Cada uma das obras que você viu possui uma temática diferente qual e o tema de cada uma delas

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Laura Aidar

Arte-educadora e artista visual

Na arte, chamamos de instalação um tipo de obra que utiliza o espaço como elemento fundamental.

É uma linguagem relacionada à arte contemporânea e, na maior parte das vezes é montada em espaços de arte, como museus e galerias. Entretanto, pode também ser realizada ao ar livre.

Origem da instalação

A palavra instalação surgiu nos anos 60, quando a arte de maneira geral passava por grandes transformações. Mas anteriormente, artistas já produziam obras que buscavam trabalhar em cima dos ambientes, criando novos cenários e provocando o público a interagir com as obras.

Esse é o caso do artista Kurt Schwitters (1887-1948), que na década de 20 cria composições com objetos que são dispostos em cômodos.

Outro nome importante para a instalação na arte é Marcel Duchamp (1887-1968). Entre 1938 e 1942 o artista elabora obras nas quais se apropria dos espaços. Uma dela é Milhas de Barbante, que consiste em um carretel de barbante desenrolado pelo ambiente de um museu.

Exemplos de instalações e seus artistas

1. Tropicália (1967), de Hélio Oiticica

Tropicália é o nome de uma instalação feita em 1967 pelo artista carioca Hélio Oiticica (1937-1980).

Nessa obra, Oiticica constrói um lugar que concentra várias referências do que ele acreditava ser o retrato da brasilidade.

Assim, ele cria um percurso labiríntico cheio de biombos, plantas tropicais, areia, pedras, frases escritas e música.

O trabalho é considerado ícone de uma geração, tanto que deu nome ao Movimento Tropicália, ocorrido nos anos 70, com expressão principalmente na música.

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2. O banquete (1974-1979), de Judy Chicago

A obra O banquete, intitulada originalmente como The Dinner Party, é uma criação da artista norte-americana Judy Chicago (1939-)

A instalação, feita na década de 70, é uma das mais lembradas quando se fala em arte feminista.

Isso porque a artista criou um ambiente que propõe um jantar em homenagem a diversas mulheres importantes da história.

São 39 lugares dispostos em uma mesa triangular, sendo que o triângulo simboliza a igualdade. Os pratos são de porcelana e pintados à mão com temas que remetem às convidadas, que tem seus nomes bordados em dourado na toalha de mesa.

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3. A casa é o corpo: Labirinto (1968), de Lygia Clark

Em A casa é o corpo: Labirinto, a artista Lygia Clark (1920-1988) propõe ao público adentrar uma estrutura de 8 metros de comprimento na qual há a simulação da experiência da concepção.

É por meio dos sentidos e da interação corporal que o espectador deixa de ser apenas um observador da obra e passa a fazer parte dela, experimentando as sensações de penetração, ovulação, germinação e expulsão de um útero.

A produção de Lygia conta com várias instalações, além de vestimentas, ações e objetos.

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A instalação Desvio para o vermelho foi montada pela primeira vez em 1967. A obra do brasileiro Cildo Meireles, se encontra hoje no museu Inhotim (MG).

O trabalho se constitui de três ambientes, no qual o primeiro é uma sala em que todos os objetos são vermelhos, criando uma espécie de fascínio e, ao mesmo tempo incômodo.

Aqui, o artista trabalha sentimentos como a paixão, a revolta e a violência relacionadas à ditadura militar.

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Principais características da instalação artística

  • Trabalhos em grandes formatos;
  • Utilização necessariamente do espaço como parte da obra;
  • Interação do público;
  • Obras “não-colecionáveis”.

Desde que foi cunhado o nome instalação na arte, verificou-se uma dificuldade em delimitar o que seria exatamente essa vertente.

Isso ocorre, pois as obras se mesclam a outros gêneros da arte contemporânea, como a escultura, os objetos e a land art (arte feita em grandes territórios e que interagem com a natureza).

