DSTs, gravidez… Converse com amigas e/ou um adulto de confiança e, se possível, busque primeiro um ginecologista.

2. “Como contar para os meus pais que tive minha primeira vez?”

Conselho do Thiago: Os seus pais sabiam que um dia isso iria acontecer e não deveria ser o fim do mundo para eles. Afinal, eles também já passaram por isso. Mas, conversar sobre a primeira vez com os pais é sempre um tabu. Respire fundo, seja corajosa e fale de forma natural. Tente não fazer drama e não peça desculpas, afinal você não cometeu nenhum crime. Você pode falar com os dois ao mesmo tempo ou, se sentir mais confortável, falar com um de cada vez. Está tudo bem, isso faz parte do seu amadurecimento.

3. “Como saber se estou pronta para namorar ou se só estou empolgada com a ideia?”

Conselho da Carol: A sensação que eu tenho hoje é que as pessoas acham que existe uma fórmula de sucesso. Sinto que as pessoas parecem ter pressa para estarem envolvidas em algo que elas nem sabem bem o que é. Você sabe o que você espera de um namoro? Essas coisas que você espera, são realistas? Você tem claro o que você pode dar para essa relação funcionar? Esse é o local por onde começar. Saber o que se quer e o que se pode dar. A segunda coisa é entender que namoro é aceitar a pessoa como ela é (não no sentindo de se conformar com o que tem, você definitivamente não precisa – nem deve – fazer isso mas, no sentido de entender que a pessoa é e sempre foi aquilo ali, é isso o que ela pode te dar. Muitos de nós simplesmente nos recusamos a ver isso e ficamos cobrando que a pessoa mude, que seja algo que ela não é, nunca foi e nem é a fim de mudar). Nesse aspecto, comunicação é tudo. Relacionamentos bem sucedidos são aqueles em que as pessoas conversam e constroem juntas o que é bom para aquela relação. Não existe fórmula mágica, existe trabalho em conjunto para fazer aquilo funcionar enquanto durar. E, por último, quando eu sei o que eu quero e eu defendo o que eu quero, eu também sei a hora de ir embora. Ninguém é obrigado à ficar numa relação que lhe faz mal, que lhe traz tristeza, sofrimento ou angústia. Você não é cuidadora/psicóloga/mãe da sua parceria, você é namorada. E namoros são para serem legais, quando deixar de ser, reveja se você ainda deveria estar nele.

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Ponomariova_Maria/Getty Images

4. “Tenho muito medo da rejeição e acho que por isso que não consigo me relacionar com ninguém”

Conselho da Kárem: O medo de rejeição pode, sim, gerar vários bloqueios de relacionamento. A origem desse medo, muitas vezes, se encontra na infância, na forma como você recebeu exigências, expectativas ou críticas de pessoas consideradas importantes. Algumas formas de lidar com o medo da rejeição é focar nas próprias potencialidades. Não levar tudo tão a sério. Nem tudo é sobre você! Evite também as comparações. Aceite e acolha suas imperfeições, assim não haverá tanto medo de que o outro as rejeite.

5. “Como lidar com a rejeição?”

Conselho da Cris: A adolescência é marcada por descobertas, é momento de abrir o coração e se entregar a um relacionamento. Logo, estamos sujeitas à rejeição, por isso é tão importante o autoconhecimento e praticar sempre o lema da vida, “Se amar em primeiro lugar”, para não deixar se afetar, não importa o que aconteça. A ideia aqui não é controlar o resultado – “Eu tenho certeza que o relacionamento vai dar certo” –, mas ter em mente que, independentemente de o relacionamento dar certo ou não, você é a SUA PESSOA CERTA. Cada rejeição que passamos expande nosso coração. A rejeição se refere às atitudes dos outros, não as nossas – entender isso é a chave para o amor próprio. A decisão para ficar, namorar e até ter a primeira vez requer uma autoreflexão, saber que aquele momento é único e não volta mais. Nunca, jamais, momentos como esses devem ser decidido por pressão externa! São passos que requerem o total consentimento. Fazendo até uma reflexão interna, quando eu tinha 15 anos, meu primeiro namorado terminou comigo e eu fiquei muito triste, eu me senti rejeitada. E hoje, casada há 16 anos, vejo que temos a opção de encarar como “perda ou livramento” – sempre sugiro de ver como um livramento para um novo amor.