Os artistas que se utilizam do recurso da instalação, geralmente estão preocupados em criar uma atmosfera diferente e instigar o público em uma apreciação com vários sentidos, não apenas o visual.

Além disso, o fato de as obras serem de grandes proporções, torna inviável que sejam colecionáveis, nesse sentido há um questionamento ao mercado da arte.

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Laura Aidar

Arte-educadora e artista visual

Cândido Portinari é um dos artistas nacionais com maior reconhecimento mundialmente.

Suas pinturas costumam trazer temas que retratam as condições em que vivia o povo brasileiro na primeira metade do século XX.

Portinari teve muito êxito ao destacar questões sociais, festas populares, o trabalho na roça, a infância, entre outros assuntos.

Seu estilo de pintura singular e inconfundível teve demasiada inspiração das vanguardas artísticas que despontaram na Europa na transição do século XIX para o século XX. Entretanto, o pintor conseguiu absorver essa influência e transformá-la em uma arte genuinamente brasileira.

Selecionamos alguns temas e obras importantes na trajetória do pintor e sobretudo na história da arte do Brasil. Confira!

O trabalhador na obra de Portinari

Portinari se dedicou fortemente a retratar o trabalhador, principalmente o que labuta usando como instrumento sua força física na lida do campo.

Mestiço

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Mestiço (1934)

Nessa tela, o pintor exibe o retrato de um homem forte de braços cruzados, trabalhador em uma lavoura de café.

A cor da pele e os traços do sujeito - além do título da obra - indicam que se trata de uma pessoa mestiça, fruto da mistura entre a população negra, indígena e branca.

Mestiço foi produzida em 1934 com a técnica de óleo sobre tela, tem dimensões de 81 x 65 cm e pertente ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Café

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Café (1935)

Café é uma importante obra de Portinari. Foi pintada em 1935 com tinta a óleo, tem o tamanho de 130 x 195 cm e está localizada no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio De Janeiro.

Aqui o pintor retratou um grupo de pessoas durante um dia duro de trabalho em uma fazenda de café. Os corpos dos trabalhadores são apresentados de maneira rígida e quase escultural. As mãos e os pés das pessoas são grandes, destacando a força do trabalho braçal.

Em 1935, a tela participa da Exposição Internacional de Arte Moderna em Nova Iorque, no Instituto Carnegie e recebe uma menção honrosa, o primeiro prêmio internacional do pintor.

O Lavrador de Café

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O lavrador de café (1934)

Uma das mais emblemáticas obras de Cândido Portinari é O lavrador de café. Produzida em 1934 com tinta a óleo, a tela de 100 x 81 cm faz parte do acervo do MASP.

Nessa obra Portinari retrata a figura de um lavrador apoiando-se em sua enxada. Com os pés descalços, rosto em perfil que se contrasta com a claridade do céu e camiseta com as mangas arregaçadas, o homem está em uma plantação de café exibindo uma expressão de cansaço e preocupação.

Os pés fortes e grandes, mais uma vez simbolizam o vigor do trabalhador e sugerem uma aproximação do artista com o movimento expressionista europeu.

Cana-de-Açúcar

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Cana-de-açúcar (1938)

A técnica empregada na realização de Cana-de-Açúcar foi o afresco (método de pintura mural). A obra foi realizada em 1938 e tem grandes dimensões, 280 cm x 247 cm.

Encontra-se no Palácio Capanema, destaque da arquitetura moderna, localizado na cidade do Rio de Janeiro.

Aqui, Portinari também utilizou o tema do trabalhador braçal, dessa vez na produção da cana-de-açúcar.

A migração nordestina na obra de Portinari

Um dos temas abordados na produção de Portinari também foi a migração de uma parte da população nordestina para outros locais do país.

Em busca de melhores condições de vida, famílias inteiras se aventuravam em difíceis e longas jornadas a fim de fugir da miséria, fome e mortalidade infantil.

Retirantes

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Retirantes (1944)

Nessa obra é exibida uma família de retirantes que sai de seu lugar de origem a procura de outras oportunidades na cidade grande.

Com nove integrantes, sendo quatro adultos e cinco crianças, o grupo é retratado de maneira sombria, com corpos esqueléticos e frágeis. As expressões nos rostos são de sofrimento e a paleta de cores escolhida ressalta a atmosfera sepulcral que envolve as personagens.

O quadro, pintado em 1944 é um painel produzido em óleo sobre tela, tem 190 x 180 cm e integra o acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Criança Morta

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Criança morta (1944)

No mesmo ano em que pinta Retirantes - em 1944 - Portinari produz a tela Criança morta. Com 180 x 190 cm, o quadro também faz parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Na obra, vemos uma pessoa que segura o corpo esquálido e sem vida de uma criança. Outras figuras lamentam e choram.

O pranto aqui é retratado em grossas lágrimas que caem dos olhos fundos das personagens, o que ressalta o sofrimento do povo nordestino que lidava constantemente com a mortalidade infantil naquele período.

A infância na obra de Portinari

O tema da infância também fascinava Cândido Portinari. O pintor exibe em diversas obras o universo infantil, bem mais leve e fluido.

Candinho, como era chamado, foi um menino de origem humilde que cresceu em meio às brincadeiras com outras crianças na cidade de Brodowski.

As memórias da meninice e de sua terra natal sempre estiveram presentes na produção do artista. Uma de suas falas sobre o assunto é:

A paisagem onde a gente brincou pela primeira vez não sai mais da gente.

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Futebol (1935)

O quadro Futebol data de 1935, foi feito em óleo sobre tela nas dimensões 97 x 130 cm e faz parte de uma coleção particular.

A obra retrata meninos descalços jogando futebol em um campo de terra. Há a presença de alguns animais e ao fundo podemos ver um pequeno cemitério, um campo verdejante e uma casa.

A luz lateral e as cores que o artista emprega indicam que se trata de um fim de tarde.

Meninos no Balanço

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Meninos no Balanço (1960)

Portinari apreciava pintar crianças brincando. Esse quadro de 1960 feito com a técnica óleo sobre tela, tem dimensão de 61 x 49 cm e encontra-se em uma coleção particular atualmente.

Nele, o artista retrata quatro garotos se divertindo em balanços. Os tons são suaves e trazem variações do amarelo, rosa e azul.

Os meninos parecem envoltos em uma aura angelical e têm seus rostos voltados para o céu, como se sentissem a brisa do dia.

Cândido Portinari certa vez afirmou:

Sabem por que é que eu pinto tanto menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos.

Quem foi Cândido Portinari?

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À esquerda, autorretrato de 1956. À direita, retrato fotográfico do pintor

Cândido Portinari nasceu em uma fazenda de café na cidade de Brodowski, interior de São Paulo, no dia 30 de dezembro de 1903.

O artista teve uma trajetória intensa e produziu em torno de 5 mil obras, desde pinturas, desenhos e grandes murais.

Um exemplo de um importante painel muralista é a obra Guerra e Paz, que foi ofertado em 1956 às Organizações das Nações Unidas (ONU), com sede em Nova Iorque e foi recuperado em 2010, e se encontra atualmente no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em meados dos anos 50, o artista começa a apresentar sérios problemas de saúde, sendo diagnosticado com Saturnismo, doença provocada por intoxicação pelo chumbo que certas tintas apresentavam em sua composição.

O artista era apaixonado por seu ofício e tem grande dificuldade de obedecer as ordens médicas de abandonar a pintura.

Falece em 6 de fevereiro de 1962, aos 58 anos. Deixa um legado inestimável para a arte brasileira e mundial, contribuindo enormemente para a consolidação da identidade cultural do povo brasileiro.