6. “Acho que estou apaixonada pela minha melhor amiga”

Conselho da Vanessa: É preciso realizar uma reflexão, uma busca do autoconhecimento, para que possa se perceber melhor e conhecer mais a fundo sobre a sua sexualidade. Uma dica é buscar uma ajuda psicológica que te ajudará na compreensão dos seus sentimentos.

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7. “Tô ficando com uma pessoa, mas acho que ela só está me enrolando…”

Conselho do Thiago: Se você está se sentindo enrolada é muito provável que sim, a pessoa só esteja te enrolando mesmo – e isso geralmente acontece por falta de comunicação entre as duas partes. Penso que seja importante você entender o que está acontecendo. E você só vai saber disso, se perguntar para a pessoa. Tenha uma conversa franca, questione sobre as intenções e peça sinceridade na resposta. Mas lembre-se: pode ser que você escute algo que você não vá gostar. Então, esteja preparada para lidar com a frustração, caso isso aconteça. Se a pessoa está te enrolando, provavelmente, é porque não tem os mesmos interesses que você. Mas, ainda assim, eu aposto no diálogo. Como diz o velho ditado: “O que é combinado, não sai caro”. Depois de conhecer as intenções dele, você saberá onde está pisando e terá o poder de escolher se continua ou não.

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8. “Qual é a maior conselho que um adolescente pode receber sobre amor?”

Conselho da Kárem: Um conselho importante sobre o amor é que se você for você mesma nas relações, com certeza terá experiências mais felizes. Além de respeitar sua autenticidade, é importante pensar que o tempo é amigo e existe sempre uma forma de você melhorar, encontrar pessoas melhores para ter novas experiências. A vida não se resume em dias ruins e existem pessoas prontas para amar, desde que você esteja disposta a se abrir!

9. “Meu namorado vai mudar de estado e vou começar a namorar à distância, mas não consigo acreditar que as coisas vão dar certo, sabe?”

Conselho do Thiago: Tenho a sensação que você já está entregando os pontos. Calma, menina! Que tal experimentar essa nova fase da relação? Você só vai saber se vai dar certo, se tentar. Não dá para jogar tudo para o alto antes de saber como vai ser. Existem inúmeros casais que se relacionam à distância e conseguem criar uma dinâmica boa para a relação. Tudo vai depender do quanto vocês estão dispostos a fazer isso dar certo. Já pensou que a distância pode até melhorar a relação? Vocês vão ficar com mais saudade um do outro, vão aprender a focar em outras coisas além do relacionamento e podem criar novos meios de demonstrar o sentimento que têm um pelo outro. Tente, faça uma experiência e se abra para algo novo. É muito importante que vocês dialoguem muito sobre essa nova etapa da relação, mas saiba que, com amor, tudo pode dar certo.

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10. “Terminei o namoro e estou em crise. Acho que nunca serei feliz novamente…”

Conselho da Kárem: Terminar o namoro, muitas vezes, é difícil. Afinal de contas, você investiu tempo, energia, expectativas, sonhou com a pessoa. Às vezes, confiou e se decepcionou! É comum e necessário se sentir triste. Perder algo ou alguém significativo na vida pode gerar um luto. O interessante sobre isso é que existe vida após o luto! A vida volta ao normal ou você pode ser muito mais feliz pelo motivo de ter adquirido maturidade e experiência. Só é necessário que, além de acolher seus sentimentos, se certifique que também tem tomado medidas para desapegar do seu antigo relacionamento.

+: Quais são as fases do luto, quantos tipos existem, quanto ele dura e como superá-lo?

11. “Minha namorada me traiu e agora está pedindo uma segunda chance. Será que dou?”

Conselho do Thiago: A verdade é que não existe uma regra neste caso. Aliás, não existem regras para a vida, né? O seu amor é suficiente para perdoar essa traição? A sua namorada está arrependida do que fez? Diante disso, seu coração já sabe a resposta. Afinal, quem nunca errou? Somos seres falhos, estamos errando o tempo todo. O que importa é que a gente aprenda com os erros. Pode ser que essa situação fortaleça ainda mais a relação de vocês. Tudo vai depender da forma como vocês vão lidar com isso. Não se prenda ao que os outros vão falar ou pensar, foque apenas nos seus sentimentos. Só você sabe o que se passa dentro do seu coração e na intimidade de vocês. Porém, se decidir perdoar, que seja de coração, de verdade. Não vale perdoar e depois ficar jogando o erro na cara dela sempre que tiver alguma oportunidade, ok?

12. “Fui traída pelo meu namorado e agora tenho muita dificuldade de confiar nas pessoas”

Conselho da Vanessa: Muitas mulheres perdem a confiança em si mesmas após um episódio de traição. Elas se enxergam como as causadoras da infidelidade, não se sentem dignas de serem amadas novamente e praticam a autossabotagem, mesmo que inconscientemente na maior parte do tempo. Lembre-se: você não tem controle sobre a vida alheia, é responsável apenas pela sua. Uma dica é pensar naquilo que você quer em um relacionamento e evite manter na sua cabeça aquilo que não deseja, como a desconfiança e seus medos. Enfrente esses medos se expondo em outros relacionamentos, mas com cautela. Não é porque você foi traída uma vez que acontecerá de novo em outro relacionamento. Se estiver sendo difícil sair disso, procure uma ajuda psicológica para se sentir mais segura.

13. “Talvez eu esteja vivendo uma relação abusiva. Como ter certeza e sair dela?”

Conselho da Vanessa: Existem pistas bem claras, com destaque para: ciúme exagerado, possessividade, necessidade de controle, comportamento agressivo, invasão de privacidade, chantagem, manipulação, controle financeiro, ameaças e violência sexual, verbal, emocional e física, etc. Uma vez identificado o comportamento abusivo, a pessoa deve procurar ajuda psicológica ou algum grupo de apoio. Em muitos casos, a terapia de casal pode ajudar a romper esse padrão de relacionamento, contribuindo para a melhora da relação. Em casos mais graves, onde não se percebe uma melhora, a vítima deve se afastar dessa pessoa e, se estiver sofrendo ameaças, denunciar ao 180. É importante também que ela crie uma rede de apoio com amigos e parentes, para poder se sentir mais segura. Isso ajuda a criar forças para sair desse relacionamento abusivo. Outra dica seria a pessoa procurar fazer coisas que gostava, antes de entrar nesse relacionamento, contribuindo para a melhora de sua autoestima e valorizando seus pontos positivos.

+: 11 sinais de que você pode estar em um relacionamento abusivo

14. “Por que a galera é tão fissurada em falar sobre sexo?”

Conselho da Carol: O sexo é uma preocupação existencial e muita coisa pesa no assunto: nossas crenças, nossas expectativas, nossa criação, religião, o que aprendemos (ou não aprendemos em casa). Uma boa iniciação sexual consensual entre duas pessoas que são suficientemente maduras e sentem-se preparadas pode ajudar a criar um tom mais positivo, saudável e prazeroso na vida como um todo e não só no sexo. Dito isso, o contrário também é verdade. Se nossa primeira experiência sexual ocorre contra a nossa vontade, onde nos sentimos de alguma forma pressionadas e acontece de maneira dolorida e forçada, o sexo e outros aspectos da nossa vida podem adquirir um tom mais tenso e triste. O segredo para uma primeira vez – e uma vida sexual saudável – é educação sexual e comunicação.